Padre Francisco Rodrigues da Cruz
chamado "Santo Padre Cruz"
Sacerdote do Patriarcado de Lisboa e depois da Companhia de Jesus, Francisco Rodrigues da Cruz nasceu em Alcochete, em 29 de Julho de 1859 e faleceu em Lisboa, em 1 de Outubro de 1948.
Foi, no seu tempo, o homem mais venerado em Portugal Continental e Insular, que, sobretudo nos últimos 25 anos, percorreu sem descanso, a fim de pregar e assistir espiritualmente presos e doentes.
Formado em teologia na universidade de Coimbra em 1880 e ordenado sacerdote em 1882, ensinou Filosofia no Seminário de Santarém e dirigiu o Colégio dos órfãos, em Braga, regressando depois à própria diocese, onde foi director espiritual do Seminário Menor (Farrobo e S. Vicente) e deu numerosos tríduos preparatórios das visitas pastorais.
Praticava fielmente o que inculcava aos sacerdotes: “A nossa missão é confessar enquanto se apresentam pecadores, pregar enquanto houver ouvintes, e rezar até já não se poder mais”.
Manteve e fomentou muito a piedade, converteu muitos pecadores. Da sua união com Deus vinha-lhe uma convicção, que impressionava profundamente.
Confessou e deu a primeira comunhão, em 1913, à Lúcia de Fátima, e em Junho ou Julho de 1917 rezou com ela e com os outros dois pastorinhos o terço, dizendo-lhes que não temessem pois era Nossa Senhora que lhes aparecia.
Desejando entrar na Companhia de Jesus, desde 1880, e várias vezes indeferido o seu pedido por falta de saúde, veio a conseguir, em 1929, de Pio XII, licença para fazer os votos religiosos à hora da morte; e, em 1940, de Pio XII, para os fazer imediatamente, sem noviciado. Pronunciou-os no Seminário da Costa, em Guimarães, a 3 de Dezembro de 1940, festa de S. Francisco Xavier de quem era devotíssimo; mas não ficou obrigado a residir em casas da Ordem.
O seu funeral foi verdadeira apoteose em Lisboa.
Contam-se factos extraordinários do Padre Cruz, em vida e depois da morte. Em Fevereiro de 1949, começou a publicar a Vice-Postulação da sua causa, de dois em dois meses, o Boletim Graças do P. Cruz, hoje com a tiragem de 27000 exemplares.
A 10 de Março de 1951 começou o processo informativo, em ordem à beatificação e canonização, finalmente entregue à Sagrada Congregação, nessa altura ainda chamada dos Ritos, em Roma, a 17 de Setembro de 1965. Os relatórios dos teólogos que examinaram os escritos, entregues em 1967, constam dum juízo sobre o P. Cruz: preocupação pastoral, zelo apostólico, ideia única de levar as almas a Deus; austeridade consigo, simplicidade, humildade, pobreza, resignação nos sofrimentos; sacrifício pelo bem do próximo, principalmente pobres e presos; suas virtudes; preocupação de fazer sempre a vontade de Deus; e as suas devoções para com a Eucaristia, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora. Os dois concluem ter o P. Cruz praticado as virtudes cristãs de modo fora do comum, isto durante 70 anos de sacerdócio. A 30 de Dezembro de 1971, na sessão ordinária da Sagrada Congregação para o Culto dos Santos, foi publicado o decreto de aprovação dos escritos do Servo de Deus, nada impedindo portanto seguir-se adiante a causa da sua beatificação
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)