quinta-feira, 31 de julho de 2014

A oração que brota do coração : A Oração de Jesus


A oração que brota do coração



A Oração de Jesus*





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1. O CONTEXTO ECLESIAL TEOLÓGICO/SACRAMENTAL:


Muito importante para compreender esta oração é situá-la em seu contexto teológico e eclesial: o hesicasta não está além da Igreja, ele se centra na Igreja, se faz integralmente um homem da Igreja, capaz de “fazer eucaristia em todas as coisas” como pedia o Apóstolo (I Tes 5,18). Que o hesicasmo constitui a contrapartida cristã do yoga que re-situa, numa atitude propriamente de reencontro pessoal e de graça, uma exploração da interioridade que também as espiritualidades asiáticas praticam, é mais que provável. E isto se deve à estrutura mesma do homem, criado à imagem de Deus.

Voltaremos a falar sobre isto. Porém, posto que só Cristo pode recapitular todas as coisas e colocar tudo em seu verdadeiro lugar, o hesicasmo aparece como fundamentalmente crístico, como uma ascese cujo fim é a tomada de consciência atuante da Igreja, Corpo de Cristo, Templo do Espírito Santo e Casa do Pai...


A) É NECESSÁRIO, EM PRIMEIRO LUGAR, RECORDAR ALGUMAS APROXIMAÇÕES TEOLÓGICAS:

Quando, no Ocidente, pensamos na noção de natureza, o fazemos através de uma sensibilidade filosófica modelada pelo tomismo tardio, logo, pelo dualismo cartesiano, finalmente, pelas ciências contemporâneas que reabilitam - contra as ciências humanas - esse "paradigma perdido" a partir dos dados da biologia, da ecologia e da etología. Assim, cada vez, temos a impressão de que a graça vem juntar-se à natureza para contrariá-la ou aperfeiçoá-la... No Oriente cristão, me parece, a graça é sentida como presente em tudo o que existe. A verdadeira natureza dos seres e das coisas é justamente essa transparência à graça, esse dinamismo de união com as energias divinas. Pois, a graça é incriada, é Deus mesmo que se faz participável voluntariamente, permanecendo, ao mesmo tempo, o Totalmente Outro, o Inacessível.


Seguir a natureza, nesta perspectiva, é abrir-se à graça e unir-se a Deus: o homem não é verdadeiramente homem senão em Deus, não se pode falar do homem em seu próprio nível e, como dizia Berdiaev, empregando símbolos apocalípticos, não há, em geral, outra eleição que a "divino-humanidade" ou a "bestial-humanidade". O mundo caído, ainda que siga sendo criação de Deus, conhece uma modalidade noturna, ou, se se quer, demasiado clara, luciferina, no sentido do "palácio de cristal" de Dostoievsky. Certamente é mantido no ser pela Sabedoria divina, e a reflexão científica mais recente mostra até que ponto a ordem cósmica se recompõe sem cessar sobre a desordem, sobre o caos. Não obstante, esse mundo de opacidade, de crueldade e de morte, é parcialmente contra-natura: a verdadeira natureza, a descobrimos no corpo "pneumatizado" do Ressuscitado, do qual participamos na Eucaristia...

O homem foi criado à imagem de Deus, chamado a se transformar, na graça, imagem e semelhança, no sentido de uma participação. A imagem designa, em primeiro lugar, o homem enquanto vocacionado a uma existência pessoal em comunhão, a maneira da Uni-trindade e por transparência das energias trinitárias. Porém, designa também essa natureza profunda, inseparável do cosmo, não fruto, senão motor secreto do devir cósmico, e esta natureza é a aspiração ao infinito, a esperança da deificação, a imensa celebração da que a Índia diz com profundidade que dorme na pedra, sonha na planta, desperta no animal, faz-se, ou, melhor dizendo, pode se fazer consciente no homem. Todo o problema do homem radica em expressar justamente esse movimento para o infinito, unir o dinamismo interior do Sopro à revelação do Logos, de outro modo, esse impulso suscita as "paixões" e as idolatrias.


Se se tem presente o significado da noção de natureza, compreende-se que o ser humano, em sua totalidade, e até em sua estrutura e ritmos corporais, está constituído para chegar a ser templo do Espírito (a expressão é paulina, como se sabe). Temos feito do cristianismo um assunto da alma, um assunto psicológico (e finalmente, uma ideologia...). Porém, na Tradição da Igreja indivisa se encontra a idéia muito forte de que o homem é criado para estar unido a Deus em todo o seu ser, espírito, alma e corpo; não se considerando aqui o espírito como uma faculdade particular, mas como o centro donde todas as faculdades se unem, donde o homem, todo inteiro, se unifica e se supera. Em suma, a inscrição em toda a natureza do homem, de sua vocação em pessoa. Um ocidental, marcado por uma espécie de platonismo inconsciente, tem tendência a aproximar o Espírito ao espírito, depreciando o corpo. Na realidade, o Deus vivente transcende também radicalmente, tanto o inteligível como o sensível, e quando se dá, transfigura tanto um como outro. A antropologia do hesicasmo é bíblica, isto é, unitária. Acentua os dois ritmos fundamentais de nossa existência psicossomática, o da respiração e o do coração. O ritmo respiratório é o único que podemos utilizar voluntariamente, não para dominá-lo senão para oferecê-lo; ele determina nossa temporalidade vivida, a acelera ou a acalma, fecha-se sobre si mesma ou a abre sobre a Presença.

O ritmo do coração ordena o espaço-tempo ao redor de um centro do que todas as tradições espirituais sabem que é abismal, que pode abrir-se sobre a transcendência; é a "caverna do coração" das tradições arcaicas e da Índia... Esses dois ritmos nos tem sido dados pelo Criador para permitir à vida divina apoderar-se da profundeza de nosso ser e envolvê-lo, encher de luz toda nossa existência. Poderia-se quase dizer, não somente nossa existência corporal mas, a partir de nossa existência corporal, pois é no Corpo de Cristo que somos enxertados pelo batismo; é pelo sangue (con-sangüíneos) e pelo corpo (con-corporais) que somos unidos a Cristo: certamente, o Corpo de Cristo designa sua humanidade inteira, porém a língua não se equivoca, é o corpo o que constitui a raiz e a expressão ultima da encarnação. É necessário tomar a sério a exortação: "Não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós? Glorificai a Deus em vosso corpo" (1Cor 6,19-20).

Uma certa poesia nos guia aqui, não para o imaginário, senão para a profundidade, para o simbolismo verdadeiro que se inscreve na natureza das coisas que o Logos ordena e que o Pneuma vivifica.

“O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou em suas narinas um sopro de vida e o homem se converteu em um ser vivente” (Gn 2,7).

