Loreto (Quinta-feira, 04-10-2012, Gaudium Press) Tornar a viver na casa de Deus para redescobrir a própria liberdade humana foi o convite deixado por Bento XVI na Piazza della Madonna de Loreto nos passos de João XXIII no 50° aniversário de sua visita na semana antes da abertura do Concílio Vaticano II e uma semana antes da abertura do Ano da Fé. "Onde Deus mora, devemos reconhecer que todos estamos "em casa"; onde Cristo mora, os seus irmãos e as suas irmãs não são mais estrangeiros. Maria,que é a mãe de Cristo é também nossa mãe, nos abre a porta da sua Casa, nos guia para entrarmos na vontade de seu Filho. E Deus pede o "sim" do homem, criou um interlocutor livre, pede que sua criatura Lhe responda com plena liberdade, afirma o Santo Padre na repleta e solene Piazza della Madonna.
“Esta humilde habitação – observou o Papa - é um testemunho concreto e tangível do maior acontecimento da nossa história: a Encarnação". |
As visitas pastorais do Papa nas pequenas cidades da Itália têm um clima particular, nos lugares históricos trazem a atmosfera e o caráter quase medieval, com as imagens das pessoas que saúdam o Papa das sacadas com lenços brancos. Em Loreto houve esse clima de festa e de alegria, o Santo Padre chegou sob os aplausos de 5 mil pessoas que encheram plenamente a pequena Piazza della Madonna que fica ao lado do Santuário da Santa Casa de Loreto, na porta do qual foi montado o altar para a Santa Missa. O Santo Padre, atravessando a Piazza no papamóvel beijou muitas crianças. A visita do Papa foi acompanhada pelo tempo bom, com um sereno céu azul.
A visita a Loreto iniciou com uma oração pessoal de Bento XVI no Santuário na Casa Santa. O Papa foi ajudado nos percursos mais longos com o tablado móvel. O Santo Padre reacendeu a vela acesa por João Paulo II no dia 10 de dezembro de 1994 na oração pela Itália. Hoje voltou o clima de 50 anos atrás, foi montado o altar e o dossel do evento. Ao lado do altar foi colocada a imagem de Nossa Senhora de Loreto.
Em Loreto "encontramos uma casa que nos faz permanecer, habitar, e que ao mesmo tempo nos faz caminhar: recorda-nos que somos todos peregrinos, que devemos estar sempre a caminho para outra habitação, para a casa definitiva, para a Cidade eterna, a morada de Deus com a humanidade redimida", assim definiu o Papa o extraordinário e único santuário mariano.
Bento XVI, ha homilia convidou os fiéis a aprenderem com a "escola de Maria". A Santa Casa de Loreto nos leva ao lugar onde Maria foi chamada "bem-aventurada", porque "acreditou" e onde expressou em plena liberdade o seu "sim" a Deus, à sua vontade. "Esta humilde habitação - observou o Papa - é um testemunho concreto e tangível do maior acontecimento da nossa história: a Encarnação; o Verbo se fez carne, e Maria, a serva do Senhor, é o canal privilegiado através do qual Deus habitou entre nós".
Com o "sim", Maria "colocou-se inteiramente à disposição da vontade de Deus, tornando-se "lugar" de sua presença, "lugar" no qual habita o Filho de Deus". O convite de tornar-se lugar de presença de Deus no mundo de hoje é dirigido à toda pessoa.
Este de fato foi o objetivo do Concílio Vaticano II, "estender cada vez mais o alcance benéfico da Encarnação e Redenção de Cristo em todas as formas da vida social". O convite que permanece importante também hoje. "Na crise atual que atinge não apenas a economia - observou - mas vários setores da sociedade, a Encarnação do Filho de Deus nos fala de quanto o homem é importante para Deus e Deus para o homem.
Sem Deus o homem acaba por deixar prevalecer o seu egoísmo sobre a solidariedade e sobre o amor, as coisas materiais sobre os valores, o ter sobre o ser. É preciso voltar para Deus para que o homem volte a ser homem. Com Deus mesmo nos momentos difíceis, de crise, o horizonte da esperança não desaparece: a Encarnação nos diz que jamais estamos sozinhos, Deus entrou em nossa humanidade e nos acompanha, disse Bento XVI convidando a restituir a esperança no mundo com a fé.
"A fé nos faz habitar, morar, mas nos faz também trilhar o caminho da vida". O Santo Padre recordou o chamado de Deus para todos os homens para dizerem "sim" para o seu projeto. Porque "a fé não tolhe nada à criatura humana, mas permite a sua plena e definitiva realização". Ao contrário, é "Deus que liberta nossa liberdade, que a liberta do fechamento em si mesma, de possuir, da sede de poder, de posse, de domínio, e a torna capaz de abrir-se à dimensão que a realiza no sentido pleno: o do dom de si, do amor, que se faz serviço e partilha".
No final da homilia, o Papa confiou "à Santíssima Mãe de Deus todas as dificuldades que vive o nosso mundo na busca de serenidade e de paz; os problemas de tantas famílias que olham para o futuro com preocupação, os desejos dos jovens que se abrem à vida, os sofrimentos dos que esperam gestos e escolhas de solidariedade e de amor".