- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
domingo, 7 de dezembro de 2008
Bento XVI
Rezemos para que todos os homens possam realizar plenamente a vocação religiosa que leva inscrita no próprio ser. Maria nos ajude a reconhecer no rosto do Menino de Belém, concebido no seu seio virginal, o divino Redentor que veio ao mundo para nos revelar o rosto.
Dentro do tempo litúrgico do Advento, nos preparamos para celebrar o Natal do Senhor. Nestes dias a liturgia recorda-nos que "Deus vem" visitar o seu povo, para permanecer no meio dos homens e formar com eles uma comunhão de amor e de vida, isto é uma família. O Evangelho de João expressa assim o mistério da Encarnação: "E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco": literalmente: "armou a sua tenda entre nós" (Jo 1, 14).
Portanto, se é Deus que toma a iniciativa de vir habitar entre os homens, e se é sempre Ele o artífice principal deste projecto, é verdade também que Ele não quer realizá-lo sem a nossa colaboração activa. Por conseguinte, preparar-se para o Natal significa comprometer-se a construir a "casa de Deus com os homens". Ninguém está excluído; cada um pode e deve contribuir para fazer com que esta casa da comunhão seja mais espaçosa e bela. No final dos tempos, ela será completa e será a "Jerusalém celeste": "Vi, então, um novo céu e uma nova terra E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo... Esta é a morada de Deus entre os homens" (Ap 21, 1-3). O Advento convida-nos a dirigir o olhar para a "Jerusalém celeste", que é o fim último da nossa peregrinação terrena. Ao mesmo tempo, exorta-nos a comprometer-nos com a oração, com a conversão e com as boas obras, a acolher Jesus na nossa vida, para construir juntamente com Ele este edifício espiritual do qual cada um de nós nas nossas famílias e as nossas comunidades é pedra preciosa.
Entre todas as pedras que formam a Jerusalém celeste, certamente a mais maravilhosa e preciosa, porque entre todas é a mais próxima de Cristo, pedra angular, é Maria Santíssima. Por sua intercessão, rezemos a fim de que este Advento seja para toda a Igreja um tempo de edificação espiritual e assim se apresse a vinda do Reino de Deus.