Alzira da Conceição Sobrinho (Irmã S. João)
Desde muito nova, Alzira distinguiu-se pela ardente devoção à Eucaristia. O seu amor a Jesus levou-a à oferta total da sua vida. Deixando-se abrir a esse amor, Alzira sentiu a inspiração de fundar uma congregação com carisma Eucarístico, desde 1916. Tinha um espirito místico. Muitas pessoas que a conheceram e com ela conviveram registam numerosos factos que edificaram e sentem enorme gratidão pelas graças que com a sua oração obteve de Deus. Enquanto religiosa edificou as irmãs pela sua vida de oração profunda, pelo seu amor intenso a Jesus na Eucaristia, pela sua caridade, espírito de sacrifício e obediência.
A calma de quem escolheu a sua terra natal para usufruir da reforma contrasta com a agitação das crianças e jovens acolhidos na Casa do Menino Jesus. Este é o ambiente vivido na pacata aldeia de Pereira, no concelho de Mirandela, onde a fé move a maior parte da população.
Aqui tudo gira à volta da Casa do Menino Jesus, fundada em 1928, e com uma longa história de solidariedade para com as crianças desprotegidas e, mais recentemente, pelo apoio prestado aos idosos de Pereira e das freguesias vizinhas.
Esta herança foi deixada por Maria Augusta Fernandes Martins, que mais tarde se converteu na Irmã Santíssima Trindade, depois de ter herdado dos seus pais bens materiais em abundância e uma grande casa de habitação. Aceitou o desafio divino, após a morte dos seus progenitores, dividindo o seu espaço com Alzira da Conceição Sobrinho, que, juntamente com a amiga, viveu uma vida cristã intensa e se tornou na Irmã São João Evangelista.
Com a entrada das suas senhoras para a vida religiosa, a obra foi entregue à Congregação das Servas Franciscanas e, desde então, o trabalho de solidariedade social não tem parado de crescer. Passados 80 anos da sua fundação, a Casa do Menino Jesus é muito mais do que um simples abrigo para as crianças mais pobres de Pereira e freguesias vizinhas.
Pereira, aldeia eucarística da Diocese de Bragança-Miranda | Diocese Bragança-Miranda
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue da solenidade situa-se no coração do carisma das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, e todos os anos grande número de Irmãs acorre a Pereira para celebrar, não apenas o dom inestimável da Eucaristia, mas também a memória das suas raízes carismáticas.
Neste ano de 2016, D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda, que presidiu à celebração da Eucaristia, referiu a alegria de celebrar, com tão numerosa assembleia, em Pereira no ano em que a Congregação celebra o seu especial Jubileu, o que dá a esta Solenidade um particular sabor. Porque, disse o Prelado, “Pereira tem um lugar muito significativo no mapa da fé da Igreja Diocesana e até da Igreja Universal”. Referiu-se às datas especiais que a Congregação celebra neste ano, especialmente à decisão de fundar a Congregação há 75 anos, no dia 24 de Março de 1941, e ao facto de serem desta aldeia as escolhidas para inspirar o carisma da Congregação, nomeadamente Alzira da Conceição Sobrinho, conhecida pela sua santidade.
Com o Pastor da Igreja de Bragança concelebraram ainda o Cón. Silvério Pires, Vigário Judicial da Diocese, o Frei Armindo Carvalho, Provincial da OFM e assistente espiritual da Congregação, bem como o Pe. Manuel Ribeiro.
Na homilia, D. José Cordeiro afirmou que o facto de esta solenidade estar no coração do Carisma da Congregação, demonstra que “a Eucaristia não é apenas um rito, ou um culto, mas está ligado à vida, está ligado à caridade” como também o Evangelho do dia ilustra. O Pastor Brigantino referiu que o milagre da multiplicação dos pães acontece depois de Jesus ter provocado os discípulos e, “continua a acontecer sempre que pomos o nosso pouco ao serviço do bem comum e das necessidades dos outros, ao serviço da dignidade da pessoa humana”.
