sábado, 27 de setembro de 2014

Homilia do Cardeal Angelo Amato por ocasião da beatificação de Álvaro del Portillo



1. «Pastor segundo o coração de Cristo, zeloso ministro da Igreja[1]» . Este é o retrato que o Papa Franci-sco oferece do Bem-aventurado Álvaro del Portillo, bom pastor, que, como Jesus, conhece e ama as suas ovelhas, conduz ao redil as que se perderam, enfaixa as que estão machucadas e oferece a vida por elas[2].
O novo Bem-aventurado foi chamado desde jovem a seguir Cristo, para tornar-se depois um diligente ministro da Igreja e proclamar em todo o mundo a gloriosa riqueza do seu mistério salvifico: «É ele que nós anunciamos, instruindo cada um, ensinando cada um com sabedoria, a fim de podermos apresentar cada um perfeito em Cristo. Para isso, eu me afadigo e luto, na medida em que atua em mim a sua força[3]» . E realizou este anúncio de Cristo Salvador com absoluta fidelidade à cruz e, ao mesmo tempo, com uma alegria evangélica exemplar nas dificuldades. Por isso, a Liturgia aplica-lhe hoje as palavras do Apóstolo: «Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós, e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja[4]» .
A serena felicidade diante da dor e do sofrimento é uma característica dos Santos. Além disso, as bem-aventuranças – também aquelas mais árduas, como as perseguições – não são mais que um hino à alegria.
2. São muitas as virtudes – como a fé, a esperança e a caridade – que o Bem-aventurado Álvaro viveu de modo heroico. Praticou esses hábitos virtuosos à luz das bem-aventuranças da mansidão, da misericórdia, da pureza de coração. Os testemunhos são unânimes. Além de destacar-se pela total sintonia espiritual e apostólica com o santo Fundador, distinguiu-se também como uma figura de grande humanidade.
As testemunhas afirmam que, desde criança, Álvaro era «um menino de caráter muito alegre e muito estudioso, que nunca deu problemas»; «era carinhoso, simples, alegre, responsável, bom...[5]» .
Herdou da sua mãe, dona Clementina, uma serenidade proverbial, a delicadeza, o sorriso, a compreensão, o falar bem dos outros e a ponderação ao julgar. Era um autêntico cavalheiro. Não era loquaz. Sua formação como engenheiro conferiu-lhe rigor mental, concisão e precisão para ir imediatamente ao núcleo dos problemas e resolvê-los. Inspirava respeito e admiração.
3. Sua delicadeza no relacionamento estava unida a uma riqueza espiritual excepcional, na qual se destacava a graça da unidade entre a vida interior e o afã apostólico infatigável. O escritor Salvador Bernal afirma que transformou em poesia a prosa humilde do trabalho diário.
Era um exemplo vivo de fidelidade ao Evangelho, à Igreja, ao Magistério do Papa. Sempre que acudia à basílica de São Pedro em Roma, costumava recitar o Credo diante do túmulo do Apóstolo e uma Salve-Rainha diante da imagem de Santa Maria,Mater Ecclesiae.
Fugia de todo personalismo, porque transmitia a verdade do Evangelho e a integridade da tradição, não as suas próprias opiniões. A piedade eucarística, a devoção mariana e a veneração pelos Santos nutriam a sua vida espiritual. Mantinha viva a presença de Deus com frequentes jaculatórias e orações vocais. Entre as mais habituais estavam: Cor Iesu Sacratissimum et Misericors, dona nobis pacem!, e Cor Mariae Dulcissimum, iter para tutum!; assim como a invocação mariana: Santa Maria, Esperança nossa, Escrava do Senhor, Sede da Sabedoria.
4. Um momento decisivo da sua vida foi a chamada ao Opus Dei. Aos 21 (vinte e um) anos, em 1935 (mil novecentos e trinta e cinco), depois de encontrar São Josemaria Escrivá de Balaguer – que então era um jovem sacerdote de 33 (trinta e três) anos –, respondeu generosamente à chamada do Senhor à santidade e ao apostolado.
Tinha um profundo sentido de comunhão filial, afetiva e efetiva com o Santo Padre. Acolhia o seu magistério com gratidão e o dava a conhecer a todos os fiéis do Opus Dei. Nos últimos anos da sua vida, beijava frequentemente o anel de Prelado que lhe tinha presenteado o Papa, para reafirmar a sua plena adesão aos desejos do Romano Pontífice. Particularmente, apoiava as suas petições de oração e jejum pela paz, pela unidade dos cristãos e pela evangelização da Europa.
Destacava-se pela prudência e retidão ao avaliar os acontecimentos e as pessoas; pela justiça para respeitar a honra e a liberdade dos outros; pela fortaleza para resistir às contrariedades físicas ou morais; pela temperança, vivida como sobriedade, mortificação interior e exterior. O Bem-aventurado Álvaro transmitia o bom odor de Cristo – bonus odor Christi[6]– , que é o aroma da autêntica santidade.
5. No entanto, há uma virtude que Monsenhor Álvaro del Portillo viveu de modo especialmente extra-ordinário, considerando-a um instrumento indispensável para a santidade e o apostolado: a virtude da humildade, que é imitação e identificação com Cristo, manso e humilde de coração[7]. Amava a vida oculta de Jesus e não desprezava os gestos simples de devoção popular, como, por exemplo, subir de joelhos a Scala Santa em Roma. A um fiel da Prelazia, que tinha visitado esse mesmo lugar, mas que tinha subido a pé a Scala Santa, porque – assim o comentou – se considerava um cristão maduro e bem formado, o Bem-aventurado Álvaro respondeu-lhe com um sorriso, e acrescentou que ele a tinha subido de joelhos, ainda que o ambiente estivesse cheio de pessoas e com pouca ventilação[8]. Foi uma grande lição de simplicidade e de piedade.
Monsenhor del Portillo estava, de fato, “contagiado” pelo espírito de Nosso Senhor Jesus Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir[9]. Por isso, rezava e meditava com frequência o hino eucarístico Adoro Te devote, latens deitas. Da mesma maneira, considerava a vida de Maria, a humilde escrava do Senhor. Às vezes recordava uma frase de Cervantes, das Novelas Exemplares: «sem humildade, não há virtude que o seja[10]» . E frequentemente recitava uma jaculatória comum entre os fiéis da Obra: «Cor contritum et humiliatum, Deus, non despicies[11]» ; não desprezarás, ó Deus, um coração contrito e humilhado.
Para ele, como para Santo Agostinho, a humildade era o lar da caridade[12]. Repetia um conselho que o Fundador do Opus Dei costumava dar, citando umas palavras de São José de Calasanz: «Se queres ser santo, sê humilde; se queres ser mais santo, sê mais humilde; se queres ser muito santo, sê muito humilde[13]» . Tampouco esquecia que um burro foi o trono de Jesus ao entrar em Jerusalém. Os seus companheiros de estudos, além de destacar a sua extraordinária inteligência, recordam a sua simplicidade, a inocência serena de quem não se considera melhor que os outros. Pensava que o seu pior inimigo era a soberba. Uma testemunha assegura que era “a humildade em pessoa[14]” .
A sua humildade não era áspera, chamativa, exasperada; mas carinhosa, alegre. Sua alegria nascia da convicção do seu escasso valor pessoal. No início de 1994, o último ano da sua vida na terra, em uma reunião com as suas filhas, disse: «digo-o a vós, e digo-o a mim mesmo. Temos que lutar toda a vida para chegar a ser humildes. Temos a escola maravilhosa da humildade do Senhor, da Santíssima Virgem e de São José. Vamos aprender. Vamos lutar contra o próprio eu, que está constantemente levantando-se como uma víbora, para morder. Mas estamos seguros se estamos perto de Jesus, que é da linhagem de Maria, e é quem esmagará a cabeça da serpente[15]» .
Para Dom Álvaro, a humildade era «a chave que abre a porta para entrar na casa da santidade», en-quanto que a soberba constituía o maior obstáculo para ver e amar a Deus. Dizia: «a humildade arranca de nós a máscara de papelão, ridícula, que levam as pessoas presunçosas, confiadas em si mesmas[16]» . A humildade é o reconhecimento das nossas limitações, mas também da nossa dignidade de filhos de Deus. O melhor elogio da sua humildade foi expressado por uma mulher do Opus Dei, depois do faleci-mento do Fundador: «quem morreu foi Dom Álvaro, porque o nosso Padre continua vivo no seu sucessor[17]» .
Um cardeal testemunha que, quando leu sobre a humildade na Regra de São Bento ou nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, parecia-lhe contemplar um ideal altíssimo, mas inalcançável para o ser humano. Mas, quando conheceu e conviveu com o Bem-aventurado Álvaro, entendeu que era possível viver a humildade de uma maneira total.
6. Podem-se aplicar ao Bem-aventurado as palavras que o Cardeal Ratzinger pronunciou em 2002, por ocasião da canonização do Fundador do Opus Dei. Falando da virtude heroica, o então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé disse: «Virtude heroica não significa exatamente que uma pessoa levou a cabo grandes coisas por si mesmo, mas que na sua vida aparecem realidades que não foram realizadas por ele, porque ele se mostrou transparente e disponível para que Deus atuasse [...]. Isso é a santidade[18]» .
Esta é a mensagem que nos entrega hoje o Bem-aventurado Álvaro del Portillo, «pastor segundo o coração de Jesus, zeloso ministro da Igreja[19]» . Convida-nos a sermos santos como ele, vivendo uma santidade amável, misericordiosa, afável, mansa e humilde.
A Igreja e o mundo necessitam do grande espetáculo da santidade, para purificar, com o seu aroma agradável, a podridão dos muitos vícios ostentados com arrogante insistência.
Agora, mais do que nunca, necessitamos de uma ecologia da santidade, para combater a contaminação da imoralidade e da corrupção. Os santos convidam-nos a introduzir no seio da Igreja e da sociedade o ar puro da graça de Deus, que renova a face da terra.
Que Maria, Auxílio dos Cristãos e Mãe dos Santos, nos ajude e nos proteja.
Bem-aventurado Álvaro del Portillo, rogai por nós.
Amém.

