domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cardeal Ranjith: Comunhão deve ser recebida de joelhos e na boca

  A Libreria Editrice Vaticana publicou um livro, Dominus Est, de autoria do Bispo Athanasius Schneider, onde ele analisa a questão da comunhão recebida de joelhos e na língua.

O Arcebispo Malcolm Ranjith prefaciou este livro, que a NLM sente-se feliz em apresentar uma tradução não oficial que aqui se segue. (nossos sinceros agradecimentos a um amigo do NLM por ter-nos disponibilizado o link para este prefácio que originalmente foi divulgado pela Associazione Luci sull'Est
Sem maiores delongas, passemos ao prefácio do Msgr. Ranjith, Secretário Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos:
No Livro do Apocalipse, São João relata como viu e ouviu o que foi a ele revelado e prostrou-se em adoração aos pés do anjo de Deus (cf. Apoc 22, 8). Prostrar-se, ou abaixar-se sobre os próprios joelhos ante a majestade da presença de Deus em humilde adoração, era um hábito de reverência que Israel apresentava constantemente perante o Senhor. É dito no primeiro livro dos Reis, “Quando Salomão acabou de fazer ao Senhor esta prece e esta súplica, levantou-se de diante do altar do Senhor, onde estava ajoelhado com as mãos levantadas para o céu. De pé, abençoou toda a assembléia de Israel” (1 Reis 8, 54-55). A posição de súplica do Rei é clara: Ele estava de joelhos diante do altar.
A mesma tradição é também visível no Novo Testamento onde vemos Pedro cair de joelhos ante a Jesus (cf. Lc 5, 8); quando Jairo pediu a Ele que curasse sua filha (Lc 8, 41), quando o Samaritano retornou para agradecer a Jesus e quando Maria, a irmã de Lázaro, pediu-Lhe pela vida de seu irmão (Jo 11,32). A mesma atitude de prostração diante da revelação da divina presença é amplamente conhecida no Livro do Apocalipse (Apoc. 5, 8, 14 e 19, 4).
Intimamente relacionada a esta tradição era a convicção de que o Templo Sagrado de Jerusalém era o lugar da morada de Deus e, portanto, no templo era necessária a preparação da própria disposição por meio de expressão corporal; um profundo sentido de humildade e reverência na presença do Senhor.
[Continue lendo]
Mesmo na Igreja, a profunda convicção de que nas espécies Eucarísticas o Senhor está verdadeiramente e realmente presente, juntamente com a crescente prática de preservar o Santíssimo Sacramento em tabernáculos, contribuiu para a prática de ajoelhar-se numa atitude de humilde adoração do Senhor na Eucaristia.
[...]
.. fé na Presença Real de Cristo nas espécies Eucarísticas já pertencia a essência da fé da Igreja Católica e era uma parte intrínseca do Catolicismo. Estava claro que não podíamos edificar a Igreja se esta fé fosse minimamente afetada.
Portanto, a Eucaristia, pão transubstanciado em Corpo de Cristo e o vinho em Sangue de Cristo, Deus entre nós, é para ser acolhido com deslumbramento, reverência e uma imensa atitude de humilde adoração. O Papa Bento XVI ... esclarece que “receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos. ... somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo e verdadeiro."(Sacramentum Caritatis 66).

Seguindo essa tradição, fica claro que se tornou coerente e indispensável tomar ações e atitudes de corpo e espírito que facilitem [entrar em] o silêncio, o recolhimento e a aceitação humilde de nossa miséria face à grandeza e a santidade infinitas Daquele que vem ao nosso encontro sob as espécies Eucarísticas. A melhor forma de expressar nosso senso de reverência para com o Senhor na Missa é seguir o exemplo de Pedro, quem, como nos diz o Evangelho, atirou-se de joelhos ante o Senhor e disse, ”Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.” (Lc 5, 8)
Atualmente podemos observar que em algumas igrejas essa prática está decrescendo e aqueles responsáveis além de exigirem que os fiéis devam receber a Santíssima Eucaristia de pé, ainda eliminam todos os genuflexórios, forçando os fiéis a se sentarem ou permanecerem de pé, mesmo durante a elevação e adoração das [Sagradas] Espécies. É irônico que tais medidas tenham sido tomadas em [algumas] dioceses por aqueles que são os responsáveis pela liturgia, ou em igrejas, por pastores, sem sequer fazerem uma mínima consulta aos fiéis, a despeito de hoje em dia, muito mais do que antes, haver um ambiente desejoso de democracia na Igreja.
Ao mesmo tempo, acerca da comunhão nas mãos, deve-se reconhecer que a prática foi impropriamente e rapidamente introduzida em algumas dioceses da Igreja logo após o Concílio, mudando aquela antiqüíssima prática, tornando-a uma prática regular em toda a Igreja. Algumas dioceses justificaram a mudança dizendo que ela melhor reflete o Evangelho ou a antiga prática da Igreja... Outras, para justificar essa prática, referem-se às palavras de Jesus: “Tomai e comei.” (Mc 14, 22; Mt 26, 26).
Quaisquer que sejam as razões para esta prática, não podemos ignorar o que está acontecendo no mundo inteiro onde a mesma tem sido implantada. Esse gesto tem contribuído para um gradual enfraquecimento da atitude de reverência para com a sagradas espécies Eucarísticas, enquanto que na prática anterior salvaguardava-se melhor o sentido de reverência. Naquela, ao invés, surgiu uma alarmente ausência de recolhimento e um espírito geral de descaso. Presenciamos pessoas que comungam e com freqüência retornam para os seus assentos como se nada de extraordinário tivesse acontecido... Em muitos casos, não se pode discernir aquele sentido de seriedade e de silêncio interior que deve ser o sinal da presença de Cristo na alma.
Há ainda aqueles que levam as sagradas espécies para tê-las como souvenires, aqueles que vendem, ou ainda pior, que as levam para dessacralizá-las em rituais satânicos. Mesmo em grandes concelebrações, também em Roma, várias vezes as espécies sagradas foram encontradas jogadas no chão.
Essa situação nos leva a refletir não apenas sobre uma séria perda da fé, mas também sobre as ofensas ultrajantes...
O Papa nos fala da necessidade em compreender não apenas o profundo e verdadeiro significado da Eucaristia, mas também em celebrá-la com dignidade e reverência. Ele nos diz que temos que estar conscientes dos “dos gestos e posições, como, por exemplo, ajoelhar-se durante os momentos salientes da Oração Eucarística.” (Sacramentum Caritatis, 65). Falando ainda sobre a recepção da Sagrada Comunhão ele pede a todos para “que façam o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponda ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus no sacramento.”(Sacramentum Caritatis, 50).
Neste sentido, o livro escrito pelo Bispo Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar de Karaganda no Cazaquistão, intitulado Dominus Est, é significativo e estimado. Ele vem trazer uma contribuição ao debate corrente sobre a presença real e substancial de Cristo na espécies consagradas do pão e do vinho... a partir de sua experiência, que lhe provocou uma profunda fé, deslumbramento e devoção para com o Senhor presente na Eucaristia, ele nos apresenta uma esclarecedora consideração histórico-teológica de como a prática de receber a Sagrada Comunhão na língua e de joelhos foi aceita e praticada na Igreja por um longo período de tempo.
Agora eu penso que é o momento ideal para se rever e reavaliar tão boas práticas e, se necessário, abandonar a prática corrente que não foi exigida nem pela Sacrosanctum Concilium nem pelos Padres da Igreja, mas foi apenas aceita depois de sua introdução ilegítima em algum países. Agora, mais do que nunca, nós temos a obrigação de ajudar os fiéis em desenvolver novamente uma fé profunda na Presença Real de Cristo nas espécies Eucarísticas a fim de que se fortaleça a vida da Igreja e a defenda em meio as perigosas distorções da fé que esta situação continua causando.
As razões para esta mudança não devem ser tão acadêmicas, mas pastoral-espirituais assim como litúrgicas - em resumo, o que melhor edifica a fé. Neste sentido Mons. Schneider apresenta uma coragem louvável por ter sido capaz de apreender o verdadeiro significado das palavras de São Paulo: “que isto se faça de modo a edificar.” (1 Cor 14, 26).
 Cardeal MALCOLM RANJITH
Secretário Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Fonte: http://cristoreinosso.blogspot.com

MONSEÑOR RANJITH EXPLICA EL "PLAN LITÚRGICO" DE BENEDICTO XVI




* Entrevista realizada por Marco Politi para el diario La Repubblica.
Por petición del Pontífice la Congregación para el Culto está preparando un Compendio Eucarístico para ayudar a los sacerdotes a “disponerse bien para la celebración de la adoración eucarística”.
La Comunión de rodillas, ¿va en esta dirección?
En la liturgia se siente la necesidad de reencontrar el sentido de lo sagrado, sobre todo en la celebración Eucarística. Porque nosotros creemos que lo que sucede sobre el altar va mucho más allá de lo que nos podemos imaginar humanamente. Y, por lo tanto, la fe de la Iglesia en la Presencia Real de Cristo en las especies Eucarísticas debe ser expresada a través de gestos adecuados y de comportamientos distintos a los de la cotidianidad.

¿Marcando una discontinuidad?
No estamos delante de un jefe político o un personaje de la sociedad moderna, sino delante de Dios. Cuando sobre el altar desciende la presencia del Dios eterno, debemos ponernos en la posición más adecuada para adorarlo. En mi cultura, en Sri Lanka, debemos postrarnos con la cabeza en el suelo como hacen los budistas y los musulmanes en oración.

La Hostia en la mano, ¿disminuye el sentido de trascendencia de la Eucaristía?
En cierto sentido, sí. Expone al que comulga a sentirla casi como un pan normal. El Santo Padre habla a menudo de la necesidad de salvaguardar el sentido de la “alteridad” en cada expresión de la liturgia. El gesto de tomar la Sagrada Hostia y, en lugar de recibirla, ponerla en la boca nosotros mismos, reduce el profundo significado de la Comunión.

¿Se quiere contrarrestar una banalización de la Misa?
En algunos lugares se ha perdido el sentido de lo eterno, lo sagrado o celestial. Hubo una tendencia de poner al hombre en el centro de la celebración y no al Señor. Pero el Concilio Vaticano II habla claramente de la liturgia como actio Dei, actio Christi. En lugar de ello, en ciertos círculos litúrgicos, ya sea por ideología o por un cierto intelectualismo, se ha difundido la idea de una liturgia adaptable a diversas situaciones, en la que se debe dar espacio a la creatividad para que sea accesible y aceptable para todos. Luego están también los que han introducido innovaciones sin siquiera respetar el sensus fidei y los sentimientos espirituales de los fieles.

A veces, incluso obispos empuñan el micrófono y se dirigen a sus oyentes con preguntas y respuestas…
El peligro moderno es que el sacerdote piense que él es el centro de la acción. De este modo, el rito puede tomar el aspecto de un teatro o de la performance de un presentador televisivo. El celebrante ve a la gente que lo mira a él como punto de referencia y se corre el riesgo de que, para tener el mayor éxito posible con el público, invente gestos y expresiones como si fuera el protagonista.

¿Cuál sería la actitud correcta?
Cuando el sacerdote sabe que no está él en el centro sino Cristo. Respetar la liturgia y sus reglas, en humilde servicio al Señor y a la Iglesia, como algo recibido y no inventado, significa dejar más espacio al Señor para que, a través del instrumento del sacerdote, pueda estimular la conciencia de los fieles.

¿También son desviaciones las homilías pronunciadas por laicos?
Sí. Porque la homilía, como dice el Santo Padre, es el modo en que la Revelación y la gran tradición de la Iglesia es explicada para que la Palabra de Dios inspire la vida de los fieles en sus elecciones cotidianas y haga a la celebración litúrgica rica en frutos espirituales. Y la tradición litúrgica de la Iglesia reserva la homilía al celebrante. A los obispos, a los sacerdotes y a los diáconos. Pero no a los laicos.

¿Absolutamente no?
No porque ellos no sean capaces de hacer una reflexión sino porque en la liturgia deben ser respetados los roles. Existe, como decía el Concilio, una diferencia “en esencia y no sólo en grado” entre el sacerdocio común de todos los bautizados y el de los sacerdotes.

Hace algún tiempo, el Cardenal Ratzinger se lamentaba de la pérdida del sentido del misterio en los ritos.
A menudo, la reforma conciliar ha sido interpretada o considerada de un modo no del todo conforme al espíritu del Vaticano II. El Santo Padre define esta tendencia como el anti-espíritu del Concilio.

A un año de la plena reintroducción de la Misa Tridentina, ¿cuál es el balance?
La Misa Tridentina tiene en su interior valores profundos que reflejan toda la tradición de la Iglesia. Hay más respeto hacia lo sagrado a través de los gestos, las genuflexiones, los silencios. Hay más espacio reservado a la reflexión sobre la acción del Señor y también a la devoción personal del celebrante, que ofrece el sacrificio no sólo por los fieles sino también por sus propios pecados y su propia salvación. Algunos elementos importantes del antiguo rito pueden ayudar también a la reflexión sobre el modo de celebrar el Novus Ordo. Estamos en medio de un camino.

