sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Santa Teresa dos Andes:Jesus vive já em meu coração. Eu trato de unir-me, assemelhar-me e confundir-me n'Ele.

BIOGRAFIA - ESCRITOS

• A CORRESPONDÊNCIA

CARTA DE JUANITA À SUA IRMÃ REBECA A REPEITO DE SUA VOCAÇÃO

Nesta carta, escrita na ocasião do aniversário de sua irmã Rebeca, Juanita lhe revela sua vocação.

 

15 de abril de 1916

Querida Rebeca,

Aproveito um instante do estudo para poder desejar-te mil felicidades no dia de teu aniversário, pois um ano mais de vida há de fazer-te mais séria e formal e também há de ser motivo para refletir sobre a vocação que Deus te confiou.

Acredite-me, Rebeca, que aos 14 e 15 anos alguém compreende sua vocação. Sente-se uma voz e uma luz que lhe mostra a rota de sua vida.

Esse farol brilhou para mim aos 14 anos. Mudei de rumo e me propus o caminho que devia seguir e hoje venho fazer-te confidências dos projetos ideais que forjei.

Até hoje nos iluminou a mesma estrela. Porém, amanhã não estaremos, talvez, juntas sob sua sombra protetora. Essa estrela é o lar, é a família. É preciso separar-nos, e nosso corações, que haviam formado um só, amanhã talvez se separarão. Ontem, me parece que não entenderias minha linguagem; porém hoje tens 14 anos, idade [em] que podes compreender-me. Assim, pois, creio que te inclinarás a mim e me darás razão.

Em poucas palavras te confiarei o segredo de minha vida. Logo no separaremos e esse desejo que sempre abrigamos em nossa infância de viver sempre unidas vai ser logo frustrado por outro ideal mais alto de nossa juventude. Temos de seguir diferentes caminhos na vida. A mim tocou a melhor parte, o mesmo que a Madalena. O Divino Mestre compadeceu-se de mim. Aproximando-se, disse-me baixinho: "Deixa teu pai e tua mãe e tudo quanto tens e segue-me."

 

Quem poderá recusar a mão do Todo-poderoso que se abaixa à mais indigna de suas criaturas? Como sou feliz, irmãzinha querida! Fui cativada nas redes amorosas do Divino Pescador. Quisera fazer-te compreender esta felicidade. Posso dizer que sou sua prometida e que logo celebraremos nossos esponsais no Carmelo. Vou ser carmelita, que te parece? Não quisera ter em minha alma nenhuma dobra escondida para ti. Porém, tu sabes que não posso dizer-te tudo o que sinto e por isso resolvi fazê-lo por escrito.

Entreguei-me a Ele. Em 8 de dezembro me comprometi. Tudo o que quero me é impossível dizê-lo. Meu pensamento não se ocupa senão d'Ele. É meu ideal infinito. Suspiro pelo dia de ir ao Carmelo para não ocupar-me senão d'Ele, par confundir-me n'Ele e para não viver senão a vida d'Ele: amar e sofrer para salvar as almas. Sim, estou sedenta delas porque sei que [é] o que mais quer meu Jesus. Oh, o amo tanto!

Quisera inflamar-te nesse amor. Que felicidade a minha se pudesse dar-te a Ele! Oh, nunca tenho necessidade de nada, porque em Jesus encontro tudo que busco! Ele jamais me abandona. Jamais diminui seu amor. É tão puro! É tão belo! É a própria bondade. Pede-lhe por mim Rebequita. Necessito de orações. Vejo que minha vocação é muito grande: salvar almas, dar operários à Vinha de Cristo. Todos os sacrifícios que façamos são poucos em comparação com o valor de uma alma. Deus entregou sua vida por elas, e nós quanto descuidamos de sua salvação! Eu, como prometida, tenho de ter sede de almas, oferecer a meu Noivo o sangue que por cada uma delas derramou. E qual é o meio de ganhar almas? A oração, a mortificação e o sofrimento.