[1]Francisco, Breve Apostólico de Beatificação do Venerável Servo de Deus Álvaro del Portillo, Bispo, Prelado do Opus Dei, 27-IX-2014.
[2] Cf. Ez 34, 11-16; Jn 10,11-16.
[3] Col 1, 28-29.
[4] Ibid., 24.
[5] Positio super vita, virtutibus et fama sanctitatis, 2010, vol. I, p. 27.
[6] 2 Cor 2,15.
[7] Mt 11, 29.
[8] Cf. Positio super vita, virtutibus et fama sanctitatis, 2010, vol. I, p. 662.
[9]Mt 20, 28; Mc 10, 45.
[10] Miguel de Cervantes, Novelas Exemplares: “A conversa dos cachorros”. Cf. Positio super vita, virtutibus et fama sanctitatis, 2010, vol. I, p. 663.
[11]Sal 51 [50], 19.
[12] Santo Agostinho, De sancta virginitate, 51.
[13]São Josemaria Escrivá, palavras recolhidas em A. Vázquez de Prada, El Fundador del Opus Dei, vol. I, Rialp, Madrid 1997, p. 18.
[14] Positio super vita, virtutibus et fama sanctitatis, 2010, vol. I, p. 668.
[15]Ibid., p. 675.
[16]Ibid.
[17]Ibid., p. 705.
[18]Ibid., p. 908.
[19]Francisco, Breve Apostólico de Beatificação do Venerável Servo de Deus Álvaro del Portillo, Bispo, Prelado do Opus Dei, 27-IX-2014.

