A confissão freqüente
51. Essa indulgência e o perdão dos pecados nos são concedidos no sacramento da penitência, obra-prima da bondade de Deus, para nos socorrer em nossa fragilidade. Nunca suceda, diletos filhos, que exatamente o ministro desse sacramento de reconciliação dele se abstenha. Como o sabeis, nesta matéria dispõe a Igreja: "Vigiem os ordinários por que todos os clérigos purifiquem freqüentemente pelo sacramento da penitência as manchas da própria consciência".(20) Ainda que ministros de Cristo, somos contudo débeis e miseráveis; como poderemos, pois, subir ao altar e tratar os sagrados mistérios, se não nos procuramos purificar o mais freqüentemente possível? A confissão freqüente "aumenta o conhecimento próprio, desenvolve a humildade cristã, desarraiga os maus costumes, combate a negligência e tibieza espiritual, purifica a consciência, fortifica a vontade, presta-se a direção espiritual e por virtude do mesmo sacramento aumenta a graça".(21)
A direção espiritual
52. Outra recomendação se torna aqui oportuna: que ao arrostar e enveredar pela via espiritual não confieis em vós mesmos, mas com simplicidade e docilidade peçais e aceiteis o auxilio de quem possa guiar vossa alma com esclarecida direção, indicar-vos os perigos, sugerir-vos os remédios idôneos, e em todas as dificuldades internas ou externas vos possa dirigir retamente e levar-vos a uma perfeição cada vez maior, segundo o exemplo dos santos e os ensinamentos da ascética cristã. Sem essa prudente guia da consciência, é assaz difícil, pelas vias ordinárias, secundar convenientemente os impulsos do Espírito Santo e da graça divina.
Os exercícios espirituais
53. Desejamos ardentemente, enfim, a todos recomendar a prática dos exercícios espirituais. Quando por alguns dias nos segregamos das habituais ocupações e do ambiente habitual e nos retiramos à solidão e ao silêncio, então prestamos mais ouvidos a voz de Deus e esta penetra mais profundamente em nossa alma. Os exercícios, enquanto nos compelem a uma mais diligente execução dos deveres do nosso ministério, com a contemplação dos mistérios do Redentor reforçam nossa vontade, a fim de que "O sirvamos sem temor, em santidade e justiça diante dele, por todos os nossos dias" (Lc 1,74.75).