quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Bento XVI - A conversão não deve ser entendida como um simples ajustamento na nossa vida, mas como uma autêntica inversão de marcha
«Conversão é caminhar contra-corrente», entendendo «corrente» como um « estilo de vida superficial, incoerente e ilusório, que muitas vezes nos arrasta, nos domina e nos torna escravos do mal, ou, em todo o caso, prisioneiros da mediocridade moral». Palavras de Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, inteiramente dedicada à Quaresma, que agora inicia com o rito da imposição das Cinzas.
«A conversão a que somos chamados não deve ser entendida como um simples ajustamento na nossa vida, mas como uma autêntica inversão de marcha. Converter-se significa precisamente ir em contra-corrente. Converter-se significa mudar direcção no caminho da vida : não um pequeno ajustamento, mas uma autêntica inversão de marcha.
Converter-se significa caminhar em contra-corrente, entendendo por corrente um estilo de vida superficial e incoerente que muitas vezes nos arrasta, nos domina e nos torna prisioneiros do mal e da mediocridade».
Comentando o rito da imposição das cinzas, Bento XVI observou que a primeira fórmulas prevista pela liturgia – «Convertei-vos e acreditai no Evangelho» exprime uma única atitude fundamental : «converter-se e acreditar no Evangelho não são realidades distintas» entre si. A outra fórmula «Lembra-te, homem, que és pó e em pó te hás-de tornar » recorda-nos as nossas fragilidades, incluindo a maior de todas, a morte. Mas se é verdade que não somos mais do que pó – acrescentou o Papa – é também verdade que este nosso pó é precioso aos olhos de Deus, que fez da nossa morte, partilhada por Jesus Cristo, o caminho da ressurreição gloriosa».
Não faltou, também nesta audiência, uma breve intervenção do Papa em língua portuguesa com uma saudação a um grupo de fiéis do Patriarcado de Lisboa:
“Queridos irmãos e irmãs,
Hoje tem início o caminho da quaresma que nos conduzirá à alegria da Páscoa do Senhor. Recebendo as cinzas sobre a cabeça, renovamos o nosso compromisso de seguir Jesus, de nos deixarmos transformar pelo seu mistério pascal para vencer o mal e fazer o bem, para morrer para o nosso «homem velho» ligado ao pecado e fazer nascer o «homem novo» transformado pela graça de Deus.
Saúdo com particular afecto o grupo de fiéis do Patriarcado de Lisboa, peregrinos com o seu bem-amado Pastor, Cardeal D. José Policarpo, em romagem de fé e gratidão pelas sendas do Venerável Servo de Deus Papa João Paulo II, que vos conquistou para Cristo, no Parque Eduardo VII da vossa cidade, há vinte e oito anos. Ver-vos hoje aqui, traz à mente aquele seu último pensamento para os jovens: «Andei à vossa procura. Agora viestes ter comigo. Eu vos agradeço». Queria-vos a todos com Cristo. Que este nosso encontro suscite em vós e em todos peregrinos presentes de língua portuguesa, com suas famílias e comunidades cristãs, uma renovada vitalidade espiritual na fiel e generosa adesão a Cristo e à Igreja. Olhai o futuro com esperança e não vos canseis de trabalhar na vinha do Senhor. Uma santa Quaresma para todos!”
(Fonte: Radio Vaticana