Tendo nascido a 20 de Fevereiro de 1920, em São Nicolau, Cabeceiras de Basto, o P. Leite entrou na Companhia de Jesus a 7 de Setembro de 1937, em Alpendurada, e foi ordenado sacerdote a 15 de Julho de 1951, em Chieri, Turim, Itália.
Viveu toda a sua vida dedicado ao serviço do Apostolado da Oração, primeiro entre 1945 e 1948, e, depois, de 1953 até à sua morte. Foi, durante mais de 60 anos, Director da revista Cruzada, a sua “grande obra”, que recebeu com cerca de 2500 assinantes e que levou até cerca de 130.000. Hoje, a Cruzada tem 90 mil assinantes. Foi também director do Jornal Clarim e dos “Bilhetes Mensais” (Oração e Vida) e assumiu o cargo de Secretário Nacional durante vários anos.
Escreveu algumas dezenas de livros e opúsculos, sobretudo sobre a Mensagem de Fátima, de que era um apaixonado. Os seus livros sobre a Jacinta e sobre o Francisco já tiveram seis edições. Com que encanto acompanhou, durante anos, a peregrinação das crianças a Fátima, no dia 10 de Junho! E como vivia entusiasmado pelo Movimento da Cruzada Eucarística, de que era Assistente Nacional e Diocesano!
Escreveu, sem dúvida, milhares de artigos, quer nas revistas que dirigiu, quer em muitos jornais e revistas, procurando dar sempre um conteúdo espiritual, teológico, bíblico a tudo quanto escrevia. Foi ele que assumiu as últimas edições do pequeno livro Dia Santificado, com 25 edições, num total de três milhões de exemplares.
Durante 17 anos, foi Director Espiritual dos Seminários Diocesanos de Braga, onde era admirado pela sua profunda piedade, zelo apostólico e dedicação. Durante cerca de 40 anos, assumiu o cargo de Assistente Religioso da Congregação Mariana dos Homens, onde desenvolveu um notável apostolado, quer no aconselhamento espiritual, quer na administração do sacramento da Reconciliação.
A sua vida teve sempre um pendor social. Por isso se dedicou de alma e coração aos reclusos, como Capelão do Estabelecimento Prisional de Braga, cerca de 20 anos, tendo recebido do então Director uma carta em que se teciam os maiores elogios à sua acção junto dos presos e das suas famílias. Esse trabalho era acompanhado pela sua solicitude com os pobres e os mais necessitados, os seus amigos “das Palhotas”, Av. Artur Soares, e muitos outros, mesmo assinantes das revistas, a quem nunca deixava de ajudar e, sempre que possível, distribuir a sua oferta generosa. Todo este imenso e longo trabalho – viveu em Braga, no Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, mais de 60 anos – mereceu-lhe, aquando dos 900 anos da Catedral de Braga, ser agraciado com uma comenda por parte do Santo Padre, como testemunho de gratidão e louvor pelos seus méritos, dedicação e generoso trabalho.
O mais importante, porém, foi a sua exemplar vida sacerdotal e religiosa. Verdadeiro “homem de Deus”, de muita oração e profunda vida espiritual, penitente e orante, com uma particular devoção a Jesus Eucaristia e a Nossa Senhora. Víamo-lo muito na capela adorando, louvando e reparando. Durante muitos anos, fez todos os dias a Via-Sacra e, além das suas outras obrigações, como meditação, Oficio Divino, etc., rezava o rosário todos os dias.
Desta vida orante, mergulhada em Deus, lhe vinha uma dimensão interior grande como confessor, conselheiro, director espiritual. Era incansável no exercício do seu ministério pastoral. Feliz coincidência, o P. Fernando Leite, santo e devoto sacerdote, apóstolo incansável, ter partido para a Casa do Pai no Ano Sacerdotal. Devemos-lhe muito. É grande a nossa estima e gratidão. Rezamos por ele, mas contamos com a sua intercessão no Céu.
Dário Pedroso, S.J., Secretário Nacional do Apostolado da Oração