sábado, 14 de junho de 2025

sexta-feira, 13 de junho de 2025

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Santa Rita de Cássia - O Filme

Construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade,

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
IMPOSIÇÃO DO PÁLIO E ENTREGA DO ANEL DO PESCADOR
PARA O INÍCIO DO MINISTÉRIO PETRINO DO BISPO DE ROMA

CAPELA PAPAL

HOMILIA DO PAPA LEÃO XIV

Praça de São Pedro
V Domingo de Páscoa, 18 de maio de 2025

[Multimídia]

___________________

Queridos irmãos Cardeais,
Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Distintas Autoridades e Membros do Corpo Diplomático!
Saúdo os peregrinos que vieram para o Jubileu das Irmandades!
Irmãos e irmãs,

no início do ministério que me foi confiado, a todos cumprimento com o coração cheio de gratidão. Escreveu Santo Agostinho: «Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós» (Confissões, 1,1.1).

Nos últimos dias, vivemos tempos particularmente intensos. A morte do Papa Francisco encheu os nossos corações de tristeza e, naquelas horas difíceis, sentimo-nos como as multidões que o Evangelho diz serem «como ovelhas sem pastor» (Mt 9, 36). No entanto, precisamente no dia de Páscoa, recebemos a sua última bênção e, à luz da ressurreição, enfrentámos este momento na certeza de que o Senhor nunca abandona o seu povo, mas congrega-o quando se dispersa e guarda-o «como o pastor ao seu rebanho» (Jr 31, 10).

Neste espírito de fé, o Colégio Cardinalício reuniu-se para o Conclave. Chegando com histórias diferentes e a partir de caminhos diversos, colocámos nas mãos de Deus o desejo de eleger o novo sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico património da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje. Acompanhados pela vossa oração, sentimos a ação do Espírito Santo, que soube harmonizar os diferentes instrumentos musicais e fez vibrar as cordas do nosso coração numa única melodia.

Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família.

Amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro.

É o que nos narra o trecho do Evangelho, que nos leva ao lago de Tiberíades, o mesmo onde Jesus iniciou a missão recebida do Pai: “pescar” a humanidade, resgatando-a das águas do mal e da morte. Ao passar pela margem daquele lago, chamou Pedro e os outros primeiros discípulos para serem como Ele, “pescadores de homens”, e agora, após a ressurreição, cabe-lhes precisamente a eles levar em frente esta missão, lançar sempre e novamente a rede imergindo nas águas do mundo a esperança do Evangelho, e navegar no mar da vida para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus.

Como pode Pedro levar adiante essa tarefa? O Evangelho diz-nos que isso só é possível porque ele experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação. Por isso, quando Jesus se dirige a Pedro, o Evangelho usa o verbo grego agapao, que se refere ao amor que Deus tem por nós, à sua entrega sem reservas nem cálculos, diferente do usado na resposta de Pedro, que descreve o amor de amizade que cultivamos entre nós.

Quando Jesus pergunta a Pedro – «Simão, filho de João, tu amas-me?» (Jo 21, 16) – refere-se ao amor do Pai. É como se Jesus lhe dissesse: só se conheceste e experimentaste este amor de Deus, que nunca falha, poderás apascentar as minhas ovelhas; só no amor de Deus Pai poderás amar os teus irmãos com «algo mais», isto é, oferecendo a vida por eles.

A Pedro, portanto, é confiada a tarefa de «amar mais» e dar a sua vida pelo rebanho. O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas trata-se sempre e apenas de amar como fez Jesus.

Ele é – afirma o próprio apóstolo Pedro – «a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se transformou em pedra angular» (Act 4, 11). E se a pedra é Cristo, Pedro deve apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas (cf. 1 Pe 5, 3); pelo contrário, é-lhe pedido que sirva a fé dos irmãos, caminhando com eles: todos nós, com efeito, somos «pedras vivas» (1 Pe 2, 5), chamados pelo nosso Batismo a construir o edifício de Deus na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades. Como afirma Santo Agostinho: «A Igreja é constituída por todos aqueles que mantêm a concórdia com os irmãos e que amam o próximo» (Sermão 359, 9).

Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.