En el futuro, ¿ve un rito que tome lo mejor del antiguo y del nuevo?
Puede darse… yo quizás no lo veré. Pienso que en las próximas décadas se llegará a una valoración global del rito antiguo y del nuevo, salvaguardando lo eterno y sobrenatural que ocurre sobre el altar y reduciendo todo protagonismo para dejar espacio al contacto efectivo entre los fieles y el Señor a través de la figura, no predominante, del sacerdote.

¿Con posiciones alternadas del celebrante? ¿Cuándo el sacerdote estaría vuelto hacia el ábside?
Se podría pensar en el ofertorio, cuando las ofrendas son llevadas al altar, y desde ese momento hasta el fin de la plegaria eucarística, que representa el momento culminante de la "trans-substantiatio" y la "communio”.

Desorienta a los fieles que el sacerdote esté de espaldas a ellos…
Es un error hablar así. Al contrario, se dirige al Señor junto con el pueblo. El Santo Padre en su libro “El espíritu del Concilio” ha explicado que cuando nos sentamos alrededor mirando cada uno la cara del otro, se forma un círculo cerrado. Pero cuando el sacerdote y los fieles miran juntos hacia el Oriente, hacia el Señor que viene, es un modo de abrirse a lo eterno.

¿En esta visión se inserta también la recuperación del latín?
No me gusta la palabra recuperar. Estamos implementando el Concilio Vaticano II que afirma explícitamente que el uso de la lengua latina, salvo el derecho particular, debe ser conservado en los ritos latinos. Entonces, incluso si se ha dado espacio a la introducción de las lenguas vernáculas, el latín no ha sido abandonado completamente. El uso de una lengua sagrada es tradición en todo el mundo. En el Hinduismo la lengua de oración es el sánscrito, que ya no está en uso. En el Budismo se usa el Pali, lengua que hoy sólo los monjes budistas estudian. En el Islam se emplea el árabe del Corán. El uso de una lengua sagrada nos ayuda a vivir la sensación de la alteridad.

¿El latín como lengua sagrada en la Iglesia?
Por supuesto. El Santo Padre mismo dice en la exhortación apostólica Sacramentum Caritatis, 62: “Para expresar mejor la unidad y universalidad de la Iglesia, quisiera recomendar lo que ha sugerido el Sínodo de los Obispos, en sintonía con las normas del Concilio Vaticano II: exceptuadas las lecturas, la homilía y la oración de los fieles, sería bueno que dichas celebraciones fueran en latín”. Por supuesto, durante los encuentros internacionales.

Dando nueva fuerza a la liturgia, ¿qué es lo que quiere lograr Benedicto XVI?
El Papa quiere ofrecer la posibilidad de acceso a la maravilla de la vida en Cristo, una vida que viviéndola aquí sobre la tierra nos hace sentir la libertad y la eternidad de los hijos de Dios. Y este tipo de experiencia se vive fuertemente a través de una auténtica renovación de la fe, la cual supone pregustar de las realidades celestiales en la liturgia que se cree, se celebra y se vive. La Iglesia es, y debe ser, el instrumento válido y el camino para esta experiencia liberadora. Y su liturgia es la que hace posible estimular tal experiencia en sus fieles.

Los Santos, la Eucaristía y la La Misa : Santa Angela de Foligno "Si tan solo pausáramos por un momento para considerar con atención lo que ocurre en este Sacramento, estoy seguro que pensar en el amor de Cristo por nosotros transformaría la frialdad de nuestros corazones en un fuego de amor y gratitud."

  Los Santos,

la Eucaristía y la La Misa  
La vida de TODOS los santos se centra en la Eucaristía. Meditemos algunos ejemplos entre ellos.Editado por SCTJMVer también: Dichos de los santos
La Eucaristía según los santos
Santa Angela de Foligno
"Si tan solo pausáramos por un momento para considerar con atención lo que ocurre en este Sacramento, estoy seguro que pensar en el amor de Cristo por nosotros transformaría la frialdad de nuestros corazones en un fuego de amor y gratitud."
San Agustín:
"Cristo se sostuvo a si mismo en Sus manos cuando dio Su Cuerpo a Sus discípulos diciendo: "Este es mi Cuerpo". Nadie participa de esta Carne sin antes adorarla"


"Reconoce en este pan lo que colgó en la cruz, y en este caliz lo que fluyó de Su costado... todo lo que en muchas y variadas maneras anunciado antemano en los sacrificios del Antiguo Testamento pertenece a este singular sacrificio que se revela en el Nuevo Testamento" -Sermón 3, 2; Circa 410 A.D.
San Efrén:
Oh Señor, no podemos ir a la piscina de Siloé a la que enviaste el ciego. Pero tenemos el cáliz de tu Preciosa Sangre, llena de vida y luz. Cuanto mas puros somos, mas recibimos.
San Francisco de Sales:"Cuando la abeja ha recogido el roció del cielo y el néctar de las flores mas dulce de la tierra, se apresura a su colmena. De la misma forma, el sacerdote, habiendo del altar al Hijo de Dios (que es como el rocío del cielo y verdadero hijo de María, flor de nuestra humanidad), te lo da como manjar delicioso"
San Juan Bosco:
"El objetivo principal es promover veneración al Santísimo Sacramento y devoción a María Auxilio de los Cristianos. Este título parece agradarle mucho a la augusta Reina del Cielo"
San Juan Eudes:
"Para ofrecer bien una Eucaristía se necesitarían tres eternidades: una para prepararla, otra para celebrarla y una tercera para dar gracias".
San Alfonso Ligorio:"Tened por cierto el tiempo que empleéis con devoción delante de este divinísimo Sacramento, será el tiempo que más bien os reportará en esta vida y más os consolará en vuestra muerte y en la eternidad. Y sabed que acaso ganaréis más en un cuarto de hora de adoración en la presencia de Jesús Sacramentado que en todos los demás ejercicios espirituales del día." 
San Cirilo de Jerusalén:"Así como dos pedazos de cera derretidos juntos no hacen más que uno, de igual modo el que comulga, de tal suerte está unido con Cristo, que él vive en Cristo y Cristo en él."
San Ignacio de LoyolaPreparando el altar, y después de revestirme, y durante la Misa, movimientos internos muy intensos y muchas e intensas lágrimas y llanto, con frecuente pérdida del habla, y también al final de la Misa, y por largos períodos durante la misa, en la preparación y después, la clara visión de nuestra Señora, muy propicia ante el Padre, hasta tal grado, que las oraciones al Padre y al Hijo y en la consagración, no podía sino sentir y verla, como si fuera parte o la puerta, para toda la gracia que sentía en mi corazón. En la consagración de la Misa, ella me enseñó que su carne estaba en la de su Hijo, con tanta luz que no puedo escribir sobre ello. No tuve duda de la primera oblación ya hecha"
La MISA según los santos
El santo cura de Ars, San Juan María Vianney:
“Si conociéramos el valor de La Santa Misa nos moriríamos de alegría”.
"Sí supiéramos el valor del Santo Sacrificio de la Misa, qué esfuerzo tan grande haríamos por asistir a ella".
"Qué feliz es ese Ángel de la Guarda que acompaña al alma cuando va a Misa".

"La Misa es la devoción de los Santos".
San Anselmo: “Una sola misa ofrecida y oída en vida con devoción, por el bien propio, puede valer más que mil misas celebradas por la misma intención, después de la muerte.”

Santo Tomás de Aquino: "La celebración de la Santa Misa tiene tanto valor como la muerte de Jesús en la Cruz".
San Francisco de Asís: "El hombre debería temblar, el mundo debería vibrar, el Cielo entero debería conmoverse profundamente cuando el Hijo de Dios aparece sobre el altar en las manos del sacerdote".

Santa Teresa de Jesús: "Sin la Santa Misa, ¿que sería de nosotros? Todos aquí abajo pereceríamos ya que únicamente eso puede detener el brazo de Dios. Sin ella, ciertamente que la Iglesia no duraría y el mundo estaría perdido sin remedio".
En cierta ocasión, Santa Teresa se sentía inundada de la bondad de Dios. Entonces le hizo esta pregunta a Nuestro Señor: “Señor mío, “¿cómo Os podré agradecer?” Nuestro Señor le contestó: “ASISTID A UNA MISA”.
San Alfonso de Ligorio: "El mismo Dios no puede hacer una acción más sagrada y más grande que la celebración de una Santa Misa".

Padre Pío de Pieltrecina: "Sería más fácil que el mundo sobreviviera sin el sol, que sin la Santa misa"
La Misa es infinita como Jesús... pregúntenle a un Angel lo que es la misa, y El les contestará, en
verdad yo entiendo lo que es y por qué se ofrece, mas sin embargo, no puedo entender cuánto valor tiene. Un Angel, mil Angeles, todo el Cielo, saben esto y piensan así".
San Lorenzo Justino:"Nunca lengua humana puede enumerar los favores que se correlacionan al Sacrificio de la Misa. El pecador se reconcilia con Dios; el hombre justo se hace aún más recto; los pecados son borrados; los vicios eliminados; la virtud y el mérito crecen, y las estratagemas del demonio son frustradas.

San Leonardo de Port Maurice: "Oh gente engañada, qué están haciendo? Por qué no se apresuran a las Iglesias a oír tantas Misas como puedan? Por qué no imitan a los ángeles, quienes cuando se celebra una Misa, bajan en escuadrones desde el Paraíso y se estacionan alrededor de nuestros altares en adoración, para interceder por nosotros?".
"Yo creo que sí no existiera la Misa, el mundo ya se hubiera hundido en el abismo, por el peso de su iniquidad. La Misa es el soporte poderoso que lo sostiene ".
“una misa antes de la muerte puede ser más provechosa que muchas después de ella…
San Felipe Neri:"Con oraciones pedimos gracia a Dios; en la Santa Misa comprometemos a Dios a que nos las conceda ".
San Pedro Julián Eymard:"Sepan, oh Cristianos, que la Misa es el acto de religión más sagrado. No pueden hacer otra cosa para glorificar más a Dios, ni para mayor provecho de su alma, que asistir a Misa devotamente, y tan a menudo como sea posible ".

San Bernardo"Uno obtiene más mérito asistiendo a una Santa Misa con devoción, que repartiendo todo lo suyo a los pobres y viajando por todo el mundo en peregrinación ".
San Francisco Javier Bianchi: "Cuando oigan que yo no puedo ya celebrar la Misa, cuéntenme como muerto".

San Buenaventura: "La Santa Misa es una obra de Dios en la que presenta a nuestra vista todo el amor que nos tiene; en cierto modo es la síntesis, la suma de todos los beneficios con que nos ha favorecido".
"Hay en la Santa Misa tantos misterios como gotas de agua en el mar, como átomos de polvo en el aire y como ángeles en el cielo; no sé si jamás ha salido de la mano del Altísimo misterio más profundo."

San Gregorio el Grande: "El sacrificio del altar será a nuestro favor verdaderamente aceptable como nuestro sacrificio a Dios, cuando nos presentamos como víctimas".

Cuando Santa Margarita María Alacoque asistía a la Santa Misa, al voltear hacia el altar, nunca dejaba de mirar al Crucifijo y las velas encendidas. Por qué? Lo hacía para imprimir en su mente y su corazón, dos cosas: El Crucifijo le recordaba lo que Jesús había hecho por ella; las velas encendidas le recordaban lo que ella debía hacer por Jesús, es decir, sacrificarse consumirse por El y por las almas.

San Andrés Avellino:
"No podemos separar la Sagrada Eucaristía de la Pasión de Jesús".
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DE:www.corazones.org

Letter from Cardinals Ottaviani and Bacci to His Holiness Pope Paul VI September 25th, 1969

 

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"The Ottaviani Intervention"


 Most Holy Father, Having carefully examined, and presented for the scrutiny of others, the Novus Ordo Missae prepared by the experts of the Consilium ad exequendam Constitutionem de Sacra Liturgia, and after lengthy prayer and reflection, we feel it to be our bounden duty in the sight of God and towards Your Holiness, to put before you the following considerations:

1. The accompanying critical study of the Novus Ordo Missae, the work of a group of theologians, liturgists and pastors of souls, shows quite clearly in spite of its brevity that if we consider the innovations implied or taken for granted which may of course be evaluated in different ways, the Novus Ordo represents, both as a whole and in its details, a striking departure from the Catholic theology of the Mass as it was formulated in Session XXII of the Council of Trent. The "canons" of the rite definitively fixed at that time provided an insurmountable barrier to any heresy directed against the integrity of the Mystery.

2. The pastoral reasons adduced to support such a grave break with tradition, even if such reasons could be regarded as holding good in the face of doctrinal considerations, do not seem to us sufficient. The innovations in the Novus Ordo and the fact that all that is of perennial value finds only a minor place, if it subsists at all, could well turn into a certainty the suspicions already prevalent, alas, in many circles, that truths which have always been believed by the Christian people, can be changed or ignored without infidelity to that sacred deposit of doctrine to which the Catholic faith is bound for ever. Recent reforms have amply demonstrated that fresh changes in the liturgy could lead to nothing but complete bewilderment on the part of the faithful who are already showing signs of restiveness and of an indubitable lessening of faith.

