terça-feira, 28 de abril de 2009
Algumas considerações sobre a Missa do Cardeal Cañizares na Arquibasílica de S.João de Latrão
A recente celebração de uma Solene Missa Pontifical no usus antiquior pelo Cardeal Prefeito da congregação romana que supervisiona a sagrada liturgia, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; e além disso na proeminente Arquibasílica Lateranense, a própria catedral do papa na Sé de Roma, não pode ser subestimada. Ao contrário, ela traz consigo aspectos notáveis, tanto históricos como simbólicos.
Não seria exagero sugerir que o significado desta combinação de pessoa e lugar seja algo que certamente não passará despercebido em vários setores na Igreja - e dificilmente alguém pode esperar que isso não tenha sido considerado ao menos de certa maneira no planejamento e aprovação desta Missa.
Tal evento é, de fato, rico em seu valor simbólico por não deixar de ser uma poderosa declaração e afirmação do atual lugar que o usus antiquior ocupa novamente na vida da Igreja. Enfatiza ainda a bênção do papa ao mesmo, que, embora não esteja em dúvida, é novamente relevante por causa desses fatores.
Com certeza a próxima questão que pousará sobre a mente de muitas pessoas, a partir deste evento, dirá respeito à futura possibilidade de algum tipo de celebração papal destes mesmos ritos litúrgicos, seja uma Missa rezada papal pública, seja a Missa coram Summo Pontifice, a Solene Missa Papal, ou mesmo algum desenvolvimento destes à luz das circunstâncias atuais. Ao mesmo tempo em que se trata de um interessante assunto a se especular, a primeira coisa que devemos ter claramente em mente é que o julgamento cabe ao Papa.
É manifestadamente claro, por atividades como estas que ocorreram ontem (21/04/09), dentro de sua própria Catedral e não menos pelo seu escolhido prefeito litúrgico - sem mencionar o próprio motu proprio - que o Papa firmemente apóia o usus antiquior como uma parte de sua ampla visão litúrgica. Ninguém pode duvidar e nenhum sinal a mais é necessário. Dito isto, enquanto verdade, ninguém pode negar que tal atividade seja de importância significativa - particularmente na era da mídia visual - e que tais especulações e desejos são totalmente compreensíveis. É óbvio, surgem vários fatores na consideração de tais possibilidades para o Papa, tanto de ordem litúrgica como pastoral.
Dito tudo isto, não é meu objetivo especular se haverá uma tal liturgia papal, e quando ou em que forma. Sempre alguém pode aparecer com teorias, mas elas permanecem exatamente como isso: teorias. O que é, todavia, digno de nota, particularmente para quem isto é uma matéria de grande interesse a considerar, é que a Missa do Cardeal Cañizares no Latrão, ontem (21/04/09), só pode ser compreendida como um auxílio em potencial para pavimentar o caminho rumo a tal possibilidade, tanto em termos de uma maior familiaridade litúrgica na execução destes livros litúrgicos nestes lugares, como de um auxílio para aclimar, adaptar, preparar os que talvez sejam mais reticentes quanto à idéia.
Por essa razão, e simplesmente por causa da Missa em si mesma, podemos ser gratos ao Santo Padre e ao Cardeal Cañizares pela Missa Tridentina (21/04/09) na Arquibasílica Lateranense.
Por Shawn Tribe - The New Liturgical Movement
Traduzido por Luís Augusto - membro da ARS