Ele vem com uma Cruz, e sobre ela está escrita somente uma palavra que comove meu coração até suas mais íntimas fibras: "Amor". Oh, que belo com sua túnica de sangue! Esse sangue vale par mim mais que as jóias e os diamantes de toda a terra.

Os que se amam na terra, minha querida Rebeca, como tu vês com Lucía e Chiro, apenas tratam de ter uma só alma e um só ideal. Mas são vão seus esforços, pois as criaturas são tão impotentes... Mas não se passa isso em nossa união. Jesus vive já em meu coração. Eu trato de unir-me, assemelhar-me e confundir-me n'Ele. Eu sou a gota de água que hei de perder-me no Oceano Infinito. Há, porém, um abismo que a gota não pode traspassar; mas um oceano transborda e a gota de água permanece no mais completo abandono de si mesma; que viva em um sussurro contínuo chamando ao Oceano Divino.

Mas eu sou apenas um pobre passarinho sem asas. E quem as dará para ir-me aninhar para sempre junto a Ele? O amor. Oh, sim, o amo e quisera morrer por Ele. Eu o quero tanto que quisera ser martirizada para demonstrar-lhe que o amo.

Sem dúvida teu coração de irmã se dilacera ao ouvir-me falar de separação, ao ouvir murmurar essa palavra: adeus para sempre na terra para encerrar-me no Carmelo. Mas não temas, irmãzinha querida. Jamais existirá separação entre nossas almas. Eu viverei n'Ele. Busca a Jesus e n'Ele me encontrarás e ali, os três, seguiremos os colóquios íntimos que havemos de continuar lá na eternidade. Como sou feliz! Convido-te a ficar com Jesus no fundo de tua alma. Li na vida de Isabel da Trindade que essa santinha havia dito a N. Senhor que fizesse de sua alma sua casinha. Façamos nós outro tanto. Vivamos com Jesus dentro de nós mesmas, minha pombinha querida. Ele nos dirá coisas desconhecidas. É tão doce seu arrulho de amor! E assim como Isabel encontraremos o Céu na terra porque Deus é o Céu.

Diremos a Jesus na Comunhão que edifique em nossas almas uma casinha; que nós poremos o material que há de ser nossos atos de vitória e o esquecimento de nós mesmas, fazendo desaparecer o eu, que é o Deus que adoramos interiormente. Isso é custoso e nos arrancará gritos de dor. Porém, Jesus pede esse trono e é preciso dá-lo. A caridade há de ser a arma para combater esse deus.

Ocupemo-nos do próximo, em servi-lo, ainda que nos cause repugnância fazê-lo. Dessa maneira conseguiremos que o trono de nosso coração seja ocupado por seu Dono, por Deus Nosso Criador.

Vençamo-nos. Obedeçamos em tudo. Sejamos humildes. Somos tão miseráveis! Sejamos pacientes e puras como os anjos e teremos a felicidade de ver que Jesus, que é um bom arquiteto, edificará uma segunda casa de Betânia, onde tu te ocuparás de servi-lo na pessoa de teus próximos como fazia Marta, e eu, como Madalena, permanecerei contemplando-o e ouvindo sua palavra de vida. É impossível que, enquanto estivermos no colégio, Ele exija de nós essa total união que não consiste senão em ocupar-nos d'Ele. Porém podemos a todo instante oferecer-lhe um ramalhete de amor.

Amemos o divino Menino que sofre tanto sem encontrar consolo nas criaturas. Que Ele encontre em nossas almas um refúgio, um asilo onde guardar-se em meio ao ódio de seus inimigos e um jardim de delícias que lhe faça olvidar o esquecimento de seus amigos.

Termino. Adeus. Responda-me esta carta e guarde o mais completo segredo. Tua irmã que te quer en Jesus.