Assim se precisa uma correspondência, uma analogia-participação entre o Espírito, enquanto sopro vivificante de Deus, e a respiração enquanto sopro vital do homem. O homem é chamado a mesclar seu sopro ao Sopro divino, a "respirar o Espírto Santo", como escreveu Gregório o Sinaíta. É o que ele alcança se consegue "aderir" à sua respiração o Nome de Jesus, pois o Espírito, tanto em Deus como no homem, é o "anunciador do Verbo".Existe igualmente uma analogia semelhante entre o coração, como centr de integração do homem, e Cristo, "sol de justiça", coração da Igreja e, por seu intermédio, do Universo, posto que a Igreja não é outra coisa que o Universo em vias de transfiguração ao redor de seu coração. Este tema de Cristo-coração, coração da Igreja e de cada um de seus membros, é fundamental para um espiritual e liturgista leigo do final da Idade Media, Nicolás Cabasillas, que escrevia para os leigos e dava à tradição hesicasta uma tonalidade diretamente sacramental.

Com efeito, o tema do coração está ligado ao do sangue. Quando o homem arcaico e, por outro lado, o homem bíblico, medita sobre o sangue, o vê líquido como a água mas, vermelho e quente como o fogo. O sangue é, de algum modo, a água "pneumatizada", portadora do mistério da vida e que só pertence a Deus. As águas simbolizam a vibração original do criado sob o sopro que suscita a vida. Na origem, o Espírito repousa sobre as águas, as incuba, torna-as dóceis às exortações do verbo. E, certamente, em nós e ao redor de nós, o pecado endurece o ser criado, o faz insensível ao Espírito. Só o sangue que brota do lado, do coração do crucificado pode sacramentar de novo a terra. Só o sangue eucarístico pode ascender novamente o fogo do Espírito em nosso sangue, em nosso coração, desde que a existência em nós perca sua dureza, que o coração de pedra se dissolva nas águas novamente originais, matriciais, do batismo e das lágrimas.

Através destes símbolos que se correspondem, se pode apreciar como se entrelaçam o sopro humano e o sopro divino, a graça batismal, o sangue e o coração. Tudo isto conduz à idéia de uma inteligência que não é somente cerebral, inteligência da cabeça e da racionalidade caída - que opõe ou confunde - e também à idéia de um "sentir", de uma sensação que não é só do coração orgânico ou das entranhas. Por conseguinte, a idéia de uma inteligência do coração espiritual (que não coincide totalmente com o coração físico, mas se encontra um pouco mais além) e de uma sensação do coração espiritual. Como se o coração tivesse se unido, metamorfoseado no crisol da graça, a cabeça e as entranhas, por um conhecimento de fé e de amor, por uma "sensação de Deus" donde o homem íntegro se sobrepassa, se equilibra e se abrasa.

A Bíblia fala sem cessar desse "coração-espírito", desse coração inteligente. O Evangelho diz: "Amarás a Deus com todo o teu coração"; numa redação mais tardia, adaptada à mentalidade helênica, teve tornar mais preciso: "com todo o todo o teu coração e com toda a tua inteligência". Porém, biblicamente falando, "com todo o teu coração" é suficiente, pois, dizer "com todo teu coração" é dizer "com toda a inteligência".

O fundamento destas analogias é a criação do homem à imagem de Deus, o que explica que estejam presentes, ao menos de forma parcial, na maioria das tradições espirituais da humanidade. Porém, a Criação não é realmente restaurada, ou melhor, realmente instaurada, senão em Cristo, e é por isto que todas estas analogias encontram n’Ele sua origem e seu cumprimento. É Ele quem fez da humanidade, o Tempo do Espírito, seu sopro é o "principio de vida"; sua carne e seu sangue, assumindo no pão e no vinho todo o Cosmos e toda a História Humana, são o único alimento de eternidade.


B) A ORAÇÃO DE JESUS, POR OUTRO LADO, ESTÁ LIGADA AO MISTÉRIO DO NOME:

O tema do nome se re-encontra por todas as partes na história das religiões, como na celebração poética ou ritual, das amizades ou dos amores humanos. O nome tem sido sempre sentido como a expressão da Presença. Nas religiões arcaicas, das que a magia está muitas vezes próxima, conhecer o nome de Deus é dominar seu poder (porém, Deus não é mais que a aparência de uma divindade impessoal). Na Bíblia a mudança é surpreendente: não se trata de dominar o poder de Deus, o Deus vivente toma uma distancia fulminante, até mesmo, inacessível. A invocação do Nome se faz excepcional e terrorífica. O tetragrama era pronunciado só uma vez por ano, no dia de Yom Kippour, quando o grande sacerdote entrava no "santo dos santos". E, inclusive, esta nomeação se perdeu, foi (voluntariamente?) esquecida. Diz-se ADONAI, o Senhor; ou Elohim, o plural que designa o "salto fora de si" do inacessível. Nas religiões da transcendência pura, Judaísmo e Islamismo, não se pretende conhecer o Nome; sabe-se somente que Deus estabeleceu soberanamente certos tipos de relações com o homem e que, dada uma delas, pode ser evocado por um nome relativo por definição (não há então o Nome, senão os nomes: no Islã somam 99).

Jesus nos revela o Nome próprio de Deus e é um Nome expropriado. Deus sai de sua transcendência inacessível e se revela a nós sobre a Cruz. É nesta "kenosis" inimaginável, nesta expropriação total, que nos revela seu próprio nome. Jesus, nome não muito comum no Antigo Israel, significa "Deus Salva", "Deus Liberta". Porém, é só depois do Getsêmani e do Gólgota, depois da descida de Cristo à morte e ao inferno que sabemos que somos salvos e libertos.

O paradoxo do Inacessível e do Crucificado, esta grande antinomia, nos permite balbuciar, muito além de todo sentimentalismo, a equação de João: "Deus é amor". Nós não invocamos o Nome como os povos antigos que queriam dominar um poder: oferecemos a uma presença infinitamente participável, porém simultaneamente inacessível.

Já não invocamos o Nome no temor e no tremor, como o fazem o Judaísmo e o Islam, para os quais trata-se sobretudo de um desses nomes que constituem algo assim como o "reverso" misterioso do Transcendente. Deus para nós, voltou ao coração de sua Criação pelo Sim de uma mulher e, consumindo o fogo, vem a nós, "doce e humilde de coração" na presença de Jesus, no sopro ligeiro do Espírito, no balbuciar infantil, tão familiar e confiável: "Abba" - Pai; no Pão e no Vinho compartilhados à Eucaristia.

É por isso que, contrariamente ao que se pensa, muitas vezes, o Nome próprio de Deus, o Nome expropriado do Amor, não me parece que se limite somente à invocação de Jesus. Ele se desdobra na fórmula íntegra: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus", tratando-se de uma fórmula trinitária.

