* Entrevista realizada por Marco Politi para O diário La Repubblica.
A comunhão de joelhos vai nesta direção?
Na liturgia sente-se a necessidade de reencontrar o sentido do sagrado, sobretudo na celebração Eucarística. Porque acreditamos que o que sucede sobre o altar vai muito mais além do que podemos pensar humanamente. E, por isso, a fé da Igreja na Presença Real De Cristo na espécies Eucarísticas deve ser expressa através de gestos adequados e de comportamentos distintos dos que fazemos diariamente.
Marcando uma descontinuidade?
Não estamos diante de um chefe político ou de uma personagem da sociedade moderna, mas diante de Deus. Quando sobre o altar desce a presença do Deus eterno, devemos pôr-nos na posição mais adequada para adorá-Lo. Na minha cultura, no Sri Lanka, devemos prostrar-nos com a cabeça no chão como fazem os budistas e os muçulmanos na oração.
A Hóstia na mão, diminui o sentido da trancendência da Eucaristia?
Em certo sentido,sim.Expõe aquele que comunga a senti-la quase como um pão normal. O Santo padre fala frequentemente da necessidade de salvaguardar o sentido da “alteridade” em cada expressão da liturgia. O gesto de tomar a Sagrada Hóstia e, em lugar de recebê-la, colocá-la na boca nós mesmos, reduz o profundo significado da Comunhão.
Querem impedir uma banalização da Missa?
Nalguns lugares perdeu-se o sentido do eterno, o sagrado ou celestial. Houve uma tendência para pôr o homem no centro da celebração e não o Senhor. Mas o Concílio Vaticano II fala claramente da liturgia como acção de Deus, acção de Cristo. Em lugar disso, em certos círculos litúrgicos, devido à ideologia ou por um certo intelectualismo, difundiu-se a ideia que uma liturgia adaptável a diversas situações, na qual se deve dar espaço à criatividade para que seja acessível e aceitável para todos . Logo estão também aqueles que introduziram inovações sem sequer respeitar o sensus fidei e os sentimentos espirituais dos fiéis.