Missa Gregoriana no Mundo . SANTIDADE
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
domingo, 1 de dezembro de 2024
Os Oblatos da Divina Misericórdia
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sábado, 30 de novembro de 2024
O Irmão Lourenço alcançara um estado em que não tinha senão pensamentos em Deus.
TERCEIRA CONVERSA
22 DE NOVEMBRO DE 1666
Disse-me o Irmão Lourenço que, nele, os alicerces da vida espiritual haviam sido uma elevada concepção e uma exaltada estima de Deus sem outra consideração a não ser o próprio Deus. Uma vez plenamente delineados estes fundamentos, no começo, ele não teve outra preocupação senão excluir todos os outros pensamentos e praticar todas as suas ações pelo amor de Deus. Quando, algumas vezes, se passava um período considerável sem que pensasse em Deus, não ficava inquieto por causa disso, mas, confessando-Lhe sua mesquinhez, voltava a Ele com confiança de intensidade equivalente à da infelicidade que sentira por tê-Lo esquecido. Declarou que a confiança que depositamos em Deus é um modo de prestar-Lhe grande honra, e isto nos atrai abundantes graças. Deus não nos pode iludir, nem permitir, por um grande lapso de tempo, o sofrimento de uma alma que se tenha entregado inteiramente a Ele e esteja determinada a, por Ele, tolerar todas as coisas.
O Irmão Lourenço alcançara um estado em que não tinha senão pensamentos em Deus. Quando algum outro pensamento ou uma tentação queriam aparecer, assim era sua experiência do pronto auxílio de Deus: ao sentir que se aproximavam, deixava, algumas vezes, que se adiantassem; no momento certo, apelava para Deus e eles imediatamente desapareciam. Essa mesma experiência ocorria quando tinha algo a fazer. Jamais pensava no assunto com antecedência, mas, no devido tempo, Deus lhe mostrava, como em um espelho, o modo pelo qual a coisa deveria ser feita. Já por um bom período, ele havia assim procedido, sem preocupar-se antecipadamente. Antes, porém, de ter essa experiência do pronto auxílio de Deus nos seus afazeres, neles aplicava sua própria precaução.
Não se lembrava das coisas que fazia, e mal prestava atenção a elas enquanto as estivesse fazendo, de modo que, ao levantar-se da mesa após uma refeição, não sabia o que havia comido! Agindo na simplicidade de sua vida, tudo fazendo pelo amor de Deus, dava-Lhe graças por dirigir suas atividades e uma infinidade de outros atos. Tudo, porém, de maneira muito simples, de um modo que o mantivesse preso a amorosa presença de Deus.
Quando alguma ocupação o distraía um pouco, sua alma era assaltada por uma lembrança de Deus, vinda do próprio Deus; essa lembrança despertava-lhe um pensamento Nele, tão vívido, tão ardente, tão cálido e, algumas vezes, tão forte que ele gritava e tinha um violento impulso de cantar e pular feito um doido.
O Irmão Lourenço ficava muito mais unido a Deus nas atividades comuns do que quando as interrompia para praticar os exercícios religiosos do retiro dos quais saía, geralmente, com aridez espiritual.
Tinha a expectativa de vir a passar por grande sofrimento do corpo ou da mente, e a grande provação seria perder essa perceptível consciência de Deus que por tanto tempo havia estado com ele; mas a bondade de Deus lhe havia garantido que Ele não o abandonaria de nenhum modo e lhe daria forças para suportar quaisquer males que, por permissão divina, viessem a lhe acontecer. Portanto, ele nada temia, nem precisava aconselhar-se com quem quer que fosse a respeito do seu estado espiritual. Quando havia tentado fazê-lo, tinha saído sempre mais perplexo do que antes. Estava preparado para morrer e perder-se pelo amor de Deus, não abrigando qualquer receio, porque abandonar-se inteiramente a Deus é o caminho seguro em que há sempre suficiente luz para guiar-nos adiante.
Explicou que, no começo da vida espiritual, é necessário nos aplicarmos fielmente a agir e renunciar a nós mesmos; depois disso, porém, alegrias indescritíveis nos aguardam. Nas dificuldades, nosso único recurso é voltarmo-nos para Jesus Cristo e pedirmos Sua graça, com a qual todas as coisas se tornam fáceis.
Ficamos presos às penitências e devoções particulares e negligenciamos o amor, que é nossa finalidade verdadeira. Isto é o que revelam nossas obras, e esta é a razão pela qual se vê tão pouca virtude consistente.
Para que nos aproximemos de Deus, não são necessários artifícios nem erudição, mas só um coração determinado a dedicar-se apenas a Ele e a amá-Lo, apenas a Ele.