A "Oração de Jesus", tal como se estereotipou nos séculos XIII e XIV, "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim", lembra o chamado do publicano e do cego do Evangelho. Porém, trata-se de uma invocação trinitária. Invocamos a Jesus, o chamamos Cristo e Senhor, por conseguinte, confessamos sua divindade. Entretanto, "ninguém pode dizer que Jesus é Senhor senão no Espírito Santo" (I Cor 12,3). Dizer que Ele é Cristo, é recordar que o Espírito repousa sobre Ele, n'Ele, pois o Espírito é, desde a eternidade, a "unção do Filho", como assinalava São Gregório de Nissa. Invoquemos então, no Espírito, e designemos ao Espírito mesmo designado a unção que faz de Jesus o Cristo. Finalmente, digamos d'Este que é "Filho de Deus". E Deus, nesta fórmula, como em todo o cristianismo antigo, é o Pai, "Fonte" da divindade e "princípio" do Filho e do Espírito. Dizer "Jesus Cristo Filho de Deus", é entrar no mistério da "patri-filiação", é nomear o Pai.

A "Oração de Jesus" – e este é o ultimo elemento de seu contexto, do que me parece essencial falar – se situa numa perspectiva sacramental. Tem por finalidade uma tomada de consciência da graça batismal; é um reencontro pessoal com Cristo que é, ao mesmo tempo, uma "Vida em Cristo, uma "respiração do Espírito" (posto que o corpo sacramental de Cristo é um Corpo "pneumático", um lugar pentecostal), uma atualização da energia trinitária que, para um cristão, não é jamais impessoal, mas que se realiza no Espírito, por Cristo ao Pai.

O Batismo, e, por conseguinte, o Crisma, que no Oriente cristão é inseparável, acentua o aspecto carismático; o batismo é a grande iniciação cristã, submersão nas águas da morte, descida ao inferno com Cristo e subida com Ele e n'Ele; ressurreição em Cristo, possibilidade de metamorfosear a angústia da morte em júbilo no Espírito. De modo que, o batizado leva dali em diante em seu inconsciente, não só os traços de seu destino individual ou coletivo, mas o próprio Deus (o que, a sua maneira, descobrem os "psicanalistas da existência").

Dali em diante, uma certa exterioridade ou impessoalidade de Deus é superada, exterioridade das religiões da transcendência fechada, onde a fé permanece sendo de ordem ética; impessoalidade dos orientes distantes, onde a imersão no divino dissolve o homem.
Mediante o Batismo, o Deus Vivente, o Inacessível, se torna plenamente participável na "profundidade" do coração.

São João Crisóstomo afirma que um adulto, recebendo o Batismo, percebe fugazmente uma real iluminação; porém, que esta se oculta em seguida no inconsciente. É necessário então trabalhar, e este é todo o sentido da ascese, para tornar-nos conscientes desta Presença que ocupa o fundo de nosso ser. Além disso, existe a santidade em nossa própria existência corporal, enxertada pelo batismo no Corpo do "Único Santo"; existe a santidade em nosso corpo "com-corporal" ao seu, em nosso sangue penetrado pela incandescência eucarística. É nossa alma ou mais precisamente, nossa consciência a que se adultera e se prostitui; é ela que precisa voltar a estar atenta ao mistério presente no "coração".

A "Oração de Jesus" tem por finalidade "circunscrever o incorporal no corporal", reconstruir a unidade estática do "coração consciente". Tomar consciência da graça do Batismo não se separa, por conseguinte, da tomada de consciência da plenitude eucarística. Viver em Cristo é tornar-se um homem eucarístico, é despertar-se para a grande alegria da Eucaristia que é também uma alegria pentecostal, uma vez cada vez que, cada vez que celebramos a Eucaristia entramos num Pentecostes que não terminará jamais, que antecipa a Parusia, e que sobrevirá com toda sua força no momento da Parusia: "Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste", cantam os que comungaram. A finalidade da "Oração de Jesus" é nos ajudar a estabilizar, a elucidar, a interiorizar esta visão da verdadeira Luz, esta recepção do Espírito. A invocação do Nome de Jesus deve chegar a ser uma "epíclesis" cada vez mais permanente.

O "coração consciente" é, deste modo, um coração eclesial. É, por sua vez, a unificação do homem e a tomada de consciência da consubstancialidade, em Cristo, de todos os homens.
Por isso, os carismas que recebem, as vezes, os espirituais - de cura, de profecia, de clarividência, de discernimento dos espíritos, de paternidade espiritual - são ordenados para a "edificação" da Igreja. Ainda que permaneça só e anônimo até o fim de sua vida, o espiritual, só pela sua simples presença, é uma fonte de bênçãos para a Igreja, para a humanidade e para o Universo. Tudo é envolvido em sua oração. É o sal da terra e a luz do mundo, ele que, com o apóstolo, não busca mais que ser a escória deste mundo.

A esta tomada de consciência da graça sacramental se une, de modo inseparável, uma leitura adoradora e, como sacramental ela também, da Palavra de Deus. É o que o monaquismo ocidental denomina a "Lectio Divina" - uma incorporação quase eucarística do sentido espiritual. Uma leitura semelhante permite, logo, levar em si uma frase ou uma palavra, como um gérmen de vida, como um perfume que enobrece a alma durante horas.

Deixa-se levar pela leitura dos Salmos, porém se repentinamente uma frase, uma expressão, toca o coração, é necessário guardar em si, preciosamente, este toque de transcendência: "Teu amor me feriu, marcho cantado-te", dizia São João Clímaco.

Entre as histórias do deserto, se encontra aquela do homem que encontrou um abba (pai espiritual) e lhe perguntou como se devia orar. "É necessário recitar os salmos", respondeu o monge. Como não sabia nenhum, o monge lhe ensinou o primeiro versículo do Primeiro Salmo: "Feliz o homem que não marcha segundo o conselho dos ímpios". E acrescentou: "Vê, medita estas palavras, volte logo te ensinarei a continuação". O homem partiu e o monge não o voltou a ver. Durante muitos anos sua meditação se alimentou daquelas palavras e por causa delas se converteu em um santo...

A Bíblia e a Filocalia são inseparáveis. O autor dos Relatos de um Peregrino Russo, conta que só levava estes dois livros em seu alforje. "O Evangelho é como a oração de Jesus", escreveu, "pois, o Nome divino encerra em si todas as verdades evangélicas". Quando comecei a compreender melhor a Bíblia, graças a Filocalia, encontrei cada vez menos passagens obscuras. Os Padres têm razão em dizer que a Filocalia é a chave que descobre os mistérios encerrados na Escritura. É a hermenêutica da oração a que mais temos necessidade nos dias de hoje "Comecei a compreender o sentido oculto da Palavra de Deus", acrescenta o Peregrino, "Descobri o que significam expressões como: "o homem interior do coração", "a oração verdadeira", "a adoração em espírito", "o Reino em nosso interior" e "a intercessão do Espírito". Compreendi o sentido destas palavras: "Vós estais em mim", "estar revestidos de Cristo" e muitas outras.