Juana

(Carta n°8, tradução © Edições Loyola)

BIOGRAFIA E ESCRITOS DE SANTA TERESA DOS ANDES


BIOGRAFIA - LOS ESCRITOS

• EL DIARIO

INICIO DEL DIARIO DE JUANITA

El Diario de Juanita fue dedicado a Madre Julia Ríos, religiosa del Sagrado Corazón, que fue consejera espiritual de las alumnas del colegio del Sagrado Corazón en Santiago, en el que Juanita estudió durante varios años.

Madre querida: Ud. cree que se va a encontrar con una historia interesante. No quiero que se engañe. La historia que Ud. va a leer no es la historia de mi vida, sino la vida íntima de una pobre alma que, sin mérito alguno de parte de ella, Jesucristo la quiso especialmente y la colmó de beneficios y de gracias.

La historia de mi alma se resume en dos palabras: "Sufrir y amar". Aquí tiene mi vida entera desde que me di cuenta de todo, es decir, a los seis años o antes. Yo sufría, pero el buen Jesús me enseñó a sufrir en silencio y desahogar en El mi pobre corazoncito. Usted comprende, Madre que el camino que me mostró Jesús desde pequeña, fue el que recorrió y el que amó; y como El me quería, buscó para alimentar mi pobre alma el sufrimiento.

Mi vida se divide en dos períodos: más o menos desde la edad de la razón hasta mi Primera Comunión. Jesús me colmó de favores tanto en el primer período como en el segundo: desde mi primera comunión hasta ahora. O más bien será hasta la entrada de mi alma en el puerto del Carmelo.

(Diario, §1, )


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

São Rafael Kalinowisk


José Kalinowski, nasce em Vilna (Lituânia) a 1 de setembro de 1835, filho de André Kalinowski e Josefina Polonska, nobres católicos. Estuda na academia militar de São Petersburgo, com bons resultados; mas, devido à insurreição do seu país diante da ocupação russa, decide deixar o exército e, apesar de saber que o êxito da insurreição é impossível, decide ajudar os seus compatriotas, aceitando o cargo de ministro de guerra e evitando tanto quanto possível o maior derramamento de sangue.

Em março de 1864 é preso e condenado à pena capital, comutada em 10 anos de trabalhos forçados na Sibéria. Com um crucifixo e a Imitação de Cristo, vai para a Sibéria e, após 9 meses de uma dura viagem, chega com os sobreviventes ao lago Bajkal. Naquelas circunstâncias especialmente duras, demonstrou uma grande caridade, suportando os sofrimentos, partilhando com os outros o que tinha e o que recebia dos seus familiares: “Escrevo-o claramente: a miséria aqui é grande; encontrar dinheiro na pátria é sempre mais fácil que na Sibéria. É-me inconcebível ser indiferente”.

A 2 de fevereiro de 1874 concedem-lhe a liberdade, mas não pode voltar a viver na Lituânia. Aceitou então o cargo de tutor de Augusto Czartoryski, de 16 anos, que vivia a maior parte do tempo em Paris.

A 15 de julho de 1877, entra no convento carmelita de Grantz, com o nome de Rafael de São José. Pronuncia os primeiros votos em 26 de novembro de 1878 e parte para a Hungria para estudar filosofia e teologia no convento de Raab. A 27 de novembro de 1881, pronuncia os votos perpétuos e é enviado à Polônia, ao convento de Czerna, onde é ordenado sacerdote a 15 de janeiro de 1882. Um ano depois deram-lhe responsabilidades de governo.

Reorganiza a Ordem na Polônia, assim como a Ordem Secular. Publica algumas biografias. Em 1906, toma a direção do colégio de teologia em Wadowice. É apreciado por todos como diretor espiritual e confessor. Dedica-se com especial interesse ao cuidado das suas irmãs carmelitas descalças.

Morre a 15 de novembro de 1907 em Wadowice. Foi beatificado em Cracóvia a 22 de junho de 1983 pelo Papa João Paulo II e canonizado em Roma a 17 de novembro de 1991. A sua festa foi instituída a 19 de novembro.

