- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
domingo, 31 de agosto de 2008
ENTREVISTA DE SUA EXCIA. MONS. ALBERT MALCOLM RANJITH, ARCEBISPO SECRETÁRIO DA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS.
SOBRE O MOTU PROPRIO DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI.
O Motu Proprio Summorum Pontificum é "também um sinal para toda a Igreja sobre alguns princípios teológico-disciplinares a salvaguardar tendo em vista uma sua profunda renovação, tão desejada pelo Concílio”.
Cidade do Vaticano (Agência Fides) – No dia 14 de Setembro entrou em vigor o Motu Proprio Summorum Pontificum promulgado pelo Papa Bento XVI, em 7 de Julho de 2007 e dedicado ao rito de São Pio V revisto, em 1962, pelo Papa João XXIII. Com o Motu Proprio (iniciativa promovida por quem tem poder para isso) volta a possibilidade de celebrar com o Missal Tridentino sem necessariamente ter que pedir permissão ao Bispo.
Com o Concílio Vaticano II e em particular com a reforma litúrgica de 1970, promovida pelo Papa Paulo VI, o antigo Missal fora substituído pelo novo e, ainda que não tivesse sido jamais abolido, os fiéis para utilizá-lo tinham que pedir a expressa permissão do Bispo. Uma permissão exigida por um outro Motu Proprio: o Ecclesia Dei afflicta firmado pelo Papa João Paulo II, em 2 de Julho de 1988.
Hoje, com o novo Motu Proprio, essa permissão não é mais necessária e qualquer "grupo estável" de fiéis pode livremente pedir ao próprio pároco a possibilidade de celebrar seguindo o antigo Missal. A Agência Fides, nesse sentido, dirigiu algumas perguntas a Sua Excia. Monsenhor Albert Malcolm Ranjith, Arcebispo Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
1. Excelência Reverendíssima, qual é, a seu ver o significado profundo do Motu Proprio Summorum Pontificum?
“Vejo nessa decisão não só a solicitude do Santo Padre em abrir caminho para a reentrada à plena comunhão da Igreja para os seguidores de Monsenhor Lefebvre, mas também um sinal para toda a Igreja sobre alguns princípios teológico-disciplinares a salvaguardar tendo em vista uma sua profunda renovação, tão desejada pelo Concílio.
Parece-me que há nisso um forte desejo do Papa para corrigir aquelas tentações, patentes em alguns ambientes, que vêem o Concílio como um momento de ruptura com o passado, e como um novo início. Basta recordar seu discurso à Cúria Romana, em 22 de Dezembro de 2005. De outro lado, nem o Concílio pensou, nesses termos. Seja em suas escolhas doutrinárias, seja nas litúrgicas, como também nas jurídicas-pastorais, o Concílio foi um outro momento de aprofundamento e de actualização da rica herança teológica-espiritual da Igreja na sua história bimilenar. Com o Motu Proprio, o Papa quis afirmar claramente que toda tentação de desprezo dessas veneráveis tradições está fora de lugar. A Mensagem é clara: progresso, sim, mas não às custas, ou sem a história. Também a reforma litúrgica deve ser fiel a tudo aquilo que aconteceu desde o início até hoje, sem exclusões.
Por outro lado, não devemos jamais esquecer que, para a Igreja Católica, a Revelação Divina não é algo proveniente apenas da Sagrada Escritura, mas também da Tradição viva da Igreja. Tal fé nos distingue nitidamente das outras manifestações da fé cristã. A verdade para nós é aquilo que emerge, por assim dizer, destes dois pólos, isto é, a Sagrada Escritura e a Tradição. Esta posição, para mim, é muito mais rica do que outras visões, porque respeita a liberdade do Senhor a guiar-nos em direção a uma compreensão mais adequada da verdade revelada também através daquilo que acontecerá no futuro.
Naturalmente, o processo de discernimento daquilo que emerge será atualizado através do Magistério da Igreja. Mas aquilo que devemos recolher é a importância atribuída à Tradição. A Constituição Dogmática Dei Verbum afirmou essa verdade claramente (DV 10).
Ademais, a Igreja é uma realidade que supera os níveis de uma pura invenção humana. Ela é o Corpo místico de Cristo, a Jerusalém celeste e a estirpe eleita de Deus. Ela, por isso, supera as fronteiras terrestres assim como toda limitação de tempo e é uma realidade que transcende de muito a sua manifestação terrestre e hierárquica. Por isso, nela, aquilo que é recebido, deverá ser transmitido fielmente. Nós não somos nem inventores da verdade, nem os seus donos, mas apenas aqueles que a recebem, e que têm o dever de protegê-la e transmiti-la aos outros. Como dizia São Paulo falando da Eucaristia: “Eu de fato recebi do Senhor aquilo que, por minha vez, vos transmiti” (1Cor 11, 23).
O respeito da Tradição não é, portanto, uma livre escolha nossa na busca da verdade, mas a sua base que deve ser aceita. Na Igreja, a fidelidade à Tradição, por isso, é uma atitude essencial da própria Igreja. O Motu Proprio, a meu ver, deve ser entendido também nesse sentido. Ele é um possível estímulo para uma necessária correção de rumo. De fato, em algumas escolhas da reforma litúrgica feita depois do Concílio, foram adoptadas orientações que ofuscaram alguns aspetos da Liturgia, melhor reflectida da prática precedente, porque, a renovação litúrgica foi entendida por alguns como algo a ser feito totalmente “ex novo” (do novo). Sabemos bem, porém, que tal não foi a intenção da Sacrosanctum Concilium, que destaca que “as novas formas, de qualquer modo, desabrocharão organicamente daquelas já existentes” (SC 23).
2. Uma característica do Pontificado de Bento XVI parece ser a insistência em torno de uma correta hermenêutica do Concílio Vaticano II. Segundo o Senhor, o Motu Proprio "Summorum Pontificum" vai nessa direcção? Se sim, em que sentido?
"Já quando era Cardeal, em seus escritos, o Papa havia rejeitado um certo espírito de exuberância visível em alguns círculos teológicos motivados por um assim chamado "espírito do Concílio" que para ele foi, na realidade, um verdadeiro "anti espírito" ou um "Konzils-Ungeist" (Relação sobre a Fé, São Paulo, 2005, capítulo 2). Cito textualmente tal obra na qual o Papa sublinha: "É preciso opor-se decisivamente a esse esquematismo de um antes e um depois na história da Igreja, totalmente injustificado pelos próprios documentos do Vaticano II, que não fazem senão reafirmar a continuidade do catolicismo" (ibid p. 33).
Ora, um tal erro de interpretação do Concílio e do caminho histórico-teológico da Igreja influiu sobre todos os setores eclesiásticos, inclusive na Liturgia. Uma certa atitude, de fácil rejeição dos desenvolvimentos eclesiológicos e teológicos, como também dos comportamentos litúrgicos do último milénio, de um lado, e uma ingénua idolização do que teria sido a “mens” da Igreja assim chamada dos primeiros cristãos, de outro lado, teve um influxo de não pouca importância sobre a reforma litúrgico-teológica da era pós conciliar.
A rejeição categórica da Missa pré-conciliar, como o resto de uma época já “superada”, foi o resultado dessa mentalidade. Tantos viram as coisas desse modo, mas, por graça de Deus, não por todos. A própria Sacrosanctum Concilium, a Constituição Conciliar sobre a Liturgia, não oferece nenhuma justificação para tal atitude. Seja em seus princípios gerais, seja em suas normas propostas, o Documento é sóbrio e fiel àquilo que significa a vida litúrgica da Igreja. Basta ler o número 23 do dito documento para sermos convencidos de tal espírito de sobriedade.
Algumas dessas reformas abandonaram importantes elementos da Liturgia com as relativas considerações teológicas: agora é necessário e importante recuperar esses elementos. O Papa, considera que o rito de São Pio V, revisto pelo Beato João XXIII, é um caminho para a recuperação daqueles elementos ofuscados pela reforma, o Papa deve certamente ter reflectido muito sobre sua escolha; sabemos que ele consultou diversos sectores da Igreja sobre tal questão e, não obstante algumas posições contrárias, o Papa decidiu permitir a livre celebração daquele Rito.
Tal decisão não é tanto, como dizem alguns, um retorno ao passado, quanto a necessidade de tornar a equilibrar de modo íntegro os aspetos eternos, transcendentes e celestiais com os terrestres e comunitários da Liturgia. Essa decisão ajudará a estabelecer eventualmente um equilíbrio também entre o sentido do sagrado e do mistério, de um lado, e o dos gestos externos e dos comportamentos e empenhos sócio-culturais derivantes da Liturgia”.
3. Quando ainda era Cardeal, Joseph Ratzinger insistia muito sobre a necessidade de ler o Concílio Vaticano II a partir de seu primeiro documento, isto é, da Sacrosanctum Concilium. Por que, conforme o Senhor, os Padres Conciliares quiseram dedicar-se antes de tudo à Liturgia?
“Antes de tudo, por trás dessa escolha, estava seguramente a consciência da importância vital da Liturgia para a Igreja. A Liturgia, por assim dizer, é o olho do furacão, porque aquilo que se celebra, é aquilo que se crê e aquilo que se vive: o famoso axioma Lex orandi, lex credendi. Por isso, toda verdadeira reforma da Igreja passa através da Liturgia. Os Padres estavam cônscios de tal importância. Ademais, a reforma litúrgica era um processo já em ação antes mesmo do Concílio a partir sobretudo do Motu Proprio Tra le Sollecitudini de São Pio X e da Mediator Dei de Pio XII.
Foi São Pio X que atribuiu à Liturgia a expressão “primeira fonte” do autêntico espírito cristão. Talvez já, também, a existência das estruturas e da experiência de quem se empenhava para o estudo e a introdução de algumas reformas litúrgicas, estimulava os Padres Conciliares a escolher a Liturgia como matéria a considerar como a primeira nas sessões do Concílio.
O Papa Paulo VI reflectia a mente dos Padres Conciliares sobre a questão, quando disse: “nós aí vemos o obséquio da escala dos valores e deveres: Deus em primeiro lugar; a oração primeira obrigação nossa; a Liturgia primeira fonte da vida divina comunicada a nós, primeira escola da nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos dar ao povo cristão…” (Paulo VI, Discurso de encerramento do 2° período do Concílio, 4 de Dezembro de 1963).
4. Muitos leram a publicação do Motu Proprio “Summorum Pontificum” como uma vontade do Pontífice para aproximar a Igreja dos cismáticos lefebvrianos. Segundo o senhor, foi isso mesmo? Vai também nesse sentido o Motu Proprio?
“Sim, mas não só assim. O Santo Padre explicando as motivações de sua decisão, seja no texto do Motu Proprio como na carta de apresentação escrita para os Bispos, elenca também outras razões importantes. Naturalmente, ele terá levado em conta o pedido sempre mais crescente, feito por diversos grupos e, sobretudo, pela Sociedade de São Pio X e a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, assim como também por Associações de Leigos, para a liberalização da Missa de São Pio V. Assegurar a integração total dos Lefebvrianos era importante também pelo fato de que muitas vezes, no passado, se cometeram erros de julgamento causando inúteis divisões na Igreja, divisões que agora se tornaram quase insuperáveis. O Papa fala desse possível perigo na carta de apresentação do Documento escrita aos Bispos.
5. Quais são, a seu ver as problemáticas mais urgentes para a justa celebração da Sagrada Liturgia? Quais as instâncias sobre as quais se deveria insistir mais?
Creio que nos crescentes pedidos para a liberalização da Missa de São Pio V, o Papa tenha visto sinais de um certo esvaziamento espiritual causado pelo modo com o qual os momentos litúrgicos, são até hoje celebrados na Igreja. Tal dificuldade nasce tanto de certas orientações da reforma litúrgica pós conciliar, que tendiam a reduzir, ou melhor ainda, a confundir aspectos essenciais da fé, quanto de comportamentos aventureiros e pouco fiéis à disciplina litúrgica da própria reforma; o que se constata por toda a parte.
Creio que uma das causas para o abandono de alguns elementos importantes, do rito tridentino na realização da reforma pós conciliar por parte de certos setores litúrgicos seja o resultado de um abandono ou de uma sub avaliação daquilo que teria acontecido no segundo milênio da história da Liturgia.
Alguns liturgistas viam os desenvolvimentos desse período de um modo antes negativo. Tal juízo é errôneo porque quando se fala da tradição viva da Igreja não se pode escolher aqui e acolá aquilo que concorda com nossas idéias pré concebidas.
A Tradição, considerada em um sentido geral também nos ambientes da ciência, filosofia, ou teologia, é sempre algo vivo que continua a se desenvolver e a progredir também nos momentos altos e baixos da história. Para a Igreja, a Tradição viva é uma das fontes da revelação divina e é fruto de um processo de evolução continua. Isso é verdade também na tradição litúrgica, com o “t” minúsculo.
Os desenvolvimentos da Liturgia no segundo milénio têm o seu valor. A Sacrosanctum Concilium não fala de um novo Rito, ou de um momento de ruptura, mas de uma reforma que surja organicamente daquilo que já existe. É por isso que o Papa diz: “na história da Liturgia há crescimento e progresso, mas não há nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, também para nós permanece sagrado e grande, e não pode ser improvisamente totalmente proibido ou, sem mais, considerado nocivo” (Carta aos Bispos, 7 de Julho de 2007). Idolatrar aquilo que aconteceu no primeiro Milénio, com prejuízo do que ocorreu em sucessivo, é, pois, uma atitude pouco científica. Os Padres Conciliares não mostraram um tal comportamento.
Uma segunda problemática seria aquela de uma crise de obediência para com o Santo Padre que se nota em alguns ambientes. Se tal atitude de autonomia é visível entre alguns eclesiásticos, como também nos níveis mais altos da Igreja, não favorece certamente à nobre missão que Cristo confiou a seu Vigário.
Ouve-se que, em algumas nações ou dioceses, foram promulgadas pelos Bispos regras que praticamente anulam ou deformam a intenção do Papa. Tal comportamento não é consoante com a dignidade e a nobreza da vocação de um pastor da Igreja. Não digo que todos sejam assim. A maioria dos Bispos e eclesiásticos aceitaram, com o devido sentido de reverência e de obediência, a vontade do Papa. Isso é verdadeiramente louvável. Entretanto, houve vozes de protesto por parte de alguns Bispos.
Ao mesmo tempo, não se pode ignorar que tal decisão foi necessária porque, como diz o Papa, a Santa Missa: “em muitos lugares se celebrava de modo fiel às prescrições do novo Missal, mas isso era, sem mais, entendido como uma autorização e até como uma obrigação para a criatividade, a qual leva frequentemente a deformações da liturgia até o limite do suportável”.
“Falo por experiência”, continua o Papa “porque vivi também eu aquele período com todas as suas expectativas e confusões e vi como pessoas que eram totalmente radicadas na Fé da Igreja, quão profundamente elas foram feridas pelas deformações arbitrárias da Liturgia,” (Carta aos Bispos). O resultado de tais abusos foi um crescente espírito de nostalgia para com a Missa de São Pio V.
Além disso, um sentido de desinteresse geral para ler e respeitar seja os documentos normativos da Santa Sede, como também as próprias Instruções e Premissas dos livros litúrgicos piorou ainda mais a situação. A Liturgia não parece ainda figurar suficientemente na lista das prioridades para os Cursos de Formação continua dos eclesiásticos.
