PAPA BENTO XVI
Catedral de Notre-Dame, Paris
12 de Setembro de 2008
A sua Palavra, o Verbo, que desde sempre esteve junto d’Ele (cf. Jo 1, 1), nasceu de uma Mulher, nasceu sob a Lei, «para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adoptados como filhos» (Gl 4, 4-5). O Filho de Deus encarnou no seio de uma Mulher, de uma Virgem.
A vossa catedral é um vivo hino de pedra e de luz em louvor deste acto único da história da humanidade: a Palavra eterna de Deus que entra na história dos homens na plenitude dos tempos, para os resgatar mediante a oferta de Si mesmo no sacrifício da Cruz.
As nossas liturgias da terra, inteiramente dedicadas a celebrar este acto único da história, não conseguirão nunca expressar totalmente a sua densidade infinita. Sem dúvida, a beleza dos ritos nunca será bastante procurada, nem suficientemente cuidada nem assaz elaborada, porque nada é demasiado belo para Deus, que é a Beleza infinita.
As nossas liturgias terrestres não poderão ser senão um pálido reflexo da liturgia que se celebra na Jerusalém do céu, ponto de chegada da nossa peregrinação na terra. Possam, porém, as nossas celebrações aproximar-se o mais possível dela, permitindo-nos antegozá-la!
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)