Celebrou-se , em Fátima, uma missa em latim segundo o rito bracarense. Um evento muito raro apesar de esta liturgia permanecer em vigor em toda a arquidiocese de Braga.
O Pe. Joseph Santos, nascido nos Estados Unidos mas ordenado em Braga, processa em direcção ao altar, antes de dar início à missa, ajoelha-se e reza a Avé Maria. Esta é apenas uma das várias especificidades do rito bracarense, que ontem foi celebrado em Fátima no contexto de uma workshop sobre a forma extraordinária do rito romano, conhecido vulgarmente como rito tridentino, que se realiza desde dia 8 e termina amanhã.
O Pe. Joseph é um árduo defensor deste rito e explica que apesar de ser uma variante do rito romano, apresenta uma série de diferenças que o tornam muito rico: “Um exemplo que tivemos hoje é que mesmo para um santo tão desconhecido como São Gorgónio, todos os textos, menos o do Evangelho, são diferentes dos textos do Rito romano, nem o Aleluia é do Rito Romano, era uma antífona completamente diferente. Outra coisa é a riqueza das orações, especificamente as orações de preparação para a comunhão do sacerdote, tem pelo menos dois que são diferentes do rito romano, e revelam uma devoção eucarística muito profunda.”
Apesar do rito ser uma das poucas variações do rito romano que se mantém válido e em vigor, a sua celebração caiu totalmente em desuso depois do II Concílio Vaticano, um desenvolvimento que o Pe. Joseph lamenta: “De facto todos os sacerdotes da arquidiocese de Braga podem celebrar o rito bracarense, e o rito bracarense permanece em toda a arquidiocese de Braga, essa foi a última determinação de Roma. Mas no mesmo documento diz que todos os sacerdotes de Braga podem usar também o rito romano novo. Como já existiam os livros em português, o cerimonial era muito mais simplificado, e os padres da zona de Braga naquela época tinham muito trabalho, foram pelo caminho de menor esforço.”
A quase extinção, na prática, do rito bracarense é tanto mais lamentável uma vez que, na sua opinião, os ritos locais reflectem na perfeição a inculturação da liturgia que o II Concílio Vaticano pedia: “Quando o concílio apelou à inculturação da liturgia, não tenho dúvidas que tinha em vista estes velhos ritos ocidentais, como o ambrosiano [de Milão], o moçarabe [de Toledo], e o de Braga, em que o povo acarinhava o rito romano, mas também queria fazer do rito romano deles. Então entravam aspectos da sua própria história, as suas lutas contra as heresias, como por exemplo a heresia do pelagianismo aqui na Península Ibérica, e isto enriqueceu o rito romano de uma forma própria.”
O desenvolvimento do rito bracarense, cuja história foi sempre turbulenta, levou ainda a algumas curiosidades, como por exemplo a existência de orações que eram usadas em Roma e que entretanto se perderam na cidade dos Papas mas permanecem em Braga.
Não é raro ouvir, da parte dos adeptos dos ritos antigos, um certo desprezo pelos ritos reformados, usados na maioria das Igrejas Católicas hoje. O Pe. Joseph, contudo, rejeita essa atitude e sublinha que pretende valorizar a variedade. “A liturgia tradicional tem várias formas, não é só o rito romano, monolítico, e acho que é essencial para as pessoas que às vezes têm uma atitude um pouco mais fechada, de abrir-se para as outras possibilidades que já existiam antes do Concílio e que existem outra vez hoje. Isto ajuda também a ver que a própria variedade é boa. Que o rito novo é uma expressão que pode ser boa e necessária para a Igreja, também o rito antigo tem o seu lugar e o seu valor, tal como o Rito Bracarense, e isto enriquece-nos a nós. Não para dizer que vamos pegar nas coisas daqueles ritos e meter no nosso, mas para conhecê-los, para aproveitar as orações para nós mesmos, para a nossa própria espiritualidade.”
Organizado por padres da ordem dos Cónegos Regulares de São João Câncio, baseados no Chicago, este workshop que amanhã termina em Fátima tem por objectivo chamar atenção para a forma extraordinária do rito romano, cujo uso foi liberalizado por Bento XVI há três anos com a promulgação do Motu Proprio Summorum Pontificum. Para além de conferências os participantes podem assistir a missas tridentinas. A de hoje, por exemplo, será celebrada na própria basílica de Fátima, às 20h.