Na sua vida, destaca-se de forma especial o espírito de caridade e de reconciliação, bem como a dedicação à formação, especialmente dos jovens. Ensina a ter coragem de perseverar na fé e confiar nas dificuldades; também aponta que somente à luz da reconciliação proveniente de Deus se pode avançar para o encontro com o homem e para o perdão. Ensina ainda que, para poder perdoar, é preciso saber-se perdoado.

Tinha um carácter aberto, cheio de cordialidade. Da sua permanência na Sibéria, regressou convencido da necessidade de dedicar-se à juventude, porque nessa etapa da vida a aprendizagem configura a pessoa e se decide o futuro. Procurava uma formação integral do ser humano; motivava-o um interesse espiritual e intelectual.

https://www.carmelitaniscalzi.com/pt-br/quem-somos/nossos-santos/sao-rafael-kalinowski/


quinta-feira, 14 de novembro de 2024

SERVO DE DEUS O Padre Abílio Gomes Correia

O Cura d’Ars português

Por: António da Costa Neiva

O Padre Abílio Gomes Correia entregou-se de alma e coração ao progresso de São Mamede de Este e os seus esforços deram abundantes frutos. Homem de personalidade forte, educado, orientando a sua vida pelos mais sublimes valores do Evangelho, comunicou, como por osmose, esses mesmos valores cujos frutos estão presentemente a ser colhidos e saboreados pela maior parte da população aqui residente.

O Padre Abílio Gomes Correia entregou-se de alma e coração ao progresso de São Mamede de Este e os seus esforços deram abundantes frutos.
Homem de personalidade forte, educado, orientando a sua vida pelos mais sublimes valores do Evangelho, comunicou, como por osmose, esses mesmos valores cujos frutos estão presentemente a ser colhidos e saboreados pela maior parte da população aqui residente.

MENSAGEIRO

O Mensageiro foi a única revista eucarística publicada em Portugal durante mais de 50 anos. O padre Abílio Gomes Correia foi o autor, redator e administrador da revista.

A publicação do Mensageiro aconteceu numa época verdadeiramente tortuosa para o país. O padre Abílio começou a divulgar a antiga tradição portuguesa da Adoração ao Santíssimo Sacramento através da publicação do Mensageiro (1914). Em poucos anos atingiu mais de 3.000 assinantes de todo o mundo, sendo a publicação recomendada por todos os bispos portugueses.

No Mensageiro, algumas paróquias conseguem encontrar a sua história do século XX, através das crónicas que os seus responsáveis enviavam para serem publicadas na revista.


 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

DON DIVO BARSOTTI, SITO DELLA COMUNITÀ FIGLI DI DIO, DA LUI FONDATA

Uno con tutti

«Se sei uno con tutti, allora non vi è un peccato tuo e un peccato degli altri, ma tuo è ogni peccato.Tu non puoi ...

Tutto è alienante se…

«Come più intelligente e più vera la concezione platonica di quella che vorrebbe oggi sostituirla! In realtà non ...

Osare l’impossibile

«Dobbiamo capire che la fede è sempre un miracolo, ed esige da noi il superamento di ogni timore e la sicurezza ...

Molto… o poco?

«Ci sembra di far molto? È a Dio che dobbiamo rispondere, a un Amore infinito: tutto quello che noi possiamo fare ...


Notte di Natale Il cristianesimo e credere veramente che Dio ci ama

Divo Barsotti

19:54

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Don Divo Barsotti

Fuoco sulla terra (Lc 12, 49-53)

La realtà, la vita, l’amore, le parole di Gesù, hanno aspetti paradossali, apparentemente contraddittori e sconcertanti, ma noi, che assomigliamo a degli elefanti in un negozio di cristalli, non rispettiamo la realtà, la vita, l’amore, e neanche le parole di Gesù; per questo viviamo in un mondo che non funziona e soffriamo a causa di relazioni che non funzionano. 

