sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O segredo da espiritualidade e oração de são João Paulo II

O segredo da espiritualidade e oração de são João Paulo II

Portrait by Zbigniewa Kotyłły (Seminary Church of Lublin)-wikimedia.

Nós o víamos orar de um modo muito diferente do nosso. Ele era como que pego pelo Senhor. Ele mergulhava no Senhor de modo que não existisse mais nada fora, somente Deus nele.

Dois pilares

Uma das características mais marcantes de São João Paulo II foi sua espiritualidade e vida de oração. Em alguns momentos-chave ele nos deu as pistas de um caminho de santidade construído em dois pilares: o Espírito Santo e Maria Santíssima.

Ele conta no livro escrito por André Frossard, Retrato de São João Paulo II, como começou a sua transformação para uma vida de maior intimidade com Deus:

“Dos 10 aos 12 anos eu fui coroinha, mas devo confessar que não era muito zeloso. Minha mãe já havia morrido… Meu pai, percebendo minha indisciplina, disse um dia: ‘Você não é um bom coroinha. Não está orando o suficiente ao Espírito Santo. Você deve orar a Ele’. 

Ele então me mostrou uma oração. (…) nunca mais esqueci. Foi uma lição espiritual importante, mais duradoura e mais forte do que qualquer coisa que eu pudesse aprender lendo ou ensinando. Com que convicção o Pai falou comigo! Ainda posso ouvir sua voz hoje”.

Além disso, o papa contou por ocasião do encontro com a RCC (Renovação Carismática Católica), que por esta mesma época, ele enfrentava dificuldade com Matemática. Seu pai lhe indicou um livro e apontou uma oração que desde então rezava todos os dias até o último dia de sua vida: o Veni Creator (Vem Espírito Santo Criador).

“A situação no mundo é perigosa demais, muito perigosa”, disse e advertiu do perigo do materialismo, que “é a negação do espiritual e, por isso, precisamos” da ação do Espírito Santo.

Graças ao Espírito Santo, indicou, “começamos a viver novamente, encontramos a nós mesmos, nossa identidade, toda nossa humanidade”.

Vida entregue à Mãe do Céu

Já seu amor por Maria cresceu ainda na adolescência, em especial pela devoção à Nossa Senhora do Carmo.

“Eu próprio recebi muitos favores deste lugar (Monte Carmelo), pelos quais hoje agradeço a Deus. Uso o escapulário até hoje, pois o recebi dos padres carmelitas quando tinha mais ou menos 12 anos.”

Sua consagração definitiva a Maria aconteceu em 1958, quando se tornou arcebispo de Cracóvia, colocando em seu brasão papal mais tarde o lema “Totus tuus”:

Consagrar-se a Maria Santíssima significa recorrer ao seu auxílio e oferecermo-nos a nós mesmos e oferecer a humanidade Àquele que é Santo, infinitamente Santo; valer-se do seu auxílio – recorrendo ao seu Coração de Mãe aberto junto da Cruz ao amor para com todos os homens e para com o mundo inteiro – para oferecer o mundo, e o homem, e a humanidade, e todas as nações Àquele que é infinitamente Santo”.

Ele revelou certa vez que havia consagrado sua vida a Jesus pelas mãos de Maria na fórmula proposta no Tratado de Verdadeira devoção à Santíssima Virgem, de São Luiz Maria G. de Monfort.

“Como se sabe, no meu brasão episcopal, que é a ilustração simbólica do texto evangélico acima citado (Jo 19, 25-27), o mote Totus tuus está inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort (cf. Dom e mistério, págs. 38-39: Rosarium Virginis Mariae, 15). 

Estas duas palavras exprimem a pertença total a Jesus por meio de Maria: ‘Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt’, escreve São Luís Maria; e traduz: ‘Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence, meu amável Jesus, por meio de Maria, tua Santa Mãe’ (Tratado sobre a verdadeira devoção, 233). 

A doutrina deste Santo exerceu uma profunda influência sobre a devoção mariana de muitos fiéis e sobre a minha própria vida. Trata-se de uma doutrina vivida, de grande profundidade ascética e mística, expressa com um estilo vivo e fervoroso, que usa com frequência imagens e símbolos. 

A partir do tempo em que São Luís Maria viveu, a teologia mariana contudo desenvolveu-se muito, sobretudo mediante o contributo decisivo do Concílio Vaticano II” (Carta às Famílias Monfortinas sobre a doutrina de seu fundador, 2004).

A diferença era notada por quem estava bem perto de São João Paulo II. O cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário pessoal de João Paulo II, numa entrevista revelou:

Nós o víamos orar de um modo muito diferente do nosso. Ele era como que pego pelo Senhor. Ele mergulhava no Senhor de modo que não existisse mais nada fora, somente Deus nele. Como sacerdote era um homem de muita oração e contemplação”.

Pe. Paulo Ricardo partilha no seu vídeo da homilia diária que São João Paulo II, em suas viagens apostólicas, ao mesmo tempo que com uma mão saudava as pessoas, com a outra estava sempre a segurar o terço para retomar a oração assim possível.

Breve biografia

João Paulo II, nascido Karol Józef Wojtyła (18 de Maio de 1920 – 2 de Abril de 2005), foi papa de 16 de Outubro de 1978 até a sua morte. Teve o terceiro maior pontificado documentado da história. Foi o único Papa eslavo e polaco até a sua morte, e o primeiro Papa não-italiano desde o holandês Adriano VI em 1522.

João Paulo II foi aclamado como um dos líderes mais influentes do século XX. Teve um papel fundamental para o fim do regime comunista na Polônia e talvez em toda a Europa, bem como importância significante na melhora das relações da Igreja Católica com o judaísmo, o islão e as igrejas ortodoxas e protestantes.

Foi um dos líderes que mais viajou na história, tendo visitado 129 países durante o seu pontificado. Sabia falar muitíssimos idiomas.

Como parte de sua ênfase especial na vocação universal à santidade, beatificou 1.340 pessoas e canonizou 483 santos, quantidade maior que todos os seus predecessores juntos pelos cinco séculos passados. Em 2 de Abril de 2005, faleceu devido a sua saúde frágil e o agravamento da doença de Parkinson.

Em 19 de Dezembro de 2009, João Paulo II foi proclamado “Venerável” pelo seu sucessor papal, o Papa Bento XVI. Foi proclamado Beato em 1 de Maio de 2011.

Foi canonizado em 27 de abril de 2014, pelo Papa Francisco.

Com informações de:

Padre Paulo Ricardo