A recentes discussões em nosso blog sobre a suposta superficialidade dos adornos e demais sinais de decoro nos locais sagrados e nas celebrações litúrgicas me recordou uma reflexão sobre o escritor católico alemão Dietrich von Hildebrand (1889-1977) acerca da função da beleza no culto religioso. O texto abaixo é um trecho do livro "Cavalo de Tróia na Cidade de Deus", de autoria do próprio Dietrich von Hildebrand, e encontra-se disponível também neste link:
http://philocalia.com.br/pastoralis/?p=634
"A beleza desempenha importante papel no culto religioso. O ato mesmo de adoração à divindade encerra o desejo de envolver o culto com a beleza. Estigmatizar a preocupação com o belo no culto religioso como “esteticismo” — como fizeram recentemente, com crescente acrimônia, alguns católicos — é revelar uma concepção deformada do culto religioso e da natureza do belo.
É o que se vê claramente quando se considera a natureza do “esteticismo”, em vez de se usar o termo apenas com slogan destruidor.
O esteticismo é uma perversão na maneira de considerar a beleza. O esteta saboreia coisas belas como quem saboreia vinho. Não as trata com o respeito e a compreensão do valor intrínseco que requer uma resposta adequada, mas como fontes de satisfação meramente subjetiva. Mesmo dotado de refinado bom gosto, mesmo que seja um notável
connaisseur, o tratamento do esteta não pode fazer de maneira alguma justiça à natureza do belo. Acima de tudo, é indiferente a todos os demais valores inerentes ao objeto. Qualquer que seja o tema de uma situação, vê-o somente do seu ponto de vista da satisfação e do prazer estético. Não consiste sua falha em superestimar o valor da beleza, mas em ignorar os outros valores fundamentais, sobretudo os morais.
LER...