La nostra tendenza è di aderire all’aspetto del paradosso o della realtà che sembra più accettabile, distogliamo però lo sguardo da ciò che non comprendiamo e ci inquieta; esempio: il nostro modo di intendere e desiderare l’amore rischia di considerare solo ciò che nell’amore è piacevole, arricchente, consolante, ma tendiamo a fuggire l’aspetto per cui l’amore è anche impegno, sacrificio, purificazione, dolore e morte: se il chicco di grano caduto in terra non muore, rimane solo (Gv 12, 24). Il guaio è che, essendo un popolo di dura cervice (Dt 9, 6), ci intestardiamo a ridurre la realtà secondo l’aspetto del paradosso che riusciamo a digerire, e allora combiniamo guai, perché pecchiamo contro la Verità, e dove c’è errore c’è disordine e c’è sofferenza. Peccare contro la Verità non è senza gravi conseguenze.

Altro esempio, noi vorremmo un mondo in cui tutti vadano d’accordo e ci stupiamo perché questo desiderio, universalmente accettato, così buono e così giusto, non si realizza. Non si realizza e non si realizzerà mai perché le cose funzionano come dice Gesù e non come le immaginiamo noi, e Gesù ci dice: Pensate che io sia venuto a portare pace sulla terra? No, io vi dico, ma divisione. D’ora innanzi, se in una famiglia vi sono cinque persone, saranno divisi tre contro due e due contro tre; si divideranno padre contro figlio e figlio contro padre, madre contro figlia e figlia contro madre, suocera contro nuora e nuora contro suocera. Quindi, per andare d’accordo dobbiamo accettare la divisione; la Verità, prima di unire divide. Divide la Verità dall’errore, coloro che amano la verità da coloro che non la amano; e non può che essere così perché: o c’è unità e accordo sulla Verità oppure non è possibile nessun accordo e nessuna unità; l’accordo è solo possibile in chi riconosce e accoglie Gesù che ha detto di sé: Io sono la Verità; e questa Verità è venuta a gettare fuoco sulla terra per dividere coloro che si lasciano incendiare, illuminare e purificare, dal fuoco dell’amore di Dio, da coloro che: o fuggono dal fuoco, o si illudono che il suo effetto sia un confortevole tepore. Gesù dice inoltre che i gruppi così divisi, non sono in pace, ma vi è fra essi una lotta continua, perché la verità non può tollerare l’errore, la menzogna, l’ipocrisia, la simulazione, ma neanche l’errore e la menzogna possono tollerare la Verità; questa lotta è senza esclusione di colpi, ogni contendente vuole mettere a morte l’avversario.

Un’altra realtà che non comprendiamo, maltrattiamo e intiepidiamo è l’amore di Dio per noi, anche se ne parliamo con presunta sapienza, anche se ci illudiamo di essere nella pace perché diciamo a noi e agli altri che Dio ci ama, che il suo amore è immenso, che la sua misericordia è senza limiti. La prova sono le seguenti affermazioni: “L’immensità dell’amore di Dio per noi è la fonte di tutti i nostri guai”; e: “Accogliere il fuoco che Gesù è venuto a gettare sulla terra, è accettare di morire”; qualcuno si sente di sottoscrivere queste affermazioni? Di meditarle e di verificare se sono vere o false? ... Eppure, sono queste le conseguenze del fuoco che Gesù è venuto a gettare sulla terra: infatti, d’ora innanzi si divideranno padre contro figlio e figlio contro padre, madre contro figlia e figlia contro madre, suocera contro nuora e nuora contro suocera. Queste divisioni sono dei guai e fanno soffrire proprio perché sono divisioni fra gli affetti più forti e più intimi. Gesù poi non manca di evidenziare l’altro aspetto del paradosso dell’amore, quello per cui l’amore, prima di far risorgere, fa morire: Ho un battesimo nel quale sarò battezzato, e come sono angosciato finché non sia compiuto! Il battesimo di cui parla è la sua passione e morte.

