sábado, 18 de abril de 2009
Bento XVI: “Os Santos propõem de novo a fecundidade de Cristo. Como Francisco e Clara de Assis, empenhai-vos também vós em seguir esta mesma lógica"
"O Evangelho como regra de vida", "fascínio e actualidade" de São Francisco: Bento XVI recebe em Castelgandolfo a "Família Franciscana", nos 800 anos da aprovação da primeira Regra. "Carisma e Instituição, sempre complementares"
Francisco de Assis adoptou “o Evangelho como regra de vida”. “Ele compreendeu-se a si mesmo inteiramente à luz do Evangelho. É este o seu fascínio. Esta a sua perene actualidade”.
Palavras vibrantes, sentidas, de Bento XVI, acolhendo neste sábado, em Castelgandolfo, um numerosíssimo grupo de religiosos, religiosas e leigos da grande Família Franciscana, que celebram nestes dias os 800 anos da aprovação, da parte do Papa Inocêncio III, da “primeira Regra”. Saudando os presentes, o Santo Padre não esqueceu as Irmãs Clarissas, a “segunda ordem”, unidas em espírito, assim como alguns bispos franciscanos que participavam também no encontro, e muito especialmente o bispo de Assis, que – disse – “representa a Igreja assisiense, pátria de Francisco e de Clara e, espiritualmente, de todos os franciscanos”.
“Sabemos como foi importante para Francisco a ligação com o bispo de Assis, de então, Guido, que reconheceu o seu carisma e o apoiou. Foi Guido a apresentar Francisco ao cardeal Giovanni di San Paolo, o qual o conduziu ao Papa, favorecendo a aprovação da Regra. Carisma e Instituição são sempre complementares para a edificação da Igreja”.
Sublinhando que “il Poverello se tornou um evangelho vivo, capaz de atrair a Cristo homens e mulheres de todos os tempos, especialmente os jovens (disse), que preferem a radicalidade às meias-medidas”, Bento XVI fez notar que tanto o bispo de Assis como o Papa de então “reconheceram no propósito de Francisco e dos seus companheiros a autenticidade evangélica, e souberam encorajar o seu empenho, mesmo em vista do bem da Igreja”. O facto de Francisco ter querido vir ter com o Papa, revela bem “o seu sentido eclesial”:
“Este facto revela o seu autêntico espírito eclesial. O pequeno nós que tinha iniciado com o seu primeiros frades, ele concebeu-o desde o início no seio do grande nós da Igreja una e universal. E o Papa reconheceu e apreciou isto mesmo”.
Dando graças a Deus por aquela “semente boa” que foi Francisco, “conformado por sua vez com o grão de trigo que é o Senhor Jesus, morto e ressuscitado para dar muito fruto”, Bento XVI exortou todos os franciscanos e franciscanas a seguirem o mesmo caminho:
“Os Santos propõem de novo a fecundidade de Cristo. Como Francisco e Clara de Assis, empenhai-vos também vós em seguir esta mesma lógica: perder a própria vida por causa de Jesus e do Evangelho, para a salvar e a tornar fecunda de frutos abundantes”.
Há que “continuar a anunciar com paixão o Reino de Deus”, seguindo os passos de Francisco – exortou ainda, a concluir, o Papa:
“Cada irmão e irmã conserve sempre um espírito contemplativo, simples e jubiloso: parti, sempre de novo, de Cristo, como Francisco partiu do olhar do Crucifixo de São Damião e do encontro com o leproso, para ver o rosto de Cristo nos irmãos que sofrem e levar a todos a sua paz”.