A beleza da liturgia, manifestações da presença real de Cristo.
A celebração do mistério pascal leva homens e mulheres a participar da liturgia. É um momento privilegiado em que a assembleia celebrante se encontro com Deus e faz a experiência de manifestação da presença real de Cristo. Todavia, a celebração litúrgica se dá e só pode ser realizada a partir de sinais sensíveis que significam e realizam realidades divinas. Esta sacramentalidade da liturgia se torna perceptível graças à fé da assembleia celebrante. Os sinais sensíveis tornam-se símbolos que possibilitam a actualização do mistério pascal de Cristo em cada ação litúrgica.
Para que a acção litúrgica seja agradável à assembleia e permita alcançar a finalidade da liturgia-que é glória de Deus e a santificação dos fiéis, os sinais litúrgicos precisam ser belos. Esta beleza dos sinais litúrgicos simboliza a beleza divina. Assim a beleza sensível se torna via do encontro entre o humano e o divino. Na liturgia, a beleza não pode ser desprezada porque por ela, a assembleia participante pode facilmente perceber a manifestação da presença real de Cristo e fazer a experiência com a mesma.
Perceber a manifestação da presença real de Cristo é um processo que envolve o liturgo com todo o seu ser. Com efeito, os sentidos (audição, visão, tacto, paladar e olfacto) captam a beleza dos sinais litúrgicos, transformando-a em uma outra beleza que não é sensível, mas divina, Deus no seu esplendor. Daí, a assembleia faz a experiência de Deus, adora-o, contempla-o e se deixa transformar.
Devido a importância da beleza para a liturgia e a vida cristã, precisamos promovê-la a partir da formação teológica, bíblico-litúrgica. A formação deve ser destinada a todo cristão, mas de modo especial aos que têm maior envolvimento com a liturgia ( Bispos, presbíteros, diáconos, seminaristas, equipes de liturgia e artistas sacros).
Conhecendo o valor da beleza, o cristão será levado a celebrar uma liturgia bela e por ela, ele poderá facilmente perceber os sinais de presença de Deus e encontrar-se com ele. Assim, pela beleza se chegará também à salvação.
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)