Distingamos bem. A reforma pós conciliar não é de todo negativa; antes, há nela muitos aspectos positivos naquilo que foi realizado. Mas há também mudanças introduzidas abusivamente que continuam a ser levadas avante não obstante seus efeitos nocivos à fé e sobre a vida litúrgica da Igreja.
Falo aqui, por exemplo, de uma mudança efectuada na reforma, a qual não foi proposta nem pelos Padres Conciliares, nem pela Sacrosanctum Concilium, isto é, a comunhão recebida na mão. Isso contribuiu, de algum modo, para uma certa decadência da fé na Presença real de Cristo na Eucaristia.
Essa prática, e a abolição das balaustradas do presbitério, dos genuflexórios das igrejas e a introdução de práticas que obrigam os fiéis a ficar sentados ou de pé durante a elevação do Santíssimo Sacramento reduze, o genuíno significado da Eucaristia assim como o sentido da profunda adoração que a Igreja deve dirigir para o Senhor, o Unigênito Filho de Deus.
Além disso, a Igreja, casa de Deus, em alguns lugares é usada como sala para encontros fraternos, concertos ou celebrações inter-religiosas. Em algumas Igrejas , o Santíssimo Sacramento é quase escondido e abandonado em uma capelinha invisível e pouco decorada. Tudo isso obscurece a fé tão central da Igreja, na presença real de Cristo. Para nós católicos, a Igreja é essencialmente a casa do Eterno.
Outro sério erro é aquele de confundir os papéis específicos do clero e dos leigos com relação ao altar tornando o presbitério um lugar de perturbação, de excessivo movimento, e não certamente “o lugar” onde o cristão consegue colher o sentido de estupor e de esplendor ante a presença e a acção salvífica do Senhor.
O uso de danças, de instrumentos musicais e de cantos que têm bem pouco de litúrgico, não são de modo algum consoantes ao ambiente sagrado da Igreja e da Liturgia; acrescento também certas homilias de carácter político-social frequentemente pouco preparadas. Tudo isso desnatura a celebração da S. Missa e faz dela uma coreografia e uma manifestação de teatralidade, mas não de fé.
Há ainda outros aspectos pouco coerentes com a beleza e a maravilha daquilo que se celebra sobre o altar. Nem tudo vai mal com o Novus Ordo, mas muitas coisas ainda devem ser colocadas em ordem evitando ulteriores danos à vida da Igreja. Creio que nossa atitude com relação ao Papa, para com as suas decisões e a expressão de sua solicitude para o bem da Igreja deve ser somente aquela que São Paulo recomendou aos Coríntios - “mas tudo se faça para a edificação” (1Cor 14, 26). (P.L.R.) (Agência Fides 16/11/2007; 199
SOBRE O MOTU PROPRIO DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI.
O Motu Proprio Summorum Pontificum é "também um sinal para toda a Igreja sobre alguns princípios teológico-disciplinares a salvaguardar tendo em vista uma sua profunda renovação, tão desejada pelo Concílio”.
Cidade do Vaticano (Agência Fides) – No dia 14 de Setembro entrou em vigor o Motu Proprio Summorum Pontificum promulgado pelo Papa Bento XVI, em 7 de Julho de 2007 e dedicado ao rito de São Pio V revisto, em 1962, pelo Papa João XXIII. Com o Motu Proprio (iniciativa promovida por quem tem poder para isso) volta a possibilidade de celebrar com o Missal Tridentino sem necessariamente ter que pedir permissão ao Bispo.
Com o Concílio Vaticano II e em particular com a reforma litúrgica de 1970, promovida pelo Papa Paulo VI, o antigo Missal fora substituído pelo novo e, ainda que não tivesse sido jamais abolido, os fiéis para utilizá-lo tinham que pedir a expressa permissão do Bispo. Uma permissão exigida por um outro Motu Proprio: o Ecclesia Dei afflicta firmado pelo Papa João Paulo II, em 2 de Julho de 1988.
Hoje, com o novo Motu Proprio, essa permissão não é mais necessária e qualquer "grupo estável" de fiéis pode livremente pedir ao próprio pároco a possibilidade de celebrar seguindo o antigo Missal. A Agência Fides, nesse sentido, dirigiu algumas perguntas a Sua Excia. Monsenhor Albert Malcolm Ranjith, Arcebispo Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
1. Excelência Reverendíssima, qual é, a seu ver o significado profundo do Motu Proprio Summorum Pontificum?
“Vejo nessa decisão não só a solicitude do Santo Padre em abrir caminho para a reentrada à plena comunhão da Igreja para os seguidores de Monsenhor Lefebvre, mas também um sinal para toda a Igreja sobre alguns princípios teológico-disciplinares a salvaguardar tendo em vista uma sua profunda renovação, tão desejada pelo Concílio.
Parece-me que há nisso um forte desejo do Papa para corrigir aquelas tentações, patentes em alguns ambientes, que vêem o Concílio como um momento de ruptura com o passado, e como um novo início. Basta recordar seu discurso à Cúria Romana, em 22 de Dezembro de 2005. De outro lado, nem o Concílio pensou, nesses termos. Seja em suas escolhas doutrinárias, seja nas litúrgicas, como também nas jurídicas-pastorais, o Concílio foi um outro momento de aprofundamento e de actualização da rica herança teológica-espiritual da Igreja na sua história bimilenar. Com o Motu Proprio, o Papa quis afirmar claramente que toda tentação de desprezo dessas veneráveis tradições está fora de lugar. A Mensagem é clara: progresso, sim, mas não às custas, ou sem a história. Também a reforma litúrgica deve ser fiel a tudo aquilo que aconteceu desde o início até hoje, sem exclusões.
Por outro lado, não devemos jamais esquecer que, para a Igreja Católica, a Revelação Divina não é algo proveniente apenas da Sagrada Escritura, mas também da Tradição viva da Igreja. Tal fé nos distingue nitidamente das outras manifestações da fé cristã. A verdade para nós é aquilo que emerge, por assim dizer, destes dois pólos, isto é, a Sagrada Escritura e a Tradição. Esta posição, para mim, é muito mais rica do que outras visões, porque respeita a liberdade do Senhor a guiar-nos em direção a uma compreensão mais adequada da verdade revelada também através daquilo que acontecerá no futuro.
Naturalmente, o processo de discernimento daquilo que emerge será atualizado através do Magistério da Igreja. Mas aquilo que devemos recolher é a importância atribuída à Tradição. A Constituição Dogmática Dei Verbum afirmou essa verdade claramente (DV 10).
Ademais, a Igreja é uma realidade que supera os níveis de uma pura invenção humana. Ela é o Corpo místico de Cristo, a Jerusalém celeste e a estirpe eleita de Deus. Ela, por isso, supera as fronteiras terrestres assim como toda limitação de tempo e é uma realidade que transcende de muito a sua manifestação terrestre e hierárquica. Por isso, nela, aquilo que é recebido, deverá ser transmitido fielmente. Nós não somos nem inventores da verdade, nem os seus donos, mas apenas aqueles que a recebem, e que têm o dever de protegê-la e transmiti-la aos outros. Como dizia São Paulo falando da Eucaristia: “Eu de fato recebi do Senhor aquilo que, por minha vez, vos transmiti” (1Cor 11, 23).
O respeito da Tradição não é, portanto, uma livre escolha nossa na busca da verdade, mas a sua base que deve ser aceita. Na Igreja, a fidelidade à Tradição, por isso, é uma atitude essencial da própria Igreja. O Motu Proprio, a meu ver, deve ser entendido também nesse sentido. Ele é um possível estímulo para uma necessária correção de rumo. De fato, em algumas escolhas da reforma litúrgica feita depois do Concílio, foram adoptadas orientações que ofuscaram alguns aspetos da Liturgia, melhor reflectida da prática precedente, porque, a renovação litúrgica foi entendida por alguns como algo a ser feito totalmente “ex novo” (do novo). Sabemos bem, porém, que tal não foi a intenção da Sacrosanctum Concilium, que destaca que “as novas formas, de qualquer modo, desabrocharão organicamente daquelas já existentes” (SC 23).
2. Uma característica do Pontificado de Bento XVI parece ser a insistência em torno de uma correta hermenêutica do Concílio Vaticano II. Segundo o Senhor, o Motu Proprio "Summorum Pontificum" vai nessa direcção? Se sim, em que sentido?
"Já quando era Cardeal, em seus escritos, o Papa havia rejeitado um certo espírito de exuberância visível em alguns círculos teológicos motivados por um assim chamado "espírito do Concílio" que para ele foi, na realidade, um verdadeiro "anti espírito" ou um "Konzils-Ungeist" (Relação sobre a Fé, São Paulo, 2005, capítulo 2). Cito textualmente tal obra na qual o Papa sublinha: "É preciso opor-se decisivamente a esse esquematismo de um antes e um depois na história da Igreja, totalmente injustificado pelos próprios documentos do Vaticano II, que não fazem senão reafirmar a continuidade do catolicismo" (ibid p. 33).
Ora, um tal erro de interpretação do Concílio e do caminho histórico-teológico da Igreja influiu sobre todos os setores eclesiásticos, inclusive na Liturgia. Uma certa atitude, de fácil rejeição dos desenvolvimentos eclesiológicos e teológicos, como também dos comportamentos litúrgicos do último milénio, de um lado, e uma ingénua idolização do que teria sido a “mens” da Igreja assim chamada dos primeiros cristãos, de outro lado, teve um influxo de não pouca importância sobre a reforma litúrgico-teológica da era pós conciliar.
A rejeição categórica da Missa pré-conciliar, como o resto de uma época já “superada”, foi o resultado dessa mentalidade. Tantos viram as coisas desse modo, mas, por graça de Deus, não por todos. A própria Sacrosanctum Concilium, a Constituição Conciliar sobre a Liturgia, não oferece nenhuma justificação para tal atitude. Seja em seus princípios gerais, seja em suas normas propostas, o Documento é sóbrio e fiel àquilo que significa a vida litúrgica da Igreja. Basta ler o número 23 do dito documento para sermos convencidos de tal espírito de sobriedade.
Algumas dessas reformas abandonaram importantes elementos da Liturgia com as relativas considerações teológicas: agora é necessário e importante recuperar esses elementos. O Papa, considera que o rito de São Pio V, revisto pelo Beato João XXIII, é um caminho para a recuperação daqueles elementos ofuscados pela reforma, o Papa deve certamente ter reflectido muito sobre sua escolha; sabemos que ele consultou diversos sectores da Igreja sobre tal questão e, não obstante algumas posições contrárias, o Papa decidiu permitir a livre celebração daquele Rito.
Tal decisão não é tanto, como dizem alguns, um retorno ao passado, quanto a necessidade de tornar a equilibrar de modo íntegro os aspetos eternos, transcendentes e celestiais com os terrestres e comunitários da Liturgia. Essa decisão ajudará a estabelecer eventualmente um equilíbrio também entre o sentido do sagrado e do mistério, de um lado, e o dos gestos externos e dos comportamentos e empenhos sócio-culturais derivantes da Liturgia”.
3. Quando ainda era Cardeal, Joseph Ratzinger insistia muito sobre a necessidade de ler o Concílio Vaticano II a partir de seu primeiro documento, isto é, da Sacrosanctum Concilium. Por que, conforme o Senhor, os Padres Conciliares quiseram dedicar-se antes de tudo à Liturgia?
“Antes de tudo, por trás dessa escolha, estava seguramente a consciência da importância vital da Liturgia para a Igreja. A Liturgia, por assim dizer, é o olho do furacão, porque aquilo que se celebra, é aquilo que se crê e aquilo que se vive: o famoso axioma Lex orandi, lex credendi. Por isso, toda verdadeira reforma da Igreja passa através da Liturgia. Os Padres estavam cônscios de tal importância. Ademais, a reforma litúrgica era um processo já em ação antes mesmo do Concílio a partir sobretudo do Motu Proprio Tra le Sollecitudini de São Pio X e da Mediator Dei de Pio XII.
Foi São Pio X que atribuiu à Liturgia a expressão “primeira fonte” do autêntico espírito cristão. Talvez já, também, a existência das estruturas e da experiência de quem se empenhava para o estudo e a introdução de algumas reformas litúrgicas, estimulava os Padres Conciliares a escolher a Liturgia como matéria a considerar como a primeira nas sessões do Concílio.
O Papa Paulo VI reflectia a mente dos Padres Conciliares sobre a questão, quando disse: “nós aí vemos o obséquio da escala dos valores e deveres: Deus em primeiro lugar; a oração primeira obrigação nossa; a Liturgia primeira fonte da vida divina comunicada a nós, primeira escola da nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos dar ao povo cristão…” (Paulo VI, Discurso de encerramento do 2° período do Concílio, 4 de Dezembro de 1963).
4. Muitos leram a publicação do Motu Proprio “Summorum Pontificum” como uma vontade do Pontífice para aproximar a Igreja dos cismáticos lefebvrianos. Segundo o senhor, foi isso mesmo? Vai também nesse sentido o Motu Proprio?
“Sim, mas não só assim. O Santo Padre explicando as motivações de sua decisão, seja no texto do Motu Proprio como na carta de apresentação escrita para os Bispos, elenca também outras razões importantes. Naturalmente, ele terá levado em conta o pedido sempre mais crescente, feito por diversos grupos e, sobretudo, pela Sociedade de São Pio X e a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, assim como também por Associações de Leigos, para a liberalização da Missa de São Pio V. Assegurar a integração total dos Lefebvrianos era importante também pelo fato de que muitas vezes, no passado, se cometeram erros de julgamento causando inúteis divisões na Igreja, divisões que agora se tornaram quase insuperáveis. O Papa fala desse possível perigo na carta de apresentação do Documento escrita aos Bispos.
5. Quais são, a seu ver as problemáticas mais urgentes para a justa celebração da Sagrada Liturgia? Quais as instâncias sobre as quais se deveria insistir mais?
Creio que nos crescentes pedidos para a liberalização da Missa de São Pio V, o Papa tenha visto sinais de um certo esvaziamento espiritual causado pelo modo com o qual os momentos litúrgicos, são até hoje celebrados na Igreja. Tal dificuldade nasce tanto de certas orientações da reforma litúrgica pós conciliar, que tendiam a reduzir, ou melhor ainda, a confundir aspectos essenciais da fé, quanto de comportamentos aventureiros e pouco fiéis à disciplina litúrgica da própria reforma; o que se constata por toda a parte.
Creio que uma das causas para o abandono de alguns elementos importantes, do rito tridentino na realização da reforma pós conciliar por parte de certos setores litúrgicos seja o resultado de um abandono ou de uma sub avaliação daquilo que teria acontecido no segundo milênio da história da Liturgia.
Alguns liturgistas viam os desenvolvimentos desse período de um modo antes negativo. Tal juízo é errôneo porque quando se fala da tradição viva da Igreja não se pode escolher aqui e acolá aquilo que concorda com nossas idéias pré concebidas.
A Tradição, considerada em um sentido geral também nos ambientes da ciência, filosofia, ou teologia, é sempre algo vivo que continua a se desenvolver e a progredir também nos momentos altos e baixos da história. Para a Igreja, a Tradição viva é uma das fontes da revelação divina e é fruto de um processo de evolução continua. Isso é verdade também na tradição litúrgica, com o “t” minúsculo.
Os desenvolvimentos da Liturgia no segundo milénio têm o seu valor. A Sacrosanctum Concilium não fala de um novo Rito, ou de um momento de ruptura, mas de uma reforma que surja organicamente daquilo que já existe. É por isso que o Papa diz: “na história da Liturgia há crescimento e progresso, mas não há nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, também para nós permanece sagrado e grande, e não pode ser improvisamente totalmente proibido ou, sem mais, considerado nocivo” (Carta aos Bispos, 7 de Julho de 2007). Idolatrar aquilo que aconteceu no primeiro Milénio, com prejuízo do que ocorreu em sucessivo, é, pois, uma atitude pouco científica. Os Padres Conciliares não mostraram um tal comportamento.