O Pe. Joseph é um árduo defensor deste rito e explica que apesar de ser uma variante do rito romano, apresenta uma série de diferenças que o tornam muito rico: “Um exemplo que tivemos hoje é que mesmo para um santo tão desconhecido como São Gorgónio, todos os textos, menos o do Evangelho, são diferentes dos textos do Rito romano, nem o Aleluia é do Rito Romano, era uma antífona completamente diferente. Outra coisa é a riqueza das orações, especificamente as orações de preparação para a comunhão do sacerdote, tem pelo menos dois que são diferentes do rito romano, e revelam uma devoção eucarística muito profunda.”
As riquezas do Rito Bracarense
Apesar do rito ser uma das poucas variações do rito romano que se mantém válido e em vigor, a sua celebração caiu totalmente em desuso depois do II Concílio Vaticano, um desenvolvimento que o Pe. Joseph lamenta: “De facto todos os sacerdotes da arquidiocese de Braga podem celebrar o rito bracarense, e o rito bracarense permanece em toda a arquidiocese de Braga, essa foi a última determinação de Roma. Mas no mesmo documento diz que todos os sacerdotes de Braga podem usar também o rito romano novo. Como já existiam os livros em português, o cerimonial era muito mais simplificado, e os padres da zona de Braga naquela época tinham muito trabalho, foram pelo caminho de menor esforço.”
Pe. Joseph Santos faz uma genuflexão diante do altar.
A quase extinção, na prática, do rito bracarense é tanto mais lamentável uma vez que, na sua opinião, os ritos locais reflectem na perfeição a inculturação da liturgia que o II Concílio Vaticano pedia: “Quando o concílio apelou à inculturação da liturgia, não tenho dúvidas que tinha em vista estes velhos ritos ocidentais, como o ambrosiano [de Milão], o moçarabe [de Toledo], e o de Braga, em que o povo acarinhava o rito romano, mas também queria fazer do rito romano deles. Então entravam aspectos da sua própria história, as suas lutas contra as heresias, como por exemplo a heresia do pelagianismo aqui na Península Ibérica, e isto enriqueceu o rito romano de uma forma própria.”
O desenvolvimento do rito bracarense, cuja história foi sempre turbulenta, levou ainda a algumas curiosidades, como por exemplo a existência de orações que eram usadas em Roma e que entretanto se perderam na cidade dos Papas mas permanecem em Braga.
Não é raro ouvir, da parte dos adeptos dos ritos antigos, um certo desprezo pelos ritos reformados, usados na maioria das Igrejas Católicas hoje. O Pe. Joseph, contudo, rejeita essa atitude e sublinha que pretende valorizar a variedade. “A liturgia tradicional tem várias formas, não é só o rito romano, monolítico, e acho que é essencial para as pessoas que às vezes têm uma atitude um pouco mais fechada, de abrir-se para as outras possibilidades que já existiam antes do Concílio e que existem outra vez hoje. Isto ajuda também a ver que a própria variedade é boa. Que o rito novo é uma expressão que pode ser boa e necessária para a Igreja, também o rito antigo tem o seu lugar e o seu valor, tal como o Rito Bracarense, e isto enriquece-nos a nós. Não para dizer que vamos pegar nas coisas daqueles ritos e meter no nosso, mas para conhecê-los, para aproveitar as orações para nós mesmos, para a nossa própria espiritualidade.”
A preparação das espécies dá-se antes do início da missa propriamente dita.
Organizado por padres da ordem dos Cónegos Regulares de São João Câncio, baseados no Chicago, este workshop que amanhã termina em Fátima tem por objectivo chamar atenção para a forma extraordinária do rito romano, cujo uso foi liberalizado por Bento XVI há três anos com a promulgação do Motu Proprio Summorum Pontificum. Para além de conferências os participantes podem assistir a missas tridentinas. A de hoje, por exemplo, será celebrada na própria basílica de Fátima, às 20h.
“A missa tridentina tem renovado a Igreja”
O Pe. Scott Haynes, responsável pelo workshop: “Restaurando o Sagrado com a Santa Missa Tradicional”, explica o que o leva a fazer este apostolado, de chamar atenção para o rito tridentino em todo o mundo.
Renascença – Que assuntos têm tratado neste workshop?