Biografia do Beato Álvaro del Portillo


Filho de Clementina Diez de Solano (mexicana) e de Ramón del Portillo y Pardo (espanhol), Álvaro del Portillo nasceu em Madrid a 11 de março de 1914. Era o terceiro de oito irmãos.

Depois de frequentar os estudos secundários no Colégio El Pilar (Madrid), frequentou a Escola de Engenharia Civil, Canais e Portos, e terminou o curso em 1941. Em seguida, trabalhou em vários organismos públicos com jurisdição no sector hidrográfico. Ao mesmo tempo, estudou Filosofia e Letras (Secção de História) e doutorou-se em 1944 com a tese
Descobrimentos e explorações no litoral da Califórnia.

Em 1935 incorporou-se no Opus Dei, instituição da Igreja Católica fundada sete anos antes por S. Josemaria Escrivá. Ele recebeu diretamente do fundador a formação e o espírito próprios daquele novo caminho na Igreja. Desenvolveu um amplo trabalho de evangelização entre os colegas de estudo e de trabalho, e desde 1939 fez várias viagens de carácter apostólico a diferentes cidades de Espanha.

No dia 25 de junho de 1944 foi ordenado sacerdote pelo Bispo de Madrid, D. Leopoldo Eijo y Garay, juntamente com José Maria Hernández Garnica e José Luis Múzquiz: são os três primeiros sacerdotes do Opus Dei, depois do fundador.

Em 1946 mudou-se para Roma, poucos meses antes de S. Josemaria, com quem viveu também nos anos seguintes. Trata-se de um período crucial para o Opus Dei, que, então, recebeu as primeiras aprovações jurídicas da Santa Sé. Para D. Álvaro del Portillo começou também uma época decisiva, em que, entre outras coisas, realizou − com a sua atividade intelectual perto de S. Josemaria e com o seu trabalho na Santa Sé − uma profunda reflexão sobre o papel e a responsabilidade dos fiéis leigos na missão da Igreja, através do trabalho profissional e das relações sociais e familiares. " Num hospital − escreve anos mais tarde para exemplificar esta realidade − a Igreja não está só presente pelo capelão: também atua através dos fiéis que, como médicos ou enfermeiros, procuram prestar um bom serviço profissional e uma delicada atenção humana aos doentes; num bairro, o templo será sempre um ponto de referência fundamental, mas a única maneira de chegar aos que não o frequentam será através de outras famílias".

Entre 1947 e 1950 incentivou a expansão apostólica do Opus Dei em Roma, Milão, Nápoles, Palermo e outras cidades italianas. Promoveu atividades de formação cristã e atendeu sacerdotalmente inúmeras pessoas. Sinal do trabalho marcante que fez em Itália são as várias ruas e praças que lhe foram dedicadas em diversas localidades do país.

A 29 de junho de 1948, o fundador do Opus Dei em Roma erigiu o Colégio Romano da Santa Cruz, centro internacional de formação do qual Álvaro del Portillo foi o primeiro reitor e onde ensinou Teologia moral (1948-1953). Em 1948 doutorou-se em Direito Canónico na Universidade Pontifícia de S. Tomás.

Durante os seus anos em Roma, os vários Papas, de Pio XII a João Paulo II, chamaram-no para desempenhar numerosos encargos como membro ou consultor de 13 organismos da Santa Sé. Participou ativamente no Concílio Vaticano II. João XXIII nomeou-o consultor da Sagrada Congregação do Concílio (1959-66). Nas fases anteriores ao Concílio Vaticano II, foi presidente da Comissão para o Laicado. Já durante o Concílio (1962-65) foi secretário da Comissão sobre a Disciplina do Clero e do Povo Cristão. Após este evento eclesial, Paulo VI nomeou-o consultor da Comissão pós-conciliar dos Bispos e Governo das Dioceses (1966). Foi também, durante muitos anos, consultor da Congregação para a Doutrina da Fé.

A vida de Álvaro del Portillo está estreitamente ligada ao fundador do Opus Dei. Permaneceu sempre ao seu lado até o momento da morte em 26 de junho de 1975, colaborando com S. Josemaria nas tarefas de evangelização e de governo pastoral. Com ele foi a numerosos países para iniciar e orientar os diversos apostolados. "Vendo a sua presença amável e discreta ao lado da figura dinâmica de Mons. Escrivá, vinha-me ao pensamento a modéstia de S. José ", escreverá depois da sua morte um agostiniano irlandês, o Padre John O'Connor.