Compreende-se que o Oriente cristão chamou "graphai", escrituras, indistintamente, à Bíblia, aos seus comentários litúrgicos e aos seus comentários místicos; e que também certos espirituais da Tradição pudessem afirmar que a destruição material da Bíblia não teria para eles nenhuma importância, não só porque já sabiam de memória, mas porque já havia penetrado em seu coração. No limite, o coração virgem do santo "iletrado" (agrammatos) se converte em página branca na qual Deus escreve diretamente, com caracteres de fogo o seu Verbo.

Cardeal Müller sobre a Misericórdia Divina: “Não se pode ir à igreja pela manhã e à tarde ao bordel, como se fosse possível viver na casa de Deus pela manhã e na casa do diabo à noite”.

 

“A Igreja não é um sanatório”. Além da misericórdia, existe muito mais.
Por Matteo Matzuzzi – Il Foglio | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: “Santo Tomás de Aquino afirmou que a misericórdia é precisamente o cumprimento da justiça, porque através dela Deus justifica e renova a criação do homem. Portanto, não deverá ser jamais uma desculpa pra suspender ou tornar inválidos os mandamentos e os sacramentos. Caso contrário, estaremos na presença da pesada manipulação da autêntica misericórdia e, portanto, também de frente à vã tentativa de justificar nossa indiferença tanto em relação a Deus como aos homens”. É assim que deve ser entendida a misericórdia, de acordo com o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da congregação para a Doutrina da fé. Tendo em vista o próximo sínodo sobre a família, o purpurado alemão expôs sua reflexão em um longo diálogo com Carlos Granados, diretor das edições espanholas Bac, já disponível nas livrarias em um pequeno volume intitulado “La speranza della família” (Edizioni Ares). Da misericórdia se tem falado em abundância depois do discurso consistorial do cardeal Walter Kasper, que invocou a misericórdia para os divorciados recasados que desejam se aproximar novamente da eucaristia, alegando que “através da penitência qualquer um pode receber clemência e todo pecado ser absolvido”, cada ferida poderia ser curada no “hospital de campanha”, segundo a entrevista de Francisco na revista Civiltà Cattolica – “A imagem do hospital de campanha é muito bonita”, disse Müller, mas “não podemos manipular o Papa reduzindo a esta imagem toda a realidade da Igreja. A Igreja não é um sanatório: a Igreja é também a casa do Pai”.
Dom Gerhard Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Dom Gerhard Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
É verdade, assegura o guardião da ortodoxia católica, que “Deus perdoa até um pecado grave como o adultério, todavia não permite um outro casamento que colocaria em dúvida um matrimônio sacramental ainda existente, um matrimônio que expressa a fidelidade de Deus. Fazer um similar apelo a uma presumida misericórdia de Deus equivale a um jogo de palavras que não ajuda a esclarecer os termos do problema. Na realidade – acrescenta o chefe do antigo Santo Ofício em uma das frases escapadas da longa antecipação publicada na revista Avvenire – me parece que esse é um modo de não perceber a profundidade da misericórdia divina”. Visões diametralmente opostas, portanto, que levam Müller a dizer-se surpreso com o empenho “da parte de alguns teólogos que possuem o mesmo entendimento sobre a misericórdia como um pretexto para admitir aos sacramentos os divorciados casados novamente segundo a lei civil”. O princípio da misericórdia, observa ainda, “é muito fraco quando se transforma em um único argumento teológico-sacramental válido. Toda a ordem sacramental é precisamente obra da misericórdia divina e não pode ser anulada revogando o mesmo princípio que a rege. Do contrário, uma referência errada à misericórdia contém o grave risco de banalizar a imagem de Deus, segundo a qual Deus não seria livre, mas sim obrigado a perdoar”. É verdade, enfatiza o prefeito, que Deus não se cansa nunca de perdoar e de oferecer a sua misericórdia, o problema é que somos nós que nos cansamos de suplicá-la”. E depois, “além da misericórdia, também a santidade e a justiça pertencem ao mistério de Deus. Se ocultássemos esses atributos divinos e se banalizássemos a realidade do pecado, não haveria sentido algum em implorar para as pessoas a misericórdia de Deus”.
O cardeal Müller toca ainda em outro ponto delicado que é o grande desafio entre doutrina e vida, também no que diz respeito aos pedidos de adaptação do ensinamento católico em assuntos de moral sexual à realidade pastoral. “Trata-se de um mal entendimento, como se a doutrina fosse um sistema teórico reservado a alguns especialistas de teologia. Não, a doutrina, além da palavra de Deus, nos dá a vida e a mais autêntica verdade da vida. Não podemos confessar de modo doutrinal que ‘Cristo é o Senhor’ e depois não cumprir a Sua vontade”. Busca-se, em suma, “transformar a doutrina católica numa espécie de museu das teorias cristãs: uma espécie de reserva que interessaria apenas a alguns especialistas” e “ o severo cristianismo estaria se convertendo em uma nova religião civil, politicamente correta, reduzida a alguns valores tolerados pelo resto da sociedade. De tal modo, se obteria o objetivo inconfessável de alguns: marginalizar a Palavra de Deus para poder dirigir ideologicamente toda a sociedade”. Jesus, explica o purpurado, “não se encarnou para expor algumas simples teorias que tranqüilizam a consciência, deixando tudo, até o que tem fundo lascivo, como está, sem alterar a ordem constituída”. Em suma, não se pode, “ir à igreja pela manhã e à tarde ao bordel, como uma espécie de síntese esquizofrênica entre Deus e o mundo, como se fosse possível viver na casa de Deus pela manhã e na casa do diabo à noite.”
 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Latin Mass Society Day of Recollection at St Edmund's College, Ware, England. St John XXIII Asks the Faithful Not to Applaud in Church


 
Joseph Shaw of the Latin Mass Society has posted to his flickr account some great photographs from a day of Eucharistic Recollection held at St Edmund’s College in Ware, Hertfordshire, England, led by Fr. Armand de Malleray, FSSP, assisted by Mgr. Gordon Read and Fr. Patrick Hayward, with the schola led by Mr. Christopher Hodkinson. Fr de Malleray gave spiritual conferences, and the day concluded with Solemn Vespers, veneration of a relic of St. Edmund of Abingdon, and Benediction, officiated by Mgr Read.







