terça-feira, 12 de agosto de 2008

4ª Aparição de Nossa Senhora

Como já está dito o que neste dia se passou, não me detenho nisso e passo à aparição, a meu ver no dia 15, ao cair da tarde. Como ainda então não sabia con­tar os dias do mês, pode ser que seja eu a que esteja enganada; mas conservo a ideia que foi no mesmo dia em que chegamos de Vila Nova de Ourém. Andando com as ovelhas, na companhia de Francisco e seu irmão João, num lugar chamado Valinhos, e sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e nos envolvia, suspeitando que Nossa Senhora nos viesse a aparecer e tendo pena que a Jacinta ficasse sem A ver, pedimos a seu irmão João que a fosse a chamar. Como ele não queria ir, ofereci-lhe, para isso, dois vin­téns e lá foi a correr.
Entretanto, vi, com o Francisco, o reflexo da luz a que cha­mávamos relâmpago; e chegada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.
- Que é que Vossemecê me quer?
- Quero que continueis a ir à Cova de Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem.
- Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova de Iria?
- Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão-de mandar fazer.
- Queria pedir-Lhe a cura dalguns doentes.
- Sim; alguns curarei durante o ano. E tomando um aspecto mais triste:
- Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios por os pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifi­que e peça por elas.
E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente.

In, Memórias da Irmã Lúcia