A 15 de setembro de 1975, no congresso geral convocado após a morte do fundador, Álvaro del Portillo foi eleito para lhe suceder à frente do Opus Dei. Em 28 de novembro de 1982, quando o Beato João Paulo II erigiu o Opus Dei como prelatura pessoal, nomeou-o Prelado da nova prelatura. Oito anos depois, a 7 de dezembro de 1990, nomeou-o bispo e, em 6 de janeiro de 1991, conferiu-lhe a ordenação episcopal na Basílica de São Pedro.

Ao longo dos anos em que esteve à frente do Opus Dei, D. Álvarodel Portillo promoveu o início da atividade da Prelatura em 20 novos países. Nas suas viagens pastorais, que o levaram aos cinco continentes, falou a milhares de pessoas do amor à Igreja e ao Papa, e anunciou com persuasiva simpatia a mensagem cristã de S. Josemaria sobre a santidade na vida corrente. Em Portugal esteve 12 vezes acompanhando S. Josemaria e 8 vezes sendo já Prelado do Opus Dei. Em todas as viagens visitou o Santuário de Nossa Senhora de Fátima.

Como Prelado do Opus Dei, D. Álvaro del Portillo estimulou o início de numerosas iniciativas sociais e educativas. O Centre Hospitalier Monkole (Kinshasa, Congo), o Center for Technology and Enterprise (CITE, em Cebú, Filipinas) e da Niger Foundation (Enugu, Nigéria) são exemplos de instituições de desenvolvimento social realizados por fieis do Opus Dei, com outras pessoas, sob o impulso direto de D. Álvaro del Portillo.

Também a Universidade Pontifícia da Santa Cruz (desde 1985) e o seminário internacional Sedes Sapientiae (desde 1990), ambos em Roma, assim como o Colégio Eclesiástico Internacional Bidasoa (Pamplona, Espanha), formaram para as dioceses milhares de candidatos ao sacerdócio enviados por bispos de todo o mundo. São um sinal da preocupação de D. Álvaro del Portillo pelo papel do sacerdote no mundo atual, tema a que dedicou grande parte das suas energias, como ficou bem patente nos anos do Concílio Vaticano II. "O sacerdócio não é uma carreira, escreveu em 1986, mas uma entrega generosa, plena, sem cálculos nem limitações, para ser semeadores de paz e alegria no mundo, e para abrir as portas do Céu a quem beneficia desse serviço e ministério".

D. Álvaro del Portillo faleceu em Roma na madrugada de 23 de março de 1994, poucas horas depois de regressar de uma peregrinação à Terra Santa. Na véspera, a 22 de março, celebrou a sua última Missa na Igreja do Cenáculo em Jerusalém.

Álvaro del Portillo é autor de publicações sobre questões teológicas, canónicas e pastorais: Fiéis e leigos na Igreja (1969), Escritos sobre o sacerdócio (1970) e numerosos textos dispersos, a maioria deles postumamente recolhidos no volume de Rendere amabile la Verità. Raccolta di scritti di Mons. Álvaro del Portillo, publicado em 1995 pela Libreria Editrice Vaticana. Em 1992, publicou-se o volumeIntervista sul Fondatore dell'Opus Dei, resultado das suas conversas com o jornalista italiano Cesare Cavalleri, sobre a figura de S. Josemaria Escrivá, que foi traduzido em várias línguas.

Depois da sua morte, em 1994, milhares de pessoas têm testemunhado por escrito as suas recordações de D. Álvaro del Portillo: a bondade, o calor do sorriso, a humildade, a audácia sobrenatural, a paz interior que a sua palavra comunicava.

Para mais informação: www.opusdei.org

VIDEO COM BREVE BIOGRAFIA DO BEATO ÁLVARO DEL PORTILLO

VIRTUDES DO BEATO ÁLVARO DEL PORTILLO



Biógrafo de D. Álvaro del Portillo realça as virtudes do futuro Beato

       
 
O professor da Universidade Seton Hall e biógrafo de D. Álvaro del Portillo, John Coverdale, referiu que a próxima beatificação daquele que foi o primeiro Prelado do Opus Dei “conduz à fama um homem de profunda fé e de amor a Deus”.

Numa entrevista concedida a ACI Prensa, J. Coverdale disse que Álvaro del Portillo “era um homem que se aproximava de todo o tipo de pessoas. Ele era capaz de fazer amizade com os porteiros no Vaticano, que se aproximavam a cumprimentá-lo, interessava-se por todos”. E acrescentou que “é raro haver muitas pessoas que se interessem pelos porteiros”.

J. Coverdale é professor de Direito fiscal e membro do Opus Dei desde 1957, é autor de uma obra sobre a Prelatura do Opus Dei e agora está a trabalhar numa biografia de Álvaro del Portillo.

A beatificação de D. Álvaro del Portillo será em Madrid (Espanha), sua terra natal, a 27 de Setembro deste ano e será presidida pelo Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato.

Coverdale afirmou que o Prelado “tinha a confiança de que o Opus Dei era parte do plano de Deus para a Igreja, e que ele fora chamado a colocar toda a sua vida ao seu serviço” e foi “exatamente o que fez, trabalhou muito duro, inclusivamente até aos últimos dias da sua vida, apesar de ser já avançado em idade e estar esgotado”.