 


St John XXIII Asks the Faithful Not to Applaud in Church




 





translation of the Italian:

The fourth Sunday of Lent, John XXIII was once again among the crowd, at Ostia. (about 15 miles to the south-west of Rome.) Thousands of people were waiting for him along the street, in the piazza, in the church. They wanted to see him, to applaud him. They did not know that afterwards, he would rebuke them, in a good-natured way, in his simple , spontaneous, familiar way of speaking.

“I am very glad to have come here. But if I must express a wish, it is that in church you not shout out, that you not clap your hands, and that you not greet even the Pope, because ‘templum Dei, templum Dei.’ (‘The temple of God is the temple of God.’)

Now, if you are pleased to be in this beautiful church, you must know that the Pope is also pleased to see his children. But as soon as he sees his good children, he certainly does not clap his hands in their faces. And the one who stands before you is the Successor of St. Peter.”

Non ci sono due Chiese, una prima e l'altra dopo il Concilio. No, ce n'è una sola!

CHI TORNA AL SUO PASSATO,
NON ESCE DALLA CHIESA.


Editoriale di "Radicati nella fede"

Agosto 2014







Nei momenti di confusione pericolosa occorre fare un passo indietro.
Non si fa forse proprio così nella vita? Di fronte a una situazione confusa, difficile da districare, che ci rende preoccupati e perplessi, ci si ferma e poi si fa un passo indietro, astenendosi dall'avanzare nel pericolo.

È anche ciò che abbiamo fatto nella fede. Sì, crediamo che l'immagine rende idea delle nostre scelte.
Amiamo la Chiesa, Corpo Mistico di Cristo e nostra Madre, amiamo il Papa e il Vescovo, ma di fronte all'evidente confusione della vita cristiana intorno a noi, ci rifiutiamo di avanzare nell'ambiguità e nell'incertezza e domandiamo la grazia di restare nel cristianesimo sicuro.

In fondo la nostra posizione è tutta qui. Per questo riteniamo, e abbiamo sempre ritenuto, di non essere nella disobbedienza.

Saremmo nella disobbedienza se inventassimo un “altro cristianesimo”, se ci inventassimo “una nostra messa”, una “nostra pastorale”, un “nostro catechismo”, se riconoscessimo degli “altri superiori” fuori da quelli che la Chiesa ci ha dato nel Papa e nel Vescovo.

No, noi non facciamo nulla di tutto questo. Semplicemente, giudicando piena di confusione e di pericolo la nuova pastorale, il nuovo rito della messa, la nuova catechesi, ci avvaliamo del diritto che la Chiesa ha sempre riconosciuto alle anime nei momenti di crisi: ci atteniamo alla precedente prassi e dottrina della Chiesa, a quella sicura, a quella prima dello scoppio della crisi.

Infatti, per la Messa, non andiamo a cercare chissà quale rito arcaico, ma ci atteniamo al Messale del 1962, quello promulgato da Papa Giovanni XXIII, perché le lievi modifiche e aggiunte apportate in quella riforma non hanno nella sostanza intaccato la Messa Romana di sempre. Non andiamo a cercare ciò che ci piace, ma obbediamo alle riforme della Chiesa, quelle sicure e solo a quelle sicure. E così facciamo per tutti gli altri aspetti della disciplina sui sacramenti e per tutto l'apostolato.

Così facendo, siamo certi di non andare fuori dalla Chiesa, che è la stessa ieri e oggi. Non ci sono due Chiese, una prima e l'altra dopo il Concilio. No, ce n'è una sola! Ci sono invece, nella stessa Chiesa, riforme accettabili e riforme non accettabili; sono inaccettabili in coscienza le riforme che mettono in pericolo la fede e la vita cristiana. E siccome la Fede è il bene supremo, non è concesso a nessuno nella Chiesa esporla al pericolo.

Sappiamo, ne siamo coscienti, di esprimere un giudizio severo sulle svolte della “chiesa moderna”.
D'altronde, ad uno sguardo spassionato, gli esiti disastrosi dell' “ammodernamento” della Chiesa di questi ultimi decenni sono innegabili. L'ultima riforma del messale e conseguentemente di tutta la vita cattolica sta uccidendo il cattolicesimo nei nostri paesi. Negarlo è pura ideologia.

Chiediamo e viviamo la libertà dei figli di Dio, che amando la Santa Madre Chiesa, dicono ai suoi legittimi Pastori: noi continuiamo su quello che ci avete insegnato un tempo, e continuando nella Tradizione siamo certi di contribuire, nonostante la nostra povertà, alla edificazione della Chiesa stessa.

Uniamo così due atteggiamenti che in coscienza ci sembrano non disgiungibili:
- un grande amore e rispetto per la Chiesa
- una vigilanza per non mischiare mai la grande Tradizione della Chiesa con le ambiguità delle riforme post-conciliari, e questo non soltanto nel rito della messa.

Amore e severità, insieme.
Anche perché amare la Chiesa non in astratto, significa preservare il suo tesoro costituito dalla Rivelazione divina, Tradizione e Scrittura insieme. Ma la Rivelazione si è declinata e trasmessa in ciò che la Chiesa ha sempre creduto e praticato, a partire dalla Messa Cattolica.

Sbaglia chi, avendo capito il terribile pericolo interno al Cattolicesimo attuale, piange in privato ma non interviene per rispetto alla Chiesa. Ama davvero chi la Chiesa la difende.

Ciò che appare disobbedienza non lo è. È invece il più grande servizio che un credente possa fare alla Sua Madre.

Chi parla di disobbedienza parlando dei “Tradizionalisti” (termine non bello, ma lo usiamo per capirci), lo fa per ignoranza: pensa che la Chiesa abbia una autorità assoluta su tutto. No, la Chiesa obbedisce a Gesù Cristo, ne è il suo corpo; deve custodire ciò che il Signore le ha consegnato, Verità e Grazia. Non inventa la Chiesa, ma trasmette.

Per questo non può essere illegittimo decidere di stare nella Tradizione più sicura.

Non esce dalla Chiesa chi sta al suo passato, ne esce chi inventa un cristianesimo nuovo.

Oggi la scelta è radicale: o la Divina Provvidenza o il caos. La Provvidenza possiede un potere illimitato: tutto è sottoposto al suo dominio ed Essa è in grado di provvedere a tutti nostri bisogni, spirituali e materiali.