Uma segunda problemática seria aquela de uma crise de obediência para com o Santo Padre que se nota em alguns ambientes. Se tal atitude de autonomia é visível entre alguns eclesiásticos, como também nos níveis mais altos da Igreja, não favorece certamente à nobre missão que Cristo confiou a seu Vigário.
Ouve-se que, em algumas nações ou dioceses, foram promulgadas pelos Bispos regras que praticamente anulam ou deformam a intenção do Papa. Tal comportamento não é consoante com a dignidade e a nobreza da vocação de um pastor da Igreja. Não digo que todos sejam assim. A maioria dos Bispos e eclesiásticos aceitaram, com o devido sentido de reverência e de obediência, a vontade do Papa. Isso é verdadeiramente louvável. Entretanto, houve vozes de protesto por parte de alguns Bispos.
Ao mesmo tempo, não se pode ignorar que tal decisão foi necessária porque, como diz o Papa, a Santa Missa: “em muitos lugares se celebrava de modo fiel às prescrições do novo Missal, mas isso era, sem mais, entendido como uma autorização e até como uma obrigação para a criatividade, a qual leva frequentemente a deformações da liturgia até o limite do suportável”.
“Falo por experiência”, continua o Papa “porque vivi também eu aquele período com todas as suas expectativas e confusões e vi como pessoas que eram totalmente radicadas na Fé da Igreja, quão profundamente elas foram feridas pelas deformações arbitrárias da Liturgia,” (Carta aos Bispos). O resultado de tais abusos foi um crescente espírito de nostalgia para com a Missa de São Pio V.
Além disso, um sentido de desinteresse geral para ler e respeitar seja os documentos normativos da Santa Sede, como também as próprias Instruções e Premissas dos livros litúrgicos piorou ainda mais a situação. A Liturgia não parece ainda figurar suficientemente na lista das prioridades para os Cursos de Formação continua dos eclesiásticos.
Distingamos bem. A reforma pós conciliar não é de todo negativa; antes, há nela muitos aspectos positivos naquilo que foi realizado. Mas há também mudanças introduzidas abusivamente que continuam a ser levadas avante não obstante seus efeitos nocivos à fé e sobre a vida litúrgica da Igreja.
Falo aqui, por exemplo, de uma mudança efectuada na reforma, a qual não foi proposta nem pelos Padres Conciliares, nem pela Sacrosanctum Concilium, isto é, a comunhão recebida na mão. Isso contribuiu, de algum modo, para uma certa decadência da fé na Presença real de Cristo na Eucaristia.
Essa prática, e a abolição das balaustradas do presbitério, dos genuflexórios das igrejas e a introdução de práticas que obrigam os fiéis a ficar sentados ou de pé durante a elevação do Santíssimo Sacramento reduze, o genuíno significado da Eucaristia assim como o sentido da profunda adoração que a Igreja deve dirigir para o Senhor, o Unigênito Filho de Deus.
Além disso, a Igreja, casa de Deus, em alguns lugares é usada como sala para encontros fraternos, concertos ou celebrações inter-religiosas. Em algumas Igrejas , o Santíssimo Sacramento é quase escondido e abandonado em uma capelinha invisível e pouco decorada. Tudo isso obscurece a fé tão central da Igreja, na presença real de Cristo. Para nós católicos, a Igreja é essencialmente a casa do Eterno.
Outro sério erro é aquele de confundir os papéis específicos do clero e dos leigos com relação ao altar tornando o presbitério um lugar de perturbação, de excessivo movimento, e não certamente “o lugar” onde o cristão consegue colher o sentido de estupor e de esplendor ante a presença e a acção salvífica do Senhor.
O uso de danças, de instrumentos musicais e de cantos que têm bem pouco de litúrgico, não são de modo algum consoantes ao ambiente sagrado da Igreja e da Liturgia; acrescento também certas homilias de carácter político-social frequentemente pouco preparadas. Tudo isso desnatura a celebração da S. Missa e faz dela uma coreografia e uma manifestação de teatralidade, mas não de fé.
Há ainda outros aspectos pouco coerentes com a beleza e a maravilha daquilo que se celebra sobre o altar. Nem tudo vai mal com o Novus Ordo, mas muitas coisas ainda devem ser colocadas em ordem evitando ulteriores danos à vida da Igreja. Creio que nossa atitude com relação ao Papa, para com as suas decisões e a expressão de sua solicitude para o bem da Igreja deve ser somente aquela que São Paulo recomendou aos Coríntios - “mas tudo se faça para a edificação” (1Cor 14, 26). (P.L.R.) (Agência Fides 16/11/2007; 199
”Fica conosco, Senhor” - Nobiscum Domino – João Paulo II
« A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor ».
João Paulo II, na sua carta mane Nobiscum Domino – Fica conosco, Senhor – diz: «ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e, às vezes amargas e desilusões, o divino Viandante continua a fazer-se nosso companheiro para nos introduzir, com a interpretação das escrituras na compreensão dos mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do ‘Pão da vida, pelo qual Cristo cumpre, de um modo supremo, a Sua promessa de «estar conosco todos os dias até ao fim do mundo» (cf. Mt 28,20). Foi assim com os discípulos de Emaús.
« A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor ».
Com efeito, « o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício ».
«A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica. O que se repete é a celebração memorial, a « exposição memorial », de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se actualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indirecta ao sacrifício do Calvário».
«A reprodução sacramental na Santa Missa do sacrifício de Cristo coroado pela sua ressurreição implica uma presença muito especial, que – para usar palavras de Paulo VI – « chama-se “real”, não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem “reais”, mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem ». Pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação ». Verdadeiramente a Eucaristia é ‘mysterium fidei', mistério que supera os nossos pensamentos e só pode ser aceite pela fé».
A eficácia salvífica do sacrifício realiza-se plenamente na comunhão, ao recebermos o corpo e o sangue do Senhor. O sacrifício eucarístico está particularmente orientado para a união íntima dos fiéis com Cristo através da comunhão: recebemo-Lo, a Ele mesmo que Se ofereceu por nós, o seu corpo entregue por nós na cruz, o seu sangue « derramado por muitos para a remissão dos pecados » (Mt 26, 28). Recordemos as suas palavras: « Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, assim também o que Me come viverá por Mim » (Jo 6, 57). O próprio Jesus nos assegura que tal união, por Ele afirmada em analogia com a união da vida trinitária, se realiza verdadeiramente. A Eucaristia é verdadeiro banquete, onde Cristo Se oferece como alimento. A primeira vez que Jesus anunciou este alimento, os ouvintes ficaram perplexos e desorientados, obrigando o Mestre a insistir na dimensão real das suas palavras: « Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós ».
« A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor ».
João Paulo II, na sua carta mane Nobiscum Domino – Fica conosco, Senhor – diz: «ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e, às vezes amargas e desilusões, o divino Viandante continua a fazer-se nosso companheiro para nos introduzir, com a interpretação das escrituras na compreensão dos mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do ‘Pão da vida, pelo qual Cristo cumpre, de um modo supremo, a Sua promessa de «estar conosco todos os dias até ao fim do mundo» (cf. Mt 28,20). Foi assim com os discípulos de Emaús.
« A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor ».
Com efeito, « o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício ».
«A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica. O que se repete é a celebração memorial, a « exposição memorial », de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se actualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indirecta ao sacrifício do Calvário».
«A reprodução sacramental na Santa Missa do sacrifício de Cristo coroado pela sua ressurreição implica uma presença muito especial, que – para usar palavras de Paulo VI – « chama-se “real”, não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem “reais”, mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem ». Pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação ». Verdadeiramente a Eucaristia é ‘mysterium fidei', mistério que supera os nossos pensamentos e só pode ser aceite pela fé».
A eficácia salvífica do sacrifício realiza-se plenamente na comunhão, ao recebermos o corpo e o sangue do Senhor. O sacrifício eucarístico está particularmente orientado para a união íntima dos fiéis com Cristo através da comunhão: recebemo-Lo, a Ele mesmo que Se ofereceu por nós, o seu corpo entregue por nós na cruz, o seu sangue « derramado por muitos para a remissão dos pecados » (Mt 26, 28). Recordemos as suas palavras: « Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, assim também o que Me come viverá por Mim » (Jo 6, 57). O próprio Jesus nos assegura que tal união, por Ele afirmada em analogia com a união da vida trinitária, se realiza verdadeiramente. A Eucaristia é verdadeiro banquete, onde Cristo Se oferece como alimento. A primeira vez que Jesus anunciou este alimento, os ouvintes ficaram perplexos e desorientados, obrigando o Mestre a insistir na dimensão real das suas palavras: « Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós ».
A beleza e o Sagrado, segundo Cláudio Pastro
Artista plástico pede responsabilidade dos bispos na promoção do belo
Por Alexandre Ribeiro
(ZENIT.org).- «A perda do sentido de beleza na Igreja Católica (ora romântica, ora muito racional, ora show popularesco) revela-nos a perda do sentido do Sagrado», afirma Cláudio Pastro.
Maior nome da arte sacra no Brasil e reconhecido mundialmente (responsável pelo projeto artístico de 300 igrejas, capelas e catedrais no país e no exterior, em 33 anos dedicados à arte sacra), o artista plástico natural de São Paulo conversou com a Agência Zenit sobre o lugar fundamental que a beleza ocupa na Igreja.
Cláudio Pastro lançará no próximo semestre o livro «O Deus da Beleza» (Ed. Paulinas), onde amplia as discussões sobre o assunto. A FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) realizará em São Paulo, em 2009, uma grande exposição do trabalho do artista, intitulada «Arte sacra contemporânea».
«A beleza tem um sentido objetivo: “é ou não é”, e independe do meu (subjetivo) parecer, do meu gosto. Assim, podemos afirmar: “gosto não se discute, se educa”», comenta Pastro na entrevista.
--A arte e o cuidado com a beleza na liturgia e na composição dos espaços sagrados são muitas vezes tratados como algo acessório. Mas esses elementos são apenas isso?
--Cláudio Pastro: A arte é a linguagem fundamental de todas as religiões, pois a arte é a única palavra (imagem) universal a todos os homens. Tratar a beleza como algo acessório na liturgia e no espaço sagrado é desconhecer o que é beleza, liturgia e sagrado. Hoje, há uma crise na beleza porque a crise está na religião. A religião não dá pistas, não é referência para o homem contemporâneo, pois vive-se fora e dentro dela com os mesmos princípios e expressões.
“A Verdade, o Bem e a Beleza são três lâmpadas ardentes de fogo e uma não vive sem a outra” (Dionísio, o Areopagita, séc. V). No cristianismo, como no judaísmo e no islamismo, “Deus é a Beleza” entendida nessa trilogia, e a beleza (a verdadeira e justa) só aflora, só se manifesta a partir do ser mesmo de Deus. Considerar a arte e a beleza como supérfluos, decorativos, “a mais” é não ir ao fundo d’Aquele que dizemos contemplar. Luxo e moda nada têm a ver com religião.
Um exemplo a comentar: participei de uma Missa para comemorar os 15 anos de uma jovem. (Essa não é a função da Missa). O Altar mais parecia um bolo de noiva de tão enfeitado. (Pergunto: o que é o Altar?). Ainda mais, as músicas eram tiradas de “novelas” e a jovem vestia-se como donzela em busca do príncipe encantado. O presidente da celebração (o padre), muito perdido, referia-se exclusivamente à jovem como sendo ela “uma deusa” etc. etc. Sentia-me num programa de calouros de TV. O objeto, o centro da Divina Liturgia desaparece. Havia aí uma evidente mentira. Tudo estava fora de lugar. (Pergunto: o que é Liturgia? O que é o sagrado?). O que determina a beleza é o Único Belo, Aquele que faz a vida bela.
Em todas as religiões, o monaquismo, a vida “fechada” nos Mosteiros e sua Liturgia desinteressada têm sido um celeiro de beleza e louvor, uma antecipação da promessa de Paraíso (Eternidade) e, depois, saindo dessa celebração, o crente poderá enfrentar a Babilónia da sociedade. Hoje, sobretudo os Mosteiros cristão (mais os masculinos) estão em crise também.
Arte e religião são elementos gratuitos e celebrativos e não teatro, cenário, comércio... Aqui é bom lembrarmos Gogol (o literato russo): “o diabo também se traveste de beleza”.
--Há uma perda da sensibilidade para a beleza dentro da Igreja Católica e sua liturgia? Por quê? Como tentar revertê-la?
--Cláudio Pastro: Hoje, a perda do sentido de beleza na Igreja Católica (ora romântica, ora muito racional, ora show popularesco) revela-nos a perda do sentido do Sagrado, da identidade religiosa e de unidade (não uniformidade) dentro da próprio Igreja.
A sensibilidade estética e epidérmica na Igreja está ao serviço do Belo que tudo e a todos embeleza ou é apenas “beleza por beleza” com outros fins.
A beleza tem um sentido objectivo: “é ou não é”, é independente do meu (subjectivo) parecer, do meu gosto. Assim, podemos afirmar: “gosto não se discute, se educa”. O sentido de beleza está intimamente ligado ao sentido de Sagrado. Um não vive sem o outro. E o Sagrado como a beleza se impõem, não dependem da minha pobre sensibilidade psicológica e de meus arranjos.
Para o Sagrado se revelar em beleza (verdade, justiça, certeza, prazer, entusiasmo, admiração, estupor, amor... e consequentemente as pessoas desejarem frequentar a Igreja), há um preço inerente ao ser da religião: só a oração objetiva (cuidado com os devocionismos subjectivos), a ascese, a disciplina, a contemplação, a adoração, a escuta da Palavra, a vida baptismal, eucarística e evangélica nos darão discernimento para revelarmos o que somos e fazemos (e isso não só na caridade mas no profissionalismo dos ministérios, na arquitectura, arte etc.).
Grande problema da Igreja Católica tem sido a desobriga: se faz por obrigação, por “direito canônico”, com tédio e marasmo.
Regra geral, hoje não se faz arte sacra (arte sacra não é arte religiosa). A arte sacra é apenas um nome. A fealdade, a mediocridade, a vulgaridade, o desgosto são hóspedes em muitas de nossas igrejas e capelas, quando aí deveria habitar “a Beleza”, referência para o mundo. A arte sacra como o Sagrado não se definem pelo comércio; arte sacra é o esplendor, a glória do Sagrado entre nós.
Quero citar aqui o grande artista cristão, monge dominicano, beatificado pelo Papa João Paulo II, Frá Angélico. Ele nos diz: “para fazermos as coisas do Cristo é preciso pertencer ao Cristo”. O olhar cristão é o olhar do Cristo ou...
--Qual é o papel dos bispos na promoção da beleza e do cuidado com a liturgia e os espaços sagrados?
--Cláudio Pastro: Recentemente eu traduzi e a Ed. Loyola publicou um belo documento da Igreja: a “Via Pulchritudinis” (O Caminho da Beleza). Esse documento é fruto da Assembléia Plenária dos Bispos no Vaticano em 2006. Nele percebemos que a Igreja começa, novamente, a despertar para as manifestações de beleza que ela própria ao longo dos séculos testemunhou pela arte, a beleza do ser cristão e do Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 44, 3).