Amongst the best of the clergy the practical result is an agonising crisis of conscience of which innumerable instances come tour notice daily.

3. We are certain that these considerations, which can only reach Your Holiness by the living voice of both shepherds and flock, cannot but find an echo in Your paternal heart, always so profoundly solicitous for the spiritual needs of the children of the Church. It has always been the case that when a law meant for the good of subjects proves to be on the contrary harmful, those subjects have the right, nay the duty of asking with filial trust for the abrogation of that law.

Therefore we most earnestly beseech Your Holiness, at a time of such painful divisions and ever-increasing perils for the purity of the Faith and the unity of the church, lamented by You our common Father, not to deprive us of the possibility of continuing to have recourse to the fruitful integrity of that Missale Romanum of St. Pius V, so highly praised by Your Holiness and so deeply loved and venerated by the whole Catholic world.

A. Card. Ottaviani
A. Card. Bacci

Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci a Paulo VI acerca do Novus Ordo Missae Breve Exame Critico







Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci

Roma, 25 de setembro de 1969.

Santíssimo Padre,

Tendo cuidadosamente examinado e apresentado ao escrutínio de outros a Nova Ordenação da Missa preparada pelos especialistas do Comitê para a Implementação da Constituição da Sagrada Liturgia (Consilium ad exequendam Constitutionem de Sacra Liturgia), e após longa oração e reflexão, sentimo-nos obrigados perante Deus e Sua Santidade a apresentar as seguintes considerações:

1. O seguinte Estudo Crítico é o trabalho de um grupo seleto de bispos, teólogos, liturgistas e pastores de almas. A despeito de sua brevidade, o estudo demonstra de forma bastante clara que a Novus Ordo Missae – considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos ou são tomados como certos -- representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão 22 do Concílio de Trento. Os “cânones” do rito definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que pudesse atacar a integridade do Mistério.


2. As razões pastorais apresentadas para justificar uma ruptura tão grave, ainda que tais razões pudessem ser sustentadas em face das considerações doutrinárias, não parecem ser suficientes. As inovações na Novus Ordo e o fato de que tudo o que possui um valor perene encontra ali apenas um lugar secundário – se é que continua a existir – poderiam muito bem transformar em certeza as suspeitas, infelizmente já dominantes em muitos círculos, de que as verdades que sempre foram objeto de crença pelos cristãos podem ser alteradas ou ignoradas sem infidelidade ao sagrado depósito da doutrina ao qual a fé católica está para sempre ligada. As reformas recentes demonstraram amplamente que novas alterações na liturgia não podem ser efetuadas sem levar à completa confusão por parte dos fiéis, os quais já demonstram sinais de relutância e um indubitável afrouxamento da fé. Entre os melhores clérigos, o resultado é uma agonizante crise de consciência, da qual um sem número de exemplos chega a nós diariamente.


3. Estamos certos, instigados pelo que ouvimos da voz dos pastores e do rebanho, de que estas considerações encontrarão eco no coração de Sua Santidade, sempre tão profundamente solícito às necessidades espirituais dos filhos da Igreja. Os sujeitos a quem uma lei se dirige sempre tiveram o direito, mais do que isto, o dever, de pedir ao legislador que ab-rogue esta lei uma vez que ela prove ser danosa. Portanto, em um momento em que a pureza da fé e a unidade da Igreja sofrem cruéis lacerações e um perigo ainda maior, diária e dolorosamente ecoado nas palavras de nosso Pai comum, nós fervorosamente rogamos a Vossa Santidade para que não nos prive da possibilidade de continuarmos a ter acesso à integridade fecunda do Missale Romanun de São Pio V, tão louvado por Sua Santidade e tão profundamente amado e venerado por todo o mundo católico.



Card. A. Ottaviani Card A. Bacci

LE PAROLE DEL PAPA BENEDETTO XVI ALLA RECITA DELL'ANGELUS - 27 febbraio 2011

 


 

ANGELUS

Piazza San Pietro
Domenica, 27 febbraio 2011

Croato, Francese, Inglese, Italiano, Portoghese, Spagnolo, Tedesco]


Cari fratelli e sorelle!

Nella Liturgia odierna riecheggia una delle parole più toccanti della Sacra Scrittura. Lo Spirito Santo ce l’ha donata mediante la penna del cosiddetto “secondo Isaia”, il quale, per consolare Gerusalemme abbattuta dalle sventure, così si esprime: “Si dimentica forse una donna del suo bambino, così da non commuoversi per il figlio delle sue viscere? Anche se costoro si dimenticassero, io invece non ti dimenticherò mai” (Is 49,15). Questo invito alla fiducia nell’indefettibile amore di Dio viene accostato alla pagina, altrettanto suggestiva, del Vangelo di Matteo, in cui Gesù esorta i suoi discepoli a confidare nella provvidenza del Padre celeste, il quale nutre gli uccelli del cielo e veste i gigli del campo, e conosce ogni nostra necessità (cfr 6,24-34). Così si esprime il Maestro: “Non preoccupatevi dunque dicendo: Che cosa mangeremo? Che cosa berremo? Che cosa indosseremo? Di tutte queste cose vanno in cerca i pagani. Il Padre vostro celeste, infatti, sa che ne avete bisogno”.

Di fronte alla situazione di tante persone, vicine e lontane, che vivono in miseria, questo discorso di Gesù potrebbe apparire poco realistico, se non evasivo. In realtà, il Signore vuole far capire con chiarezza che non si può servire a due padroni: Dio e la ricchezza. Chi crede in Dio, Padre pieno d’amore per i suoi figli, mette al primo posto la ricerca del suo Regno, della sua volontà. E ciò è proprio il contrario del fatalismo o di un ingenuo irenismo. La fede nella Provvidenza, infatti, non dispensa dalla faticosa lotta per una vita dignitosa, ma libera dall’affanno per le cose e dalla paura del domani. E’ chiaro che questo insegnamento di Gesù, pur rimanendo sempre vero e valido per tutti, viene praticato in modi diversi a seconda delle diverse vocazioni: un frate francescano potrà seguirlo in maniera più radicale, mentre un padre di famiglia dovrà tener conto dei propri doveri verso la moglie e i figli. In ogni caso, però, il cristiano si distingue per l’assoluta fiducia nel Padre celeste, come è stato per Gesù. E’ proprio la relazione con Dio Padre che dà senso a tutta la vita di Cristo, alle sue parole, ai suoi gesti di salvezza, fino alla sua passione, morte e risurrezione. Gesù ci ha dimostrato che cosa significa vivere con i piedi ben piantati per terra, attenti alle concrete situazioni del prossimo, e al tempo stesso tenendo sempre il cuore in Cielo, immerso nella misericordia di Dio.

Cari amici, alla luce della Parola di Dio di questa domenica, vi invito ad invocare la Vergine Maria con il titolo di Madre della divina Provvidenza. A lei affidiamo la nostra vita, il cammino della Chiesa, le vicende della storia. In particolare, invochiamo la sua intercessione perché tutti impariamo a vivere secondo uno stile più semplice e sobrio, nella quotidiana operosità e nel rispetto del creato, che Dio ha affidato alla nostra custodia.
 
DE:http://www-maranatha-it.blogspot.com/

SS Bendicto XVI: "confianza en el indefectible amor de Dios"

 


El Ángelus del Papa para el domingo 27 de febrero de 2011

“La fe en la Providencia no dispensa de la fatigosa lucha por una vida digna, sino que libera de la preocupación por las cosas y del miedo del mañana"


El Papa exhortó este domingo a confiar en el amor de Dios y en su auxilio y a invocar a María, Madre de la divina Providencia, a encomendarle nuestra vida, la Iglesia y los aconteceres de la historia, aprendiendo a vivir sobria y laboriosamente y respetando la Creación. SS Benedicto XVI hizo resonar este medio día una de las palabras más conmovedoras de la Sagrada Escritura, que el Espíritu Santo nos regala mediante el profeta Isaías, cuando consolando a Jerusalén asolada por las desventuras, le dice: ¿Acaso olvida una mujer a su niño de pecho, sin compadecerse del hijo de sus entrañas? Pues aunque ésas llegasen a olvidar, yo no te olvido». (Is 49,15)

«Invitación a la confianza en el indefectible amor de Dios», que este domingo la Liturgia acompaña también con otra página, igualmente sugestiva, del Evangelio de Mateo, señaló el Papa, refiriéndose luego a cuando Jesús exhorta a sus discípulos a confiar en la providencia del Padre celestial, que alimenta a las aves del cielo y viste los lirios del campo y que conoce toda necesidad nuestra. Por lo que el Maestro dice: «No andéis preocupados diciendo ¿Qué vamos a comer? ¿qué vamos a beber? ¿con qué nos vamos a vestir? Que de todas esas cosas se afanan los gentiles y ya sabe vuestro Padre que tenéis necesidad de todo eso». Todo ello, aclaró Benedicto XVI no es fatalismo o ingenuidad:



«Ante la situación de tantas personas, cercanas o lejanas, que viven en la miseria, lo que dice Jesús podría parecer poco realista y evasivo. En realidad, el Señor quiere hacer entender claramente que no se puede servir a dos señores: a Dios y a la riqueza. El que cree en Dios Padre lleno de amor por sus hijos, pone en primer lugar la búsqueda de su Reino, de su voluntad. Todo lo contrario de lo que es el fatalismo o el ingenuo irenismo. Pues la fe en la Providencia no despensa de la fatigosa lucha por una vida digna, sino que libera de la preocupación por las cosas y del miedo del mañana».



En este contexto, el Papa destacó que esta enseñanza de Jesús, aun permaneciendo verdadera y válida para todos, se practica de forma distinta según las diversas vocaciones:

«Un fraile franciscano podrá seguirla de manera más radical, al tiempo que un padre de familia deberá tener en cuenta sus deberes hacia su esposa e hijos. Sin embargo, en todo caso, el cristiano se distingue por su absoluta confianza en el Padre celeste, como fue para Jesús. Justo la relación con Dios Padre es la que da sentido a toda la vida de Cristo, a sus palabras, a sus gestos de salvación, hasta su pasión muerte y resurrección. Jesús nos ha demostrado qué significa vivir con los pies bien plantados en la tierra, atentos a las situaciones concretas del prójimo, y, al mismo tiempo, teniendo el corazón en el Cielo, inmerso en la misericordia de Dios».

El Santo Padre introdujo el rezo del Ángelus alentando a encomendarnos y a invocar a la Madre de Dios y de la Providencia en cada momento de nuestra vida:



«¡Queridos amigos, a la luz de la Palabra de Dios de este domingo, os invito a invocar a la Virgen María con la advocación de Madre de la divina Providencia. A Ella encomendemos nuestra vida, el camino de la Iglesia y los avatares de la historia. En particular, invoquemos su intercesión para que todos aprendamos a vivir según un estilo más sencillo y sobrio, en cotidiana laboriosidad y en el respeto de la Creación, que Dios nos ha encomendado para que la custodiemos!».

Después del rezo mariano y del responso por los difuntos, Benedicto XVI saludó a los numerosos fieles romanos y peregrinos que acudieron a la plaza de Pedro, reiterando en francés, inglés, alemán, español, polaco y eslovaco su exhortación central a buscar el Reino de Dios, que nos libera del miedo del mañana, testimoniando su amor, más tierno que el de una madre hacia sus hijos y rezando para que la justicia y el diálogo prevalezcan sobre la violencia y los intereses particulares. Con el anhelo de que nunca se apague en nosotros la confianza en la Providencia divina y que ésta nos impulse a ayudar a los que la han perdido ante las difíciles experiencias vividas. Éstas eran las palabras del Papa en nuestra lengua:


Saludo con afecto a los peregrinos de lengua española presentes en esta oración mariana, en particular al grupo de peregrinos de las parroquias de Santa Eulalia y de Santa Cruz, de la diócesis de Ibiza, acompañados de su Obispo, así como a los fieles provenientes de la parroquia de San Miguel Arcángel de Villanueva, de Córdoba. La liturgia de este día nos exhorta a confiar en la providencia divina; recordándonos que somos amados por Dios y asistidos por su auxilio. Os invito a corresponder a dicho amor, a imitación de la Virgen María, cuya existencia terrena se mostró siempre bajo el signo de la gratuidad y de la alabanza, para que así experimentéis la paz verdadera y la alegría auténtica. Feliz domingo.
 
