Por Rorate-Caeli
Tradução: Fratres in Unum.com
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Nossa revelação de hoje, feita juntamente com Messa in Latino, poderia parecer ainda mais limitada em sua extensão — mas certamente é muito, muito mais séria e insidiosa na medida em que mostra que a frente anti-Summorum infiltrou a composição da Instrução. Em suma, a Instrução, em seu rascunho atual, explicitamente impedirá os bispos de usar o Rito Tradicional das Sagradas Ordens.
Haverá duas exceções. Uma, dedicada àqueles institutos (os institutos ‘Ecclesia Dei’) e igrejas particulares dedicadas exclusivamente à Forma Extraordinária do Rito Romano. A outra exceção é que o bispo que desejar ordenar certo seminarista no Rito antigo terá de pedir prévia permissão a Roma (à Pontifícia Comissão ‘Ecclesia Dei’), que então avaliará se tal permissão deve ou não ser concedida.
Enquanto o motu proprio não é claro sobre o uso dos ritos litúrgicos tradicionais do Pontifical Romano para as Sagradas Ordens (o Batismo, Matrimônio, Penitência, Extrama Unção e Confirmação são expressamente mencionados no art. 9, e a Sagrada Eucaristia por todo o texto), isso não é uma abertura. Enquanto possa fazer sentido esclarecer alguns pontos sobre outros Sacramentos, como conduzidos pelo “Pastor” (art. 9 § 1), seria obviamente desnecessário “permitir” a esses mesmos Pastores fazer o que eles sempre podem fazer: ordenar padres do Rito Romano usando os livros do Rito Romano, inclusive o rito das Sagradas Ordens usado pela Igreja Latina por bem mais de um milênio.
O que se pretende com essa odiosa interpretação restritiva? Por que deveriam os bispos ser proibidos de escolher com que Rito ordenar seus próprios diáconos e padres? Desde a chegada de Summorum Pontificum, em poucos lugares privilegiados, bispos têm favorecido o estabelecimento de uma mentalidade bi-ritual em seus seminários, e, de fato, celebraram as Sagradas Ordens na Forma Extraordinária; parece claro que, se um bispo assim desejar, por inúmeras razões pastorais e espirituais, ele deveria poder fazê-lo livremente.
A intenção é, entre outras, introduzir em um gueto o Rito Tradicional deste mais essencial de todos os Sacramentos, as Sagradas Ordens; e, mais adiante, identificar bispos e futuros padres “problemáticos”, com todas as conseqüências que isso poderia gerar (inclusive para suas carreiras). É um sinal alarmante de que a essência da Instrução é novamente fazer, mesmo em lei, todos os Católicos ligados à Forma Extraordinária do Rito Romano ou aqueles que meramente a apreciam (e, neste caso, mesmo os bispos e pobres esperançosos seminaristas) católicos de segunda-classe.
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Como nota, o atual rascunho da Instrução é, de fato, datado de 22 de fevereiro. Esta data é, naturalmente e como é comum em muitos documentos Romanos, simbólica e fictícia — no sentido de que podem ocorrer alterações entre a data indicada no texto e sua publicação.
DE:FRATRES IN UNUM