QUARTA CONVERSA
25 DE NOVEMBRO DE 1667
O irmão Lourenço falou comigo, sem reservas e com profundo fervor, a respeito de seu caminho para aproximar-se de Deus, e a esse respeito já observei alguma coisa.
Ele me disse que o que importa é renunciar de uma vez por todas a tudo que reconheçamos não levar a Deus, de modo que nos habituemos à conversa ininterrupta com Ele, sem mistério nem artifícios. Precisamos apenas reconhecê-Lo presente em nosso íntimo, falar com Ele a cada momento, pedir Sua ajuda, descobrir qual é Sua vontade nas coisas duvidosas e fazer com alegria aquelas que claramente percebemos que Ele requer de nós, oferecendo-as a Ele antes de começarmos e agradecendo-Lhe quando elas tenham sido completadas.
Nessa conversação ininterrupta, toda nossa ocupação é louvar, adorar e amar a Deus incessante-mente, por Sua infinita bondade e perfeição.
Devemos pedir Sua graça cheios de confiança, sem prestar atenção a nossos pensamentos, mas encontrando apoio nos méritos infinitos de Nosso Senhor. Deus, em todas as nossas ações, jamais deixa de nos conceder Sua graça — isto o Irmão Lourenço percebia claramente, a não ser quando era distraído da companhia de Deus, ou se tivesse esquecido de pedir Seu auxílio. Em momentos de dúvida, Deus jamais nos faltará com Sua luz, se nosso único propósito for agradar a Ele e agir por Seu amor.
Afirmou que nossa santificação não depende de alterar o que fazemos, mas de fazer para Deus o que faríamos comumente para nós mesmos. E uma tristeza ver como tantas pessoas se apegam ao que fazem de maneira tão imperfeita, preocupando-se com a opinião dos outros, confundindo os meios com os fins.
Ele não encontrou melhor caminho para aproximar-se de Deus do que por meio das ocupações comuns que lhe eram prescritas consoante a regra da obediência, purificando-as da preocupação com a opinião dos outros tanto quanto possível e realizando-as pelo puro amor de Deus.
Declarou que era um grande equívoco imaginar que os momentos de oração devessem ser diferentes de quaisquer outros,.porque temos a obrigação de ficar tão unidos a Deus, por nossas ações, nos períodos de trabalho, quanto, pela oração, nos momentos a ela destinados.
Para ele, a oração se havia tornado a presença de Deus, com a alma inconsciente de qualquer outra coisa que não o amor. Após os momentos de oração, ele não percebia qualquer diferença, porque continuava junto a Deus, louvando-O e bendizendo-O com todas as forças. Desse modo, passava a vida em alegria ininterrupta, esperando, todavia, que Deus lhe desse um pouco de sofrimento quando ele (Irmão Lourenço) ficasse mais forte. Disse que é preciso, de uma vez por todas, confiar em Deus e efetuar a entrega total de nós mesmos a Ele, que não nos enganará.
Jamais nos devemos cansar de fazer pequenas coisas pelo amor de Deus, porque Ele não observa a magnitude da obra, apenas o amor. Não nos devemos surpreender com nossos freqüentes fracassos iniciais; no final, criado o hábito, seremos capazes de agir sem mesmo pensar no que estamos fazendo, e com admirável prazer.
A fim de nos conformarmos inteiramente à vontade de Deus, só precisamos cultivar a fé, a esperança e a caridade. Tudo mais é desprovido de importância e não nos devemos fixar nessas coisas; são como a ponte pela qual passamos correndo para nos perdermos na Meta única, pela confiança e pelo amor.
Tudo é possível àquele que crê; mais ainda, ao que tem esperança; ainda mais, ao que ama; e mais que tudo, àquele que cultiva essas três virtudes e nelas persevera.
A finalidade que nos devemos propor nesta vida é tornarmo-nos os mais perfeitos adoradores de Deus que tenhamos a possibilidade de ser, assim como temos a esperança de sê-lo por toda a eternidade.
Quando entramos na vida espiritual, devemos considerar minuciosamente que tipo de gente somos, reconhecendo sermos desprezíveis, indignos do nome de cristãos, sujeitos a todo tipo de miséria e a uma infinidade de azares, que nos perturbam e tornam mutáveis nossa saúde, nosso humor, nossas disposições íntimas e exteriores — enfim, pessoas a quem Deus deve humilhar por meio de incontáveis dores e provações, tanto internas quanto externas. Reconhecendo isso, deveríamos achar surpreendente que soframos angústias, tentações, antagonismos e contradições em mãos de nosso próximo? Não deveríamos, ao contrário, nos submeter a essas coisas, suportando-as por tanto tempo quanto seja da vontade de Deus, como passaríamos por aquilo que consideramos benéfico para nós?
Quanto maior for a perfeição a que aspira a alma, mais dependente ela é da graça divina.