E continuou afirmando que a vida cristã “tem de ter sempre esta marca da Eucaristia, porque sem Eucaristia não há Igreja. D. José Cordeiro congratulou-se porque “em Pereira nasceu um novo olhar para a Eucaristia, para a caridade, para a vida social, para a relação entre as pessoas, através da reparação. A reparação está intimamente ligada à misericórdia”. Referindo-se a esta vertente da reparação eucarística tão presente no carisma da Congregação, precisou que “a santidade misericordiosa é a arte da reparação, porque esta ultrapassa as palavras e as orações: dela nasce o sentido da proximidade com os outros e do bem comum”. Falou ainda na reparação no sentido de consertar as relações “com o perdão, com o diálogo, com a aproximação, com gestos de afecto, de misericórdia, de bondade e ternura”. Afirmou que “Ser Serva Franciscana Reparadora é também uma atitude de humildade e alegria no seguimento de Jesus e fazer com que a própria vida seja Eucaristia, passe do altar para a vida!” O Prelado de Bragança-Miranda exortou todos os presentes a continuar a ser fiéis ao mandato de Jesus “dai-lhes vós mesmo de comer” para produzir frutos de santidade, para construir a Igreja e uma nova humanidade, “construir a misericórdia na arte da reparação, como as Irmãs testemunham e nos ensinam.”
À Eucaristia seguiu-se o almoço de confraternização, servido na Casa do Menino Jesus. Este dia deu também oportunidade a muitos dos presentes poderem visitar o museu da Congregação, inaugurado neste ano, que conserva substancialmente peças que pertenceram aos cinco fundadores. Com o seu silêncio eloquente, vão também contando a história da Congregação, a história da semente que se faz pão até ao manjar da Eucaristia. D. José Cordeiro referiu-se ao museu como uma “transfusão da memória” não apenas para dentro mas também para fora.
Texto: SFRJS Fotografias: Pe. Manuel Ribeiro.
Dar futuro a crianças e bem-estar aos idosos
«O grande símbolo de Pereira é, sem dúvida, a Casa do Menino Jesus, obra social notável e rara, até pela sua persistência em servir de refúgio e amparo para raparigas em situação económica e familiar difícil. O próprio poder judicial não tem hesitado em recorrer a esta casa, sempre que é confrontado com crianças em situação de desamparo. Além de servir de internato para dezenas de meninas, a Casa do Menino Jesus funciona ainda como centro de dia para a terceira idade, conseguindo uma curiosa junção entre juventude e terceira idade, por cuja fundação trabalharam Dona Maria Augusta e a Irmã São João». É desta forma que na Internet, a busca pela freguesia de Pereira, concelho de Mirandela, o site Wikipédia se refere à Casa do Menino Jesus, instituição fundada em 1917 e que 11 anos depois acolhia as primeiras crianças desvalidas, nesta fase ainda apenas da própria aldeia.Pereira é uma pequena aldeia do interior transmontano, com pouco menos de 200 habitantes, mas com uma obra social de grande mérito, pela resistência que tem demonstrado, mas principalmente pelo trabalho com crianças e jovens carenciados e em risco de exclusão social.
“Esta Casa já tem uma história muito longa, pois tudo começou em 1917. No entanto, foi em 7 de Dezembro de 1928 que recebeu as primeiras crianças”, refere a Irmã Nascimento, directora da instituição, contando, de seguida, como a mesma surgiu: “Isto nasceu por acção de duas senhoras cá da aldeia em que uma, a Dª Maria Augusta Martins, ofereceu a casa dela para a instituição… Pereira, nessa altura, não era pobre era paupérrima!... E essas senhoras com o seu espírito de caridade, que hoje é de solidariedade, começaram por acolher crianças pobres. A Dª Maria Augusta Martins ofereceu a sua habitação para internato e começou a receber as crianças pobres da aldeia. Ela tinha uma casa muito farta e sortia o povo com bens, era ela que praticamente matava a fome às pessoas, que pagavam com trabalho, e ainda pagava as festividades religiosas que se realizavam nas aldeias vizinhas”.
Paralelamente, à fundação da instituição, que na altura se denominava Asilo Florinhas do Sacrário, as duas fundadoras tinham o desejo de constituir uma congregação religiosa, aproveitando o profundo sentimento religioso vivido na região.
“Havia também o anseio muito grande de criar uma instituição religiosa. E, de facto, foi a Dª Maria Augusta Martins e a Irmã São João (Alzira da Conceição Sobrinho) que deram os passos todos para que a congregação fosse criada”, explica a Irmã Nascimento, referindo-se à congregação Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado (SFRJS), ali criada e que posteriormente se expandiu por toda a região de Trás-os-Montes e não só.