 Fonte

La santa misa es verdadero sacrificio


Rogamos al lector tenga presente, como introducción a este importante asunto, lo que dijimos en el primer volumen de esta obra acerca del sacrificio en general (cf. n.353-55).
Antes de exponer la doctrina católica sobre el sacrificio de la misa, vamos a dar unas nociones sobre su nombre, definición y errores en torno a ella.
95. 1. El nombre. El sacrificio eucarístico ha recibido diversos nombres en el transcurso de los siglos. Y así
a) EN LA SAGRADA ESCRITURA se la designa con los nombres de «fracción del pan» (Act. 2,42; 1 Cor. 10, 16) y «cena del Señor» (I Cor. 11,20)
b) ENTRE LOS GRIEGOS se emplearon las expresiones “celebración del misterio”; “culto latréutico”; “operación de lo sagrado”; “colecta o reunión”, etc. El nombre más frecuente y común después del siglo IV es el de “liturgia”, “sacro ministerio”, derivado de “ministrar”.
c) ENTRE LOS LATINOS recibió los nombres de «colecta» o «congrega­ción» del pueblo; «acción», por antonomasia; «sacrificio», «oblación», etc. Pero a partir del siglo IV el nombre más frecuente y común es el de misa.
La palabra misa proviene del verbo latino mittere, que significa enviar. Es una forma derivada y vulgar de la palabra misión, del mismo modo que las expresiones, corrientes en la Edad Media, de «colecta, confesa, accesa se toman por «colección, confesión, accesión».
La expresión misa la derivan algunos de las preces dirigidas o enviadas a Dios (a precibus missis); otros, de la dimisión o despedida de los catecúmenos, que no podían asistir a la celebración del misterio eucarístico, sino sólo a la introducción preparatoria (hasta el credo). Según parece, al principio designaba únicamente la ceremonia de despedir a los catecúmenos; después significó las ceremonias e instrucciones que la precedían (misa de catecúmenos); más tarde, la celebración del misterio eucarístico (misa de los fieles), que venía a continuación de la de los catecúmenos; finalmente se designó con la palabra misa toda la celebración del sacrificio eucarístico, desde el principio hasta el fin. Este es el sentido que tiene en la actualidad.
96. 2. La realidad. Puede darse una triple definición de la misa: metafísica, física y descriptiva. La primera sé limita a señalar el género y la diferencia específica; la segunda expresa, además, la materia y la forma del sacrificio del altar; la tercera describe con detalle el santo sacrificio.
a) Definición metafísica: es el sacrificio que renueva el mismo de la cruz en su ser objetivo.
En esta definición, la palabra sacrificio expresa el género; y el resto de la fórmula, la diferencia específica.
 b) Definición física: es el sacrificio inmolativo del cuerpo de Cristo realizado en la cruz y renovado en su ser objetivo bajo las especies sacramentales de pan y vino.
En esta definición, la materia es el cuerpo de Cristo presente bajo las especies sacramentales; la forma es el sacrificio inmolativo realizado en la cruz en cuanto renovado en su ser objetivo. En esta misma forma puede distinguirse la razón genérica (sacrificio) y la razón específica (inmolado en la cruz y renovado en el altar).
c) Definición descriptiva: es el sacrificio incruento de la Nueva Ley que conmemora y renueva el del Calvario, en el cual se ofrece a Dios, en mística inmolación, el cuerpo y la sangre de Cristo bajo las especies sacramentales de pan _y vino, realizado por el mismo Cristo, a través de su legítimo ministro, para reconocer el supremo dominio de Dios y aplicarnos los méritos del sacri­ficio de la cruz.
En sus lugares correspondientes iremos examinando cada uno de los elementos de esta definición
 97. 3. Errores. En torno al sacrificio de la misa se han re­gistrado en el transcurso de los siglos muchos errores y herejías. He aquí los principales a) Los petrobrusianos, valdenses, cátaros y albigenses (siglos XII y XIII) negaron por diversos motivos que en la santa misa se ofrezca a Dios un verdadero y propio sacrificio.
b) Los falsos reformadores (Wicleff, Lutero, Calvino, Melanchton, etcétera) niegan también el carácter sacrificial de la santa misa.
c) Muchos racionalistas modernos y la mayor parte de las sectas pro­testantes hacen eco a estos viejos errores y herejías.
98. 4. Doctrina católica. Vamos a precisarla en dos con­clusiones
Conclusión I.ª En la santa misa se ofrece a Dios un verdadero y propio sacrificio. (De fe divina, expresamente definida.)
He aquí las pruebas:
1º. LA SAGRADA ESCRITURA. El sacrificio del altar fue anunciado o prefigurado en el Antiguo Testamento y tuvo su realización en el Nuevo. Recogemos algunos textos
a) El sacrificio de Melquisedec: «Y Melquisedec, rey de Salem, sacando pan y vino, como era sacerdote del Dios Altísimo, bendijo a Abrahán, di­ciendo...» (Gen. I4, I8-19).
Ahora bien: según se nos dice en la misma Escritura, Cristo es sacer­dote eterno según el orden de Melquisedec (Ps. 109,4; Hebr. 5,5 - 9). Luego debe ofrecer un sacrificio eterno a base de pan y vino, como el del antiguo profeta. He ahí la santa misa, prefigurada en el sacrificio de Melquisedec.
b) El vaticinio de Malaquías: «No tengo en vosotros complacencia al­guna, dice Yavé Sebaot; no me son gratas las ofrendas de vuestras manos. Porque desde el orto del sol hasta el ocaso es grande mi nombre entre las gentes y en todo lugar se ofrece a mi nombre un sacrificio humeante y una oblación pura, pues grande es mi nombre entre las gentes, dice Yavé Se­baot» (Mal. I, 10-11).
Estas palabras, según la interpretación de los Santos Padres y de la mo­derna exégesis bíblica, se refieren al tiempo mesiánico, anuncian el verda­dero sacrificio postmesiánico y responden de lleno y en absoluto al santo sacrificio de la misa.
c) La institución de la eucaristía. Cristo alude claramente al carácter sacrificial de la eucaristía cuando dice
«Esto es mi cuerpo, que será entregado por vosotros. Haced esto en me­moria mía... Este cáliz es la nueva alianza en mi sangre, que es derramada por vosotros» (Lc. 22,19-20).
2º. Los SANTOS PADRES. La tradición cristiana interpretó siempre en este sentido los datos de la Escritura que acabamos de citar. Son innume­rables los testimonios.
3º. EL MAGISTERIO DE LA IGLESIA. Lo enseñó repetidamente en todas las épocas de la historia y lo definió expresamente en el concilio de Trento contra los errores protestantes. He aquí el texto de la definición dogmática:
«Si alguno dijere que en la misa no se ofrece a Dios un verdadero y propio sacrificio o que el ofrecerlo no es otra cosa que dársenos a comer Cristo, sea anatema» (D 948).
4º. LA RAZÓN TEOLÓGICA ofrece varios argumentos de conveniencia. He aquí algunos.
a) No hay religión alguna sin sacrificio, que es de derecho natural (1)
Ahora bien: la religión más perfecta del mundo como única revelada por Dios-es la cristiana. Luego tiene que tener su sacrificio verdadero y propio, que no es otro que la santa misa.
b) La santa misa reúne en grado eminente todas las condiciones que requiere el sacrificio. Luego lo es. Más adelante veremos cómo se cumplen, efectivamente, en la santa misa todas las condiciones del sacrificio.
c) El Nuevo Testamento es mucho más perfecto que el Antiguo. Ahora bien: en la Antigua Ley se ofrecían a Dios verdaderos sacrificios -entre los que destaca el del cordero pascual, figura emocionante de la inmolación de Cristo (cf I Cor. 5,7)-; luego la Nueva Ley ha de tener también su sacrificio propio, que no puede ser otro qué la renovación del sacrificio del Calvario, o sea, la santa misa. 
Conclusión 2.ª El sacrificio de la cruz y el sacrificio del altar son uno solo e idéntico sacrificio, sin más diferencia que el modo de ofrecerse: cruento en la cruz e incruento en el altar. (Doctrina católica.)
Consta por los siguientes lugares teológicos:
1º. EL MAGISTERIO DE LA IGLESIA. Lo enseña expresamente -aunque sin definirlo de una manera directa- el concilio de Trento con las siguientes palabras
«Una y la misma es la víctima, uno mismo el que ahora se ofrece por ministerio de los sacerdotes y el que se ofreció entonces en la cruz; sólo es distinto el modo de ofrecerse» (D 940).
Esto mismo ha repetido y explicado en nuestros días S. S. Pío XII en su admirable encíclica Mediator Dei:
«Idéntico, pues, es el sacerdote, Jesucristo, cuya sagrada persona está representada por su ministro...
Igualmente idéntica es la víctima; es decir, el mismo divino Redentor, según su humana naturaleza y en la realidad de su cuerpo y de su sangre. Es diferente, sin embargo, el modo como Cristo es ofrecido. Pues en la cruz se ofreció a sí mismo y sus dolores a Dios, y la inmolación de la víctima fue llevada a cabo por medio de su muerte cruenta, sufrida volun­tariamente. Sobre el altar, en cambio, a causa del estado glorioso de su hu­mana naturaleza, la muerte no tiene ya dominio sobre El (Rom. 6,9) y, por tanto, no es posible la efusión de sangre. Mas la divina sabiduría ha encontrado un medio admirable de hacer patente con signos exteriores, que son símbolos de muerte, el sacrificio de nuestro Redentor» (2).
2º. Los SANTOS PADRES. Lo repiten unánimemente. Por vía de ejemplo, he aquí un texto muy expresivo de San Juan Crisóstomo:
« ¿Acaso no ofrecemos todos los días?... Ofrecemos siempre el mismo (sacrificio); no ahora una oveja y mañana otra, sino siempre la misma. Por esta razón es uno el sacrificio; ¿acaso por el hecho de ofrecerse en muchos lugares son muchos Cristos? De ninguna manera, sino un solo Cristo en todas partes; aquí íntegro y allí también, un solo cuerpo. Luego así como ofrecido en muchos lugares es un solo cuerpo y no muchos cuerpos, así también es un solo sacrificio» (3).
3º. LA RAZÓN TEOLÓGICA. He aquí cómo se expresa Santo Tomás: «Este sacramento se llama sacrificio por representar la pasión de Cristo, y hostia en cuanto que contiene al mismo Cristo, que es «hostia de suavidad», en frase del Apóstol» (III, 73, 4 ad 3).
«Como la celebración de este sacramento es imagen representativa de la pasión de Cristo, el altar es representación de la cruz, en la que Cristo se inmoló en propia figura» (83,2 ad 2).
«No ofrecemos nosotros otra oblación distinta de la que Cristo ofrecié por nosotros, es a saber, su sangre preciosa. Por lo que no es otra oblación, sino conmemoración de aquella hostia que Cristo ofreció» (In ep. ad Hebr. 10, I).
Recogiendo todos estos elementos, escribe con acierto un teólogo contemporáneo
«Este sacrificio eucarístico es idéntico el de la cruz, no solamente porque es idéntico el principal oferente, Cristo, y la hostia ofrecida, Cristo paciente, sino, además, porque es una misma la oblación u ofrecimiento de Cristo en la cruz, sacramentalmente renovada en el altar. Esta oblación constituye el ele­mento formal de todo sacrificio. Sin esta unidad de oblación no se da ver­dadera unidad e identidad del sacrificio de la cruz y del altar» (4).
No hay, pues-como quieren algunos teólogos-, diferencia específica entre el sacrificio de la cruz y el del altar, sino sólo diferencia numérica; a no ser que la diferencia específica se coloque únicamente en el modo de ofrecerlo, porque es evidente que el modo cruento y el incruento son espe­cíficamente distintos entre sí. Pero esta diferencia puramente modal no esta­blece diferenciación alguna en el sacrificio en sí mismo, que es específicamente idéntico en el Calvario y en el altar.
Corolarios. 1º. El sacrificio de la cena fue también en sí mismo verdadero y propio sacrificio, aunque por orden al sacrificio de la cruz que había de realizarse al día siguiente. La razón es porque hubo en él todos los elementos esenciales del sacrificio: sacerdote oferente, víctima e inmola­ción mística o sacramental, significada por la separación de las dos especies.
2°. Luego el sacrificio de la cena, el de la cruz y el del altar son específicamente idénticos, aunque haya entre ellos un conjunto de diferencias accidentales, que en nada comprometen aquella identidad específica esen­cial. El de la cena anunció el de la cruz, cuyos méritos nos aplica el del altar.
3°. El sacrificio del altar recoge, elevándolas al infinito, las tres formas de sacrificio que se ofrecían a Dios en el Antiguo Testamento: a) el holocausto, porque la mística oblación de la Víctima divina significa el recono­cimiento de nuestra servidumbre ante Dios mucho más perfectamente que la total combustión del animal que inmolaban los sacerdotes de la Antigua Ley; b) la hostia pacífica, porque el sacrificio eucarístico es incruento y carece, por lo mismo, del horror de la sangre; y c) del sacrificio por el pecado, porque representa la muerte expiatoria de Cristo y nos la aplica a nosotros. Un tesoro, en fin, de valor rigurosamente infinito.
R.P. Antonio Royo Marín O.P. Teología Moral para seglares . Tomo II. Los Sacramentos .
NOTAS:
(1) Cf II-II,85,I.
(2) Pío XII, encíclica Mediator Dei: AAS 39 (1947) P. 548. 3
(3) Hom. in ep. ad Eph. 21, 2.
(4) RVDMO. P. BARBADO, O. P., obispo de Salamanca: Prólogo al Tratado de la Santísima Eucaristía, del Dr. Alastruey, 2.ª ed. (BAC, 1952) p.XX

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA Por S. E. O CARDEAL VAUGHAN Arcebispo de Westminster



Retirado do livro: “O Santo Sacrifício da Missa” – Cardeal Vaughan – Arcebispo de Westminster.

