Papa Bento XVI
A Palavra de Deus deste domingo - o penúltimo do ano litúrgico - nos convida a estar vigilantes e activos, enquanto se aguarda o retorno do Senhor Jesus no fim dos tempos. O Evangelho diz a célebre parábola dos talentos, relatado por São Mateus (25:14-30). O "talento" era uma antiga moeda romana de grande valor, e justamente por causa da popularidade desta parábola tornou-se sinônimo de dote pessoal, que cada um é chamado a frutificar. Na verdade, o texto fala de "um homem que, partindo para uma viagem, chamou seus servos e entregou-lhes os seus bens" (Mt 25,14).
O homem da parábola é o próprio Cristo, os servos são os discípulos e os talentos são os dons que Deus lhes confia. Portanto, estes dons, para além das qualidades naturais, representam as riquezas que o Senhor Jesus nos deixou em herança, para que as façamos frutificar: a sua Palavra, depositada no Santo Evangelho,o Baptismo, que nos renova no Espírito Santo, a oração - o "Pai Nosso" - que elevamos a Deus como filhos unidos no Filho ; o seu perdão, que pediu para levarmos a todos; o Sacramento do seu Corpo imolado e do seu sangue derramado . Numa palavra: o Reino de Deus, que é Ele próprio , presente e vivo no meio de nós.
Este é o tesouro que Jesus confiou aos seus amigos, no final da sua breve existência terrena. A parábola de hoje insiste sobre a atitude interior em acolher e valorizar este dom. O medo é a atitude errada: o servo que tem medo de seu mestre e teme o seu regresso, esconde a moeda debaixo da terra e essa não produz nenhum fruto. Isto acontece, por exemplo, a quem tenha recebido o Baptismo, Comunhão, o Crisma enterra estes dons sob um manto de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus que paralisa a fé e as obras, de modo a trair as expectativas do Senhor.
Mas a parábola coloca uma ênfase maior sobre os bons frutos trazidos pelos discípulos que, felizes pelo dom recebido, não o esconderam com medo e inveja, mas fizeram-no frutificar, partilhando-o, participando-o. Sim, aquilo que Cristo nos deu é multiplicado doando-o! É um Tesouro feito para ser gasto, investido, partilhado com todos, como se ensina aquele grande administrador de talentos de Jesus que é o Apóstolo Paulo.
O ensinamento evangélico, que hoje a liturgia nos oferece, incidiu também no plano histórico-social, promovendo nas populações cristãs uma mentalidade activa e empreendedora. Mas a mensagem central diz respeito ao espírito de responsabilidade com que devemos acolher o Reino de Deus: responsabilidade diante de Deus e para com a humanidade. Encarna perfeitamente esta atitude do coração a Virgem Maria, que recebendo o mais valioso de todos os dons, o próprio Jesus, O ofereceu ao mundo, com grande amor. A Ela pedimos que nos ajude a ser " servos bons e fiéis " para que possamos participar um dia "na alegria de nosso Senhor."
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)