A congregação, liderada pelo cardeal Angelo Amato, estuda as causas de “bem-aventurados” que apresenta ao papa, como proposta, de novos exemplos de santidade, tendo previamente sido aprovados os resultados sobre os milagres, martírio e virtudes heroicas, que justificam a canonização (elevação à categoria de santo) ou beatificação (beatos), e possam estar nos altares e ser alvo de devoção nos diferentes templos católicos.
O papa Francisco autorizou hoje a canonização do padre português Ambrósio Francisco Ferro, que morreu durante perseguições pelas tropas holandesas no contexto das Guerras da Restauração, no Brasil. Ambrósio Francisco Ferro, que morreu em junho de 1645, tinha sido já beatificado por João Paulo II, em março de 2000.
Hoje também o pontífice aprovou o “milagre” atribuído aos beatos Jacinta e Francisco, os pastorinhos de Fátima, abrindo caminho à sua canonização.
No caminho dos altares encontram-se outros portugueses, entre eles o jesuíta Francisco da Cruz (1859-1948), mais conhecido como “Padre Cruz, apóstolo da caridade”, cujo processo de beatificação foi iniciado em 1951.
Outro padre que aguarda uma decisão é Américo de Aguiar (1887-1956), que fundou a Casa do Gaiato, instituição que acolhe jovens em risco, apontado como “pedagogo da caridade”.
Na lista de espera das decisões da congregação encontra-se Maria da Conceição Pinto da Rocha (1889-1958), fundadora das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, cujo processo foi iniciado em 1983; madre Teresa Saldanha (1837-1916), fundadora da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, e cujas “virtudes heroicas” foram já declaradas por João Paulo II; frei Bernardo de Vasconcelos (1902-1932), autor de uma obra poética de inspiração católica, nomeadamente o livro “Cântico de Amor”, e Guilherme Braga da Cruz (1916-1977), que foi reitor da Universidade de Coimbra, casado e pai de nove filhos.
Outro processo a decorrer é a beatificação de Ana de Jesus Maria José de Magalhães (1811-1875), conhecida como a “santinha de Arrifana”, que se iniciou em 1915. Segundo o processo apresentado no Vaticano, Ana de Magalhães viveu na verdade e na oração e santificou-se extraordinariamente.
Maria Rita de Jesus (1885-1965), religiosa da Congregação das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, Sílvia Cardoso (1882-1950), leiga nascida em Paços de Ferreira, e António José de Sousa Barroso (1854-1918), missionário, que foi bispo do Porto, de 1899 a 1918, são outros nomes cujos processos se encontram nas prateleiras da congregação vaticana.
Também outros antigos bispos aguardam “luz verde” da Santa Sé, designadamente João Oliveira Matos (1879-1962), que esteve à frente da diocese da Guarda, e Manuel Mendes da Conceição Santos (1876-1955), antigo arcebispo de Évora, cujo processo de beatificação se iniciou em 1972.
Maria da Conceição de Pimentel Teixeira (1923-1940), conhecida por “Sãozinha de Alenquer”, é um dos processos que decorre, proposto pelo patriarcado de Lisboa, assim como o de Madre Maria do Lado (1605-1632), da Ordem das Clarissas.
Há também beatos aos quais é necessário reconhecer um “milagre” para que se abra o caminho à sua canonização, como é o caso de Alexandrina Maria da Costa (1904-1955), conhecida como a “santinha de Balasar”, cujo processo se iniciou em 1967, declarada venerável por João Paulo II na década de 1980, e beata em 2004, por este mesmo pontífice.
Um dos mais antigos caso que aguarda decisão do vaticano é de D. Fernando (1402-1443), filho dos reis D. João I e D. Filipa de Lencastre, que morreu em cativeiro mouro em Tanger, e cujo culto religioso foi autorizado em 1470.
As 32 causas portuguesas na Congregação para as Causas dos Santos correspondem a onze dioceses - Braga, Bragança-Miranda, Coimbra, Évora, Funchal, Guarda, Leiria-Fátima, Lisboa, Porto, Viana do Castelo e Viseu -.
A Congregação para as Causas dos Santos é composta por cardeais, arcebispos e bispos, um promotor da fé, cinco relatores e 83 consultores.