CAPITULO I

O Santo Sacrifício da Missa é uma ação e não uma simples forma de oração

O Santo Sacrifício da Missa (1) é, por excelência, o ato divino e solene da religião cristã, o maior que se pode exercer aqui, na terra. Outra cousa não é senão Jesus Cristo oferecendo-se a si mesmo, em sacrifício, a Deus, por nós, pecadores.

A Missa é uma ação e não, uma simples forma de oração. Difere, pois, essencialmente, de todas as outras formulas de devoção, como orações da manhã e da noite, vésperas, rosário, benção, etc.

Por desconhecerem a verdadeira natureza da Missa, os que não pertencem à nossa religião, admiram-se do que vêem e ouvem, quando entram nas nossas igrejas e, pela primeira vez, assistem à Missa. Vêem paramentos, velas; notam, da parte do padre, a exata observância de um cerimonial minucioso e formal; reparam que o padre se serve da língua latina e que muitas orações são ditas por ele em voz tão baixa que se torna absolutamente impossível ouvi-las. Ficam, por isso, escandalizados, por julgarem que o povo deve tomar parte nas orações.

E, no caso, nem sequer podem ouvi-las. Retiram-se, então, achando tais ritos muito esquisitos, declarando que, com esse latim e semelhantes cerimoniais e orações em voz baixa, jamais poderiam compreender a Missa. Os católicos, pensam eles, devem ser bastante excêntricos para gostarem de semelhante forma de oração.

Tudo isso provem de não compreenderem que a Missa é, essencialmente, uma ação e não, uma simples forma de oração. É verdade que as orações ditas pelo padre são em latim e um grande numero delas são pronunciadas em voz baixa, mas é que, para tomar parte na Missa e dela retirar os devidos frutos, é absolutamente inútil saber latim. Como não é, de modo algum, necessário entender nem mesmo seguir as palavras do padre. Mais adiante tudo será explicado.

2. – O fim deste livrinho é insistir sobre a essência mesma desse grande ato de adoração, é explicar a natureza e os benefícios do sacrifício e a maneira de a ele assistir. As coisas exteriores – velas, cerimônias, orações, não passam de um invólucro, de uma espécie de veste secundaria e insignificante, quando comparadas com os sagrados mistérios de que fazem parte. Não constituem a substancia e a essência da Missa, como o vestuário da corte e o seu cerimonial não constituem a vida nem a pessoa do rei.

Por isso, não explicarei as orações da Missa, apesar da sua grande beleza e por mais ricas que sejam, em textos da Sagrada Escritura. Nem tão pouco direi coisa alguma sobre a origem e o simbolismo profundo das vestes sacerdotais, nem sobre as cerimônias sagradas que , no altar, do começo ao fim do santo sacrifício, determinam o modo de agir do sacerdote.

A sua historia remonta aos tempos apostólicos. Não me é preciso falara respeito nesta obra, porque a sua explicação se encontra em muitos livros, e numerosas são as traduções do missal.

3. – Antes, porém, de continuar, será bom, talvez, lembrar que nunca houve tempo, desde o começo do mundo até hoje, durante o qual o sacrifício exterior não fosse considerado como parte essencial do culto divino. Os profetas declararam que o sacrifício seria sempre oferecido na lei nova, e que a abolição do sacrifício perpétuo seria a obra e o sinal do Anticristo (Dan. XII). A primeira tentativa formal para suprimi-lo, foi um dos traços característicos da revolta do século XVI, contra a Igreja.

4. – O sacrifício consiste na imolação de uma vítima, imolação que se faz com a morte, com a destruição ou com alguma mudança considerada, praticamente, como equivalente. Imolação que tem por fim reconhecer o soberano domínio de Deus sobre todas as criaturas e a nossa absoluta dependência para com ele.

O sacrifício deve ser oferecido por pessoa legitimamente designada para este fim e só pode ser oferecido a Deus.

Estais, pois, a ver que o sacrifício não é simplesmente uma oração, mas uma ação de natureza sagrada e solenissima, exercida por um sacerdote.

Para realizá-lo é preciso um instrumento. Para o sacrifício, tomou Abraão consigo uma espada e um pouco de lenha. Os sacrifícios da antiga lei e o sacrifício da Cruz só foram oferecidos com o auxílio de certos instrumentos. Na missa, não há necessidade de espada ou cutelo materiais, nem de fogo e lenha; certas palavras sagradas determinadas pelo próprio Cristo, constituem a espada do sacrifício.

“As palavras de Cristo são um instrumento que opera o que elas significam.” (Sermo Christi operatorius est).

Escrevendo a um padre, a propósito da Missa, disse-lhe S. Gregório Nazianzeno estas palavras: “Não deixes de orar por nós e de ser verdadeiramente o nosso embaixador quando, com uma palavra, fizeres descer o Verbo de Deus sobre o altar, e, servindo-te da tua voz, como de uma espada, separares (na consagração) com um golpe não sangrento, o corpo e o sangue do Senhor.” (Ep. 171).

Nada disso, aliás, pode apresentar dificuldade alguma para o cristão que crê ter o Senhor, com uma só palavra, criado todas as coisas e ser a sua palavra onipotente.

A Missa é, pois, um ato sacrifical realizado pelo padre. Não é preciso que os assistentes, para dele participarem, ouçam as palavras pronunciadas pelo sacerdote, ou delas se sirvam, nem que sintam, por assim dizer, a ação da espada do sacrifício, que só o padre recebeu a missão de manejar.


Basta que se associem voluntariamente ao sacerdote com a sua presença pessoal diante do altar, e ao próprio sacrifício, com fé e devoção.

5. – Tudo isto foi admiravelmente exposto pelo Dr. Newman: “A Missa, diz ele, não é uma simples formula. É uma grande ação, a maior que, na terra se pode realizar. Não é só a invocação, é, se assim me posso exprimir, a evocação do eterno. No altar, torna-se presente, com a sua carne e o seu sangue, Aquele diante de quem se inclinam os anjos e tremem os demônios. Eis o grande acontecimento que constitui o fim da solenidade e torna compreensível o sentido de cada uma das suas partes.

São necessárias algumas palavras, mas unicamente como meios e não, como fins. Não são simples suplicas dirigidas ao trono da graça, são os instrumentos de alguma coisa muito maior, os instrumentos da consagração, do sacrifício. Elas passam depressa como tudo mais, por constituírem as partes de uma só e mesma ação. Passam depressa, porque são as palavras admiráveis do sacrifício e realizam uma obra mui grandiosa para serem repetidas.

Como diz a Escritura: “O que fazes, faze-o depressa.” E todos os que cercam o altar, cada qual no seu lugar, preparam-se para o grande acontecimento, “esperando o movimento da água.” Todos, nos nossos lugares, com o nosso coração, os nossos pensamentos, necessidades, intenções, orações, separados, bem que unidos, atentos ao desenvolvimento do sacrifício, unidos na sua realização, tomamos todos parte no que faz o sacerdote de Deus, acompanhando-o, guiados por ele, e não como se seguíssemos, do começo ao fim, com esforço e pesar, uma forma penosa de oração, mas, sim, como músicos cujos instrumentos, embora mui diversos, se combinam, para produzirem uma suave harmonia. (Newman, Perda e Ganho).



Notas:

(1) – A palavra missa que é latina, deriva-se provavelmente de missio , a despedida depois do sacrifício. O emprego da palavra neste sentido, remonta, pelo menos, ao segundo século, O Papa São Pio I dela se serviu numa carta escrita em 166. Os Padres da Igreja deram muitos outros nomes a este sacrifício. Chamaram-no “Oblação”, “Santos Mistérios” , etc.

Obs: O tradutor deste livro o fez com o objetivo de juntar católicos interessados na celebração da Missa de São Pio V (ou Missa Tridentina, que é a Missa de sempre apesar das mudanças ocorridas após o Concilio Vaticano II).



"O altar da crucifixão sempre lhe esteve presente aos olhos. Os trinta e três anos de sua vida foram outros tantos degraus consecutivos pelos quais a ele subiu. Suspirava pela consumação do sacrifício. Na véspera da morte, como legislador e sacerdote, ofereceu e instituiu, para sempre, o incruento sacrifício de si próprio, e, dessa vez, de modo cruento, na cruz."


CAPITULO II

O Sacerdócio de Jesus Cristo

A Santa Missa, como acabamos de ver, é mais do que uma simples oração. É um ato infinitamente augusto e solene, o ato do sacrifício.

Vejamos agora quem verdadeiramente realiza este ato sagrado, quem seja realmente o sacerdote sacrificador.

Se me disserdes: “Mas é o padre F. a quem muito conhecemos, cuja fisionomia e sotaque nos são familiares,” eu vos responderei dizendo que muito vos enganes. Talvez, quem sabe julgueis conhecer verdadeiramente qual seja o principal sacerdote da Missa, e, não o estimando, tenhais deixado de a ela assistir, durante a semana, e, até, aos domingos?

Que cegueira! Porque não gostais de quem exerce, em segundo lugar, o ofício sacerdotal, porque tendes contra ele um mesquinho ressentimento, vos afastais do principal sacrificador!

Pois sabei que é artigo de fé ser o mesmo Jesus Cristo o principal sacerdote, o principal sacrificador da Missa.

Para melhor compreenderdes esta verdade, vou, em largos traços, descrever o sacerdócio de Jesus Cristo. Ser-vos-á, então, mais fácil compreender a sua presença na Missa, como principal sacerdote.

2 – Segundo crença universal e constante do gênero humano, sacerdote é aquele que recebeu delegação para estar entre Deus e o povo. Tem, pois, duas sortes de deveres a cumprir: uns para com Deus, e outros para com os homens. Em tudo o que diz respeito ao ministério, é o intermediário entre o homem e Deus.

Antes de tudo, é o delegado para oferecer a Deus o ato supremo do culto público e externo que só a ele é devido, e que consiste no sacrifício. Todos os homens devem a Deus homenagens de adoração , de ação de graças , de propiciação e de súplica . São estes os quatro grandes fins do sacrifício.

Além disso, o sacerdote tem deveres positivos para com os homens. É obrigado a instruí-los em tudo que se relaciona com o serviço de Deus e a salvação das almas, a santificá-los, auxiliá-los, de acordo com a natureza do seu sacerdócio e os poderes recebidos de Deus, neste sentido.

Daí resulta que a direção dos fiéis, em todas as coisas que dizem respeito ao culto divino e à salvação das almas, pertence ao sacerdote, sujeito, é verdade, às restrições e condições que a Deus aprouve estabelecer.

O mundo, no seu orgulho, revolta-se contra esta verdade, e, zombando da autoridade sacerdotal, protesta contra todo o intermediário entre Deus e ele. Parece esquecer-se de que, em tal questão, é a Deus e não, a ele, que compete o direito de decidir.

Não vemos como as sociedades humanas nos negócios políticos ou nacionais, escolhem sempre os seus representantes, a quem encarregam de agir em seu nome, e que estes são estabelecidos como intermediários, entre o povo e o soberano? Esta analogia entre a natureza e a graça, confunde admiravelmente, no homem, o espírito de revolta.

3- Desde o começo, tiveram os homens os seus sacerdotes para oferecerem sacrifícios em seu próprio nome e ensinarem-lhes a lei divina.

Sob a lei da natureza e a de Moisés, houve sacerdotes, sacrifícios e uma autoridade docente. Vindo Jesus ao mundo, concentrou em si todo o ofício sacerdotal e, desde a sua vinda até ao fim dos tempos, Deus não reconhecerá mais nenhum outro sacerdócio nem sacrifício ou ensino, a não serem os de Jesus Cristo.

É de fé que Nosso Senhor é sacerdote, no sentido pleno e literal da palavra. A definição do sacerdócio dada por São Paulo verificou-se estritamente na pessoa de Cristo: “Todo o pontífice, diz o Apostolo, tomado dentre os homens, é estabelecido a bem dos homens naquelas coisas que se referem a Deus, afim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.” (Heb. V, 1).

Embora, de toda a eternidade, o Divino Mestre tenha possuído a natureza divina, a substância de Deus, entretanto, no tempo ele assumiu, também, uma natureza humana completa. Essa natureza humana foi tomada dentre os homens, pois Nosso Senhor nasceu de mulher, é filho da Bemaventurada Virgem Maria. O seu sacerdócio firma-se sobre a sua natureza humana e não, sobre a natureza divina, sendo nessa mesma santa humanidade que ele exerceu, exerce e exercerá até ao fim do mundo, as suas sagradas funções.

4- Por quem, onde e como foi o Cristo ordenado e sagrado sacerdote, para servir de intermediário entre Deus e o homem? São questões estas certamente de grande e profundo interesse.

Mão nenhuma de homem jamais se pôs sobre a sua cabeça. Ele não foi ungido por nenhuma unção terrestre. “O Cristo nunca assumiu por si mesmo a glória de ser pontífice, mas ele a deve a quem lhe disse: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”! Como disse ainda alhures: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melchisedech.” (Heb., v. 5).