L'unico infallibile appiglio

quando tutto crolla



«La Divina Provvidenza non fa mai bancarotta». Questa frase, di san Giuseppe Cottolengo, concludeva un mio editoriale di Radici Cristiane del novembre 2008, in cui commentavo l’onda tumultuosa della crisi finanziaria americana che iniziava a sommergere l’Europa. Da allora la tempesta si è allargata, fino a diventare un vero e proprio Tsunami. Mai come oggi la sentenza del Cottolengo è attuale, e lo sarà sempre di più nei tempi difficili e confusi che ci attendono.
Le cause prossime della crisi economica – quella che più direttamente sembra toccarci – sono lo sregolato processo di globalizzazione avviato negli anni Novanta dall’OMC (Organizzazione Mondiale per il Commercio) e la sconsiderata istituzione dell’euro, la moneta unica, che ha cominciato a circolare in Europa esattamente dieci anni fa. Ma esistono anche cause remote e profonde che risalgono all’allontanamento della scienza economica, come di tutte le altre discipline umane, dai princìpi religiosi e morali che reggono il mondo.

Oggi la crisi dell’economia si accompagna a quella della politica e della morale e tutte queste convulsioni hanno un’origine metafisica. Il mondo si è allontanato da Dio e il Signore ha abbandonato il mondo a se stesso.

La vita è stata organizzata in modo tale che Dio sia assente da tutto e al centro di tutto sia l’uomo. La conseguenza di questa inversione di piani è stata una totale disgregazione del sistema sociale. Una società privata dei suoi fondamenti divini e naturali è destinata infatti a sprofondare nel caos, che è la mancanza di quelle regole stabili che presiedono ad ogni forma di convivenza civile.
Esiste un’unica filosofia sociale che ha il suo modello nella costituzione della famiglia naturale, fondata sul matrimonio indissolubile di un uomo e una donna, e che si alimenta alle parole di vita soprannaturali del Vangelo.

Oggi l’ordine che scaturisce dalla natura umana e dall’insegnamento del Redentore è sistematicamente capovolto, a cominciare dall’economia. Il risparmio, su cui un tempo si fondava la società, è sostituito dal debito, che è il nuovo orizzonte di chi fatica senza riuscire a raccogliere i frutti del proprio lavoro.
La proprietà privata, viene penalizzata fino al punto da divenire un lusso impossibile. La famiglia non è protetta, ma combattuta dagli Stati, che ad essa oppongono modelli viziosi, come le unioni omosessuali, mentre i difensori della morale sono trattati alla stregua di criminali.

Il futuro dei popoli viene soffocato sul nascere, attraverso la pratica assassina dell’aborto legalizzato. Le nascite, che sono la ricchezza delle nazioni, crollano ovunque in Occidente, anche in seguito al dilagare delle convivenze pre-matrimoniali e delle pratiche contraccettive.

I giovani, sottoposti a un interminabile apprendistato scolastico e universitario vengono immessi in un mercato del lavoro che riserva loro delusioni e disoccupazione, mentre la società li espropria di ogni speranza nel futuro.

Agli ideali di bellezza, di purezza, di onestà, vengono sostituiti quelli della ricerca del piacere e del successo materiale. Nel teatro delle miserie e delle menzogne che è il nostro tempo, vince chi riesce ad affermarsi con tutti i mezzi e con l’esibizione più sfrontata.



Al relativismo morale corrisponde il relativismo religioso, contrabbandato come ecumenismo. La conseguenza di questa predicazione irenista è l’intiepidimento della fede cristiana e l’arrendismo di fronte all’Islam che avanza in Europa con piglio da conquistatore.

In questo orizzonte confuso e nauseabondo, che opprime il cuore e offusca la mente, quando chi dovrebbe parlare tace e chi dovrebbe tacere ci inonda di parole inutili, mentre tutto sembra perduto, l’anima priva di ogni altro aiuto leva gli occhi al Signore e con immensa fiducia si rivolge alla Divina Provvidenza.

La Divina Provvidenza è, in ultima analisi, l’ordine dell’universo creato: ordine nella Chiesa, nella società, nella famiglia, nella vita personale. Quando la vita degli uomini e dei popoli si svolge in modo ordinato, tutto procede in maniera armoniosa e produttiva. Non ci sono tensioni sociali, né confusione di idee, né incertezza sul futuro.

L’ordine richiede l’unità delle parti, cioè la loro convergenza verso un bene comune, che è anche una verità comune. E nell’universo non c’è verità, assoluta o relativa, al di fuori di Gesù Cristo, Figlio di Dio e Dio Egli stesso, fattosi uomo per redimere, attraverso la grazia soprannaturale, il mondo immerso nel peccato.

Chi nelle sue scelte pubbliche o private rifiuta di principio, o ignora di fatto, l’esistenza del peccato, da cui derivano tutti i mali dell’universo, e la necessità della Grazia per vincere il male, brancola inesorabilmente nel buio. Fino a che i professori che ci governano, analfabeti in tema di religione e di morale, pretenderanno di risolvere i problemi che hanno di fronte prescindendo dalla Legge del Vangelo, sono destinati ad un umiliante fallimento.

Di fallimenti ne abbiamo visti tanti negli ultimi decenni e ne vedremo ancora. Terribili sono infatti le parole del Profeta: «Maledetto l’uomo che confida nell’uomo, che fa conto della carne e il cui cuore si allontana dal Signore! Egli sarà come la tamerice desertica (…) resterà nell’aridità, su una terra salata e inabitabile» (Geremia 17, 5-6).

Né gli uomini politici né gli studiosi di economia sono in grado di prevedere cosa accadrà e dall’incapacità di previsione scaturisce la loro impossibilità di trovare soluzioni per risolvere la crisi.

Oggi la scelta è radicale: o la Divina Provvidenza o il caos. La Provvidenza possiede un potere illimitato: tutto è sottoposto al suo dominio ed Essa è in grado di provvedere a tutti nostri bisogni, spirituali e materiali. Da parte nostra cerchiamo con tutti i nostri sforzi di raddrizzare ciò che è storto, cominciando col rendere a Dio il suo primato sociale. Le parole del Vangelo sono infallibili: «Cercate prima di tutto il Regno di Dio e la sua giustizia, e il resto vi sarà dato in sovrappiù» (Mt. 6, 25-26). Dio si cura degli interessi di chi lo serve, e solo chi si allontana da Lui deve preoccuparsi del proprio futuro, nel tempo e nell’eternità.

