- Monsenhor Bux, qual é a sua ideia da liturgia?
- Confesso-lhe que a pergunta não me convence. A liturgia não deve gostar-me a mim, a Fulano ou a Mingando ... A liturgia é um Ofício Divino que responde às leis da Igreja e da qual ninguém pode apoderar-se.
-Que representa a Santa Missa?
- Seria fácil dizer "dom e mistério". Mas não basta. A missa é também busca de um diálogo íntimo com Deus. A fim de O glorificar. Por isso, o celebrante deverá aproximar-se da Eucaristia com humildade, devidamente preparado e com o espírito adequado. O ministro deve evitar invenções, as extravagâncias, as mudanças não autorizadas nas orações ... Enfim não deve inventar nada, porque tudo já está escrito.
- É frequente ouvir dizer "vou a missa dez da manhã porque o padre fala bem" ...
-Compreendo que todos possam ter as suas simpatias. É natural. Mas o centro da acção litúrgica é o sacrifício de Cristo. Portanto, o papel do ministro é secundário. Em suma, o celebrante serve como um instrumento de mediação ,é mediador entre os fiéis e Deus. É por isso que não deve buscar uma actuação, como protagonista com atitudes teatrais. Se o fizesse, desvalorizaria a sobriedade da Missa ...
- Existem alguns abusos litúrgicos?
-Certamente. Por exemplo, os aplausos durante a missa, algumas canções cortina de fumaça e assim por diante ... Mas o que importa é sobretudo compreender a razão por que os abusos acontecem ...
- As causas ...
-Exactamente. Fazendo meu um dito que não é precisamente Curial diria que todos querem ser generais mas não temos que simples soldados ... Na prática, após o Concílio Vaticano II, mas não por culpa do Concílio, mas de maus interpretes, pensou-se que tudo era lícito e permitido. Que a bela e saudável liturgia católica tinha sido abolida. E não era assim. O Vaticano II, também na chave litúrgica e não só teológica, deve ser lido em continuidade com o Magistério da Igreja.
-Gosta do Rito Tridentino?
- Eu não o defino assim, mas Rito Romano Antigo. Em qualquer caso, seria mais correcto, se queremos, chamá-lo de S. Gregório. São Pio V, cujo mérito não deve ser ignorado, realmente não inventou nada, mas reorganizou o existente, criando um belo Missal.
- Prefere o antigo ou o novo rito?
-Ambos, sempre e quando sejam celebrados com dignidade. Também o Missal de Paulo VI é belo, rico e agradável. São os disparates que o distorcem ... Repito: o que importa é o espírito do celebrante, bem como a necessidade de recuperar rapidamente o decoro da ars celebrandi.
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)