Afirmou que a personalidade de S. Josemaria Escrivá era efusiva e cheia de vigor, muito diferente da de “D. Álvaro que foi uma pessoa mais tranquila”, contudo, durante a sua vida mostrou uma “total disponibilidade” para a Igreja, servindo em várias congregações do Vaticano e comissões. Inclusivamente, durante o Concílio Vaticano II, trabalhou como secretário, perito e excelente teólogo.

O biógrafo que trabalhou e estudou na sede do Opus Dei durante cinco ou seis anos, na década de 1960, junto de S. Josemaria Escrivá, afirmou como o impressionava a dedicação que D. Álvaro dava à oração. “Não só celebrava Missa todos os dias e recitava o breviário e o rosário, mas também fazia pelo menos uma hora diária de oração mental. Muitas vezes, se viajava de carro, rezava várias dezenas do rosário”.
“Eram inúmeras as ocasiões em que se via simplesmente que se embrenhava na oração, como forma de resolver os problemas com a graça de Deus”, acrescentou J. Coverdale.

Destacou também que “ele não fazia nada para sobressair ou chamar a atenção das pessoas. Estava ali para secundar o Fundador e para o ajudar”. Era impressionante o “seu enorme talento”, mas dava a sua opinião apenas “quando era necessário”.

Descreveu como “extraordinária” a importância da sua presença no Opus Dei, tanto pela sua ajuda como por ser o “mais próximo colaborador” do fundador logo depois de ter pedido a admissão na Obra em 1935.

Quando S. Josemaria faleceu, o Prelado ajudou a manter a continuidade do espírito e da prática do Opus Dei; trabalhou para que o Opus Dei fosse erigido como Prelatura pessoal, estrutura segundo as leis da Igreja, bem como para a beatificação de São Josemaria, explicou Coverdale.

A morte do fundador do Opus Dei significou para Álvaro del Portillo o momento “mais dramático” devido à estreita amizade com o santo, com quem viveu e comeu “todos os dias durante 30 anos. Ele tinha um enorme afeto por ele, e foi provavelmente a pessoa que ficou mais afetada pela morte de S. Josemaria”. Apesar da sua dor, Álvaro del Portillo “tomou de imediato as rédeas” e escreveu aos membros do Opus Dei uma carta de 30 a 40 páginas relatando a morte do fundador. “Estou certo que foi algo difícil de fazer: mesmo chorando, sabia que tinha de cuidar dos outros” disse Coverdale.

Desde 1975 até à sua morte em 1994, Mons. del Portillo ficou à frente da Prelatura do Opus Dei.

Álvaro del Portillo era engenheiro e doutorado em Filosofia, Humanidades e Direito Canónico.

Após a sua morte muitas pessoas têm recorrido a ele na oração. O postulador da Causa da Canonização de D. Álvaro, Mons. Flavio Capucci, disse ter recebido mais de 12 mil testemunhos de católicos que afirmam ter recebido favores do futuro beato.

A propósito da celebração da beatificação de Álvaro del Portillo foram programados vários eventos, tais como visitas à Catedral da Almudena de Madrid e a outros lugares relacionados com a vida do Bispo e com os primeiros tempos do Opus Dei.

FONTE

 

Igreja Católica beatificou hoje em Madrid a Álvaro del Portillo que foi engenheiro civil, padre e bispo.