O papel dos bispos continua a ser o mesmo em dois mil anos de história: são pastores que zelam com amor pela “Esposa do Amado”. Que a formação do clero e dos fiéis não seja apenas livresca e pastoral, mas íntegra: “corpo, alma e espírito”. Percebo que os próprios bispos, advindos do clero, não são bem formados. Muitas vezes predomina nesse meio o jogo de poder, o carreirismo, os aplausos... mais que o próprio ministério, isto é, o serviço.
Em toda Igreja, hoje, sente-se a falta de espiritualidade (que não é devocionismo) que forma o ser cristão por inteiro. Assim, podemos afirmar, a beleza da liturgia e dos espaços sagrados não é acessório da última hora, para produzir efeitos, nem tão pouco fruto de especialistas em luz, som, técnica, arquitectura, arte simplesmente, e menos ainda de mercado e moda, mas o resultado da acolhida do Espírito da Beleza, o desabrochar de uma vida verdadeira.
Artista plástico pede responsabilidade dos bispos na promoção do belo
Por Alexandre Ribeiro
(ZENIT.org).- «A perda do sentido de beleza na Igreja Católica (ora romântica, ora muito racional, ora show popularesco) revela-nos a perda do sentido do Sagrado», afirma Cláudio Pastro.
Maior nome da arte sacra no Brasil e reconhecido mundialmente (responsável pelo projeto artístico de 300 igrejas, capelas e catedrais no país e no exterior, em 33 anos dedicados à arte sacra), o artista plástico natural de São Paulo conversou com a Agência Zenit sobre o lugar fundamental que a beleza ocupa na Igreja.
Cláudio Pastro lançará no próximo semestre o livro «O Deus da Beleza» (Ed. Paulinas), onde amplia as discussões sobre o assunto. A FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) realizará em São Paulo, em 2009, uma grande exposição do trabalho do artista, intitulada «Arte sacra contemporânea».
«A beleza tem um sentido objetivo: “é ou não é”, e independe do meu (subjetivo) parecer, do meu gosto. Assim, podemos afirmar: “gosto não se discute, se educa”», comenta Pastro na entrevista.
--A arte e o cuidado com a beleza na liturgia e na composição dos espaços sagrados são muitas vezes tratados como algo acessório. Mas esses elementos são apenas isso?
--Cláudio Pastro: A arte é a linguagem fundamental de todas as religiões, pois a arte é a única palavra (imagem) universal a todos os homens. Tratar a beleza como algo acessório na liturgia e no espaço sagrado é desconhecer o que é beleza, liturgia e sagrado. Hoje, há uma crise na beleza porque a crise está na religião. A religião não dá pistas, não é referência para o homem contemporâneo, pois vive-se fora e dentro dela com os mesmos princípios e expressões.
“A Verdade, o Bem e a Beleza são três lâmpadas ardentes de fogo e uma não vive sem a outra” (Dionísio, o Areopagita, séc. V). No cristianismo, como no judaísmo e no islamismo, “Deus é a Beleza” entendida nessa trilogia, e a beleza (a verdadeira e justa) só aflora, só se manifesta a partir do ser mesmo de Deus. Considerar a arte e a beleza como supérfluos, decorativos, “a mais” é não ir ao fundo d’Aquele que dizemos contemplar. Luxo e moda nada têm a ver com religião.
Um exemplo a comentar: participei de uma Missa para comemorar os 15 anos de uma jovem. (Essa não é a função da Missa). O Altar mais parecia um bolo de noiva de tão enfeitado. (Pergunto: o que é o Altar?). Ainda mais, as músicas eram tiradas de “novelas” e a jovem vestia-se como donzela em busca do príncipe encantado. O presidente da celebração (o padre), muito perdido, referia-se exclusivamente à jovem como sendo ela “uma deusa” etc. etc. Sentia-me num programa de calouros de TV. O objeto, o centro da Divina Liturgia desaparece. Havia aí uma evidente mentira. Tudo estava fora de lugar. (Pergunto: o que é Liturgia? O que é o sagrado?). O que determina a beleza é o Único Belo, Aquele que faz a vida bela.
Em todas as religiões, o monaquismo, a vida “fechada” nos Mosteiros e sua Liturgia desinteressada têm sido um celeiro de beleza e louvor, uma antecipação da promessa de Paraíso (Eternidade) e, depois, saindo dessa celebração, o crente poderá enfrentar a Babilónia da sociedade. Hoje, sobretudo os Mosteiros cristão (mais os masculinos) estão em crise também.
Arte e religião são elementos gratuitos e celebrativos e não teatro, cenário, comércio... Aqui é bom lembrarmos Gogol (o literato russo): “o diabo também se traveste de beleza”.
--Há uma perda da sensibilidade para a beleza dentro da Igreja Católica e sua liturgia? Por quê? Como tentar revertê-la?
--Cláudio Pastro: Hoje, a perda do sentido de beleza na Igreja Católica (ora romântica, ora muito racional, ora show popularesco) revela-nos a perda do sentido do Sagrado, da identidade religiosa e de unidade (não uniformidade) dentro da próprio Igreja.
A sensibilidade estética e epidérmica na Igreja está ao serviço do Belo que tudo e a todos embeleza ou é apenas “beleza por beleza” com outros fins.
A beleza tem um sentido objectivo: “é ou não é”, é independente do meu (subjectivo) parecer, do meu gosto. Assim, podemos afirmar: “gosto não se discute, se educa”. O sentido de beleza está intimamente ligado ao sentido de Sagrado. Um não vive sem o outro. E o Sagrado como a beleza se impõem, não dependem da minha pobre sensibilidade psicológica e de meus arranjos.
Para o Sagrado se revelar em beleza (verdade, justiça, certeza, prazer, entusiasmo, admiração, estupor, amor... e consequentemente as pessoas desejarem frequentar a Igreja), há um preço inerente ao ser da religião: só a oração objetiva (cuidado com os devocionismos subjectivos), a ascese, a disciplina, a contemplação, a adoração, a escuta da Palavra, a vida baptismal, eucarística e evangélica nos darão discernimento para revelarmos o que somos e fazemos (e isso não só na caridade mas no profissionalismo dos ministérios, na arquitectura, arte etc.).
Grande problema da Igreja Católica tem sido a desobriga: se faz por obrigação, por “direito canônico”, com tédio e marasmo.
Regra geral, hoje não se faz arte sacra (arte sacra não é arte religiosa). A arte sacra é apenas um nome. A fealdade, a mediocridade, a vulgaridade, o desgosto são hóspedes em muitas de nossas igrejas e capelas, quando aí deveria habitar “a Beleza”, referência para o mundo. A arte sacra como o Sagrado não se definem pelo comércio; arte sacra é o esplendor, a glória do Sagrado entre nós.
Quero citar aqui o grande artista cristão, monge dominicano, beatificado pelo Papa João Paulo II, Frá Angélico. Ele nos diz: “para fazermos as coisas do Cristo é preciso pertencer ao Cristo”. O olhar cristão é o olhar do Cristo ou...
--Qual é o papel dos bispos na promoção da beleza e do cuidado com a liturgia e os espaços sagrados?
--Cláudio Pastro: Recentemente eu traduzi e a Ed. Loyola publicou um belo documento da Igreja: a “Via Pulchritudinis” (O Caminho da Beleza). Esse documento é fruto da Assembléia Plenária dos Bispos no Vaticano em 2006. Nele percebemos que a Igreja começa, novamente, a despertar para as manifestações de beleza que ela própria ao longo dos séculos testemunhou pela arte, a beleza do ser cristão e do Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 44, 3).
O papel dos bispos continua a ser o mesmo em dois mil anos de história: são pastores que zelam com amor pela “Esposa do Amado”. Que a formação do clero e dos fiéis não seja apenas livresca e pastoral, mas íntegra: “corpo, alma e espírito”. Percebo que os próprios bispos, advindos do clero, não são bem formados. Muitas vezes predomina nesse meio o jogo de poder, o carreirismo, os aplausos... mais que o próprio ministério, isto é, o serviço.
Em toda Igreja, hoje, sente-se a falta de espiritualidade (que não é devocionismo) que forma o ser cristão por inteiro. Assim, podemos afirmar, a beleza da liturgia e dos espaços sagrados não é acessório da última hora, para produzir efeitos, nem tão pouco fruto de especialistas em luz, som, técnica, arquitectura, arte simplesmente, e menos ainda de mercado e moda, mas o resultado da acolhida do Espírito da Beleza, o desabrochar de uma vida verdadeira.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Apresentamos mais algumas fotos do tríduo solene em honra de Santa Maria Rainha realizado pela Fraternidade de Cristo Sacerdote e Maria Rainha realizado numa das Igrejas das três paróquias confiadas à Fraternidade na Diocese de Santiago em Espanha.O CARISMA DA FRATERNIDADE É REALIZAR O SACERDÓCIO COMUM DOS FIÉIS QUE TODOS RECEBEMOS PELO SANTO BAPTISMO e que devemos exercer em todas as circunstâncias da nossa vida unidos ao Sacríficio da Cruz e a Maria Santíssima ,realizando deste modo a vontade de Deus a nosso respeito e que consiste na nossa santificação. A Fraternidade divulga de modo especial o amor e a prática da Missa Tridentina a que o nosso Papa Bento XVI tanto ama que com tanto amor ofereceu a toda a Igreja para que a mesma possa descobrir a riqueza e a beleza da sua liturgia tradicional que conta mais de 1000 anos. Tal Fraternidade é composta por membros consagrados com os santos votos que vivem em comum e também de sacerdotes diocesanos e também os leigos em qualquer estado ou condição podem fazer parte da mesma .
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
CARTA DO SANTO PADRE
BENTO XVI
AOS BISPOS QUE ACOMPANHA O "MOTU PROPRIO"
SUMMORUM PONTIFICUM
SOBRE O USO DA LITURGIA ROMANA
ANTERIOR À REFORMA REALIZADA EM 1970
Por isso, o Papa João Paulo II viu-se obrigado a estabelecer, através do Motu Proprio «Ecclesia Dei» de 2 de Julho de 1988, um quadro normativo para o uso do Missal de 1962, que no entanto não contém prescrições detalhadas, mas fazia apelo, de forma mais geral, à generosidade dos Bispos para com as «justas aspirações» dos fiéis que requeriam este uso do Rito Romano. Naquela altura, o Papa queria assim ajudar sobretudo a Fraternidade São Pio X a encontrar de novo a plena unidade com o Sucessor de Pedro, procurando curar uma ferida que se ia fazendo sentir sempre mais dolorosamente. Até agora, infelizmente, esta reconciliação não se conseguiu; todavia várias comunidades utilizaram com gratidão as possibilidades deste Motu Proprio. Continuava aberta, porém, a difícil questão do uso do Missal de 1962 fora destes grupos, para os quais faltavam precisas normas jurídicas, antes de mais porque, nestes casos, frequentemente os Bispos temiam que a autoridade do Concílio fosse posta em dúvida. Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia. Surgiu assim a necessidade duma regulamentação jurídica mais clara, que, no tempo do Motu Proprio de 1988, não era previsível; estas Normas pretendem também libertar os Bispos do dever de avaliar sempre de novo como hão-de responder às diversas situações.
Em segundo lugar, nas discussões à volta do esperado Motu Proprio, manifestou-se o temor de que uma possibilidade mais ampla do uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até a divisões nas comunidades paroquiais. Também este receio não me parece realmente fundado. O uso do Missal antigo pressupõe um certo grau de formação litúrgica e o conhecimento da língua latina; e quer uma quer outro não é muito freqüente encontrá-los. Por estes pressupostos concretos, já se vê claramente que o novo Missal permanecerá, certamente, a Forma ordinária do Rito Romano, não só porque o diz a normativa jurídica, mas também por causa da situação real em que se encontram as comunidades de fiéis.
É verdade que não faltam exageros e algumas vezes aspectos sociais indevidamente vinculados com a atitude de fiéis ligados à antiga tradição litúrgica latina. A vossa caridade e prudência pastoral hão-de ser estímulo e guia para um aperfeiçoamento. Aliás, as duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente: no Missal antigo poderão e deverão ser inseridos novos santos e alguns dos novos prefácios. A Comissão «Ecclesia Dei», em contacto com os diversos entes devotados ao usus antiquior, estudará as possibilidades práticas de o fazer. E, na celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI, poder-se-á manifestar, de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo. A garantia mais segura que há de o Missal de Paulo VI poder unir as comunidades paroquiais e ser amado por elas é celebrar com grande reverência em conformidade com as rubricas; isto torna visível a riqueza espiritual e a profundidade teológica deste Missal.
Cheguei assim à razão positiva que me motivou para atualizar através deste Motu Proprio o de 1988. Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja. Olhando para o passado, para as divisões que no decurso dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo, tem-se continuamente a impressão de que, em momentos críticos quando a divisão estava a nascer, não fora feito o suficiente por parte dos responsáveis da Igreja para manter ou reconquistar a reconciliação e a unidade; fica-se com a impressão de que as omissões na Igreja tenham a sua parte de culpa no fato de tais divisões se terem podido consolidar. Esta sensação do passado impõe-nos hoje uma obrigação: realizar todos os esforços para que todos aqueles que nutrem verdadeiramente o desejo da unidade tenham possibilidades de permanecer nesta unidade ou de encontrá-la de novo. Vem-me à mente uma frase da segunda carta aos Coríntios, quando Paulo escreve: «Falamo-vos com toda a liberdade, ó Coríntios. O nosso coração abriu-se plenamente. Há nele muito lugar para vós, enquanto no vosso não há lugar para nós (…): pagai-nos na mesma moeda, abri também vós largamente o vosso coração» (2Cor 6, 11-13). É certo que Paulo fala noutro contexto, mas o seu convite pode e deve tocar-nos também a nós, precisamente neste tema. Abramos generosamente o nosso coração e deixemos entrar tudo aquilo a que a própria fé dá espaço.
Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar. Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De fato, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do novo rito a exclusão total do mesmo.
Em conclusão, amados Irmãos, tenho a peito sublinhar que as novas normas não diminuem de modo algum a vossa autoridade e responsabilidade sobre a liturgia nem sobre a pastoral dos vossos fiéis. Com efeito, cada Bispo é o moderador da liturgia na própria diocese (cf. Sacrosanctum Concilium, n.º 22: «Sacræ Liturgiæ moderatio ab Ecclesiæ auctoritate unice pendet quæ quidem est apud Apostolicam Sedem et, ad normam iuris, apud Episcopum»).
Por conseguinte, nada se tira à autoridade do Bispo, cuja tarefa, em todo o caso, continuará a ser a de vigiar para que tudo se desenrole em paz e serenidade. Se por hipótese surgisse qualquer problema que o pároco não pudesse resolver, sempre poderia o Ordinário local intervir, mas em plena harmonia com quanto estabelecido pelas novas normas do Motu Proprio.
Além disso, convido-vos, amados Irmãos, a elaborar para a Santa Sé um relatório sobre as vossas experiências, três anos depois da entrada em vigor deste Motu Proprio. Se verdadeiramente tiverem surgido sérias dificuldades, poder-se-á procurar meios para lhes dar remédio.
Amados Irmãos, com ânimo grato e confiante, entrego ao vosso coração de Pastores estas páginas e as normas do Motu Proprio. Tenhamos sempre presente as palavras dirigidas pelo Apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso: «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu vigilantes para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho» (At 20, 28).
Confio à poderosa intercessão de Maria, Mãe da Igreja, estas novas normas e de coração concedo a minha Bênção Apostólica a vós, amados Irmãos, aos párocos das vossas dioceses, e a todos os sacerdotes, vossos colaboradores, como também a todos os vossos fiéis.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 7 de Julho de 2007.
