“A primeira vez que fui à gruta, era quinta-feira, 11 de fevereiro. Fui para recolher galhos secos com outras duas jovens.
“Ouvi um barulho como se fosse uma ventania. Então girei a cabeça para o lado do gramado, do lado oposto da gruta. Vi que as árvores não se moviam.
“Ouvi mais uma vez o mesmo barulho. Assim que levantei a cabeça, olhando a gruta, vi uma Dama vestida de branco. Tinha um vestido branco, um véu branco, um cinto azul e uma rosa em cada pé, da cor da corda do seu terço.
“Eu pensava ser vítima de uma ilusão. Esfreguei os olhos, porém olhei de novo e continuei a ver a mesma Dama. Coloquei a mão no bolso, para pegar o meu terço.
“Queria fazer o sinal da cruz, mas em vão. Não pude levar a mão até a testa, a mão caía. Então o medo tomou conta de mim, era mais forte que eu. Todavia, não fugi.
“A Dama tomou o terço que segurava entre as mãos e fez o sinal da cruz. Minha mão tremia, porém tentei uma segunda vez, e consegui. Assim que fiz o sinal da cruz, desapareceu o grande medo que sentia, e fiquei tranqüila.
“Coloquei-me de joelhos. Rezei o terço, tendo sempre diante de meus olhos aquela bela Dama. A visão passava as contas do terço, mas não movia os lábios.
“Quando acabei o meu terço, com o dedo ela fez-me sinal para me aproximar, mas não ousei. Fiquei sempre no mesmo lugar. Então desapareceu imprevistamente.
“Esta foi a primeira vez”.
“A segunda vez foi no domingo seguinte. Voltei com várias moças, para ver se não me havia enganado.
“Fui à paróquia, pegar uma garrafinha de água benta para jogá-la na visão quando estivesse na gruta, se a visse. E saímos para a gruta. Apenas tinha acabado de rezar a primeira dezena, quando vi a mesma Dama”.
“Então comecei a jogar água benta nela, dizendo que, se vinha da parte de Deus, que permanecesse; se não, que fosse embora; e me apressava sempre a jogar-lhe água.
“Ela começou a sorrir, a inclinar-se. Mais água eu jogava, mais sorria e girava a cabeça, e mais a via fazer aqueles gestos.
“Eu então, tomada pelo temor, me apressava a aspergi-la mais, e assim o fiz até que a garrafa ficou vazia. Quando terminei de rezar meu terço, ela desapareceu e não me disse nada”.
“Ela só me falou na terceira vez. Após ter rezado a primeira dezena, vi a mesma Dama. Ela se pôs a sorrir, e me disse que aquilo que tinha para me dizer, não era necessário escrevê-lo.
“Mas perguntou-me se eu queria conceder-lhe a graça de voltar ali durante quinze dias.
“Eu lhe respondi que sim”.
5ª aparição — sábado, 20 de fevereiro
A mãe de Santa Bernardette confidenciou que Nossa Senhora “teve a bondade de ensinar-lhe, palavra por palavra, uma oração somente para ela”.
6ª aparição — domingo, 21 de fevereiro
“Esta rainha misericordiosa me disse também para rezar pela conversão dos pecadores. Ela me repetiu várias vezes essas mesmas palavras”.
“Disse-me também que não me prometia tornar-me feliz neste mundo, mas no outro”.
7ª aparição — terça-feira, 23 de fevereiro
“Ela me deu três segredos que me proibiu de contar”
“Eles só se referem a mim, não são nem sobre a Igreja, nem sobre a França, nem sobre o Papa”.
8ª aparição — quarta-feira, 24 de fevereiro
Santa Bernadete com a voz marcada pelos soluços, referiu à multidão o pedido de Nossa Senhora:
“Penitência, penitência, penitência!”; e “rezai a Deus pela conversão dos pecadores”; além da recomendação de “beijar a terra em penitência pelos pecadores”.
9ª aparição — quinta-feira, 25 de fevereiro
“A Senhora me disse que eu deveria beber da fonte e lavar-me nela.
Santa Bernadette conta as aparições de Lourdes |
“Eu fui, mas só vi um pouco de água suja. Parecia lama, e em tão pequena quantidade, que com dificuldade pude colher um pouco no côncavo da mão.
“Eu me pus a arranhar a terra, até poder colhê-la, mas três vezes a joguei fora. Foi só na quarta vez que pude bebê-la, de tal maneira estava suja”.
13ª aparição — terça-feira, 2 de março
“Ela me disse que eu devia dizer aos padres para construir uma capela aqui”.
“A Dama disse: ‘Devem vir aqui em procissão’”
16ª aparição — quinta-feira, 25 de março
“Depois dos quinze dias, eu lhe perguntei de novo seu nome, três vezes seguidas.
“Ela sorria sempre.
“Por fim ousei uma quarta vez, e foi então que ela, com os dois braços ao longo do corpo [como na Medalha Milagrosa], levantou os olhos ao Céu e depois me disse, juntando as mãos na altura do peito, que ela era a Imaculada Conceição”.
18ª e última aparição — quinta-feira, 16 de julho
“Eu não via a cerca nem o Gave. Parecia-me estar na gruta, na mesma distância das outras vezes. Eu via somente a Virgem”.
Santa Bernadete Soubirous somente voltaria a ver Nossa Senhora 21 anos depois, em Nevers, no dia 16 de abril de 1879, quando deixou esta terra de exílio para contemplá-la eternamente no Céu!