 
A pessoa que a Igreja Católica vai beatificar no próximo sábado em Madrid chama-se Álvaro del Portillo e era engenheiro civil.
Na verdade, também foi outras coisas, e bem relevantes: um dos primeiros padres do Opus Dei; bispo aos 76 anos; o colaborador mais próximo de S. Josemaria; colaborador do Concílio Vaticano II de 1959 a 1965 e da Cúria Romana até ao fim da vida; sucessor do fundador à frente do Opus Dei e por isso, conhecedor da grande diversidade da Igreja espalhada pelo mundo; amigo próximo de S. João Paulo II.
Era pessoa afável e cálida, com quem dá vontade de estar. Via as coisas com bondade, e dava paz. Era também realista, e de ingénuo não tinha nada. É ele que a Igreja vai beatificar.
Mas a Igreja beatifica os homens para se focar em Deus e não nos homens, pois, afinal, é Deus o grande “responsável” pelo que aconteceu na vida do santo.
Então, para quê conhecer a vida concreta dos santos? Para tropeçarmos nalguma dessas vidas e aí nos revermos. E para nunca mais voltarmos à velha falácia: “eu gostava de ser santo, mas não há condições”. Falso!: mentira disfarçada de humildade. Deus cruzou-se, e cruza-se, hoje, na minha vida, na tua vida, na vida de todos.
Isto é: a “santidade” não é coisa de laboratório, tubos de ensaio e luvas esterilizadas. É sempre drama da vida real, romance de graça e desgraça, queda e perdão, cair e levantar, começar e recomeçar.
Por isso, hoje gostava de falar de Álvaro del Portillo e em concreto: era engenheiro civil. Mas antes devo fazer a costumada “declaração de interesses”: também eu sou engenheiro civil. Dito isto, e apesar disto, creio que há razões importantes para o fazer.
Álvaro del Portillo foi engenheiro civil por insistência, até ao máximo, e por carácter. Explico.
Foi engenheiro civil por insistência. Teve de adiar o começo da licenciatura, para ajudar a sustentar a família trabalhando como técnico de obras públicas. Terminou já com 27 anos, pois, além disso, deu-se a terrível Guerra Civil em Espanha, e dedicava-se, apesar de tão jovem, a ajudar S. Josemaria. Em suma, teve de querer muito para ir até ao fim.
Foi engenheiro civil até ao máximo. Cada vez mais ligado ao fundador, aos 30 anos foi ordenado padre e, como seria previsível, deixou a engenharia como actividade profissional. Porém, assim que soube do início dos doutoramentos nas escolas superiores técnicas, candidatou-se com um projecto sobre a modernização de uma ponte metálica, e foi aprovado em 1965. Tinha 51 anos. Só que, desde 1959, colaborava assiduamente em várias comissões do Vaticano II. Ou seja: quis completar a sua formação técnica, sugando os restos de tempo disponível.
Foi engenheiro civil por carácter. Olhava a vida como engenheiro. Desenhava bem. Era prático, organizado, programava com realismo os objectivos e ponderava possibilidades. Recorria instintivamente a metáforas com pontes, equações, coeficientes, planos, mapas e tecnologia. O jornalista Vittorio Messori testemunha-o assim: “Dava mais vontade de nos confessarmos com ele do que fazer-lhe perguntas. Notava-se que tinha sido engenheiro, perito em pontes e estradas. Atrás do hábito de bispo era perceptível um homem do mundo”.
Aqui é preciso parar. Estamos habituados a que quando Deus chama se abandone tudo. E aqui vemos que, porque Deus chama, se abraça tudo. O mundo, o trabalho, a formação profissional, é também vocação. A que é preciso corresponder.
Talvez à grande maioria dos cristãos Deus peça, sim, que convertam o seu coração e mudem o mundo, mas não que mudem de mundo. Para isso são leigos.
Em Álvaro del Portillo ser engenheiro não foi um aspecto transitório, depois superado, e finalmente esquecido. Não. Foi um cromossoma que Deus pôs no seu DNA e que esteve sempre activamente presente no seu genoma de leigo, sacerdote, bispo, prelado, beato.
O Papa Francisco sugeriu que ao pensar em Álvaro del Portillo sentíssemos o apelo de “imitar a vida humilde, feliz, escondida, silenciosa” de que é exemplo, e também o seu “testemunho decidido da perene novidade do Evangelho”. Rezo ao Senhor – e peço orações a quem se queira associar – entregando-Lhe nas mãos o desejo de que aceitemos o desafio do Santo Padre.
Vigário regional do Opus Dei em Portugal

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dom Fernando Arêas Rifan,A REFORMA LITÚRGICA APÓS O CONCÍLIO VATICANO II

ORIENTAÇÃO PASTORAL "O MAGISTÉRIO VIVO DA IGREJA"
Dom Fernando Arêas Rifan,
Bispo e Administrador Apostólico,
como instrução e orientação dirigida aos sacerdotes e fiéis
da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney,
e aos outros católicos ligados à liturgia tradicional a quem ela possa ser útil.[1]

§ 2. A REFORMA LITÚRGICA APÓS O CONCÍLIO VATICANO II:
O Papa atual, quando cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, declarou que “a crise eclesial, na qual nos encontramos hoje, depende em grande parte do desmoronamento da Liturgia”[41]. O Papa constata, portanto, a existência de um desmoronamento daquilo que a Igreja tem como seu ápice, com influências deletérias em toda a vida católica.
Assim como o Concílio Vaticano II, a Reforma Litúrgica dele provinda, ocorreu num período conturbado de grande crise na Igreja e serviu de ocasião e pretexto para grandes abusos e erros, cometidos e propagados em seu nome.
Pessoas autorizadas, entre os quais vários teólogos e liturgistas, por exemplo o Cardeal Ratzinger[42], nosso atual Papa, o Cardeal Ferdinando Antonelli, que foi secretário da Comissão Conciliar da Liturgia[43], e o Cardeal Eduardo Gagnon, presidente do Comitê Pontifício para os Congressos Eucarísticos Internacionais[44], tiveram reservas e críticas quanto ao modo como foi feita a reforma litúrgica pós-Vaticano II, especialmente na sua aplicação prática.
Foi nessa mesma linha que o Santo Padre o Papa João Paulo II escreveu: “Quero pedir perdão – em meu nome e no de todos vós, veneráveis e queridos irmãos no episcopado – por tudo o que, por qualquer motivo que seja e por qualquer fraqueza humana, impaciência, negligência, em virtude também da aplicação às vezes parcial, unilateral, errônea das prescrições do concílio Vaticano II, possa ter suscitado escândalo e mal-estar acerca da interpretação da doutrina e da veneração devida a este grande Sacramento. E peço ao Senhor Jesus para que no futuro seja evitado, em nosso modo de tratar este sagrado Mistério, o que possa, de alguma maneira, debilitar ou desorientar o sentido de reverência e de amor dos nossos fiéis” (Carta Dominicae Cenae, 24/2/1980, n.º 12).
O recém-nomeado secretário da Congregação para o Culto Divino e disciplina dos Sacramentos, Dom Albert Malcom Ranjith Dom, falou recentemente sobre os desvios na Liturgia da Igreja. Ao analisar o aggiornamento querido pelo Concílio Vaticano II, ele diz que “infelizmente, após o Concílio, certas mudanças pouco refletidas foram feitas, na rapidez, no entusiasmo, na rejeição de certos exageros do passado. Isso levou a uma situação oposta ao que se desejava”. E ele dá exemplos: “Vê-se que a liturgia tomou direções errôneas como o abandono do sagrado e da mística, a confusão entre o sacerdócio comum e o consagrado de modo especial, ou seja, a confusão dos papeis entre os leigos e os padres. Há também a visão do conceito de Eucaristia como um banquete comum, mais do que a acentuação sobre a memória do sacrifício de Cristo no Calvário e sobre a eficácia sacramental para a salvação, ou ainda certas mudanças como ter esvaziado as igrejas na linha protestante... Essa mudança de mentalidade enfraqueceu o papel da liturgia ao invés de reforça-lo... Isso causou outros resultados negativos para a vida da Igreja. Assim, para enfrentar o progresso do secularismo no mundo, não era preciso nos tornar secularizados, mas que nos aprofundássemos ainda mais, pois o mundo tem sempre mais necessidade do Espírito, da interioridade...Vê-se bem, nos jovens de hoje, e inclusive nos jovens padres, uma nostalgia do passado, uma nostalgia de certos aspectos perdidos. Há na Europa um despertar muito positivo”[45]
Como a nós nos interessa o bem de toda a Igreja, apoiamos a idéia sustentada pelo Santo Padre atual de empreender a reforma da reforma litúrgica, corrigindo mais eficazmente os abusos e corrigindo tudo o que, nas normas litúrgicas, possa dar azo a eles. O mesmo secretário da Congregação para o Culto Divino e disciplina dos Sacramentos, Dom Albert Malcom Ranjith Dom afirma: « pode-se falar de uma correção necessária, de uma reforma na reforma»[46].ler...