BENEDICTUS PP. XVI
BENTO XVI
AOS BISPOS QUE ACOMPANHA O "MOTU PROPRIO"
SUMMORUM PONTIFICUM
SOBRE O USO DA LITURGIA ROMANA
ANTERIOR À REFORMA REALIZADA EM 1970
Por isso, o Papa João Paulo II viu-se obrigado a estabelecer, através do Motu Proprio «Ecclesia Dei» de 2 de Julho de 1988, um quadro normativo para o uso do Missal de 1962, que no entanto não contém prescrições detalhadas, mas fazia apelo, de forma mais geral, à generosidade dos Bispos para com as «justas aspirações» dos fiéis que requeriam este uso do Rito Romano. Naquela altura, o Papa queria assim ajudar sobretudo a Fraternidade São Pio X a encontrar de novo a plena unidade com o Sucessor de Pedro, procurando curar uma ferida que se ia fazendo sentir sempre mais dolorosamente. Até agora, infelizmente, esta reconciliação não se conseguiu; todavia várias comunidades utilizaram com gratidão as possibilidades deste Motu Proprio. Continuava aberta, porém, a difícil questão do uso do Missal de 1962 fora destes grupos, para os quais faltavam precisas normas jurídicas, antes de mais porque, nestes casos, frequentemente os Bispos temiam que a autoridade do Concílio fosse posta em dúvida. Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia. Surgiu assim a necessidade duma regulamentação jurídica mais clara, que, no tempo do Motu Proprio de 1988, não era previsível; estas Normas pretendem também libertar os Bispos do dever de avaliar sempre de novo como hão-de responder às diversas situações.
Em segundo lugar, nas discussões à volta do esperado Motu Proprio, manifestou-se o temor de que uma possibilidade mais ampla do uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até a divisões nas comunidades paroquiais. Também este receio não me parece realmente fundado. O uso do Missal antigo pressupõe um certo grau de formação litúrgica e o conhecimento da língua latina; e quer uma quer outro não é muito freqüente encontrá-los. Por estes pressupostos concretos, já se vê claramente que o novo Missal permanecerá, certamente, a Forma ordinária do Rito Romano, não só porque o diz a normativa jurídica, mas também por causa da situação real em que se encontram as comunidades de fiéis.
É verdade que não faltam exageros e algumas vezes aspectos sociais indevidamente vinculados com a atitude de fiéis ligados à antiga tradição litúrgica latina. A vossa caridade e prudência pastoral hão-de ser estímulo e guia para um aperfeiçoamento. Aliás, as duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente: no Missal antigo poderão e deverão ser inseridos novos santos e alguns dos novos prefácios. A Comissão «Ecclesia Dei», em contacto com os diversos entes devotados ao usus antiquior, estudará as possibilidades práticas de o fazer. E, na celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI, poder-se-á manifestar, de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo. A garantia mais segura que há de o Missal de Paulo VI poder unir as comunidades paroquiais e ser amado por elas é celebrar com grande reverência em conformidade com as rubricas; isto torna visível a riqueza espiritual e a profundidade teológica deste Missal.
Cheguei assim à razão positiva que me motivou para atualizar através deste Motu Proprio o de 1988. Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja. Olhando para o passado, para as divisões que no decurso dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo, tem-se continuamente a impressão de que, em momentos críticos quando a divisão estava a nascer, não fora feito o suficiente por parte dos responsáveis da Igreja para manter ou reconquistar a reconciliação e a unidade; fica-se com a impressão de que as omissões na Igreja tenham a sua parte de culpa no fato de tais divisões se terem podido consolidar. Esta sensação do passado impõe-nos hoje uma obrigação: realizar todos os esforços para que todos aqueles que nutrem verdadeiramente o desejo da unidade tenham possibilidades de permanecer nesta unidade ou de encontrá-la de novo. Vem-me à mente uma frase da segunda carta aos Coríntios, quando Paulo escreve: «Falamo-vos com toda a liberdade, ó Coríntios. O nosso coração abriu-se plenamente. Há nele muito lugar para vós, enquanto no vosso não há lugar para nós (…): pagai-nos na mesma moeda, abri também vós largamente o vosso coração» (2Cor 6, 11-13). É certo que Paulo fala noutro contexto, mas o seu convite pode e deve tocar-nos também a nós, precisamente neste tema. Abramos generosamente o nosso coração e deixemos entrar tudo aquilo a que a própria fé dá espaço.
Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar. Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De fato, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do novo rito a exclusão total do mesmo.
Em conclusão, amados Irmãos, tenho a peito sublinhar que as novas normas não diminuem de modo algum a vossa autoridade e responsabilidade sobre a liturgia nem sobre a pastoral dos vossos fiéis. Com efeito, cada Bispo é o moderador da liturgia na própria diocese (cf. Sacrosanctum Concilium, n.º 22: «Sacræ Liturgiæ moderatio ab Ecclesiæ auctoritate unice pendet quæ quidem est apud Apostolicam Sedem et, ad normam iuris, apud Episcopum»).
Por conseguinte, nada se tira à autoridade do Bispo, cuja tarefa, em todo o caso, continuará a ser a de vigiar para que tudo se desenrole em paz e serenidade. Se por hipótese surgisse qualquer problema que o pároco não pudesse resolver, sempre poderia o Ordinário local intervir, mas em plena harmonia com quanto estabelecido pelas novas normas do Motu Proprio.
Além disso, convido-vos, amados Irmãos, a elaborar para a Santa Sé um relatório sobre as vossas experiências, três anos depois da entrada em vigor deste Motu Proprio. Se verdadeiramente tiverem surgido sérias dificuldades, poder-se-á procurar meios para lhes dar remédio.
Amados Irmãos, com ânimo grato e confiante, entrego ao vosso coração de Pastores estas páginas e as normas do Motu Proprio. Tenhamos sempre presente as palavras dirigidas pelo Apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso: «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu vigilantes para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho» (At 20, 28).
Confio à poderosa intercessão de Maria, Mãe da Igreja, estas novas normas e de coração concedo a minha Bênção Apostólica a vós, amados Irmãos, aos párocos das vossas dioceses, e a todos os sacerdotes, vossos colaboradores, como também a todos os vossos fiéis.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 7 de Julho de 2007.
BENEDICTUS PP. XVI
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
CARTA DO SANTO PADRE BENTO XVI AOS BISPOS QUE ACOMPANHA O "MOTU PROPRIO" SUMMORUM PONTIFICUM
SOBRE O USO DA LITURGIA ROMANA
ANTERIOR À REFORMA REALIZADA EM 1970
Amados Irmãos no Episcopado,
Com grande confiança e esperança, coloco nas vossas mãos de Pastores o texto duma nova Carta Apostólica «Motu Proprio data» sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma realizada em 1970. O documento é fruto de longas reflexões, múltiplas consultas e de oração.
Notícias e juízos elaborados sem suficiente informação criaram não pouca confusão. Há reacções muito divergentes entre si que vão de uma entusiasta aceitação até uma férrea oposição a respeito de um projecto cujo conteúdo na realidade não era conhecido.
Contrapunham-se de forma mais directa a este documento dois temores, dos quais me quero ocupar um pouco mais detalhadamente nesta carta.
Em primeiro lugar, há o temor de que seja aqui afectada a autoridade do Concílio Vaticano II e que uma das suas decisões essenciais – a reforma litúrgica – seja posta em dúvida. Tal receio não tem fundamento. A este respeito, é preciso antes de mais afirmar que o Missal publicado por Paulo VI, e reeditado em duas sucessivas edições por João Paulo II, obviamente é e permanece a Forma normal – a Forma ordinária – da Liturgia Eucarística. A última versão do Missale Romanum, anterior ao Concílio, que foi publicada sob a autoridade do Papa João XXIII em 1962 e utilizada durante o Concílio, poderá, por sua vez, ser usada como Forma extraordinária da Celebração Litúrgica. Não é apropriado falar destas duas versões do Missal Romano como se fossem «dois ritos». Trata-se, antes, de um duplo uso do único e mesmo Rito.
Quanto ao uso do Missal de 1962, como Forma extraordinária da Liturgia da Missa, quero chamar a atenção para o fato de que este Missal nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequentemente, em princípio sempre continuou permitido. Na altura da introdução do novo Missal, não pareceu necessário emanar normas próprias para um possível uso do Missal anterior. Supôs-se, provavelmente, que se trataria de poucos casos individuais que seriam resolvidos um a um na sua situação concreta. Bem depressa, porém, se constatou que não poucos continuavam fortemente ligados a este uso do Rito Romano que, desde a infância, se lhes tornara familiar. Isto aconteceu sobretudo em países onde o movimento litúrgico tinha dado a muitas pessoas uma formação litúrgica notável e uma profunda e íntima familiaridade com a Forma anterior da Celebração Litúrgica. Todos sabemos que, no movimento guiado pelo Arcebispo Lefebvre, a fidelidade ao Missal antigo apareceu como um sinal distintivo externo; mas as razões da divisão, que então nascia, encontravam-se a maior profundidade. Muitas pessoas, que aceitavam claramente o carácter vinculante do Concílio Vaticano II e que eram fiéis ao Papa e aos Bispos, desejavam contudo reaver também a forma, que lhes era cara, da sagrada Liturgia; isto sucedeu antes de mais porque, em muitos lugares, se celebrava não se atendo de maneira fiel às prescrições do novo Missal, antes consideravam-se como que autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável. Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja.
Do Catecismo se S.Pio X ,Quarta parte, Capítulo IV.
Primeira parte: o Sacramento da Eucaristia § 1° Do que é a Santíssima Eucaristia e da presença real de Jesus Cristo neste Sacramento
1. Que é o Sacramento da Eucaristia? A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu preciso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual.
2. Na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem? Sim, na Eucaristia está verdadeiramente o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem.
3. Por que acreditais que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo? Eu acredito que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo porque Ele mesmo o disse, e Ele, sendo Deus, não pode mentir. E assim no-lo ensina a Santa Igreja.
4. Que é a hóstia antes da consagração? A hóstia antes da consagração é pão de trigo.
5. Depois da consagração, que é a hóstia? Depois da consagração, a hóstia é o verdadeiro Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das aparências de pão.
6. Que está no cálice antes da consagração? No cálice, antes da consagração, está vinho de uva com algumas gotas de água.
7. Depois da consagração, que há no cálice? Depois da consagração, há no cálice o verdadeiro Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das aparências de vinho.
8. Quando se faz a mudança do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Jesus Cristo? A conversão do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Jesus Cristo de faz precisamente no acto em que o sacerdote, na Santa Missa, pronuncia as palavras da consagração.
9. Que é a consagração? A consagração é a renovação, por meio do sacerdote, do milagre operado por Jesus Cristo na Última Ceia, quando mudou o pão e o vinho no seu Corpo e no seu Sangue adorável, por estas palavras: Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue.
10. Como é chamada pela Igreja a miraculosa conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo? Esta miraculosa conversão, que todos os dias se opera sobre os nossos altares, é chamada pela Igreja de transubstanciação.
11. Quem deu tanto poder às palavras da consagração? Foi o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, Deus omnipotente, que deu tanto poder às palavras da consagração.
12. Deve-se adorar a Eucaristia? A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque Ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
13. Quando instituiu Jesus Cristo o Sacramento da Eucaristia? Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia na Última Ceia que celebrou com seus discípulos, na noite que precedeu sua Paixão.
14. Por que instituiu Jesus Cristo a Santíssima Eucaristia? Jesus Cristo instituiu a Santíssima Eucaristia por três razões principais: 1a. para ser o sacrifício da Nova Lei; 2a. para ser alimento de nossa alma; 3a. para ser um memorial perpétuo da sua Paixão e Morte, e um penhor precioso do seu amor para connosco e da vida eterna.
Primeira parte: o Sacramento da Eucaristia § 1° Do que é a Santíssima Eucaristia e da presença real de Jesus Cristo neste Sacramento
1. Que é o Sacramento da Eucaristia? A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu preciso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual.
2. Na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem? Sim, na Eucaristia está verdadeiramente o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem.
3. Por que acreditais que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo? Eu acredito que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo porque Ele mesmo o disse, e Ele, sendo Deus, não pode mentir. E assim no-lo ensina a Santa Igreja.
4. Que é a hóstia antes da consagração? A hóstia antes da consagração é pão de trigo.
5. Depois da consagração, que é a hóstia? Depois da consagração, a hóstia é o verdadeiro Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das aparências de pão.
6. Que está no cálice antes da consagração? No cálice, antes da consagração, está vinho de uva com algumas gotas de água.
7. Depois da consagração, que há no cálice? Depois da consagração, há no cálice o verdadeiro Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das aparências de vinho.
8. Quando se faz a mudança do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Jesus Cristo? A conversão do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Jesus Cristo de faz precisamente no acto em que o sacerdote, na Santa Missa, pronuncia as palavras da consagração.
9. Que é a consagração? A consagração é a renovação, por meio do sacerdote, do milagre operado por Jesus Cristo na Última Ceia, quando mudou o pão e o vinho no seu Corpo e no seu Sangue adorável, por estas palavras: Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue.
10. Como é chamada pela Igreja a miraculosa conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo? Esta miraculosa conversão, que todos os dias se opera sobre os nossos altares, é chamada pela Igreja de transubstanciação.
11. Quem deu tanto poder às palavras da consagração? Foi o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, Deus omnipotente, que deu tanto poder às palavras da consagração.
12. Deve-se adorar a Eucaristia? A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque Ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
13. Quando instituiu Jesus Cristo o Sacramento da Eucaristia? Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia na Última Ceia que celebrou com seus discípulos, na noite que precedeu sua Paixão.
14. Por que instituiu Jesus Cristo a Santíssima Eucaristia? Jesus Cristo instituiu a Santíssima Eucaristia por três razões principais: 1a. para ser o sacrifício da Nova Lei; 2a. para ser alimento de nossa alma; 3a. para ser um memorial perpétuo da sua Paixão e Morte, e um penhor precioso do seu amor para connosco e da vida eterna.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Motu Proprio sobre Missa Tridentina não é volta ao passado, precisa Cardeal Castrillón
01.04.2008 - ROMA - Em uma entrevista concedida ao jornal oficioso do Vaticano, L'Osservatore Romano ), o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei explicou que o Motu Proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI que liberaliza a Missa em latim não é uma volta ao passado e gerou além disso o retorno à plena comunhão de muitos irmãos separados.
Na entrevista realizada por Gianluca Biccini, o Cardeal explicou que "a carta apostólica de Bento XVI Summorum Pontificum sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma efetuada em 1970 está fazendo voltar inclusive alguns não católicos à plena comunhão com Roma. Solicitam-no dessa forma logo que o Papa renovasse a possibilidade de celebrar segundo o antigo rito".
O Cardeal Castrillón pôs como exemplo o seguinte caso: "na Espanha, o Oásis de Jesus Sacerdote, um inteiro monastério de clausura com 30 irmãs guiadas por seu fundador, já foi reconhecido e regularizado pela Pontifícia Comissão".
"De outro lado existem grupos de americanos, alemães e franceses e alguns leigos que nos contactam, escrevem-nos e chamam para procurar uma reconciliação e de outra parte há muitos outros fiéis que manifestam sua gratidão ao Papa pela promulgação do motu proprio", prosseguiu.
Para o Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei "é necessário deixar algo em claro: não se trata de um retorno ao passado mas sim de um progresso, porque se têm agora duas riquezas, em vez de uma só. E desta forma se oferece esta riqueza, respeitando o direito de quem está particularmente ligado à antiga liturgia".