Assim, foi Deus quem o sagrou sacerdote, sem a intervenção de homem nem de anjo algum. Foi na hora silenciosa do maravilhoso fiat pronunciado pela Virgem Maria, e no obscuro retiro do seu bendito seio, que a Divindade derramou, em profusão, sobre a natureza humana de Jesus Cristo, a plenitude do poder sacerdotal.

E foi aí, no casto seio de sua Mãe imaculada, como num templo escolhido por Deus, no ato propriamente dito da Encarnação, foi aí, repito, que Jesus foi constituído chefe, representante e sacerdote da raça humana, para governá-la e instruí-la em tudo o que diz respeito a Deus, e para oferecer à adorável trindade, em nome dessa mesma raça, para sua salvação e felicidade, um sacrifício que, não só apagasse o pecado, mas fosse ainda um ato de adoração, de ação de graças e de redenção digno de ser aceito por Deus.

Ele foi chamado Cristo, diz São Cirilo, por ter sido sagrado sacerdote por Deus, e Jesus porque é o sacerdote destinado a ser o nosso Salvador .

5- Em virtude da união da santa humanidade com a natureza divina e a pessoa do Filho de Deus, o sacerdócio de Jesus Cristo possui uma plenitude absoluta e ilimitada de poder e de excelência e, em razão desta mesma plenitude, o sacerdócio de Cristo não pode ser comunicado.

Ele revelou a sua doutrina quando e como quis; organizou a Igreja como quis; promulgou as suas leis como quis; instituiu sacramentos e fontes de graças como quis; ofereceu o sacrifício da última Ceia e o sacrifício da Cruz como quis e para produzir os efeitos por ele determinados, comunicando enfim aos homens algo do poder sacerdotal, com tais e tais limites e restrições como bem lhe aprouve. São Paulo descreve o seus sacerdócio como “mais elevado do que os céus” (Heb.); São João diz que “todos nós recebemos gratuitamente da sua plenitude e graça” (João, I), e Nosso Senhor mesmo proclama a plenitude deste sacerdócio, quando diz: “Todo o poder me foi dado no céu e na terra” (Mat., XXVIII).

6- Santo Tomás, Suarez e outros teólogos ensinam que não só os homens foram plenamente remidos pelo mediador e sacerdote Jesus Cristo – “e nele se encontra uma plena redenção” – mas ainda que todas as hierarquias dos anjos devem inteiramente Àquele que é “o Primogenito de toda a criação”, não a redenção, de que não tinham necessidade, mas o dom indizível de todos os maravilhosos tesouros de glória e de graça. Muitas vezes achamos, na Sagrada Escritura, a afirmação deste fato, isto é, que os anjos do céu, seguem, servem e adoram o Salvador.

7- Vede como Nosso Senhor desde o momento da sua Encarnação, se apressa em exercer as funções sacerdotais. Não espera pelo nascimento, mas, ainda oculto nessa arca da aliança que é o seio de Maria, começa “como um gigante” a sua carreira. Atravessa as montanhas da Judéia para ir santificar a João Batista que Santa Isabel trazia ainda em si. Enche-a do Espírito Santo, comunica a Zacarias o dom de profecia e inunda a alma de sua própria mãe de uma onda de conhecimentos e de graças que excedem, em valor e esplendor, a tudo o que uma criatura jamais recebeu de Deus.

Durante os trinta e três anos de sua vida tanto oculta como pública, continuou fielmente a exercer para com os homens, segundo a inspiração da sua sabedoria, os diferentes ministérios do sacerdócio, orando, abençoando, curando e absolvendo, ensinando, repreendendo, governando e guiando as almas “nas coisas relativas a Deus”.

8- Quanto ao ofício de sacerdote sacrificador, não o exerceu, com menos generosidade e poder, orando e preparando com solenidade a vítima para o sacrifício, desde o momento da sua conceição.

O altar da crucifixão sempre lhe esteve presente aos olhos. Os trinta e três anos de sua vida foram outros tantos degraus consecutivos pelos quais a ele subiu. Suspirava pela consumação do sacrifício. Na véspera da morte, como legislador e sacerdote, ofereceu e instituiu, para sempre, o incruento sacrifício de si próprio, e, dessa vez, de modo cruento, na cruz.

9- A propósito do sacerdócio de Nosso Senhor, devem-se fazer duas observações.

Eis a primeira: ensina São Paulo que todo o sacerdócio legítimo terminou em Cristo, tendo sido para ele “transferido”.

Não há mais agora senão um sacerdote, uma vítima, um sacrifício e um altar. Todos os demais são sacerdócios, sacrifícios e altares dos demônios (I Cor., IX), quer por terem sido instituídos ou inspirados pelos demônios, quer por serem (talvez inconscientemente) empregados em seu serviço.

Tertuliano, escritor do II século, serve-se de uma expressão profunda para designar o Cristo. Chama-o “ Catholicus Patris Sacerdos ”, o que quer dizer, primeiro que Jesus Cristo é o Sacerdote da Igreja Católica; segundo, que Ele é o único sacerdote reconhecido pelo Eterno Padre como católico ou universal , por cujas mãos devem passar todas as orações e sacrifícios a serem oferecidos a deus e por Ele recebidos, e, finalmente, que Deus só cura, perdoa, ensina, abençoa, recompensa e salva pela mediação única de Jesus Cristo. Tudo passa “por Nosso Senhor”. A mesma doutrina é ensinada por São Cipriano, quando chama a Nosso Senhor Summus Sacerdos Patris , o Sumo Sacerdote do Pai.

10- Perguntarão talvez: “Mas então não há sacerdotes na Igreja Católica”? Jesus Cristo não tem sucessores que ofereçam, em seu próprio nome, sacrifícios seus, como se fazia na antiga lei. Mas os sacerdotes que receberam regularmente a sua missão participam do Sacerdócio de Cristo , e recebem do seu poder a parte que a ele apraz dar-lhes. Tal participação é verdadeira, bem que limitada. Não é o próprio sacerdócio, mas o de Cristo que eles recebem e exercem. Eis porque muitos Padres da Igreja os chamam “vigários”, “embaixadores”, “representantes” e “ministros” de Cristo, o que significa que, quando eles ensinam, absolvem e oferecem o sacrifício, exercem as funções sacerdotais de Cristo.

11- A segunda observação a fazer é esta: Nosso Senhor exerce o seu sacerdócio no tempo e na eternidade, conforme a condição da sua Igreja. Assim, residindo atualmente no céu, “assentado à direita do trono da majestade divina”, é “nosso advogado intercedendo constantemente por nós”. E isto não é simples maneira de falar. Aquele que neste mundo, nos amou até a morte, continua agora, que está na glória de Deus, a amar-nos e a pensar em nós, e assiste-nos nos nossos combates. Advoga em nosso favor com as suas chagas, com a sua paixão e morte.

São João contemplou-o no meio do céu, na atitude de um “cordeiro que lá permanecia como que imolado”. A sua intercessão é realmente sacerdotal.

Além disso, Nosso Senhor exprime livremente a Deus os desejos de sua vontade humana e as preferências de sua santa alma, em favor de cada um de nós. Ele se preocupa com a nossa salvação.

12- Entretanto, segundo o ensino de Santo Tomás, embora possamos dizer que Jesus Cristo, enquanto homem , ora realmente por nós, não devemos dizer: “Cristo, orai por nós”, mas sim: “Cristo, atendei-nos” e isto porque a pessoa de Cristo é divina e, por conseguinte, a sua função não é orar, mas atender, e também porque o emprego desta expressão poderia levar os ignorantes à heresia ariana ou à de Nestorio. (S.Tomás, in IV, Sent., dist. 15). – Suarez, porém, acrescenta que, se distinguirmos claramente a natureza humana da divina, poderemos “legitimamente e sem impropriedade de termos” pedir à natureza humana de Cristo que ore por nós. Santo Afonso de Liguori, numa passagem cujo sentido é claríssimo, diz o seguinte: “Vós orastes por mim, e eu vos suplico que não deixeis mais esta vossa oração; sei que mesmo no céu, continuais a ser o nosso advogado; continuai, pois, a orar; mas, oh! Jesus, orai mui particularmente por mim”. (Da Encarn., p. 102). A Igreja, aliás, faz apelo à sua intercessão sempre que diz: “Por Jesus Cristo Nosso Senhor”.

13- Demais, sendo sacerdote para sempre, isto é, por toda a duração dos tempos segundo a ordem de Melchisedech, deve Nosso Senhor estar sempre a oferecer, d'uma ou d'outra maneira, o sacrifício de que o de Melchisedech fora figura. Melchisedech ofereceu, em sacrifício, pão e vinho. Cristo deve, pois, oferecer, no decorrer dos tempos, um sacrifício, sob as aparências de pão e de vinho. É o que ora faz, como veremos no capítulo seguinte.

Enfim, não cremos que o sacrifício de Cristo haja de desaparecer no último dia do mundo. Quando este mundo tiver passado e “todas as coisas houverem sido submetidas a Cristo”, ele continuará a oferecer a Deus, durante toda a eternidade em oblação perfeita, a si próprio, na sua natureza humana, e a nós que somos o seu corpo místico, “afim de que Deus seja tudo em todos”. (Cor., XV, 28).

A felicidade que nos espera nessa união de louvores e de ação de graças, com Nosso Senhor, é atualmente incompreensível.

Como ele mesmo diz: “Nesse dia conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós”. (João, XIV, 20). Mas aqui, na terra, tais coisas não podem ser bem explicadas nem bem compreendidas.

“Quando virdes o padre oferecendo o santo sacrifício, diz São João Crisostomo, não considereis o padre como sendo o celebrante, mas vede a mão de Cristo estendida invisivelmente".

CAPITULO III

Jesus Cristo, principal sacerdote da Missa

Se bem compreendestes o capítulo precedente, não vos será difícil tirar a seguinte conclusão: Jesus Cristo é o principal sacerdote do sacrifício da Missa.

É o sacerdote principal, o principal sacrificador da Missa, não só porque a instituiu, não só porque o valor, poder e graça desse sacrifício dele provêm e dele unicamente dependem, mas ainda por ser ele o único perfeita e absolutamente capaz de oferecê-la.

Duas coisas são necessárias para se exercer perfeitamente o múnus sacerdotal: primeiro, que o ato da imolação esteja bem no poder do sacerdote, dependendo da sua vontade, e, depois, que o sacerdote ofereça o sacrifício a Deus, após ter sido legitimamente delegado para tal fim.

Na Missa, o ato de imolação ou consagração requer o exercício do poder divino. É um milagre que excede a todo poder humano e criado. Aprouve a Deus servir-se da humanidade sagrada do Eterno Filho como de um instrumento, para realizar esse milagre estupendo, tornando assim a Jesus Cristo na sua humanidade, um sacerdote sacrificador, até o fim dos séculos.

Desse modo, Cristo é o principal sacerdote, embora tenha-se dignado associar a si, como sacerdotes secundários e ministros, os apóstolos e seus sucessores.

Assim agiu para que o seu sacrifício pudesse ser sempre visível e “tal como o exige a natureza do homem”, “o próprio Cristo como ensina o Concílio de Trento, oferecendo agora o seu sacrifício por intermédio dos sacerdotes".

É, pois, com muita razão que as palavras da consagração se pronunciam em nome de Cristo, uma vez que é ele o principal sacrificador, e não, em nome do sacrificador secundário, que só age como representante oficial de Cristo.

Diz Suarez que, quando o celebrante pronuncia as palavras da consagração, a Humanidade sagrada de Nosso Senhor, por um concurso atual e físico, opera o milagre sublime chamado transubstanciação.

2.- Declaram os padres que, por justo título, Cristo é chamado “Sacerdote Eterno” por ter tomado o compromisso de oferecer sempre o sacrifício da Missa.

São Paulo, mostrando aos hebreus a diferença entre o sacerdócio do Antigo e “o do Novo Testamento”, diz que, na antiga lei, havia muitos sacerdotes oferecendo um grande número de sacrifícios, ao passo que, na nova, só há um sacerdote e um só sacrifício e que esse sacerdote único é “o sacerdote para sempre”, não tendo sucessor, mas unicamente representantes. Esse sacerdote é Jesus Cristo.

Por isso ensina São Paulo que uma das notas características da nova lei consiste em continuar o mesmo Cristo a agir como sacerdote principal, embora associando ao seu sacerdócio agentes secundários.

A diferença que estabelece entre a pluralidade de sacerdotes, na antiga lei, e o único sacerdote da lei nova, focaliza muito bem a doutrina católica relativa à Missa, doutrina segundo a qual nós só temos um sacrifício e um só sacerdote principal que é Jesus Cristo.

O concílio de Trento (sessão XXII) declara também que o valor do sacrifício do altar “jamais poderá ser alterado pela malícia ou indignidade dos que o oferecem”. É evidente o motivo. É que o Cristo e não outro é que é o sacrificador principal e o sacerdote da Missa.

A aceitação dos sacrifícios por Deus sempre dependeu do mérito do principal sacrificador. Deus, na antiga lei, muitas vezes “detestou e aborreceu” os sacrifícios oferecidos pelos sacerdotes judeus, por causa da indignidade deles, o que não pode suceder na nova lei, pois que o Cristo, e não um pecador, é que é o principal sacrificador da Missa.

