terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Ratzinger fala sobre os critérios de sucesso da fé
Pergunta: De outra parte, muitos dos seus convites e apelos não parecem ter surtido resultados particulares. Em todo caso, o senhor não conseguiu provocar um amplo movimento contra as tendências do tempo e uma mudança de mentalidade de vastas proporções. Como consolação, o senhor disse que Deus conduz a Igreja por caminhos misteriosos. Mas não lhe parece deprimente o fato que o debate termine em si mesmo e que, ao contrário, o nível das discussões tenha já descido tão baixo? Neste ínterim parece ainda que os conteúdos da fé tenham ulteriormente se perdido, que em todas estas questões se tenha produzido uma indiferença ainda maior.
Cardeal Ratzinger: Jamais pretendi impor uma outra direção ao timão da história. E se o próprio Nosso Senhor termina na cruz, então se vê que os seus caminhos não levam tão rapidamente a resultados mensuráveis. Creio que isto seja realmente muito importante. Os discípulos lhe fizeram perguntas do gênero: mas o que está acontecendo? Por que não se vê nenhum resultado? E ele lhes respondeu com as parábolas do grão de mostarda, do fermento e muitas outras ainda, e explicou-lhes que a estatística não é um dos critérios de Deus.
Todavia com os grãos de mostarda e com o fermento acontece algo realmente substancial e decisivo, que vós agora não podeis ver.
Ratzinger
Por isso, parece-me, não ser necessário levar em consideração os critérios quantitativos de sucesso. Não somos uma empresa comercial, que pode ter como unidade de medida as cifras e dizer; a nossa política produziu bons resultados e as vendas cresceram. Nós realizamos um serviço, que em última instância não está nas nossas mãos, mas nas de Deus. Por outro lado, não é verdadeiro que tudo acabe em nada. Existem ainda, mesmo entre os jovens e em todo os continentes, sinais de renascimento da fé.
Talvez devêssemos abandonar as ideias de igreja nacional ou de massa. É provável que diante de nós esteja uma época diferente da história da Igreja, uma época nova em que o cristianismo se encontrará na situação de grão de mostarda, em grupos de pequenas dimensões, aparentemente sem influência, que todavia vivem intensamente contra o mal e portam no mundo o bem, que dêem espaço a Deus.
Ratzinger
Vejo que um grande movimento deste género já esteja em acto. Neste momento não quero citar exemplos. Seguramente não há conversões em massa ao cristianismo, mudanças paradigmáticas ou inversões de tendência. Mas há maneiras fortes de viver a fé, que reanimam as pessoas e lhes dão vitalidade e alegria, uma presença de fé, pois que significa algo para o mundo.
Fonte: Papa Ratzinger Blog
Tradução: OBLATVS