The Catholic Sanctuary and the Second Vatican Council by Michael Davies

The Catholic Sanctuary
and the Second Vatican Council
BAR
 by Michael Davies
TAN BOOKS
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Michael Davies morto 10 anni fa. Alcuni dei suoi scritti...


L'Altare cattolico e il Concilio Vaticano II.

Libro di M. Davies, prefato dal prof. de Mattei
PREFAZIONE


Michael Trehorne Davies nacque a Yeovil, nel Somerset, il 13 marzo 1936 e morì a Chislehurst in Kent, il 25 settembre 2004. Fu presidente della Federazione Internazionale Una Voce dal 1995 al 2003 e soprattutto autore di numerose opere in difesa della Tradizione cattolica, nelle quali il rigore delle argomentazioni e l’accuratezza delle informazioni si accompagnava ad una eccellente preparazione teologica. L’allora cardinale Ratzinger, che lo conobbe personalmente, lo definì “un uomo di profonda fede”, “sempre fedele alla Chiesa”.
Il cardinale Ratzinger, oggi Benedetto XVI, condivideva con Michael Davies l’ammirazione per gli studi di mons. Klaus Gamber, che aveva dimostrato come l’orientamento dell’Altare, e la celebrazione del Santo Sacrificio verso il popolo, introdotti dalla Liturgia postconciliare, avessero segnato un capovolgimento rispetto alla prassi immemorabile della Chiesa, implicando anche un cambiamento nella comprensione del Santo Sacrificio della Messa. È dall’esame della Sacra Liturgia nei primi secoli che Davies prende le mosse in questo saggio, nel quale una parte importante è dedicata a stabilire un paragone tra il culto cattolico e il culto protestante.
Davies, che si convertì dall’anglicanesimo al cattolicesimo anche per l’attrazione che su di lui esercitava la Liturgia romana, ha trattato più ampiamente questo tema in uno de suoi libri più interessanti, La riforma liturgica anglicana, che ha avuto sei edizioni inglesi, ed una in francese. Egli vi dimostra, sulla base di inoppugnabili documenti storici, che il protestantesimo in Inghilterra entrò e si diffuse più che con la predicazione e l’insegnamento, grazie a una riforma liturgica che fece scivolare in pochi anni clero e popolo nell’eresia.
Quando, nel 1509, il re Enrico VIII salì al trono, l’Inghilterra, chiamata tradizionalmente “la dote di Maria”, conosceva un’epoca di rinnovamento religioso, malgrado la presenza di sporadici abusi. Ma cinquant’anni dopo, nel 1559, sotto il regno di sua figlia Elisabetta, lo scisma di Enrico VIII era compiuto e il cattolicesimo era definitivamente distrutto. Una nuova forma di cristianesimo, l’anglicanesimo, l’aveva rimpiazzato, prima di diffondersi in tutto il mondo anglosassone. Questo cambiamento imprevisto e in massa di tutto un popolo non ebbe come causa principale la predicazione di un Riformatore, quale Lutero in Germania o Calvino in Svizzera. Esso fu opera primaria dell’arcivescovo di Canterbury, Thomas Cranmer, il quale, già segretamente protestante, concepì uno spregiudicato piano di modifica radicale della fede del popolo inglese attraverso il mutamento della Liturgia. Egli era infatti convinto che la pratica liturgica quotidiana avrebbe trasformato le idee e le mentalità meglio di qualsivoglia libro o discorso. La storia della riforma inglese è quella di un disegno che, pur a momenti alterni, finì per prevalere grazie al carattere profondamente equivoco del Book of Prayers cranmeriano, suscettibile, per la sua ambiguità, di opposte “ermeneutiche”.
Michael Davies era fiero delle sue origini gallesi e conclude significativamente queste pagine con un riferimento a san Riccardo Gwyn, insegnante del Galles, padre di sei bambini, giustiziato nel 1584 per essersi rifiutato di partecipare alla liturgia protestante. Di questo spirito profondamente cattolico della sua patria egli raccolse l’eredità e la volle ritrasmettere alle generazioni future. Il fatto che oggi la Tradizione cattolica conosca una rinascita si deve a cattolici come Michael Davies, che con i loro libri, articoli e conferenze, hanno contribuito a rianimare e istruire migliaia di fedeli in un’epoca di confusione e di sbandamento come quella che attraversiamo.