Nulla è irreversibile nella storia, tranne la Volontà di Dio. La nostra risorsa ultima è la Divina Provvidenza che non inganna e non abbandona, perché Essa è Dio stesso, considerato nei suoi rapporti con le creature. Ci riconosciamo creature, tratte dal nulla, senza alcuna evoluzione, in tutto dipendenti da Dio. La Divina Provvidenza, che è Amore, ci assiste e ci guida irreversibilmente al nostro fine. Questo solo ci basta.
Roberto de Mattei

(Fonte: dalla rivista RADICI CRISTIANE) L'unico infallibile appiglio quando tutto crolla
 
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Capela Nossa Senhora das Dores, em Brasília: benção pontifical por Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, Bispo Auxiliar de Brasília segundo o rito tradicional

 
No dia 13 de julho de 2014, um evento de grande monta na Arquidiocese de Brasília: a benção de uma igreja segundo a liturgia romana tradicional. Não é apenas a rara frequência dessa cerimônia nos tempos modernos que tornou o evento tão peculiar. Os inúmeros fiéis que acompanharam a solenidade da benção e a Santa Missa que a ela se seguiu testemunharam uma liturgia esplendorosa, um belíssimo e majestoso culto a Deus, uma profissão perfeitíssima de fé, em que foi honrada especialmente a Santíssima Virgem, pela imposição do título de Nossa Senhora das Dores à capela.
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Capela Nossa Senhora das Dores, em Brasília. (Jardim Botânico III, Av. das Paineiras, Entrequadras 9/10)
Foi Sua Excelência Reverendíssima, Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, Bispo Auxiliar de Brasília, quem procedeu à cerimônia da benção da Capela Nossa Senhora das Dores e, assim, “separou inteiramente do uso profano o seu edifício e fez dele verdadeiramente a Casa de Deus e Porta do Céu”, conforme ensinou o padre em seu sermão.
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Aspersão Externa da Igreja: inicialmente, o Pontífice vai diante da porta da Igreja a ser abençoada e entoa “Deus, in adjutorium meum intende…”.
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A Schola Cantorum canta a antífona “Bene fundata est” e o Salmo 86 enquanto o Pontífice asperge as paredes da Igreja com água benta em silêncio.
“Bene fundata est domus Domini supra firmam petram.”
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O Pontífice retorna à porta de entrada, recuperando a mitra e o báculo. Em procissão, precedido da Cruz, o Pontífice adentra a Igreja com o clero e o povo.
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Entoa-se a Ladainha de todos os Santos. O Pontífice e todos ajoelham-se. Na ladainha, entoa-se três vezes a invocação à Santíssima Virgem, pois é Ela quem dá seu nome à Igreja.
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Procede-se em seguida à aspersão interna da Igreja, enquanto a Schola Cantorum entoa as antífonas “Haec est domus Domini” e “Non est hic aliud” com os salmos 121 e 83, respectivamente.
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A solenidade da Benção termina com uma última oração do Pontífice, em que ele reconhece que Deus santifica os locais dedicados ao nome dEle e pede a benevolência divina para todos que O invocarem nesse lugar santo.
A benção foi seguida da Santa Missa, celebrada pelo Rev. Pe. Daniel Pinheiro e com assistência pontifical de Dom José Aparecido. Também no coro estavam presentes o Pe. Godwin, pároco da Paróquia Santa Clara e São Francisco, em cujo território está o edifício da capela; o Pe. João Batista, da Diocese de Anápolis; o Pe. Allan, Franciscano da Imaculada; além de seminaristas do Instituto Bom Pastor, ao qual pertence também o Pe. Daniel.
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A Santa Missa: incensação do Evangelho.
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Padre Daniel pronuncia o sermão do púlpito.
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A Primeira Missa na Capela Nossa Senhora das Dores após a solenidade da Benção.
Consagração (Cálice)
A Santa Missa: a elevação do cálice após a consagração.
Ecce Agnus Dei
A Santa Missa: Ecce Agnus Dei.
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A Santa Missa: a Comunhão dos fiéis.
Inclinação do Bispo
A inclinação de cabeça é um importante gesto de reverência na liturgia romana.
Acólitos
Acólitos, turiferários e outros ajudantes do altar.
Ao fim da Santa Missa, Dom José Aparecido dirigiu, ainda, algumas palavras aos fiéis. Finalmente, em ação de graças por tantos benefícios, cantou-se o jubiloso hino Te Deum.
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Dom José Aparecido, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília.
Dom José Aparecido e seminaristas do Instituto do Bom Pastor
Seminaristas do Instituto do Bom Pastor com Dom José Aparecido.
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Procissão Final.
A Capela, que comporta 250 pessoas sentadas, estava lotada, com cerca de 350 fiéis; desta vez, muitos ainda ficaram em pé ou subiram ao coro para melhor assistir às celebrações. Como sempre, muitas jovens famílias e dezenas de crianças. Certamente, agora a capela comportará bem melhor a grande quantidade de fiéis que já assistiam à Santa Missa no rito tradicional do apostolado do Pe. Daniel, que celebrou na Capela das Irmãs de Santa Marcelina por quase dois anos. Aliás, como fiéis e junto com o padre, agradecemos imensamente às irmãs marcelinas pelo modo como acolheram e colaboraram com o apostolado durante todo esse tempo.
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Cerca de 350 pessoas assistiram às celebrações.
Capela PanoramicaSem dúvida, também como fiéis que usufruem dos grandes benefícios espirituais dessa grande obra, devemos agradecer especialmente ao Padre Daniel Pinheiro por toda sua dedicação e incansável zelo apostólico. Cabe lembrar que há pouco mais de dois anos de sua ordenação sacerdotal. Em tão pouco tempo, quantos frutos maravilhosos vemos por toda parte, sobretudo em virtude da Santa Missa Tradicional! Graças a Deus!
A própria construção da capela também já nos parece um milagre; por disposição da Divina Providência, e graças à colaboração de pessoas generosas, vimos uma capela ser erguida em poucos meses. Parece que Deus “tem pressa” em expandir esse apostolado, agora sob a proteção oficial e especial da Virgem Dolorosa. Com o Pe. Daniel, repetimos: “queremos que dessa Capela saiam verdadeiramente frutos de santidade, famílias santas, vocações santas”. E que Nosso Senhor recompense eternamente a família que muito particularmente contribuiu para o avanço desse projeto e também as muitas outras famílias e fiéis que colaboraram das mais diversas maneiras.
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IMG_4231 Uma feliz “coincidência” trouxe ainda mais um motivo para comemoração: era o dia do primeiro aniversário do episcopado de Sua Excelência Reverendíssima, Dom José Aparecido. Assim, com tantas razões, após as cerimônias todos se dirigiram ao salão da capela para festejar, sob o olhar de Nossa Senhora do Carmo, ali representada em uma belíssima imagem.
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Em seguida às cerimônias, uma confraternização para festejar a Benção da Capela e o Primeiro Aniversário de Episcopado de Dom José Aparecido
Foi um dia de muita alegria.
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Dom José Aparecido Gonçalves, Pe. Daniel Pinheiro, Pe. Godwin e demais clérigos e acólitos em frente à Capela Nossa Senhora das Dores após a cerimônia.
 