Pe. Scott Haynes (S.H.) – Temos estado a falar do Motu Proprio “Summorum Pontificum”, que o Santo Padre Bento XVI promulgou a 14 de Setembro de 2007. Durante estes três anos o Santo Padre tem-nos pedido para reintroduzir a forma extraordinária do rito romano, do Missal Romano de 1962, para alcançar uma reconciliação no seio da Igreja. Infelizmente há muitos na Igreja que se têm sentido magoados, e separados da Igreja por causa das mudanças litúrgicas que têm ocorrido. Sem abandonar as mudanças que se fizeram desde o II Concílio Vaticano, mas tentando abranger todos os que se encontram na Igreja, o Papa restaurou esta liturgia, para bem de todos, para que todos tenham lugar diante do Altar de Deus.
Renascença – Muitos, quando ouvem falar do rito tridentino pensam imediatamente nos seguidores de Marcel Lefebvre…
S.H. – O Santo Padre diz que este Motu Proprio é para todos os fiéis, não apenas para os lefebvrianos, é para todos os fiéis católicos. Eu por exemplo, sou americano mas não fui criado como católico, converti-me. Nos Estados Unidos há muitos que se convertem por causa do seu interesse no rito antigo. Há também muitos jovens que foram baptizados, até crismados, mas que não são praticantes, e encontram aqui um caminho que os leva de novo para a fé, para a missa, confissão e a prática da sua fé. A Igreja tem sido renovada por esta missa. Por exemplo, quando começámos tínhamos muito poucos paroquianos, menos de cem, e hoje ao Domingo temos mais de três mil.
Renascença – Então o interesse não se restringe a velhos, saudosos da missa da sua juventude?
S.H. – Não! Eu diria que os interessados são principalmente jovens. Esta é a minha experiência, não só nos EUA, mas em todo o mundo, falando e ensinando as pessoas sobre a missa em latim. Mas se as pessoas mais velhas estiverem interessadas também as recebemos de braços abertos!
DE:http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?did=119597&fid=95
O Pe. Scott Haynes, responsável pelo workshop: “Restaurando o Sagrado com a Santa Missa Tradicional”, explica o que o leva a fazer este apostolado, de chamar atenção para o rito tridentino em todo o mundo.
Renascença – Que assuntos têm tratado neste workshop?
Pe. Scott Haynes (S.H.) – Temos estado a falar do Motu Proprio “Summorum Pontificum”, que o Santo Padre Bento XVI promulgou a 14 de Setembro de 2007. Durante estes três anos o Santo Padre tem-nos pedido para reintroduzir a forma extraordinária do rito romano, do Missal Romano de 1962, para alcançar uma reconciliação no seio da Igreja. Infelizmente há muitos na Igreja que se têm sentido magoados, e separados da Igreja por causa das mudanças litúrgicas que têm ocorrido. Sem abandonar as mudanças que se fizeram desde o II Concílio Vaticano, mas tentando abranger todos os que se encontram na Igreja, o Papa restaurou esta liturgia, para bem de todos, para que todos tenham lugar diante do Altar de Deus.
Renascença – Muitos, quando ouvem falar do rito tridentino pensam imediatamente nos seguidores de Marcel Lefebvre…
S.H. – O Santo Padre diz que este Motu Proprio é para todos os fiéis, não apenas para os lefebvrianos, é para todos os fiéis católicos. Eu por exemplo, sou americano mas não fui criado como católico, converti-me. Nos Estados Unidos há muitos que se convertem por causa do seu interesse no rito antigo. Há também muitos jovens que foram baptizados, até crismados, mas que não são praticantes, e encontram aqui um caminho que os leva de novo para a fé, para a missa, confissão e a prática da sua fé. A Igreja tem sido renovada por esta missa. Por exemplo, quando começámos tínhamos muito poucos paroquianos, menos de cem, e hoje ao Domingo temos mais de três mil.
Renascença – Então o interesse não se restringe a velhos, saudosos da missa da sua juventude?
S.H. – Não! Eu diria que os interessados são principalmente jovens. Esta é a minha experiência, não só nos EUA, mas em todo o mundo, falando e ensinando as pessoas sobre a missa em latim. Mas se as pessoas mais velhas estiverem interessadas também as recebemos de braços abertos!
DE:http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?did=119597&fid=95