Roberto de Mattei
Michael Trehorne Davies, L'altare cattolico e il Concilio Vaticano II,
Per richieste:
Suore Francescane dell'ImmacolataMonastero delle Murate - 06012 Città di Castello (PG)
Tel. 075/8555779 - e.mail: francescanecittacastello@interfree.it
Michael Davies: cambiare il rito per cambiare la fede

Vista l’attualità della questione sulla Messa in rito tradizionale, pensiamo di affrontare “di petto” il problema, immergendoci nello studio della questione liturgica.

Tra molti un testo di riferimento prevale per importanza. E’ il libro di un grande autore, Michael Davies, morto nell’anno 2004 a sessantotto anni, di origine gallese, uno dei migliori storici britannici. Tra i molti libri di sua pubblicazione, ce n’è uno, “La riforma liturgica anglicana”, che ha avuto sei edizioni inglesi, e una in francese. Si attende ardentemente che venga pubblicato in Italia. Questo libro è un validissimo aiuto per sacerdoti e laici che vogliono capire tutta l’importanza del problema del rito della Santa Messa.

La tesi sviluppata è questa: il protestantesimo in Inghilterra entrò e si diffuse non innanzitutto attraverso la predicazione e l’insegnamento ma attraverso una riforma liturgica che portò in pochi anni clero e popolo nell’eresia. Riportiamo qui sotto per intero il riassunto di copertina dell’edizione francese del libro di Davies, che bene riassume il contenuto dell’opera: “Quando nel 1509 il re Enrico VIII sale al trono, è ardentemente cattolico e non tarderà d’altronde a ricevere dal papa il titolo di “Difensore della fede”. L’Inghilterra, chiamata tradizionalmente “il dotario di Maria”, conosceva ai tempi un’epoca di rinnovamento religioso, malgrado inevitabili abusi qua o là. Ma nel 1559, sotto il regno di sua figlia Elisabetta, quando fu votata la legge d’uniformità, il cattolicesimo era definitivamente distrutto. Una nuova forma di cristianesimo, l’anglicanesimo, l’aveva rimpiazzato, prima di diffondersi in tutto il mondo anglosassone.

Ora, questo cambiamento imprevisto e in massa di tutto un popolo non ha avuto come causa principale la predicazione di un Riformatore,come fu il caso di Lutero in Germania o di Calvino in Svizzera. Esso fu opera abilissima dell’arcivescovo di Canterbury, Thomas Cranmer.

Quest’ultimo, già segretamente protestante, concepì un disegno audace di modifica radicale della fede del popolo inglese unicamente trasformandone la liturgia. Cranmer stimò che, attraverso la liturgia vissuta ogni giorno, avrebbe raggiunto con più certezza le mentalità che non attraverso qualsivoglia discorso. L’anglicanesimo è frutto di un libro, apparentemente insignificante, il “Book of Common Prayer”(libro della preghiera comune).
La storia della riforma inglese racconta questa straordinaria scommessa, che conobbe successi e sconfitte, avanzamenti e indietreggiamenti, ma che finì per riuscire grazie al carattere prodigiosamente equivoco del testo cranmeriano, che i “conservatori” potevano accettare senza che i “progressisti” lo rigettassero.leggere...


Chi è, allora, che disobbedisce al Concilio ?

Pubblichiamo il testo di una conferenza tenuta dal compianto Michael Davies (1936-2004), nel 1982, a Londra, e riproposta nel numero di novembre 2010 della rivista della Latin Mass Society (Londra): Mass of Ages.
Michael Davies, insegnante inglese convertitosi al Cattolicesimo, fin da dopo la fine del Concilio Vaticano II si è distinto per la difesa della Tradizione liturgica e dottrinale della Santa Chiesa. È stato Presidente della Federazione Internazionale Una Voce dal 1995 al 2003 ed ha sviluppato una intensa attività apologetica con un gran numero di libri, di articoli e di conferenze.
La conferenza che qui presentiamo riassume una tematica che, a quasi 30 anni di distanza, conserva tutta la sua attualità. La traduzione in italiano è di un vecchio amico di Michael Davies, il Dott. Mario Seno, uno dei fondatori di Una Voce Italia che ha condotto per anni la buona battaglia per la salvaguardia della Liturgia Tradizionale.
La rivista Mass of Ages ha presentato così la pubblicazione della conferenza:
Non c’era da aspettarsi che Papa Benedetto avrebbe menzionato le “guerre di liturgia” durante la sua visita (del settembre 2010 in Gran Bretagna, ndr.).
In una famosa conferenza dei Cattolici Tradizionali al Porchester Hall di Londra nel 1982 si protestò energicamente contro la riluttanza dei membri della gerarchia “ad aprire generosamente i cuori e far posto per ogni cosa che la Fede stessa ammette” (Papa Benedetto XVI).
Questa riluttanza esiste ancora perfino dopo la pubblicazione del “Summorum Pontificum”.
Michael Davies (1936-2004) fece il seguente discorso in quella conferenza, che è ancora oggi d’attualità.leggere