“Mesmo sem ser congregação elas já tinham autorização para ter o Santíssimo Sacramento cá na Casa. E quando D. Abílio Pais das Neves, que era o bispo da Diocese e que veio da Índia, se apercebeu que a cidade de Bragança não tinha assim grandes probabilidades de postulado e viu este núcleo eucarístico, aproveitou a iniciativa delas e mais tarde foi aqui fundada a Congregação. Foi aqui, nesta casa, que nasceu a Congregação Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado (SFRJS), que hoje já está no Porto, Chaves e muitos outros locais, inclusive, já tem casas em Angola e Moçambique e até no Brasil”, revela a directora da IPSS de Pereira.
Até 1975, a instituição tinha o nome de Asilo Florinhas do Sacrário, mas no seguimento da Revolução dos Cravos, em 1974, chegou a Pereira a sugestão estatal de o mesmo ser alterado. O próprio Estado sugeriu dois ou três nomes, tendo as responsáveis pela instituição escolhido o de Casa do Menino Jesus.
Neste ano de 2016, D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda, que presidiu à celebração da Eucaristia, referiu a alegria de celebrar, com tão numerosa assembleia, em Pereira no ano em que a Congregação celebra o seu especial Jubileu, o que dá a esta Solenidade um particular sabor. Porque, disse o Prelado, “Pereira tem um lugar muito significativo no mapa da fé da Igreja Diocesana e até da Igreja Universal”. Referiu-se às datas especiais que a Congregação celebra neste ano, especialmente à decisão de fundar a Congregação há 75 anos, no dia 24 de Março de 1941, e ao facto de serem desta aldeia as escolhidas para inspirar o carisma da Congregação, nomeadamente Alzira da Conceição Sobrinho, conhecida pela sua santidade.
Alzira da Conceição Sobrinho (Irmã S. João)
Desde muito nova, Alzira distinguiu-se pela ardente devoção à Eucaristia. O seu amor a Jesus levou-a à oferta total da sua vida. Deixando-se abrir a esse amor, Alzira sentiu a inspiração de fundar uma congregação com carisma Eucarístico, desde 1916. Tinha um espirito místico. Muitas pessoas que a conheceram e com ela conviveram registam numerosos factos que edificaram e sentem enorme gratidão pelas graças que com a sua oração obteve de Deus. Enquanto religiosa edificou as irmãs pela sua vida de oração profunda, pelo seu amor intenso a Jesus na Eucaristia, pela sua caridade, espírito de sacrifício e obediência.
Alzira Sobrinho
A aldeia de Pereira, no concelho de Mirandela,
recebeu em 10 de junho a I Jornada de Espiritualidade Eucarística. D. José Cordeiro pediu
a abertura de processo de canonização de Alzira
Sobrinho.
D. José Cordeiro pediu “tanto quanto possível” a abertura do
processo de canonização de Alzira Sobrinho, fundadora da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado.
A irmã Alzira Sobrinho, “que adotou o nome religioso de
Ir. Maria de S. João Evangelista”, é, disse, “um modelo daqueles
que confiam plenamente em Deus e não se deixam vencer pelos
temores humanos, pelas dificuldades da vida, pelas contrariedades,
pelas perseguições”, assim como “modelo de firmeza, uma mulher
que sabe o que quer e que não desiste até ao fim do fim”.
Assinalou o testemunho de Alzira Sobrinho e também de Maria
Augusta Martins, que a Congregação define como “duas mulheres
grandes de Pereira, sob cujo empenho se fundou a Congregação das
Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, convidando-
-as a ser pão para os outros”.
A Ir. Emília Seixas, superiora geral das Servas Franciscanas
Reparadoras de Jesus Sacramentado, referiu-se à “irradiação do Carisma da Irmã Maria de São João Evangelista na Congregação que
fundou e no Movimento Eucarístico de Leigos que dela partilha
a espiritualidade e a missão”, e desafiou “todos os participantes a
aprofundarem a sua relação com Jesus no Sacramento da Eucaristia,
a exemplo da Ir. S. João”.
Os trabalhos da Jornada de Espiritualidade contaram ainda
com o cónego Silvério Benigno Pires, que apresentou a biografia
2. Igreja Diocesana 807
de Alzira Sobrinho, e Pedro Sinde, que começou a trabalhar “nos
escritos de Alzira Sobrinho”, falecida há 40 anos.