“Cristo, diz Santo Agostinho, é o sacrificador e também a vítima”. “Quando virdes o padre oferecendo o santo sacrifício, diz São João Crisostomo, não considereis o padre como sendo o celebrante, mas vede a mão de Cristo estendida invisivelmente”. (Hom.de Prod, Jud.)

O sábio Alcuino, no século VIII, nada mais era do que o eco de toda a cristandade, quando escrevia na sua “Profissão de fé católica”:

“Apesar de ver, com os meus olhos de carne, o padre oferecendo no altar de Deus, o pão e o vinho, com o olhar da fé e na pura luz da alma, vejo distintamente a esse Sumo Sacerdote e verdadeiro Pontífice, o Senhor Jesus, oferecendo-se a si mesmo. Eis, com toda a certeza, o sacerdote e o sacrifício. A vítima redentora, por conseguinte, em tempo nenhum e em nenhum lugar, foi diminuída, aumentada, amesquinhada, nem mudada, quer tenha sido o padre oficiante um santo ou um indigno. (Opp., ap. Migne. P. 1887) .

3.- Na coleção das revelações de Santa Gertrudes, acha-se a narrativa de uma admirável visão: a Santa percebeu Nosso Senhor celebrando a Missa. Deus, a pouco tempo, parece ter dado uma brilhante prova do seu amor a uma pobre costureira da diocese de Rochelle, Maria Eustelle Harpain. As suas cartas foram reunidas pelo piedoso cardeal Villecourt e publicadas, conforme desejo manifestado por ele, antes de morrer.

Diz ela numa dessas cartas, que, meditando na grandeza do sacrifício que era oferecido na sua presença, viu o próprio Jesus no lugar do padre, oferecendo a Deus com grande majestade, a vítima sagrada. E a vítima era ele mesmo.

“Um Deus oferecendo-se a si mesmo a um Deus, exclama ela, que sacrifício! O meu espírito é incapaz de compreender toda a sua grandeza. Foi sobretudo no momento da consagração, que o meu espírito possuído de respeito e amor. À vista desse Homem-Deus consagrando a sua própria Carne e o seu próprio Sangue encheu-me de alegria e de felicidade. Com que avidez não suspirei pelo momento em que o esposo de minh'alma viria a dar-me o Pão dos anjos! Ele mesmo dando-se a si mesmo a mim! Vi dois espíritos celestes servindo-o, durante o santo sacrifício”.

4.- Não vos deixeis enganar pelos sentidos, não julgueis que o celebrante, cujo nome, voz e fisionomia conheceis, seja o principal sacerdote a oferecer o sacrifício. Há alguém que vos vê, embora não o vejais, que vos ouve, embora não o ouçais, e que realiza um ato pessoal. Não é um representante, nem um instrumento inanimado da Divindade, mas oferece o sacrifício com pleno conhecimento humano, servindo-se da sua inteligência e vontade humanas. E oferece-o à Santíssima Trindade sem distrações, sem esforço, sem fadiga.

Quando alguém consegue compreender bem esta verdade capital, isto é, que Jesus Cristo, no altar, é o principal sacerdote, desaparecem todas as dificuldades e a fé torna-se fácil. O nascimento, a vida, a morte e a ressurreição de Cristo provam que os milagres de amor, longe de serem exceções, são alei essencial do seu ser.



Continuando a transcrição do livro “O Santo Sacrifício da Missa” – Cardeal Vaughan – Arcebispo de Westminster.

"A sua presença, como sacerdote, na Missa, é um maravilhoso ato de amor. Eis, porém, um abismo de amor ainda mais profundo: na Missa, ele não somente é o sacerdote, mas ainda a vítima."

CAPITULO IV

A vítima divina da Missa

Se pessoa fidedigna garantisse que Jesus Cristo vos espera em tal lugar, a tal distância da vossa casa, com que alegria, com que esperança e ardor não correreis ao seu encontro! Levantar meia hora mais cedo, antecipar a refeição da manhã, não perder tempo, parecer-vos-iam mui pouca coisa comparada com semelhante felicidade. Nada vos custaria para poder estar junto a ele, na hora determinada.

Entretanto, sabeis que diariamente ele oferece por vós o adorável sacrifício da Missa, o que, salvo caso de impossibilidade deveria levar-vos, todos os dias, a esse sacrifício. Para isso, devereis considerar como nonada (sic), qualquer inconveniente leve, qualquer pequena privação.

A sua presença, como sacerdote, na Missa, é um maravilhoso ato de amor. Eis, porém, um abismo de amor ainda mais profundo: na Missa, ele não somente é o sacerdote, mas ainda a vítima.

“Quem é o sacerdote, diz Santo Agostinho, senão o que entrou no santo dos santos? Quem, senão o que foi, ao mesmo tempo, vítima e sacerdote? Quem senão o sacerdote que, nada achando, neste vasto mundo, que fosse bastante puro e imaculado para oferecê-lo em sacrifício a Deus, ofereceu-se a si mesmo?” (In. Ps., CXXXII e XXVI)
Oh! Meu Deus! Por não terdes encontrado, na criação, coisa alguma que pudesse prestar à majestade divina a devida adoração, por não terdes encontrado coisa alguma que pudesse satisfazer à justiça divina pelos nossos pecados, vítima humana capaz de pagar o preço da nossa redenção, assumistes uma natureza humana e vos oferecestes a vós mesmo!

“Não quisestes sacrifício nem oblação (vítimas terrenas), porém me formastes um corpo. Então eu disse: eis-me”. (Heb., X,6) . Será possível imaginar prova mais evidente de sincero e generoso amor?

Talvez me pergunteis agora: mas como, de que modo é que Jesus Cristo se torna vítima na Missa? Para tal compreender devidamente, mister se faz lembrar que Nosso Senhor tem dois modos diferentes de existência.

O modo natural de existência no céu , onde todos os traços e faculdades do seu Corpo sagrado e da sua Alma são glorificados aos olhares dos eleitos. A indescritível luz de glória que emana da humanidade de Cristo é tal que a cidade celeste não tem necessidade de sol nem de astro algum para iluminá-la. O Cordeiro é a sua luzerna. (Apoc., XXI) .


Contemplá-lo na sua glória, falar-lhe, estar unido a ele, é para os bemaventurados:

Imensa alegria, júbilo inefável,

Vida sem fim, paz e amor,

Riqueza inesgotável e felicidade imensa

(Dante, Paraíso , canto XXVII).

Mas ele possui também um segundo modo de existência inventada pelos inesgotáveis recursos do seu amor. É o modo de existência chamado sacramental . A palavra hóstia sagrada no sentido literal, quer dizer vítima sagrada, o que define admiravelmente o novo estado de Nosso Senhor.

Para a realização do sacrifício não é necessário que a vítima seja destruída fisicamente ou realmente imolada. Basta uma mudança no seu estado, mudança que leve a reconhecer o absoluto poder e o supremo domínio de Deus, mudança que, segundo o comum parecer dos homens, possa ser considerada como equivalente à destruição.

Ora, em virtude das palavras da consagração, Cristo, tanto na sua natureza humana como na divina, se acha real e substancialmente presente no altar, como vítima, numa forma de alimento . “Ainda que pela consagração, diz de Lugo, Cristo não seja destruído substancialmente , é todavia destruído na medida do possível , por se colocar num estado inferior, estado que lhe torna impossíveis as propriedades naturais do corpo humano e o torna capaz de ser empregado em usos diversos, sob a forma de alimento. E tal mudança basta para constituir um verdadeiro sacrifício.”

Neste estado, Cristo adora, agradece à Santíssima Trindade e oferece-se a si mesmo a Deus pela remissão de nossos pecados. Ser colocado em tal condição, é estar colocado num estado e condição de vítima.

Em semelhante modo de existência , torna-se-lhe naturalmente impossível caminhar, mover-se, falar, soltar um brado ou manifestar a sua humanidade, ainda da menor maneira. Acha-se colocado, por assim dizer, num estado de completa dependência, de sorte a podermos fazer dele o que quisermos.
Podemos oferecer-lhe o nosso amor, as nossas homenagens, adorá-lo com milhares de santos e anjos, ou, então tratá-lo com fria indiferença, dele zombar até, blasfemando com os judeus e os demônios.

Não é preciso, diz Lessius, que uma vítima nos seja, por si mesma, visível aos sentidos, uma vez que seja oferecida a Deus, a quem nada é oculto. Basta que se nos tenha tornado perceptível aos sentidos por meio de outra coisa em que exista, de sorte a podermos conhecer o que, sob esta, se acha oculto e sermos capazes de apreendê-la . (De Perfect. div. lib. 12).

E assim, como diz Franzelin, o primogênito de toda criatura, o chefe da Igreja, aquele que tem a primazia (Col., I) entra num novo modo de existência, sob as aparências de pão e de vinho, de maneira a ser reduzido ao estado de alimento e de bebida. Daí, Jesus Cristo, como Vítima , presta verdadeiramente homenagem ao supremo domínio de Deus, proclamando a absoluta dependência de todas as criaturas de quem é o “primogênito e o chefe.”

Não vades crer, entretanto, que Nosso Senhor esteja, na Sagrada Hóstia, inativo ou sem vida. Não, aí é ele realmente uma vítima e vítima viva .

“Sobretudo, escreve o P. Dalgairns no seu livro sobre a Santa Comunhão , convençamo-nos bem de que, no Santíssimo Sacramento, Jesus está vivo.

“Quando se considera todos os graus do maravilhoso reino da vida, desde o mais ínfimo corpuscolo oculto no fundo dos mares, até à vida gloriosa de Maria, até Deus eternamente vivo, não se encontra vida mais poderosa do que a que se acha no pequeno circulo da Hóstia.

“Aí se acha, primeiro, a vida eterna e imutável de Deus, Padre, Filho e Espírito Santo, com todas as operações necessárias de inteligência e de amor, e todos os atos livres relativos às criaturas.

“Depois, a vida de Jesus, o Verbo Eterno, unido à natureza humana por ele assumida. Encontra-se a visão beatífica e, ao lado desta, a vida também de Jesus, no que ela tem de continuamente variável, com numerosas alternativas de amor, de sentimento, de inteligência, as quais se lhe sucedem na alma, de nós dependem e correspondem ao que se passa no coração dos que assistem ao santo sacrifício.

“Cada sopro da nossa oração, cada aspiração do nosso coração, cada suspiro da nossa agonia agita o vasto oceano de amor que se encontra em Jesus, no Santíssimo Sacramento.

Oh! Vida maravilhosa de Jesus! Por mais espessos que sejam os véus que o ocultam aos nossos olhares, ele está sempre atento a tudo o que se passa em redor, de modo a perceber o mínimo desejo de quem o visita. O seu Coração escuta, exultante, os atos de amor que murmuramos. Está tão perfeitamente oculto que as tênues espécies, como um muro de diamante, o separam das criaturas, mas, ao mesmo tempo, tão acessível às nossas preces que o menor suspiro o atinge através desse véu.”

Os livros de espiritualidade notam sempre uma aproximação entre a Encarnação e o estado da vítima, na Missa.

Pela Encarnação, o Verbo que existia na majestade e na glória divina (2) aniquilou-se tomando o humilde estado de escravo, tornando-se semelhante aos homens e apresentando-se sob a forma de um homem. Nesta condição, sem abdicar do poder divino e sem sofrer nenhum apoucamento nem diminuição na sua glória celeste, humilhou-se até ao sacrifício da Cruz. (Phil., II) .


Dessa maneira, cada dia, na Missa, embora sempre subsistente na dupla natureza de perfeito Deus e perfeito Homem, vivendo eternamente na infinita bemaventurança do céu, sem perda nem diminuição de glória ou felicidade, nas duas naturezas divina e humana, ele se aniquila sob as espécies de pão e de vinho, e se humilha no altar, para sofrer, como vítima, uma morte mística.

É o mais estupendo dos milagres realizados neste mundo. É impossível crer nele sem crer na Encarnação de que ele é, de certo modo e sob uma outra forma, a continuação sobrenatural.

Notas:

(2) – Vulgata: Qui cum in forma Dei esset... exinanivit semetipsum, formam servi accipiens.- A palavra fórma não traduz o sentido do latim nem do original grego. A expressão traduzida por forma Dei, designa a natureza ou essência de Deus, de certo modo revestida dos seus atributos e da sua gloria e majestade.

"Depois de ter comido o Cordeiro pascal que, no Antigo Testamento, era a mais perfeita imagem de si mesmo, Nosso Senhor encerrou, por sua vez, os ritos e sacrifícios da antiga lei, instituindo, em seu lugar, o adorável sacrifício da nova lei, a que chamamos Missa."
CAPITULO V

Identidade entre o sacrifício da Missa e o da Cruz

Tem-se dito, muitas vezes, que a grande escola dos Santos é a contemplação da Paixão de Nosso Senhor. Fôra o assunto constante das meditações da Santíssima Virgem e ninguém poderá atingir um grau qualquer de santidade nem de união com Deus, se o seu espírito não se alimentar com a freqüente meditação da Paixão e Morte de Cristo.

