domingo, 7 de dezembro de 2008
Mons. Ranjith
DT: Em que sentido a reforma litúrgica pós-conciliar contribuiu para uma renovação espiritual?
Mons. Ranjith: O uso do vernáculo permitiu que muitas pessoas entendessem mais profundamente o mistério da Eucaristia, e permitiu um mais intensa relação com os textos da Escritura. A participação activa do fiel foi encorajada. Entretanto, isso não significa que a Missa deva ser inteiramente orientada para o diálogo. A Missa deve ter momentos de silêncio, de interioridade e de oração pessoal. Onde há um falar contínuo, o homem não pode ser profundamente penetrado pelo mistério. Não devemos falar continuamente diante de Deus, mas devemos também deixá-Lo falar. Contudo, a renovação litúrgica foi afectada por uma arbitrariedade experimental com a qual a Missa, hoje, se tornou livremente numa liturgia “faça-a você mesmo” ("do-it-yourself liturgy") . O espírito da liturgia, por assim dizer, foi retirado. O que aconteceu não pode mais ser desfeito. O fato é que nossas igrejas ficaram mais vazias.. Certamente houve também outros fatores: o irrefreável comportamento consumista, o laicismo, uma excessiva imagem do homem. Devemos reunir coragem para corrigir esse rumo, pois nem tudo o que aconteceu depois da reforma da liturgia estava de acordo com a intenção do Concílio. Por que deveríamos acatar o que o Concílio absolutamente não queria?
DT: Na Alemanha, é cada vez mais freqüente que as Santas Missas sejam substituídas por celebrações da Palavra de Deus dirigidas por leigos, embora haja padres disponíveis. Em troca, em muitos lugares, padres, em curso de fusão de paróquias, tem que concelebrar mais frequentemente, desse modo, cada vez menos Missas são celebradas. A Igreja deve rever a prática da concelebração?
Mons. Ranjith: Isso é menos uma questão de concelebração do que uma questão de compreensão da Missa e da imagem do Padre. O padre realiza na Eucaristia o que outros não podem fazer. Como outro Cristo, ele não é o personagem principal, que é o Senhor. Concelebrações devem ser restritas para ocasiões especiais. Uma concelebração que significa uma despersonalização da celebração da Missa é, portanto, tão errónea como a ideia de que se poderia obrigar a um padre concelebrar regularmente, ou a de fechar as igrejas de várias aldeias, para concentrar a Missa em um só lugar, embora houvesse um suficiente número de celebrantes disponíveis.
Para citar este texto:
Kollmorgen, Gregor - thenewliturgicalmovement.blogspot.com - "Monsenhor Ranjith: "Devemos ter a coragem de corrigir o que está sendo feito""
MONTFORT Associação Cultural