FFI: denunce, carabinieri e censura. Solidarietà a Francesco Colafemmina (Redattore di Fides et Forma)


Solidarietà, fraternamente riconoscente, all'amico Dott. Francesco Colafemmina ed alla sua Consorte per l'incredibile vicenda della denuncia penale che è stata sporta contro di lui , con animo caritatevole, da uno degli attuali " Superiori " dei Francescani dell'Immacolata ( nella nuova struttura de-manellizzata ).
Pare evidente che, secondo la mens di qualcuno, la denuncia penale scagliata contro il Redattore di " Fides et Forma " deve assumere il significato di un monito per tutti coloro che , per grazia di Dio, sono ancora in grado di scrivere parole di cristiano ed umano affetto verso i perseguitati ed afflitti Frati Francescani dell'Immacolata .
Noi " servi inutili " fedeli all'insegnamento del Signore « Conoscerete la verità e la verità vi farà liberi » (Gv 8,32) continueremo ad elevare le nostre suppliche alla Vergine Santissima Maria perchè continui ad assistere sotto il Suo manto i tanti ragazzi che, chiamati dal Signore, avevano lasciato la famiglia ed il lavoro per dedicarsi, con animo puro e semplice, alle cose di Dio nell'Ordine dei Francescani dell'Immacolata e che ora si ritrovano privati di tutto ed in mezzo alla strada !
Di questo scempio umano ed ecclesiale " ... di sicuro non taceremo, né ora né allora, Deo adiuvante ".
Un fugace accenno anche alle Chiese ed ai Conventi che, dopo decenni di abbandono, erano stati restaurati e riaperti grazie all'entusiamo e alla generosità dei fraticelli e che ora, a motivo della nuova " impostazione " dell' Ordine, si ritrovano chiusi ...
Qualcuno risponderà davanti a Dio Onnipotente di tutto questo !
Solidarietà riconoscente dunque a Francesco, a sua Moglie ed un sincero ringraziamento al Giornalista Dott. Marco Tosatti, autore dell'Articolo ( v.sotto ) : una delle poche ed intelligenti voci " fuori del coro " , impegnato nella salvaguardia di quel che resta della Civiltà e delle Radici Cristiane .
In unitate orationis
 
 
 

FFI: denunce, carabinieri e censura.
Marco Tosatti su La Stampa [qui]:

 


Dagli Stati Uniti ci hanno mandato il testo di una lettera che Francesco Colafemmina, titolare di un blog molto noto e seguito in campo ecclesiale, "Fides et Forma", racconta la sua storia. Così presenta il blog l'autore: "filologo saggista e scrittore pugliese con la passione per l’arte e l’architettura sacra. Certo per quell’arte che autenticamente incarna il cattolicesimo e la tradizione della Chiesa. Oggi viviamo in una convulsa società occidentale decadente e smemorata. Viviamo in un mondo dove la bellezza è un semplice guizzo, un momento destinato a svanire, ad esser risucchiato nel magma delle immagini, delle sensazioni, delle emozioni che scolorano il quotidiano in una pellicola già vista, noiosa e ripetitiva. Il mio obiettivo sin dall’anno di creazione di “Fides et Forma” è stato quello di dar voce a quell’anima antica del cattolicesimo rimasta sepolta sotto le coltri della retorica dell’aggiornamento. Una strana dinamica tendente ad annullare l’identità della Chiesa in una vagamente irenistica idea di modernità e di progresso avevano ridotto anche l’arte e l’architettura sacra a mere larve prive di senso".


Alcune chiose al frate FI nuovo corso intervistato da Radiospada

Apro le chiose di EP che seguono, in ordine all'intervista al frate felice dalle idee come minimo un po' confuse e in un contesto kafkiano, con la riflessione di un lettore: come mai i Camilliani, tanto per fare un esempio, non sono stati commissariati? Scandalo per milioni di euro, sostituzione di persona, sequestro di persona, superiore generale e compagni in galera e nessuno fa niente? Vogliamo parlare delle suore eretiche americane proaborto ? Vogliamo parlare delle scandalose messe yoga dei Camaldolesi ? E nessuno fa o dice nulla? Poi sei o sette frati si lamentano per il breviario in latino e scatta il commissariamento? Siamo alla farsa... questa "gente anonima" non merita neppure un pernacchio... sono solo dei poveracci rinnegati e fanno pena, anzi anche un tantinello schifo !
Possono farci tutta la pena e lo schifo che vogliamo (riferito, più che alle persone, alle loro idee e comportamenti); ma sta di fatto che il papa ascolta loro e non i fedeli dell'ala tradizionale. Di altro non pare gli importi un bel niente: di fatto gli interessa solo il "lío" che piace a lui. Mentre invece il "lío" che infanga la Chiesa, quando non è addirittura ben accolto, non sembra neppure sfiorare il Soglio che, nel frattempo, ha perso molta della sua sacralità...(MG)

Leggo su Radio Spada l'intervista a un frate ribelle normalista e non posso non permettermi qualche chiosa.

Tolti i "non so, non mi risulta" (che costituiscono più della metà dell'intervista), c'è un dato che torna molto spesso: il rifiuto di pregare il breviario in latino, "che non si capisce". L'intervistato dà l'impressione che il commissariamento sia stato per buona parte edificato su quel rifiuto.

Il breviario tradizionale in latino è oggettivamente "più lungo" (le ore canoniche sono nove salmi ciascuna, contro i "due salmi e un cantico" del breviario postconciliare). La questione del "latino che non si capisce" è del tutto strumentale perché chi prende i voti è tenuto a recitare il breviario ogni giorno: dopo qualche mese a recitare preghiere in latino tutti i giorni a tutte le ore canoniche il latino finisce per diventare la tua seconda lingua. Lo assorbi anche se non capisci, così come i giovani di oggi padroneggiano i termini "week-end", "meeting", "smartphone". Il latino diventa parte del tuo esprimerti anche se sei analfabeta. Chi si lamenta di "non capire il latino" sta infatti dicendo che lo detesta, che non ha alcuna intenzione di usarlo, tanto meno di comprenderlo. Sta cioè opponendo un rifiuto capriccioso. Si pensi poi al fatto che le canzonette chiesastiche moderne si accordano bene col breviario Novus Ordo ma suonano del tutto fuori luogo se allegate al breviario tradizionale.

Insomma, viene il legittimo sospetto che quei frati "ribelli al breviario tradizionale" da un lato temono di dover pregare di più (cfr. l'excusatio non petita delle "5 ore di preghiera al giorno") e dall'altro si rifiutano di lasciar fuori le canzonette parrocchiali fastidiosamente in voga nelle comunità religiose Novus Ordo. Sono convinto che questo sia uno degli inconfessati obiettivi dei frati "ribelli al breviario tradizionale": l'ostentato omologarsi all'andazzo ecclesiale per sentirsi "à la page".
http://chiesaepostconcilio.blogspot.pt/