Anche a proposito della passione e morte del Signore di solito è predicato solo un aspetto della realtà, quello secondo cui la morte in croce di Gesù esprime l’immenso amore di Dio per noi; un po’ meno si sente dire che esprime anche l’immenso amore di Gesù verso il Padre; ma praticamente non si sente mai dire che manifesta anche fin dove può giungere la malvagità dell’uomo manovrato da Satana, la crocifissione manifesta l’orrore sommo del peccato: la creatura che uccide il suo Creatore. Se non vogliamo guardare tutta la realtà, la nostra vista sarà parziale e vedrà male, ma una vista che vede male, inevitabilmente, non riuscirà a evitare gli ostacoli, a inciampare e a cadere. Giustamente il santo curato d’Ars attirava l’attenzione su questo aspetto: “Comprendere che noi siamo l'opera di Dio è facile; quello che è incomprensibile è che la crocifissione di Dio sia opera nostra”; questo aspetto è per lo più rimosso dalle nostre considerazioni.

Perché non sembri che queste siano riflessioni poco ortodosse, ascoltiamo alcune parole di un maestro spirituale di sicuro valore: don Divo Barsotti. “Se Dio vive nel cuore dell'uomo non è per dargli soltanto la pace e la gioia; Dio gli impedisce di riposare in sé stesso, lo spinge continuamente a un rapporto più vero con Lui”. “Scegliere Dio è l'unica possibilità della vita, ma non ti toglie dalla tua solitudine, ti rende impossibile anzi ogni illusione, ogni inganno, ti fa sentire questa vita com'è veramente, una morte”. “Se l'uomo vive realmente, non vive che la sua morte”. “L'amore di Dio è terribile. Ci vuole dell'eroismo a lasciarsi amare da Lui, ad abbandonarsi al suo amore”. “Ma come Dio ci ama se ci castiga? È proprio perché ci castiga che ci ama”. “Dio non può non eliminare il mio peccato, non distruggerlo, non consumare in me tutto quello che si oppone alla sua santità. Non perché non ci ama ci perseguita e ci tortura, ma perché amandoci ci vuole simili a Sé”. “Dio non lascia impunito il nostro peccato, non può tollerare che noi rimaniamo nella nostra mediocrità”. “Dio entra in possesso di noi attraverso le vie più impensate. Ci monda attraverso umiliazioni e malattie, incomprensioni e dolori, peso del lavoro, senso della solitudine umana, prove interiori, ingiustizie dal di fuori”. “Abbandonarci all'Amore vuol dire morire. Egli non ti ama se non ti strappa da tutto. Per questo credere vuol dire accettare di morire”.

Le parole di Gesù: Sono venuto a gettare fuoco sulla terra, e quanto vorrei che fosse già acceso! Esprimono anche il rammarico di chi vorrebbe incendiare il mondo col suo amore e illuminarlo con la sua sapienza, ma vede che il mondo resiste al suo fuoco e fugge dalla sua luce; noi abbiamo paura di un fuoco troppo intenso e di una luce troppo forte; allora, per difenderci dal Fuoco e dalla Luce ci rifugiamo nelle distrazioni e nella mediocrità, ossia in una casa costruita sulla sabbia. Siamo disposti ad accogliere un po’ di amore di Dio, ma non troppo; un po’ di luce, ma non troppa; siamo disposti a dare un po’ di tempo a Dio, ma non troppo. Allora, per tentare di vincere la nostra mediocrità il Signore fa il possibile e l’impossibile, vale a dire: tutti gli sconquassi di cui parla don Divo Barsotti e il battesimo della sua passione, morte e risurrezione. Questo perché, prima o poi, dovremo uscire dalla mediocrità, ma le vie d’uscita sono solo due: o la ribelle e orgogliosa rivendicazione di una visione della realtà: “secondo noi”, il cui approdo è il fuoco dell’inferno; oppure la via della santità il cui approdo è la fornace incandescente e beatificante dell’amore di Dio. L’uscita dalla mediocrità termina in ogni caso nel fuoco.

Che la Santa Vergine ci faccia comprendere queste cose, vinca le nostre paure, addolcisca per quanto possibile le asperità e ci accolga infine nel Regno di suo Figlio.