EXCELÊNCIA DO PODER SACERDOTAL
Quanto ao corpo místico de Jesus Cristo, que se compõe de todos os fieis, tem o sacerdote o poder das chaves: pode livrar do Inferno o pecador, torná-lo digno do Paraíso e, de escravo do demônio, fazê-lo filho de Deus. O próprio Jesus Cristo se obrigou a estar pela sentença do padre, em recusar ou conceder o perdão, conforme o padre recusar ou der a absolvição, contanto que o penitente seja digno dela. De modo que o juízo de Deus está na mão do padre, diz São Máximo de Turim. A sentença do padre precede, ajunta São Pedro Damião, e Deus a subscreve. Assim, conclui São João Crisóstomo, o Senhor supremo do universo não faz senão seguir o seu servo, confirmando no Céu tudo quanto ele decide na terra. Os padres, diz Santo Inácio mártir, são os dispensadores das graças divinas e os consócios de Deus. E, segundo São Próspero, são a honra e as colunas da Igreja, portas e porteiros do Céu. Se Jesus Cristo descesse a uma igreja, e se sentasse num confessionário para administrar o sacramento da Penitência, ao mesmo tempo que um padre sentado no outro, o divino Redentor diria: “Ego te absolvo”; o padre diria o mesmo: “Ego te absolvo”; e os penitentes ficariam igualmente absolvidos, tanto por um como pelo outro.
Que honra para um súdito, se o seu rei lhe desse poder para livrar da prisão quem lhe aprouvesse! Mas muito maior é o poder dado pelo Padre Eterno a Jesus Cristo, e por Jesus Cristo aos padres, para livrarem do inferno, não só os corpos, mas até as almas; esta reflexão é de São João Crisóstomo.
A Selva – Santo Afonso