No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos d’Ele! Acolhei a sua Palavra que ilumina e consola! Escutai a sua proposta de amor para vos tornardes a sua única família. No único Cristo somos um. E este é o caminho a percorrer juntos – entre nós, mas também com as Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade – para construirmos um mundo novo onde reine a paz.

Este é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo.

Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor! A caridade de Deus, que faz de nós irmãos, é o coração do Evangelho e, com o meu predecessor Leão XIII, podemos hoje perguntar-nos: «Não se veria em breve prazo estabelecer-se a pacificação, se estes ensinamentos pudessem vir a prevalecer nas sociedades?» (Carta enc. Rerum novarum, 14)

Com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade.

Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros.


Audiência Geral de 21 de maio de 2025 – Ciclo de Catequese – Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança. II. A vida de Jesus. As parábolas 6. O semeador.

  Deus está confiante e espera que mais cedo ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra."

"Semeador no Pôr do Sol", de Vincent van Gogh
"Semeador no Pôr do Sol", de Vincent van Gogh

Leão XIV  

“Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua palavra. E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor.



quarta-feira, 21 de maio de 2025

terça-feira, 29 de abril de 2025

segunda-feira, 31 de março de 2025

A IMPRESSIONANTE HISTÓRIA DE NOSSA SENHORA DA ROSA MÍSTICA

Mensagens de Nossa Senhora Rosa Mística

Embora todos os fatos relacionados a estas aparições ainda estejam em estudo pela Igreja, incluímos aqui estes relatos porque são muitos os devotos de Rosa Mística, principalmente agora que temos igrejas dedicadas a Nossa Senhora sob essa invocação. 

 PRIMEIRA APARIÇÃO (PRIMAVERA DE 1.947):
Pierina, enfermeira no hospital de Montichiari, viu em um dos quartos uma senhora muito bonita, de vestido roxo, com um véu branco na cabeça e no peito três espadas. Seu semblante era de muita tristeza. Ela disse a Pierina apenas três palavras:

“Oração, sacrifício e penitência”.

Depois, calou-se e desapareceu.

  SEGUNDA APARIÇÃO (13.07.47):
De novo a Senhora aparece a Pierina, numa sala do hospital. Vestia-se de branco e no peito trazia três rosas: uma branca, outra vermelha e a terceira amarelo dourada. Ela nesse dia apresentou-se e disse porque veio e o que queria.

“Sou a Mãe de Jesus e de todos vós”.
“O Senhor envia-Me a fim de promover uma devoção mariana mais eficaz entre os institutos e congregações religiosas, masculinos e femininos, e entre todos os sacerdotes. Prometo a todos, os que Me honrarem mais, a Minha proteção, o florir de vocações e muitas conversões. 
Peço que se inicie todo o dia primeiro de cada mês uma trezena. Prometo a todos que fizerem esta trezena muitas graças e santidade de vocações. Desejo que o dia 13 de julho de cada ano seja dedicado a Maria Rosa Mística”.

TERCEIRA APARIÇÃO (22.10.47):
Nossa Senhora aparece novamente a Pierina, desta vez na capela do hospital, e lhe diz, entre outras coisas:

“Coloco-Me como medianeira entre os homens e o Meu Divino Filho e, em particular, entre as almas dos religiosos. Ele está cheio de tristeza com as ofensas que recebe diariamente e quer dar curso a Sua Justiça”.

Depois, desaparecendo, diz:

“Vive de amor”.

QUARTA APARIÇÃO (16.11.47):
Deu-se na igreja de Montichiari e Nossa Senhora disse ainda que o Seu Divino Filho estava muito magoado com as ofensas que continuava a receber dos homens e com os pecados contra a santa pureza.

“Ele está para enviar um dilúvio de castigos… Intervim para implorar ainda a misericórdia, e em reparação peço oração e penitência”

Pierina pergunta-Lhe: Seremos perdoados? – E Nossa Senhora responde:

“Sim, contanto que se combata em toda a parte o pecado da impureza”.

QUINTA APARIÇÃO (22.11.47):
Nesta aparição, Nossa Senhora promete a Pierina que voltará à igreja no dia 8 de dezembro, pelo meio-dia, quando será a “Hora da Graça”. Pierina pergunta-Lhe: O que significa “Hora da Graça?” – Nossa Senhora lhe responde:

“Conversões em massa”.