Embora admitiu que podem surgir alguns problemas práticos no momento da aplicação do motu proprio, o Cardeal indicou que a Pontifícia Comissão que preside "está pensando em organizar uma forma de ajuda aos seminários, dioceses e conferências episcopais. Outra perspectiva em estudo é a de promover subsídios multimídia para o conhecimento e a aprendizagem da forma extraordinária com toda a riqueza teológica, espiritual e artística ligada também à antiga liturgia".
"Além disso parece importante que existam sacerdotes que já usam a forma extraordinária e que se ofereçam para celebrar ou para ilustrar a celebração segundo o missal de 1962", explicou.
Depois de precisar que com este motu proprio "o Papa foi claro" e que "é um engano de algumas pessoas e de alguns jornalistas, afirmar que o uso da língua latina só lhe pertence ao antigo rito, já que se estiver previsto no missal de Paulo VI", o Cardeal colombiano destacou que Bento XVI oferece com este documento "a todos os sacerdotes a possibilidade de celebrar a Missa também na forma tradicional e aos fiéis permite exercitar o direito de ter este rito quando existirem as condições especificadas no motu proprio".
"O Papa oferece à Igreja uma riqueza que é espiritual, cultural, religiosa e católica. recebemos cartas de consenso também de prelados das Igrejas ortodoxas, dos anglicanos e protestantes. Também há alguns sacerdotes da Fraternidade São Pio X que, individualmente, estão procurando regularizar sua posição. Alguns deles já assinaram a fórmula de adesão. Sabemos também que existem leigos tradicionalistas, próximos à Fraternidade, que começaram a frequentar as missas no rito antigo oferecidas nas Igrejas das dioceses", continuou o Cardeal.
Ao perguntar-se o como é possível um retorno à "plena comunhão" para pessoas excomungadas?", o Cardeal respondeu que "a excomunhão só recaiu sobre os quatro bispos" ordenados pelo bispo cismático francês Marcel Lefebvre, entre os que se encontra o actual líder da Fraternidade São Pio X, Dom Bernard Fellay, "porque foram ordenados sem o mandato do Papa e contra sua vontade, enquanto que os sacerdotes estão somente suspensos".
Precisando um dado mais sobre estes sacerdotes suspensos, o Cardeal acrescentou que "a Missa que celebram é sem dúvida válida, mas não lícita e; por essa razão, não se aconselha a participação nela, a menos que no domingo não exista outra possibilidade. Certamente nem os sacerdotes nem os fiéis estão excomungados. Queria a propósito deles esclarecer importância das coisas para poder as julgar correctamente".
De outro lado o Cardeal Castrillón comentou também algumas coisas de sua experiência pessoal com a liturgia. "Eu gosto muito do novus ordo que celebro quotidianamente. Não celebrei mais segundo o missal de 1962, logo depois da reforma litúrgica. Hoje ao retomar algumas vezes o rito extraordinário, também eu redescobri a riqueza da antiga liturgia que o Papa quer manter viva, conservando aquela forma secular da tradição romana".
"Não devemos esquecer nunca que o ponto supremo de referência na liturgia, como na vida, é sempre Cristo. Não temos então medo, também no rito litúrgico, de nos voltar para Ele, para o crucificado, juntos aos fiéis, para celebrar o santo sacrifício, em modo incruento, como o Concílio de Trento definiu a Missa", concluiu.
Fonte: ACI
01.04.2008 - ROMA - Em uma entrevista concedida ao jornal oficioso do Vaticano, L'Osservatore Romano ), o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei explicou que o Motu Proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI que liberaliza a Missa em latim não é uma volta ao passado e gerou além disso o retorno à plena comunhão de muitos irmãos separados.
Na entrevista realizada por Gianluca Biccini, o Cardeal explicou que "a carta apostólica de Bento XVI Summorum Pontificum sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma efetuada em 1970 está fazendo voltar inclusive alguns não católicos à plena comunhão com Roma. Solicitam-no dessa forma logo que o Papa renovasse a possibilidade de celebrar segundo o antigo rito".
O Cardeal Castrillón pôs como exemplo o seguinte caso: "na Espanha, o Oásis de Jesus Sacerdote, um inteiro monastério de clausura com 30 irmãs guiadas por seu fundador, já foi reconhecido e regularizado pela Pontifícia Comissão".
"De outro lado existem grupos de americanos, alemães e franceses e alguns leigos que nos contactam, escrevem-nos e chamam para procurar uma reconciliação e de outra parte há muitos outros fiéis que manifestam sua gratidão ao Papa pela promulgação do motu proprio", prosseguiu.
Para o Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei "é necessário deixar algo em claro: não se trata de um retorno ao passado mas sim de um progresso, porque se têm agora duas riquezas, em vez de uma só. E desta forma se oferece esta riqueza, respeitando o direito de quem está particularmente ligado à antiga liturgia".
Embora admitiu que podem surgir alguns problemas práticos no momento da aplicação do motu proprio, o Cardeal indicou que a Pontifícia Comissão que preside "está pensando em organizar uma forma de ajuda aos seminários, dioceses e conferências episcopais. Outra perspectiva em estudo é a de promover subsídios multimídia para o conhecimento e a aprendizagem da forma extraordinária com toda a riqueza teológica, espiritual e artística ligada também à antiga liturgia".
"Além disso parece importante que existam sacerdotes que já usam a forma extraordinária e que se ofereçam para celebrar ou para ilustrar a celebração segundo o missal de 1962", explicou.
Depois de precisar que com este motu proprio "o Papa foi claro" e que "é um engano de algumas pessoas e de alguns jornalistas, afirmar que o uso da língua latina só lhe pertence ao antigo rito, já que se estiver previsto no missal de Paulo VI", o Cardeal colombiano destacou que Bento XVI oferece com este documento "a todos os sacerdotes a possibilidade de celebrar a Missa também na forma tradicional e aos fiéis permite exercitar o direito de ter este rito quando existirem as condições especificadas no motu proprio".
"O Papa oferece à Igreja uma riqueza que é espiritual, cultural, religiosa e católica. recebemos cartas de consenso também de prelados das Igrejas ortodoxas, dos anglicanos e protestantes. Também há alguns sacerdotes da Fraternidade São Pio X que, individualmente, estão procurando regularizar sua posição. Alguns deles já assinaram a fórmula de adesão. Sabemos também que existem leigos tradicionalistas, próximos à Fraternidade, que começaram a frequentar as missas no rito antigo oferecidas nas Igrejas das dioceses", continuou o Cardeal.
Ao perguntar-se o como é possível um retorno à "plena comunhão" para pessoas excomungadas?", o Cardeal respondeu que "a excomunhão só recaiu sobre os quatro bispos" ordenados pelo bispo cismático francês Marcel Lefebvre, entre os que se encontra o actual líder da Fraternidade São Pio X, Dom Bernard Fellay, "porque foram ordenados sem o mandato do Papa e contra sua vontade, enquanto que os sacerdotes estão somente suspensos".
Precisando um dado mais sobre estes sacerdotes suspensos, o Cardeal acrescentou que "a Missa que celebram é sem dúvida válida, mas não lícita e; por essa razão, não se aconselha a participação nela, a menos que no domingo não exista outra possibilidade. Certamente nem os sacerdotes nem os fiéis estão excomungados. Queria a propósito deles esclarecer importância das coisas para poder as julgar correctamente".
De outro lado o Cardeal Castrillón comentou também algumas coisas de sua experiência pessoal com a liturgia. "Eu gosto muito do novus ordo que celebro quotidianamente. Não celebrei mais segundo o missal de 1962, logo depois da reforma litúrgica. Hoje ao retomar algumas vezes o rito extraordinário, também eu redescobri a riqueza da antiga liturgia que o Papa quer manter viva, conservando aquela forma secular da tradição romana".
"Não devemos esquecer nunca que o ponto supremo de referência na liturgia, como na vida, é sempre Cristo. Não temos então medo, também no rito litúrgico, de nos voltar para Ele, para o crucificado, juntos aos fiéis, para celebrar o santo sacrifício, em modo incruento, como o Concílio de Trento definiu a Missa", concluiu.
Fonte: ACI
Artigo do cardeal Alfons Stickler
SENTENÇA DE MORTE PARA AS MELODIAS GREGORIANAS.
Umas breves palavras devem ser ditas ainda sobre as regulamentações conciliares sobre música litúrgica. Nossos reformadores certamente não compartilhavam dos grandes elogios ao canto gregoriano, que expressavam, mais e mais, os observadores seculares e os entusiastas. A abolição radical (sobretudo pela criação de novas partes corais para a Missa) do Intróito, Gradual, Tracto, Alleluia, Ofertorio, Comunhão (e isto especialmente como uma oração especial da comunidade), a favor de outras de duração consideravelmente maior, foi uma sentença de morte silenciosa para as maravilhosas e variáveis melodias gregorianas, com a exceção das simples melodias das partes fixas da Missa, a saber o Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus/ Benedictus, e Agnus Dei, e isto só para umas poucas Missas. As instruções do Concílio sobre a proteção e respaldo a este antigo canto da Igreja se encontraram na prática com uma epidemia fatal.
O ÓRGÃO
O tão apreciado instrumento da Igreja, o órgão, experimentou um destino similar com a abundante substituição por instrumentos, cuja enumeração e caracterização deixarei à vossa rica experiência pessoal, com a única observação de que prepararam o caminho para a entrada de elementos diabólicos na música da Igreja.
A "CRIATIVIDADE", OUTRA ABERTA VIOLAÇÃO DO CONCÍLIO
A laxitude permitida para inovar representa um último tema importante nesta lista de elementos práticos da reforma. Essa laxitude está presente no Ordo da Missa em seu original latino. Entre os vários Ordos nacionais, o Ordo Alemão da Missa sobressai por mostrar muitas mais concessões deste tipo. Praticamente elimina o estrito, absoluto edito de art. 22, &3,da constituição Conciliar, que diz que ninguém, nem sequer um sacerdote, pode por sua própria autoridade agregar, saltar ou alterar nada. As violações durante todo o processo da Missa que estão se levantando mais e mais contra esse edito do Concílio, estão sendo a causa de uma desordem rumorosa, que o velho Ordo Latino, com sua tão lamentada rigidez, impediu com tanto êxito. O novo garantidor do ordo contribui assim para a desordem, e uma pessoa não pode, então, surpreender-se quando, uma e outra vez, descobre que em cada paróquia parece reinar um Ordo diferente.
CRÍTICAS À REFORMA
Com isso, chegamos às públicas, ainda que limitadas, críticas sobre a reforma da Missa. O próprio Arcebispo Bugnini as expõe com notável honestidade nas páginas 108 - 121 de suas memórias da reforma, sem poder refutá-las. Em suas memórias e nas de Monsenhor Wagner, a insegurança do Consilium sobre as reformas que tão apressadamente levaram a cabo é óbvia. Também ali aparece pouca sensibilidade.
Até as prévias investigações ¨teológicas, históricas e pastorais¨ ordenadas pelo Concílio como necessárias antes de qualquer alteração [Falha no texto: não se levaram em conta???]. Por exemplo, a competente capacidade de Monsenhor Gamber, o historiador de liturgia alemão, foi completamente ignorada. A pressa incompreensível com que se deu forma à reforma, e com que foi tornada obrigatória fez com que Bispos influentes, que estavam de todo menos apegados à tradição, a reconsideraram. Um monsenhor que tinha acompanhado o Cardeal Döpfner como secretário em Salzburgo, para sancionar uma resolução dos Bispos de língua alemã, para a ativação do Novo Ordo da Missa em seu país, contou-me que o Cardeal estava muito reticente, quando de sua viagem de retorno a Munich. Nesse momento, expressou brevemente seu medo de que um assunto pastoral tão delicado tivesse sido tratado com tanto pressa.
VALIDEZ DOGMÁTICA E JURÍDICA DO NOVUS ORDO
Com o fim de evitar qualquer mal entendido, quereria enfatizar que nunca coloquei em dúvida a validade dogmática ou jurídica do Novus Ordo Missae, apesar de que na ordem jurídica me assaltassem sérias dúvidas em vista de meu intenso trabalho com os canonistas medievais. Eles têm a unânime opinião de que os papas podem mudar qualquer coisa, com exceção do que prescrevem as Sagradas Escrituras, ou o que concerne as decisões doutrinais do mais alto nível tomadas previamente, e o status ecclesiae. Não há perfeita clareza com respeito a esse conceito. O apego à tradição no caso de coisas fundamentais que influíram em forma concludente sobre a Igreja no curso dos tempos, certamente pertence a esse status fixo, imutável, do qual o Papa não tem direito de dispor. O significado da liturgia para o íntegro conceito da Igreja e seu desenvolvimento, que foi também enfatizado pelo Concílio Vaticano II como imutável em sua natureza, nos leva a crer que, de fato, deveria pertencer ao status ecclesiae.
SENTENÇA DE MORTE PARA AS MELODIAS GREGORIANAS.
Umas breves palavras devem ser ditas ainda sobre as regulamentações conciliares sobre música litúrgica. Nossos reformadores certamente não compartilhavam dos grandes elogios ao canto gregoriano, que expressavam, mais e mais, os observadores seculares e os entusiastas. A abolição radical (sobretudo pela criação de novas partes corais para a Missa) do Intróito, Gradual, Tracto, Alleluia, Ofertorio, Comunhão (e isto especialmente como uma oração especial da comunidade), a favor de outras de duração consideravelmente maior, foi uma sentença de morte silenciosa para as maravilhosas e variáveis melodias gregorianas, com a exceção das simples melodias das partes fixas da Missa, a saber o Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus/ Benedictus, e Agnus Dei, e isto só para umas poucas Missas. As instruções do Concílio sobre a proteção e respaldo a este antigo canto da Igreja se encontraram na prática com uma epidemia fatal.
O ÓRGÃO
O tão apreciado instrumento da Igreja, o órgão, experimentou um destino similar com a abundante substituição por instrumentos, cuja enumeração e caracterização deixarei à vossa rica experiência pessoal, com a única observação de que prepararam o caminho para a entrada de elementos diabólicos na música da Igreja.
A "CRIATIVIDADE", OUTRA ABERTA VIOLAÇÃO DO CONCÍLIO
A laxitude permitida para inovar representa um último tema importante nesta lista de elementos práticos da reforma. Essa laxitude está presente no Ordo da Missa em seu original latino. Entre os vários Ordos nacionais, o Ordo Alemão da Missa sobressai por mostrar muitas mais concessões deste tipo. Praticamente elimina o estrito, absoluto edito de art. 22, &3,da constituição Conciliar, que diz que ninguém, nem sequer um sacerdote, pode por sua própria autoridade agregar, saltar ou alterar nada. As violações durante todo o processo da Missa que estão se levantando mais e mais contra esse edito do Concílio, estão sendo a causa de uma desordem rumorosa, que o velho Ordo Latino, com sua tão lamentada rigidez, impediu com tanto êxito. O novo garantidor do ordo contribui assim para a desordem, e uma pessoa não pode, então, surpreender-se quando, uma e outra vez, descobre que em cada paróquia parece reinar um Ordo diferente.
CRÍTICAS À REFORMA
Com isso, chegamos às públicas, ainda que limitadas, críticas sobre a reforma da Missa. O próprio Arcebispo Bugnini as expõe com notável honestidade nas páginas 108 - 121 de suas memórias da reforma, sem poder refutá-las. Em suas memórias e nas de Monsenhor Wagner, a insegurança do Consilium sobre as reformas que tão apressadamente levaram a cabo é óbvia. Também ali aparece pouca sensibilidade.