Tal afirmação, pode, a princípio, parecer exagerada. É todavia, a pura verdade, verdade profunda que se vos tornará evidente quando, uma vez por todas, tiverdes admitido que a Missa foi instituída para perpétua comemoração e como representação da Paixão e Morte de Jesus Cristo.

Pode-se dizer que as três pessoas da Santíssima Trindade contemplam eternamente a Paixão e a Morte do Filho de Deus. A imagem glorificada da nossa redenção está sempre presente aos olhos dos bem-aventurados, ao mesmo tempo que é o tremendo sacrifício sempre, na Igreja, oferecido.

Como não fazer da paixão de Nosso Senhor o assunto das nossas meditações? Do espírito da Igreja, nem um só dia, nem uma hora sequer, ela se acha ausente, pois o santo sacrifício nunca deixa de ser oferecido cada manhã, por toda a terra. Como não deveriam estar intimamente unidas, no nosso espírito e no nosso coração, a sagrada Paixão e a santa Missa!

2.- Vimos, no capítulo precedente, como é que Nosso Senhor se torna a vítima do santo sacrifício. Resta-nos agora ver como é que a Missa é não só um sacrifício comemorativo do sacrifício da Cruz, mas ainda lhe é idêntico.

Antes de tudo, com relação ao tempo da sua celebração, é preciso notar que Nosso Senhor aproximou, quanto possível, o momento da instituição da Missa do de sua paixão e morte. Estas circunstancias de tempo e de lugar destinavam-se a manifestar a união das duas ações.

Depois de ter comido o Cordeiro pascal que, no Antigo Testamento, era a mais perfeita imagem de si mesmo, Nosso Senhor encerrou, por sua vez, os ritos e sacrifícios da antiga lei, instituindo, em seu lugar, o adorável sacrifício da nova lei, a que chamamos Missa.

Ouvi o tenro apelo que ele dirigiu aos apóstolos: “Desejei com ardente amor, celebrar esta páscoa convosco. Desejei por um termo às celebrações figurativas e, em seu lugar, instituí o incruento sacrifício do verdadeiro Cordeiro que apaga os pecados do mundo. Torrentes de sangue serão, dentro em breve, derramadas; por vós morrerei na Cruz. Antes, porém, de derramar lágrimas de sangue no monte das Oliveiras e de entrar na agonia da morte, faço desde já o meu último testamento. O que vos lego outra coisa não é senão eu mesmo. Sou o Pão descido do céu e quem o come viverá também em mim. Eis o sacrifício incruento da nova lei que será oferecido até a consumação dos séculos, para a remissão dos pecados, em memória dos sofrimentos e da morte que vou sofrer”.

Depois de ter instituído o adorável sacrifício da Eucaristia, no qual ele próprio é sacerdote e vítima, partiu logo para oferecer o mesmo sacrifício, dessa vez, de modo cruento, no Calvário.

3.- Fazem notar os Santos Padres que a semelhança especial entre o sacrifício da Missa e o da Cruz consiste no fato da dupla consagração que neste representa, de modo místico, a real separação entre o corpo e o sangue, ou, em outros termos, a morte real de Jesus Cristo, “servindo-se o sacerdote da palavra como de uma espada”, na expressão de São Gregório Nazianzeno.

De fato, debaixo de cada uma das duas espécies , é Nosso Senhor uma vítima perfeita, mas a dupla consagração é essencial ao sacrifício da Missa: foi assim que Nosso Senhor quis renovar misticamente a sua morte e relembrar a sua memória.

4.- Definiu o Concílio de Trento que o sacrifício da Missa é “ o mesmo ” que o do Calvário. É “ o mesmo ” porque há identidade numérica no principal sacerdote que oferece os dois sacrifícios e identidade numérica na vítima divina para sempre abençoada, que é oferecida. Assim, pois, em tudo o que é essencial ao sacrifício, isto é, quanto ao sacerdote e quanto à vítima, os dois sacrifícios são especificamente unum et idem, um só e o mesmo .

Diferem apenas em algumas particularidades. Primeiro, é diferente o modo de oferecê-los: um realizou-se com sofrimento e efusão material de sangue; o outro é oferecido, sem sofrimento e sem efusão de sangue.

Outra diferença: o da Cruz só foi oferecido uma vez; o outro, inúmeras vezes.

Terceiro, na Cruz, o sacerdote principal e a vítima foram visíveis aos olhos dos homens; na Missa, são invisíveis.

Quarto, há entretanto uma diferença e uma identidade no fim e no efeito desses dois sacrifícios. No da Cruz, o sacerdote adquiriu méritos infinitos e ofereceu a Deus uma satisfação e uma compensação suficiente para expiar os pecados de milhares de mundos. No sacrifício da Missa, o mesmo sacerdote já não adquire novos méritos nem oferece uma nova satisfação, mas concede e aplica às almas, na medida que lhes é conveniente e de que são capazes, os méritos e as satisfações adquiridas com a sua morte de cruz, méritos e satisfações que formam um tesouro inesgotável.

Eis como são essencialmente idênticos os dois sacrifícios, que apenas diferem em certos pontos de vista.

Quanto aos efeitos produzidos na alma, a santa Missa, num certo sentido, leva vantagem sobre o Calvário. De fato, dadas as mesmas disposições, é-nos mais proveitoso assistir diariamente ao santo sacrifício da Missa, do que termos estado presentes, no Calvário, uma só vez.

Eis a razão: na Missa, Jesus Cristo concede e aplica à nossa alma, de acordo com as nossas disposições, o que ele adquiriu, mas não concedeu, na Cruz. Fomos remidos na Cruz, mas, no altar, “é que ele completa a obra da nossa redenção.”

"Ah! Pobre filho, vem até mim, com o teu coração que sangra, vem ao sacrifício; para ti será um grande benefício. Provações, perdas, sofrimentos, pobreza, desonra, isolamento esgotaram-te a coragem? Apressa-te em ir ao santo sacrifício. Aí encontrarás aquele que foi considerado não como homem, mas como um verme. Ele sabe o que é sofrer, pois foi afligido com todas essas provas que, tão pesadamente, te esmagam. Doravante não estarás mais sozinho e sem amigo, porque o tens, a ele, que te falará ao coração e será a tua força, a tua consolação."

CAPITULO VI

A Missa é o ato central do culto

Não nos sentimos às vezes aborrecidos do mundo, aborrecidos também e, sobretudo, de nós mesmos? Oprimidos de pesares, esgotados pelas provações, arruinados quando menos o esperamos, privados de forças, reduzidos a sofrer sozinhos sem um amigo que nos console, não temos, lá um dia ou outro, suspirado pelo momento em que nos será dado estar ao lado de Nosso Senhor, felizes, tranqüilos, confortados e apoiando a nossa pobre cabeça no seu Sagrado Coração?

Oh! Se pudéssemos ir a ele diretamente, para contar-lhe os nossos sofrimentos e poder ele estender a sua mão, dizendo-nos: “Sê curado!”

Pois bem, na Missa, nós o possuímos, não em figura, como outrora Deus residia por detrás do véu do templo, mas substancialmente, pessoalmente, com todo o seu poder, com todo o seu amor misericordioso, oculto no transparente véu das espécies sacramentais.

Aos sentidos e à ciência humana esse véu é tão impenetrável como uma muralha de diamante; mas, para Nosso Senhor, é mais fino e tênue que o mais delgado fio, e Jesus Cristo chega-se para tão perto de nós quanto as próprias espécies.

Não é um conto, uma pintura ou uma história da sua vida que se acha diante de nós, no santo sacrifício. O homem-Deus aí se acha realmente, com todas as fases de sua vida, desde a Encarnação até o momento presente. É, a princípio, o Sacerdote Divino, no casto seio de Maria; é, depois, a criança que chora no presépio, o mestre ensinando aos discípulos como se deve orar, o pastor que se compadece das multidões sem guia, o médico a curar a alma da mulher apanhada em flagrante delito de pecado, e aliviando todas as enfermidades. Aí se acha ele e acha-se presente pessoalmente.

O bom pastor que aos ombros tomou os nossos males, os nossos sofrimentos, as nossas tristes faltas; o sacerdote que, como vítima, se ofereceu pelos nossos pecados pregando na Cruz, com o seu próprio corpo, a sentença de condenação lavrada contra nós; o mesmo corpo que foi sepultado, que ressuscitou dos mortos e subiu ao céu, a vida gloriosa que neste momento, ele tem na eternidade, tudo isso está presente e presente para o nosso bem. Que mais podeis desejar, senão vê-lo na sua glória?

2. – Abri os olhos da fé e contemplai-o no altar. Todos os altares do mundo formam um só altar; todas as vítimas, uma só vítima; Jesus Cristo é o único sacerdote principal, o “Catholicus Patris Sacerdos”. O mesmo sacerdote, a mesma vítima e o mesmo sacrifício do Calvário, sempre presentes no altar, neste templo grande como o mundo, que se chama a Igreja.

Vede que cena maravilhosa! Acima do altar, os céus abertos, a infinita majestade de Deus, a luz inacessível, o orvalho, as fontes e as torrentes inesgotáveis de graça que não cessam de correr, em ondas, para a terra. Maria e José, os apóstolos e os santos com multidões inumeráveis de espíritos bem-aventurados, adoram, louvam, bem-dizem e agradecem a Cristo, com hinos de uma suavidade inefável e encantadora, pelos dons que lhes fez e pelo admirável mistério do Calvário continuamente renovado. Toda a criação é devedora para com Nosso Senhor; não há um anjo sequer que de sua plenitude não tenha recebido a felicidade e a graça. Segundo o ensino de Santo Tomás, a plenitude da graça, em Cristo, é a causa de todas as graças concedidas a cada criatura inteligente. (In Joan. I, 16).

Aos pés do altar comprime-se a multidão dos fiéis, semelhantes a “esse grande número de enfermos, cegos, coxos, paralíticos que esperavam pelo movimento da água” (João, V); mas aqui, é mais do que um anjo o que essa multidão espera. Nós aí encontramos Marias Madalenas com os seus vergonhosos pecados, Simões Pedros de negações reiteradas, Nicodemos com os respectivos temores e covardias. Aqui, é o ladrão que se converte durante a oblação do sacrifício, Longuinho sustendo ainda a lança com que acaba de traspassar o Coração de Jesus; ali, é uma incontável multidão de “criaturas que, até o presente, gemem e sofrem com as dores do parto.”

Ah! Pobre filho, vem até mim, com o teu coração que sangra, vem ao sacrifício; para ti será um grande benefício. Provações, perdas, sofrimentos, pobreza, desonra, isolamento esgotaram-te a coragem? Apressa-te em ir ao santo sacrifício. Aí encontrarás aquele que foi considerado não como homem, mas como um verme. Ele sabe o que é sofrer, pois foi afligido com todas essas provas que, tão pesadamente, te esmagam. Doravante não estarás mais sozinho e sem amigo, porque o tens, a ele, que te falará ao coração e será a tua força, a tua consolação.

Vê como é terna a sua bondade. Não é no esplendor da sua glória nem no triunfo da sua vida eminente e sublime que ele se te revela, mas sim, como uma vítima e em sacrifício, sob aparências tão simples e em altar tão humilde quanto seja preciso para que a pobre humanidade sofredora, miserável e pecadora dele possa aproximar-se e dizer com toda a verdade: “Não temos um pontífice que não se possa compadecer das nossas fraquezas; pelo contrário, ele foi tentado como nós, em tudo, mas sem cometer o pecado”. (Heb., IV).

Podia Nosso Senhor desvendar aos teus olhos quadro mais maravilhoso, mostrando-te, assim, o que deves fazer? Podia, pobre filho da terra, impelir-te com mais humilde condescendência do seu amor, a vencer a tua tibieza, a tua frieza, a comparecer na sua presença, ao menos, uma vez por semana? Que felicidade não será, para ti, poder livrar-te aos seus pés, do teu fardo, e isso, todos os dias!

Vemos, enfim, ao redor de nós e tão longe quanto podem alcançar os nossos olhares, uma multidão de nações ignorantes, incrédulas, mergulhadas no mal; mas estes mesmos povos participam, ao menos indiretamente, dos frutos do sacrifício, porque nenhum dentre eles fica oculto aos olhos de Nosso Senhor e todos são chamados a ser membros da sua Igreja, a tomar parte no seu sacrifício e a conseguir a própria salvação. A Missa é oferecida “pro nostra totiusque mundi salute” , para salvação nossa e de todo o mundo.

Retirado do livro: “O Santo Sacrifício da Missa” – Cardeal Vaughan – Arcebispo de Westminster.

Deste livro de ouro do celebre cardeal Vaughan deveis extrair, como de uma mina de preciosidades, a matéria das vossas meditações de cada manhã.

Tradução por J. A. A. F. BAHIA oficinas Gráficas d'A Luva 1932

NIHIL OBSTAT.

Bahia, 5 de Outubro de 1932. P.E Amilcar Marques, Censor diœcesanus

IMPRIMA-SE

Bahia, 5 de Outubro de 1932. Mons. Appio, Vig. Geral

fonte:sinais dos tempos