SEXTA APARIÇÃO (07.12.47):
Nossa Senhora aparece a Pierina, dentro da igreja. Estava envolvida num manto branco e trazia ao lado um menino e uma menina. Neste momento Pierina pôde contemplar o Coração resplandecente de Nossa Senhora e ouvir:

“Quero mostrar o Meu Coração Imaculado que dos homens é muito pouco conhecido”.

Pierina pergunta-Lhe: Quem são estas crianças?

“São Jacinta e Francisco”
“Eles a acompanharão nos momentos difíceis pois, embora crianças, menores que você, sofreram bastante. O que peço a você é: bondade e simplicidade como estas crianças”.

E desapareceu.

SÉTIMA APARIÇÃO (08.12.47):
Como toda a população de Montichiari ficou sabendo que Nossa Senhora ia aparecer neste dia, a igreja, ao meio-dia, ficou superlotada. Havia tantas pessoas que Pierina encontrou dificuldades para chegar ao lugar onde estava habituada a rezar.
Ajoelhou-se e deu início à reza do terço. De súbito, exclamou: Oh! A Senhora.
Neste momento, fez-se na igreja silêncio absoluto. Nossa Senhora aparece sorrindo, de pé, sobre uma escadaria branca, enfeitada nas laterais de rosas brancas, vermelhas e amarelas; e disse:

“Eu sou a Imaculada Conceição. Sou a Mãe da Graça, Mãe do Meu Divino Jesus Cristo”. 

Descendo os degraus, continuou:

“Aqui em Montichiari, quero ser chamada “Rosa Mística”.
“Desejo que todos os anos, no dia 8 de dezembro, tenha lugar, ao meio-dia, a Hora da Graça Universal, quando numerosos favores para a alma e para o corpo serão distribuídos. Os bons não deixem de orar pelos seus irmãos pecadores. Comuniquem, rapidamente, este Meu desejo ao Papa Pio XII, para que a Hora da Graça se transforme num hábito praticado por todos, em todas as partes do mundo”.

Curas: neste dia deram-se duas curas, a de uma criança de 5 ou 6 anos que, por causa da poliomielite, não podia andar nem manter-se de pé, e a de uma moça de 26 anos, que há 12 anos não falava. Ambos ficaram curados instantaneamente.

APARIÇÕES EM FONTANELLE (1.966).
A partir de 1966, Pierina mudou-se para Fontanelle (subúrbio rural, a 2km de Montichiari), onde as aparições continuaram, principalmente numa fonte onde Nossa Senhora, num gesto amoroso de humildade, tocou com Seus Dedos a água, batizando-a como “Fonte da Graça”.
Sucederam-se muitas outras aparições nas quais Nossa Senhora reforçava os pedidos que foram feitos desde a primeira. Destacamos duas:

EM 17 DE JANEIRO DE 1.971:
Nossa Senhora volta a insistir a Pierina a respeito da reza do terço, dizendo:

“Um terço bem rezado devotamente é um penhor para qualquer intercessão; é a contemplação dos mistérios da fé.
O Pai Nosso é a prece da união. A prece do Senhor.
O Glória é a prece da glorificação da Santíssima Trindade.
Diga aos Meus filhos que rezem o santo terço”.

EM DATA RECENTE (1.984):
Nossa Senhora pede a Pierina que providencie 40 imagens de “Maria Rosa Mística” tal como ela A via e que as colocasse na escadaria da fonte de Fontanelle. Ela própria iria benzer estas imagens e depois de terem sido bentas, deveriam ser distribuídas pelo mundo todo como uma forma de Nossa Senhora estar presente onde quer que uma destas imagens estivesse. Assim foi feito e no dia 08.09.84 Nossa Senhora aparece nesta fonte, benze estas imagens e diz:

“Como prometi, onde quer que cheguem estas imagens, Eu estarei presente e levo graças abundantes do Senhor”.

E no dia 3 de outubro de 1.984, chega a José Bonifácio, endereçada ao Monsenhor Ângelo Angioni, uma destas 40 imagens. Com ela veio uma carta explicando:
“Esta Madona “Maria Rosa Mística”, Mãe da Igreja, foi entregue hoje para a região de José Bonifácio – Brasil, com a determinação de que se reze onde quer que ela se encontre”.