Até as prévias investigações ¨teológicas, históricas e pastorais¨ ordenadas pelo Concílio como necessárias antes de qualquer alteração [Falha no texto: não se levaram em conta???]. Por exemplo, a competente capacidade de Monsenhor Gamber, o historiador de liturgia alemão, foi completamente ignorada. A pressa incompreensível com que se deu forma à reforma, e com que foi tornada obrigatória fez com que Bispos influentes, que estavam de todo menos apegados à tradição, a reconsideraram. Um monsenhor que tinha acompanhado o Cardeal Döpfner como secretário em Salzburgo, para sancionar uma resolução dos Bispos de língua alemã, para a ativação do Novo Ordo da Missa em seu país, contou-me que o Cardeal estava muito reticente, quando de sua viagem de retorno a Munich. Nesse momento, expressou brevemente seu medo de que um assunto pastoral tão delicado tivesse sido tratado com tanto pressa.
VALIDEZ DOGMÁTICA E JURÍDICA DO NOVUS ORDO
Com o fim de evitar qualquer mal entendido, quereria enfatizar que nunca coloquei em dúvida a validade dogmática ou jurídica do Novus Ordo Missae, apesar de que na ordem jurídica me assaltassem sérias dúvidas em vista de meu intenso trabalho com os canonistas medievais. Eles têm a unânime opinião de que os papas podem mudar qualquer coisa, com exceção do que prescrevem as Sagradas Escrituras, ou o que concerne as decisões doutrinais do mais alto nível tomadas previamente, e o status ecclesiae. Não há perfeita clareza com respeito a esse conceito. O apego à tradição no caso de coisas fundamentais que influíram em forma concludente sobre a Igreja no curso dos tempos, certamente pertence a esse status fixo, imutável, do qual o Papa não tem direito de dispor. O significado da liturgia para o íntegro conceito da Igreja e seu desenvolvimento, que foi também enfatizado pelo Concílio Vaticano II como imutável em sua natureza, nos leva a crer que, de fato, deveria pertencer ao status ecclesiae.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Cardeal Saraiva Martins fala sobre Summorum Pontificum:
Extracto de una entrevista concedida a Bruno Volpe do site de internet Pontifex (Ago-21-2008) pelo Cardeal José Saraiva Martins, Perfeito emérito da Congregação para a Causas dos Santos.
O que pensa do Motu Proprio do Santo Padre que liberalizou a Missa segundo o antigo rito romano?
“ É necessário obedecer ao Papa. Se fez tinha razão para fazê-lo. Por outra parte, o rito antigo nunca tinha sido abolido na Igreja. Portanto, o Papa realizou um gesto de justiça e de grande respeito.”
Extracto de una entrevista concedida a Bruno Volpe do site de internet Pontifex (Ago-21-2008) pelo Cardeal José Saraiva Martins, Perfeito emérito da Congregação para a Causas dos Santos.
O que pensa do Motu Proprio do Santo Padre que liberalizou a Missa segundo o antigo rito romano?
“ É necessário obedecer ao Papa. Se fez tinha razão para fazê-lo. Por outra parte, o rito antigo nunca tinha sido abolido na Igreja. Portanto, o Papa realizou um gesto de justiça e de grande respeito.”
domingo, 24 de agosto de 2008
No último domingo (15 de junho de 2008), em Londres, na catedral de Westminster, Sé Primaz da Inglaterra, o presidente da Comissão Ecclesia Dei, Cardeal Dario Castrillon Hoyos, fez importantes declarações acerca do futuro das paróquias católicas e a implementação do motu proprio Summorum Pontificum , tendo concedido uma entrevista a vários jornalistas de que destacamos:
Reuters: Em algumas partes do mundo parece existir resistência por parte dos bispos locais em permitir aos fiéis plena liberdade para celebrar a forma extraordinária. O que você recomenda a esses fiéis fazerem?
Cardeal Castrillon: A estarem informados. Muitas das dificuldades surgem porque eles não conhecem a realidade do Rito Gregoriano – esse é o nome correcto da forma extraordinária, pois essa missa nunca foi proibida, nunca. Hoje para muitos bispos é difícil porque eles não têm padres que saibam latim. Muitos seminaristas dedicam muito poucas horas ao latim – insuficientes para dar a necessária preparação para celebrar de boa maneira a Forma Extraordinária. Outros pensam que o Papa está indo contra o Concílio Vaticano II. Isso é ignorância absoluta. Os padres do Concílio nunca celebraram a Missa de outra maneira que não a gregoriana. Ele [o novus ordo] veio depois do Concílio… O Santo Padre, que é um teólogo e que estava na preparação do Concílio, está actuando exactamente conforme o Concílio, dando liberdade aos diferentes tipos de celebração. Essa celebração, a Gregoriana, foi a celebração da Igreja durante mais de mil anos… Outros dizem que não podem celebrar com as costas para o povo. Isso é ridículo. O Filho de Deus sacrificou-se ao Pai com seu rosto voltado ao Pai. Não é contra o povo. É pelo povo…
Damian Thompson (Telegraph): Eminência, o Santo Padre gostaria de ver as paróquias comuns da Inglaterra sem conhecimento do Rito Gregoriano apresentadas a ele?
Cardeal Castrillon: Sim, é claro. Nós não podemos celebrá-lo sem o conhecimento da língua, dos sinais, dos jeitos do rito, e algumas instituições da Igreja estão ajudando nesse sentido.
DT: Então o Papa gostaria de ver muitas paróquias fornecendo o Rito Gregoriano?
Cardeal Castrillon: Não muitas – todas as paróquias, pois isso é um dom de Deus. Ele oferece essas riquezas e é muito importante para as novas gerações conhecer o passado da Igreja. Esse tipo de liturgia é tão nobre, tão bonito – a mais teológica das formas de expressar nossa fé. A liturgia, a música, a arquitectura, as pinturas, fazem um todo que é um tesouro. O Santo Padre está desejoso de oferecer a todas as pessoas essa possibilidade, não apenas para poucos grupos que pedem, mas para que todos conheçam essa forma de se celebrar a eucaristia na Igreja Católica.
Anna Arco (The Catholic Herald): Nesse sentido, gostaria de ver todos os seminários da Inglaterra e Gales ensinando os seminaristas a celebrar na forma extraordinária?
Cardeal Castrillon: Eu gostaria e será necessário. Nós estamos escrevendo aos seminários, estamos de acordo que devemos fazer uma grande preparação não apenas para o Rito, mas para ensinar a teologia, a filosofia, a língua latina….
DT: Quais seriam os passos práticos para as paróquias ordinárias [para se preparar para o Rito Gregoriano]?
Cardeal Castrillon: Se o pároco reserva uma hora aos domingos para celebrar a Missa e preparar com catequese a comunidade para compreendê-lo, apreciar o poder do silêncio, o poder da sagrada forma de frente para Deus, a profunda teologia, para descobrir como e por que o padre representa Cristo e rezar com o padre.
EC: Eminência, eu penso que muitos católicos estão mais que confusos por essa nova ênfase no Rito Tridentino, principalmente ente porque nós fomos ensinados que o Novo Rito representava um progresso verdadeiro, e muitos de nós que crescemos com ele o vemos como um progresso verdadeiro, que existam ministros da Eucaristia, mulheres no santuário, que somos todos sacerdotes, profetas e reis.
Essa nova ênfase para muitos de nós parece negar isso.
Cardeal Castrillon: Que progresso? “Progredire” significa [oferecer] o melhor para Deus… Eu estou surpreso porque muitas pessoas jovens são entusiastas da celebração do Rito Gregoriano
EC: No Motu Proprio, a ênfase do Papa é em um Rito e duas formas, e ele descreve o Rito Tridentino como “extraordinário”. Extraordinário portanto significa excepcional, algo que não celebramos todo domingo.
Cardeal Castrillon: Não “excepcional”. Extraordinário significa “não ordinário”, e não “excepcional”.
DT: Existirá um esclarecimento sobre o Motu Proprio?
Cardeal Castrillon: Não exatamente um esclarecimento do Motu Proprio, mas de matérias tratadas no Motu Proprio, tais como o calendário, ordenações ao sub-diaconato, o forma de usar os paramentos, o jejum eucarístico.
DT: E quanto ao “grupo estável”?
Cardeal Castrillon: Isso é uma matéria de senso comum… Em todo palácio episcopal existem talvez três ou quatro pessoas. Isso é um grupo estável…. Não é possível dar a duas pessoas uma missa, mas duas aqui, duas ali, duas acolá – eles podem tê-la. Eles são um grupo estável.
DT: De paróquias diferentes?
Cardeal Castrillon: Sem problema! Esse é o nosso mundo. Gerentes de empresas não vivem no mesmo lugar, mas eles são um grupo estável.
Reuters: Em algumas partes do mundo parece existir resistência por parte dos bispos locais em permitir aos fiéis plena liberdade para celebrar a forma extraordinária. O que você recomenda a esses fiéis fazerem?
Cardeal Castrillon: A estarem informados. Muitas das dificuldades surgem porque eles não conhecem a realidade do Rito Gregoriano – esse é o nome correcto da forma extraordinária, pois essa missa nunca foi proibida, nunca. Hoje para muitos bispos é difícil porque eles não têm padres que saibam latim. Muitos seminaristas dedicam muito poucas horas ao latim – insuficientes para dar a necessária preparação para celebrar de boa maneira a Forma Extraordinária. Outros pensam que o Papa está indo contra o Concílio Vaticano II. Isso é ignorância absoluta. Os padres do Concílio nunca celebraram a Missa de outra maneira que não a gregoriana. Ele [o novus ordo] veio depois do Concílio… O Santo Padre, que é um teólogo e que estava na preparação do Concílio, está actuando exactamente conforme o Concílio, dando liberdade aos diferentes tipos de celebração. Essa celebração, a Gregoriana, foi a celebração da Igreja durante mais de mil anos… Outros dizem que não podem celebrar com as costas para o povo. Isso é ridículo. O Filho de Deus sacrificou-se ao Pai com seu rosto voltado ao Pai. Não é contra o povo. É pelo povo…
Damian Thompson (Telegraph): Eminência, o Santo Padre gostaria de ver as paróquias comuns da Inglaterra sem conhecimento do Rito Gregoriano apresentadas a ele?
Cardeal Castrillon: Sim, é claro. Nós não podemos celebrá-lo sem o conhecimento da língua, dos sinais, dos jeitos do rito, e algumas instituições da Igreja estão ajudando nesse sentido.
DT: Então o Papa gostaria de ver muitas paróquias fornecendo o Rito Gregoriano?
Cardeal Castrillon: Não muitas – todas as paróquias, pois isso é um dom de Deus. Ele oferece essas riquezas e é muito importante para as novas gerações conhecer o passado da Igreja. Esse tipo de liturgia é tão nobre, tão bonito – a mais teológica das formas de expressar nossa fé. A liturgia, a música, a arquitectura, as pinturas, fazem um todo que é um tesouro. O Santo Padre está desejoso de oferecer a todas as pessoas essa possibilidade, não apenas para poucos grupos que pedem, mas para que todos conheçam essa forma de se celebrar a eucaristia na Igreja Católica.
Anna Arco (The Catholic Herald): Nesse sentido, gostaria de ver todos os seminários da Inglaterra e Gales ensinando os seminaristas a celebrar na forma extraordinária?
Cardeal Castrillon: Eu gostaria e será necessário. Nós estamos escrevendo aos seminários, estamos de acordo que devemos fazer uma grande preparação não apenas para o Rito, mas para ensinar a teologia, a filosofia, a língua latina….
DT: Quais seriam os passos práticos para as paróquias ordinárias [para se preparar para o Rito Gregoriano]?
Cardeal Castrillon: Se o pároco reserva uma hora aos domingos para celebrar a Missa e preparar com catequese a comunidade para compreendê-lo, apreciar o poder do silêncio, o poder da sagrada forma de frente para Deus, a profunda teologia, para descobrir como e por que o padre representa Cristo e rezar com o padre.
EC: Eminência, eu penso que muitos católicos estão mais que confusos por essa nova ênfase no Rito Tridentino, principalmente ente porque nós fomos ensinados que o Novo Rito representava um progresso verdadeiro, e muitos de nós que crescemos com ele o vemos como um progresso verdadeiro, que existam ministros da Eucaristia, mulheres no santuário, que somos todos sacerdotes, profetas e reis.
Essa nova ênfase para muitos de nós parece negar isso.
Cardeal Castrillon: Que progresso? “Progredire” significa [oferecer] o melhor para Deus… Eu estou surpreso porque muitas pessoas jovens são entusiastas da celebração do Rito Gregoriano
EC: No Motu Proprio, a ênfase do Papa é em um Rito e duas formas, e ele descreve o Rito Tridentino como “extraordinário”. Extraordinário portanto significa excepcional, algo que não celebramos todo domingo.
Cardeal Castrillon: Não “excepcional”. Extraordinário significa “não ordinário”, e não “excepcional”.
DT: Existirá um esclarecimento sobre o Motu Proprio?
Cardeal Castrillon: Não exatamente um esclarecimento do Motu Proprio, mas de matérias tratadas no Motu Proprio, tais como o calendário, ordenações ao sub-diaconato, o forma de usar os paramentos, o jejum eucarístico.
DT: E quanto ao “grupo estável”?
Cardeal Castrillon: Isso é uma matéria de senso comum… Em todo palácio episcopal existem talvez três ou quatro pessoas. Isso é um grupo estável…. Não é possível dar a duas pessoas uma missa, mas duas aqui, duas ali, duas acolá – eles podem tê-la. Eles são um grupo estável.
DT: De paróquias diferentes?
Cardeal Castrillon: Sem problema! Esse é o nosso mundo. Gerentes de empresas não vivem no mesmo lugar, mas eles são um grupo estável.
Artigo do cardeal Alfons Stickler
UMA DESGRAÇA PASTORAL. O ABANDONO DO LATIM COMO LÍNGUA DO CULTO
Uma segunda e maior fonte de desgraça pastoral, novamente contra a vontade explícita do Concílio, resultou de abandonar o latim como língua do culto. O latim desempenha um papel de linguagem universal que unifica o culto público da Igreja sem ofender nenhuma língua vernácula.
Reveste-se isto da maior importância, hoje, em um tempo em que o desenvolvimento do conceito de Igreja encadeia a todo o Povo de Deus, no único corpo Místico de Cristo, ressaltado em outro lugar da reforma.
Ao introduzir o uso exclusivo da língua vernácula, a reforma deixa fora da unidade da Igreja a várias pequenas Igrejas, separadas e isoladas. Onde está a possibilidade pastoral para os católicos, através de todo o mundo, de encontrar sua Missa, para vencer diferenças raciais através de uma língua comum de culto, ou, pelo menos, em um mundo cada vez menor, poder simplesmente rezar juntos, como o pede explicitamente o Concílio? Onde está agora a factibilidade pastoral de que um sacerdote exerça o ato mais altamente sacerdotal –a Santa Missa–- em todas parte, sobretudo em um mundo onde faltam sacerdotes?
Uma pessoa não pode surpreender-se quando descobre que em cada paróquia parece reinar um Ordo diferente
O LECCIONÁRIO DE TRÊS ANOS, UM CRIME CONTRA A NATUREZA
Na Constituição Conciliar não se fala em nenhuma parte da introdução de um lecionário de três anos. Através disto a Comissão de reforma se tornou culpada de um crime contra a natureza. Um simples ano calendário teria bastado para todos os desejos de mudança. O Concilium podia ter se mantido dentro de um ciclo anual, enriquecendo as leituras com tantas y tão variadas possibilidades de escolha como quereriam, sem alterar o curso normal do ano. Nessa mudança, foi destruída a velha ordem de leituras, e foi introduzida uma nova ordem, com uma grande carga e gasto em livros, nos quais se podiam instalar tantos textos quanto fosse possível, não somente do mundo da Igreja como também –como se praticou amplamente– do mundo profano. A parte das dificuldades pastorais por parte dos fregueses para compreender textos que necessitam exegeses especiais, resultou ser uma oportunidade –que foi aproveitada– para manipular os textos com o fim de introduzir novas verdades em lugar das velhas. Passagens pastoralmente impopulares –freqüentemente de significado teológico e moral fundamentais– foram simplesmente eliminadas. Um exemplo clássico é o texto de 1 Cor. 11 :27-29: aqui, na narração da instituição da Eucaristia, foi deixada fora continuamente a séria exortação final sobre as graves conseqüências de recebê-la impropriamente, ainda que na festa de Corpus Christi. A necessidade pastoral desse texto, tendo em vista a atual recepção da comunhão, sem confissão e sem reverência, é óbvia.
Os desatinos que se podem cometer com as novas leituras, especialmente em suas palavras introdutórias e conclusivas, são exemplificados pela nota de Klaus Gamber ao final da leitura do primeiro domingo da Quaresma do Ciclo A, que fala das conseqüências do Pecado Original : ¨Então os olhos de ambos se abriram e souberam que estavam nus¨. Logo após o que o povo, exercendo sua vívida e ativa participação deve responder: ¨Graças a Deus¨.
Indo mais além, por que era necessária a alteração da seqüência das festas sacras? Se algum cuidado era necessário, era aqui por interesse pastoral e consciência do apego do povo às festas de suas Igrejas locais, cuja desordem temporária tinha que ter uma muito má influência na piedade popular. Os que implementaram a reforma litúrgica parecem não ter sentido a menor comiseração com essas considerações, apesar dos artigos 9, 12, 13 e 37da Constituição para a liturgia.
SENTENÇA DE MORTE PARA AS MELODIAS GREGORIANAS.
Umas breves palavras devem ser ditas ainda sobre as regulamentações conciliares sobre música litúrgica. Nossos reformadores certamente não compartilhavam dos grandes elogios ao canto gregoriano, que expressavam, mais e mais, os observadores seculares e os entusiastas. A abolição radical (sobretudo pela criação de novas partes corais para a Missa) do Intróito, Gradual, Tracto, Alleluia, Ofertorio, Comunhão (e isto especialmente como uma oração especial da comunidade), a favor de outras de duração consideravelmente maior, foi uma sentença de morte silenciosa para as maravilhosas e variáveis melodias gregorianas, com a exceção das simples melodias das partes fixas da Missa, a saber o Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus/ Benedictus, e Agnus Dei, e isto só para umas poucas Missas. As instruções do Concílio sobre a proteção e respaldo a este antigo canto da Igreja se encontraram na prática com uma epidemia fatal.
UMA DESGRAÇA PASTORAL. O ABANDONO DO LATIM COMO LÍNGUA DO CULTO
Uma segunda e maior fonte de desgraça pastoral, novamente contra a vontade explícita do Concílio, resultou de abandonar o latim como língua do culto. O latim desempenha um papel de linguagem universal que unifica o culto público da Igreja sem ofender nenhuma língua vernácula.
Reveste-se isto da maior importância, hoje, em um tempo em que o desenvolvimento do conceito de Igreja encadeia a todo o Povo de Deus, no único corpo Místico de Cristo, ressaltado em outro lugar da reforma.
Ao introduzir o uso exclusivo da língua vernácula, a reforma deixa fora da unidade da Igreja a várias pequenas Igrejas, separadas e isoladas. Onde está a possibilidade pastoral para os católicos, através de todo o mundo, de encontrar sua Missa, para vencer diferenças raciais através de uma língua comum de culto, ou, pelo menos, em um mundo cada vez menor, poder simplesmente rezar juntos, como o pede explicitamente o Concílio? Onde está agora a factibilidade pastoral de que um sacerdote exerça o ato mais altamente sacerdotal –a Santa Missa–- em todas parte, sobretudo em um mundo onde faltam sacerdotes?
Uma pessoa não pode surpreender-se quando descobre que em cada paróquia parece reinar um Ordo diferente
O LECCIONÁRIO DE TRÊS ANOS, UM CRIME CONTRA A NATUREZA
Na Constituição Conciliar não se fala em nenhuma parte da introdução de um lecionário de três anos. Através disto a Comissão de reforma se tornou culpada de um crime contra a natureza. Um simples ano calendário teria bastado para todos os desejos de mudança. O Concilium podia ter se mantido dentro de um ciclo anual, enriquecendo as leituras com tantas y tão variadas possibilidades de escolha como quereriam, sem alterar o curso normal do ano. Nessa mudança, foi destruída a velha ordem de leituras, e foi introduzida uma nova ordem, com uma grande carga e gasto em livros, nos quais se podiam instalar tantos textos quanto fosse possível, não somente do mundo da Igreja como também –como se praticou amplamente– do mundo profano. A parte das dificuldades pastorais por parte dos fregueses para compreender textos que necessitam exegeses especiais, resultou ser uma oportunidade –que foi aproveitada– para manipular os textos com o fim de introduzir novas verdades em lugar das velhas. Passagens pastoralmente impopulares –freqüentemente de significado teológico e moral fundamentais– foram simplesmente eliminadas. Um exemplo clássico é o texto de 1 Cor. 11 :27-29: aqui, na narração da instituição da Eucaristia, foi deixada fora continuamente a séria exortação final sobre as graves conseqüências de recebê-la impropriamente, ainda que na festa de Corpus Christi. A necessidade pastoral desse texto, tendo em vista a atual recepção da comunhão, sem confissão e sem reverência, é óbvia.
Os desatinos que se podem cometer com as novas leituras, especialmente em suas palavras introdutórias e conclusivas, são exemplificados pela nota de Klaus Gamber ao final da leitura do primeiro domingo da Quaresma do Ciclo A, que fala das conseqüências do Pecado Original : ¨Então os olhos de ambos se abriram e souberam que estavam nus¨. Logo após o que o povo, exercendo sua vívida e ativa participação deve responder: ¨Graças a Deus¨.
Indo mais além, por que era necessária a alteração da seqüência das festas sacras? Se algum cuidado era necessário, era aqui por interesse pastoral e consciência do apego do povo às festas de suas Igrejas locais, cuja desordem temporária tinha que ter uma muito má influência na piedade popular. Os que implementaram a reforma litúrgica parecem não ter sentido a menor comiseração com essas considerações, apesar dos artigos 9, 12, 13 e 37da Constituição para a liturgia.
SENTENÇA DE MORTE PARA AS MELODIAS GREGORIANAS.
Umas breves palavras devem ser ditas ainda sobre as regulamentações conciliares sobre música litúrgica. Nossos reformadores certamente não compartilhavam dos grandes elogios ao canto gregoriano, que expressavam, mais e mais, os observadores seculares e os entusiastas. A abolição radical (sobretudo pela criação de novas partes corais para a Missa) do Intróito, Gradual, Tracto, Alleluia, Ofertorio, Comunhão (e isto especialmente como uma oração especial da comunidade), a favor de outras de duração consideravelmente maior, foi uma sentença de morte silenciosa para as maravilhosas e variáveis melodias gregorianas, com a exceção das simples melodias das partes fixas da Missa, a saber o Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus/ Benedictus, e Agnus Dei, e isto só para umas poucas Missas. As instruções do Concílio sobre a proteção e respaldo a este antigo canto da Igreja se encontraram na prática com uma epidemia fatal.
sábado, 23 de agosto de 2008
Apresentamos algumas fotos do tríduo realizado pela Fraternidade de Cristo Sacerdote e Maria Rainha , foram momentos maravilhosos em que se viveu e saboreou a beleza da Missa Tridentina. Participação esta que contou com a presença de Sacerdotes:um de Portugal, vários de Espanha e três outros de outros Institutos que também previlegiam a celebração da Missa Tridentina, naturais de França e um deles com ascendência portuguesa.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Em 13 de Agosto, as crianças foram impedidas, pelas autoridades civis anti-eclesiásticas, de irem ao combinado encontro com Nossa Senhora, na Cova da Iria, onde estava reunida uma enorme multidão.
A 19 de Agosto celebra-se, no Santuário de Fátima, o Aniversário da 4.ª Aparição de Nossa Senhora, ocorrida nos Valinhos.
Entre outras recomendações, diz Nossa Senhora aos Pastorinhos, em face duma interpelação da Lúcia sobre o destino a dar ao dinheiro que o povo já então lhes deixava:
«Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos.
O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda duma capela, que hão-de mandar fazer.
(...)
E, tomando um aspecto mais triste, recomendou-lhes novamente as práticas da oração e da mortificação:
«Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas!».
A 19 de Agosto celebra-se, no Santuário de Fátima, o Aniversário da 4.ª Aparição de Nossa Senhora, ocorrida nos Valinhos.
Entre outras recomendações, diz Nossa Senhora aos Pastorinhos, em face duma interpelação da Lúcia sobre o destino a dar ao dinheiro que o povo já então lhes deixava:
«Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos.
O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda duma capela, que hão-de mandar fazer.
(...)
E, tomando um aspecto mais triste, recomendou-lhes novamente as práticas da oração e da mortificação:
«Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas!».
NO 40º ANIVERSÁRIO DA PROMULGAÇÃO
DA CONSTITUIÇÃO "SACROSANCTUM CONCILIUM" [1]
O significado desta comemoração
A Constituição Apostólica Sacrosanctum concilium foi aprovada no dia 4 de Dezembro de 1963, no termo da segunda sessão do Concílio Vaticano II, presidida pelo Papa Paulo VI com uma votação praticamente unânime dos Padres conciliares (2.147 votos a favor e 4 contrários). Assim, aconteceu o que até então nunca tinha ocorrido na história da Igreja: nenhum Concílio jamais dedicara à Liturgia um documento à parte. Com efeito, era a primeira vez que uma assembleia ecuménica abordava a Liturgia na sua globalidade, tanto nos seus princípios bíblico-teológicos, como nos seus aspectos celebrativos e pastorais concretos. Além disso, é necessário reconhecer como altamente eloquente a escolha de colocar a Liturgia em primeiro plano, fazendo da Sacrosanctum concilium o primeiro documento promulgado pelo Concílio Vaticano II. Plenamente consciente do valor e do significado desta circunstância, o Papa Paulo VI fez-se intérprete da alegria de toda a Igreja: "Exulta o nosso espírito com este resultado. Vemos que se respeitou nele a escala dos valores e dos deveres: Deus está em primeiro lugar; a oração é a nossa primeira obrigação; a Liturgia é a fonte primeira da vida divina que nos é comunicada, a primeira escola da nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos oferecer ao povo cristão que, juntamente connosco, crê e ora, e primeiro convite ao mundo, para que solte a sua língua muda em oração feliz e autêntica, e sinta o inefável força regeneradora, ao cantar connosco os louvores divinos e as esperanças humanas, por Cristo nosso Senhor e no Espírito Santo" (Discurso de Paulo VI, no encerramento da segunda sessão do Concílio Vaticano II, 4 de Dezembro de 1963).
A herança do passado
Portanto, aproximar-se de novo da Constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia significa não esquecer no presente a herança do passado e sobretudo o interesse, o estudo e o amor pela Liturgia, que caracterizaram o caminho do movimento litúrgico e que tornaram possível o documento, para o qual convergiram o interesse e o consenso de quase todos os Padres conciliares.
A natureza da Liturgia
A volta às fontes bíblicas e patrísticas não investe unicamente as formas rituais, mas introduz na compreensão da própria natureza da Liturgia. A Sacrosanctum concilium não formula em primeiro lugar um conceito de Liturgia, mas indica aquilo que se realiza por intermédio da mesma: "Através da Liturgia realiza-se a obra da nossa redenção" (cf. ibid., n. 2). Portanto, mediante a Liturgia os crentes fazem a experiência do mistério pascal de Cristo na sua integridade. Por conseguinte, a Constituição indica os efeitos da Liturgia que, "ao mesmo tempo que edifica aqueles que são na Igreja o templo santo do Senhor, em morada de Deus no Espírito, até à medida da idade da plenitude de Cristo" (Ibidem).
Este artigo foi escrito por sua Rev.ma D. Piero Marini
DA CONSTITUIÇÃO "SACROSANCTUM CONCILIUM" [1]
O significado desta comemoração
A Constituição Apostólica Sacrosanctum concilium foi aprovada no dia 4 de Dezembro de 1963, no termo da segunda sessão do Concílio Vaticano II, presidida pelo Papa Paulo VI com uma votação praticamente unânime dos Padres conciliares (2.147 votos a favor e 4 contrários). Assim, aconteceu o que até então nunca tinha ocorrido na história da Igreja: nenhum Concílio jamais dedicara à Liturgia um documento à parte. Com efeito, era a primeira vez que uma assembleia ecuménica abordava a Liturgia na sua globalidade, tanto nos seus princípios bíblico-teológicos, como nos seus aspectos celebrativos e pastorais concretos. Além disso, é necessário reconhecer como altamente eloquente a escolha de colocar a Liturgia em primeiro plano, fazendo da Sacrosanctum concilium o primeiro documento promulgado pelo Concílio Vaticano II. Plenamente consciente do valor e do significado desta circunstância, o Papa Paulo VI fez-se intérprete da alegria de toda a Igreja: "Exulta o nosso espírito com este resultado. Vemos que se respeitou nele a escala dos valores e dos deveres: Deus está em primeiro lugar; a oração é a nossa primeira obrigação; a Liturgia é a fonte primeira da vida divina que nos é comunicada, a primeira escola da nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos oferecer ao povo cristão que, juntamente connosco, crê e ora, e primeiro convite ao mundo, para que solte a sua língua muda em oração feliz e autêntica, e sinta o inefável força regeneradora, ao cantar connosco os louvores divinos e as esperanças humanas, por Cristo nosso Senhor e no Espírito Santo" (Discurso de Paulo VI, no encerramento da segunda sessão do Concílio Vaticano II, 4 de Dezembro de 1963).
A herança do passado
Portanto, aproximar-se de novo da Constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia significa não esquecer no presente a herança do passado e sobretudo o interesse, o estudo e o amor pela Liturgia, que caracterizaram o caminho do movimento litúrgico e que tornaram possível o documento, para o qual convergiram o interesse e o consenso de quase todos os Padres conciliares.
A natureza da Liturgia
A volta às fontes bíblicas e patrísticas não investe unicamente as formas rituais, mas introduz na compreensão da própria natureza da Liturgia. A Sacrosanctum concilium não formula em primeiro lugar um conceito de Liturgia, mas indica aquilo que se realiza por intermédio da mesma: "Através da Liturgia realiza-se a obra da nossa redenção" (cf. ibid., n. 2). Portanto, mediante a Liturgia os crentes fazem a experiência do mistério pascal de Cristo na sua integridade. Por conseguinte, a Constituição indica os efeitos da Liturgia que, "ao mesmo tempo que edifica aqueles que são na Igreja o templo santo do Senhor, em morada de Deus no Espírito, até à medida da idade da plenitude de Cristo" (Ibidem).
Este artigo foi escrito por sua Rev.ma D. Piero Marini
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