Pedidos da Mãe Celeste, manifestados nas aparições à vidente Pierina Gilli:

  • Que o dia 13 de cada mês seja consagrado a uma especial devoção à Santíssima Virgem, preparando-nos com a oração dos 12 dias anteriores.
  • Que o dia 13 de julho de cada ano seja festejado em honra de “Maria Rosa Mística”.
  • No dia 13 de outubro, também de cada ano, tomar parte na Comunhão reparadora
  • A 8 de dezembro de cada ano, celebrar, ao meio-dia, a Hora da Graça Universal.
  • Ir em procissão à Fonte Bendita, com oração de penitência.

Atualmente, a associação de fiéis Rosa Mistica Fontanelle é responsável pela promoção e divulgação da devoção a Nossa Senhora, na localidade de Fontanelle, sob orientação do Bispo de Bréscia.

NOSSA SENHORA DA ROSA MÍSTICA | 13 DE JULHO [CC]

terça-feira, 18 de março de 2025

domingo, 16 de março de 2025

Come trovare il tuo piccolo Monte Athos

URGENTÍSSIMO!!! A NOSSA LITURGIA ESTÁ DOENTE!! (CARDEAL ROBERT SARAH)

Crise da liturgia é crise da relação com Deus, afirma o cardeal Sarah

Cardeal Robert Sarah

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Francisco Vêneto - publicado em 12/03/21
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Prefeito emérito fala sobre a liturgia e questiona a contraposição entre o silêncio contemplativo e o microfone ideológicoCrise da liturgia é crise da relação com Deus, afirmou o cardeal Robert Sarah em sua primeira entrevista como prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino, cargo a que renunciou por conta da idade de 75 anos.

Em conversa com Matteo Matuzzi, do jornal italiano Il Foglio, o cardeal guineense falou de diversos e relevantes assuntos da Igreja, com ênfase na liturgia.

Confira um resumo:

A renúncia por idade

O cardeal Sarah se declara “feliz e orgulhoso por ter servido a três Papas”: São João Paulo II, Bento XVI e Francisco. De fato, ele trabalhou com eles na Cúria Romana durante mais de vinte anos e resume:

“Tentei ser um servo fiel, obediente e humilde da verdade do Evangelho”.

O trabalho em prol do culto divino

Antes de abordar a crise da liturgia, o prefeito emérito destacou a sua importância como parte do coração da Igreja e da sua razão de ser:

“A Igreja não é uma administração nem uma instituição humana. A Igreja misteriosamente prolonga a presença de Cristo na Terra. A Igreja existe para dar os homens a Deus e para dar Deus aos homens”.

E destacou então o papel crucial da liturgia na Igreja:

“Este é, precisamente, o papel da liturgia: adorar a Deus e comunicar a graça divina às almas”.

Crise da liturgia é crise da relação com Deus

Sarah tratou, na sequência, do “adoecimento litúrgico”:

“Quando a liturgia está doente, toda a Igreja está em perigo, porque a sua relação com Deus não está só debilitada, mas profundamente danificada”.

E exemplificou:

“Em vez de falar de nós mesmos, vamos a Deus! Esta é a mensagem que venho repetindo há anos. Se Deus não está no centro da vida da Igreja, então Ela está em perigo de morte. É por isso que Bento XVI disse que a crise da Igreja é essencialmente uma crise da liturgia, porque é uma crise da relação com Deus”.

Liturgia: silêncio contemplativo ou microfone ideológico

O cardeal africano foi enfático ao afirmar que, se falta foco na contemplação silenciosa durante as celebrações litúrgicas, então a liturgia tende a se diluir em mera modalidade de exposição ideológica:

“Quando o homem permanece em silêncio, ele deixa espaço para Deus. Já quando a liturgia se torna falante, ela se esquece de que a cruz é o seu centro e se organiza em torno do microfone. Todas essas questões são cruciais, porque determinam o lugar que damos a Deus. Infelizmente, elas se transformaram em questões ideológicas”.

Luta entre progressistas e conservadores na Igreja

A partir desta consideração, Sarah comentou sobre conflitos ideológicos no seio da Igreja:

“Hoje, na Igreja, atuamos muitas vezes como se tudo fosse uma questão de política, poder, influência. Há uma imposição injustificada de uma hermenêutica do Vaticano II que rompe totalmente e está irreversivelmente em desacordo com a Tradição. Para mim, tem sido um grande sofrimento testemunhar essas lutas de facções.

Quando falei da orientação litúrgica e do senso do sagrado, me disseram: ‘O senhor se opõe ao Concílio Vaticano II’. Isto é falso! Não acho que a luta entre progressistas e conservadores tenha sentido na Igreja. Essas categorias são políticas e ideológicas. A Igreja não é um campo de luta política. A única coisa que conta é procurar a Deus mais profundamente, encontrá-Lo e ajoelhar-se humildemente para adorá-Lo”.

Polêmica sobre o livro “Do profundo de nosso coração

Em janeiro de 2020, repercutiu na mídia uma inflada controvérsia sobre a co-autoria do Papa Emérito Bento XVI no livro do cardeal Sarah que, entre outros vários temas, abordava a defesa da preservação do celibato sacerdotal. O livro havia sido divulgado inicialmente como obra conjunta do Papa Emérito e do cardeal, com a exposição da contribuição pessoal de ambos ao debate suscitado pelo Sínodo da Amazônia, em outubro de 2019, a propósito de se ordenarem sacerdotes casados. Acabou sendo esclarecido que, oficialmente, a autoria é do cardeal Sarah, com a contribuição de Bento XVI.

“O Papa Francisco entendeu muito bem e recebeu o livro em que eu tinha trabalhado com Bento XVI, ‘Do profundo de nosso coração‘. Não escondi dele a minha preocupação com as consequências eclesiológicas de se questionar o celibato dos sacerdotes. Quando ele me recebeu, depois da publicação, quando as campanhas da mídia me acusaram de mentir, ele me apoiou e me encorajou. Parece que ele leu e apreciou a cópia autografada que Bento XVI, com a sua delicadeza, tinha enviado a ele”.

Crise na Igreja

Para além da crise da liturgia, Sarah falou de uma crise mais ampla vivida pela Igreja:

“A Igreja vive hoje uma Sexta-Feira Santa. O barco parece estar fazendo água por todo lado. Alguns a traem dentro dela. Penso no drama e nos terríveis crimes dos padres pedófilos. Como é que a missão pode dar fruto se tantas mentiras encobrem a beleza do rosto de Jesus? Outros são tentados a trair quando abandonam o barco para seguir os poderes da moda. Penso nas tentações que acontecem na Alemanha, no caminho sinodal. Pergunta-se o que vai restar do Evangelho se tudo isso chegar ao fim: uma verdadeira apostasia silenciosa.

Mas a vitória de Cristo sempre vem por meio da Cruz. A Igreja tem de ir em direção à Cruz e ao grande silêncio do Sábado Santo. Nós temos que rezar com Maria, ao lado do corpo de Jesus. Velar, rezar, fazer penitência e reparação para podermos proclamar melhor a Vitória do Cristo Ressuscitado”.

Planos pessoais do cardeal

Por fim, o cardeal Robert Sarah também comentou sobre o próprio futuro a serviço da Igreja, mesmo após a sua “aposentadoria” como prefeito da Congregação para o Culto Divino:

“Estou feliz por ter mais tempo para rezar e ler. Continuarei escrevendo, falando e viajando. Aqui em Roma, continuo recebendo padres e fiéis de todo o mundo. Mais do que nunca, a Igreja precisa de bispos que, de modo livre, claro e fiel, falem de Jesus Cristo e dos ensinamentos doutrinários e morais do Seu Evangelho. Pretendo continuar esta missão e até expandi-la. Devo continuar trabalhando a serviço da unidade da Igreja, na verdade e na caridade. Quero humildemente continuar apoiando a reflexão, a oração, a coragem e a fé de tantos cristãos que estão desorientados, confusos e perplexos com as muitas crises que estamos passando agora: crise antropológica, crise cultural, de fé, sacerdotal, moral, mas, acima de tudo, crise do nosso relacionamento com Deus”.


Cardeal Sarah homilia Catedral Chartres