Os principais grupos da iconografia da Mãe de Deus ZNÁMENIE - ORÁNTA
Toda a grande diversidade de ícones pode ser separada em quatro grupos, cada um deles revelando um determinado aspecto da Mãe de Deus.
A composição iconográfica expressa um determinado dogma.
O primeiro grupo ZNÁMENIE, uma abreviação da variante Orante.
É o mais impregnado de teologia e vinculado ao tema da Encarnação de Cristo.
Com base nesse esquema iconográfico estão as profecias de Isaías (Isaías 7.14) do Antigo Testamento e as palavras do anjo à Virgem Maria (Lucas 1.35).
Nessas palavras revela-se a nós o mistério da encarnação, o nascimento do Salvador de uma Virgem, o nascimento do Filho de Deus de uma mulher terrena.
Iconográficamente Maria está em posição de Orante, aquela que ora, com as mãos elevadas para o céu.
Na altura do seu peito como dentro de um medalhão ou círculo está representado o Salvador, Emanuel.
A Theotokos está representada de corpo inteiro ou até a cintura.
Sem o círculo no peito tem o significado da concepção, já com o círculo passa a ter sentido litúrgico, é o "discos" - patena- que tem Emanuel como pão celeste.
É o Cristo - Cordeiro Imolado.
No aspecto composição, o enfoque está nas duas figuras unidas, dando a entender o mistério do Deus encarnado.
Maria se torna a Mãe de Deus através da encarnação do LOGOS.
Orando, contemplamos o ícone e nesse instante como que se revela o Santo dos Santos, nas Suas entranhas, pelo poder do Espírito Santo é concebido o Deus-Homem.
Nós a vemos no momento de se apresentar a Deus : Aqui está a serva de Deus...(Lucas 1.38).
Suas mãos se levantaram num ímpeto de oração (esse gesto é descrito no livro do Êxodo 17.11).
No ícone esse gesto nas mãos é também repetido pelo Menino Emanuel, só que os Seus dedos está colocados num gesto de abençoar, ou segurando também o papiro, símbolo de estudo/esclarecimento.
As vestes são tradicionais, o manto vermelho e as vestes azuis.
Essas são as cores em todos os ícones, com poucas exceções, e elas simbolizam a junção da virgindade e maternidade dentro Dela, a Sua natureza terrena e o chamado celeste.
A presença de anjos, comp parte da composição, significa que a Mãe de Deus, acatando humildemente e aceitando a tomar parte no ato da Encarnação de Deus, dessa maneira Ela eleva a humanidade num degrau acima dos anjos e arcanjos, pois Deus, segundos as palavras dos Santos Pais, não se encarnou em anjo nas em um corpo humano.
Nos cânticos que glorificam a Theotokos, nós podemos ouvir :
" Mais venerável que os Querubins, incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins..."
(Fonte : A Teologia do ícone - I.K.Iazikova - Algumas partes.
Postado no informativo mensal da Paróquia da Proteção da Santíssima Mãe de Deus, Rio de Janeiro, na Edição de Outubro de 2006.)
ícones da Mãe de Deus - Odiguítria
Os principais grupos da iconografia da Mãe de Deus
ODIGUÍTRIA
O segundo grupo iconográfico, chamado Odiguítria em grego, tem o significado de "Aquela que mostra o caminho".
Este nome retém o conceito dos ícones da Theotokos no seu todo, pois a Mãe de Deus nos guia para Cristo.
A vida do cristão representa em si o caminho que vai das trevas para a luz Divina, desde o pecado para a Salvação, da morte para a vida.
E no percurso deste difícil caminho, nós temos uma auxiliadora :
A Puríssima Mãe de Deus.
Ela representa a ponte para a chegada do Salvador ao mundo.
Agora Ela é a ponte que vai nos levar a te Ele.
E assim a composição iconográfica da Odiguítria se constrói de acordo com o seguinte formato :
A figura de Nossa Senhora está em posição frontal, as vezes com ligeira inclinação da cabeça.
Em uma das mãos, como sentado no trono, está o Menino Cristo, com a outra mão a Mãe de Deus aponta o Seu filho e com isso direciona a atenção para Ele.
E o Cristo Menino, com uma das mãos abençoa a Mãe ( e muitas vezes o olhar Dela está direcionado para nós), na outra mão Ele segura o papiro, às vezes o cetro e a insígnia, livro ou o papiros aberto.
No gesto da Mãe de Deus apontando Cristo, está a chave do sentido :
A Mãe de Deus nos orienta espiritualmente, direcionando-nos para Cristo, pois Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ela leva nossas orações para Ele, Fazendo-se a Mãe Daquele que nos adotou ao Pai Celeste, a Mãe de Deus se faz a Mãe de cada um de nós.
Esse tipo de ícone teve grande divulgação em todo mundo cristão, principalmente em Bizâncio e na Rússia.
Muitos desses ícones venerados, pensa-se que são da autoria do apóstolo Lucas.
Ocorrem pequenas diferenças iconográficas que ficam por conta de peculiaridades históricas.
Por exemplo, a terceira mão no ícone Troirútchetsa é acrescentada por São João Damaceno quando atendendo sua súplica a Mãe de Deus restaurou-lhe a mão decepada.
A ferida na face da Mãe de Deus de Iver lembra a perseguição dos iconoclastas quando o ícone foi golpeado com uma espada, atingindo a face da Mãe de Deus, de onde verteu sangue, provocando pânico nos perseguidores.
O ícone da Paixão costuma representar dois anjos voando em direção ao Menino, eles seguram os instrumentos da Paixão, assim prenunciando o Seu sofrimento por nós.
Por isso a posição do Menino é ligeiramente alterada pois Ele contempla os anjos e Suas mãos seguram a mão da Mãe de Deus.
Normalmente os ícones da Odiguítria representam até a cintura. Mas as vezes aparecem até os ombros como no ícone de Kazan.
(Fonte : A Teologia do ícone - I.K.Iazikova - Algumas partes. Postado no informativo mensal da Pároquia da Proteção da Santíssima Mãe de Deus, Rio de Janeiro, na Edição de Outubro de 2006)
ícones da Mãe de Deus - Umilénie
UMILÉNIE - ELEUSA
O terceiro tipo de ícones se chama Umilenie, que advém do grego “ELEUSA”, com sentido alterado, ou seja : A Piedosa.
Esse qualificativo era usado em Bizâncio para chamar Nossa Senhora e muitos dos ícones.
Com o passar do tempo, na iconografia russa Umilenie passou a se chamar um determinado tipo de composição que no paralelo grego tinha o nome de GLIKOFILUSA (Aquela que beija docemente).
Do ponto de vista dogmático é uma pré-figuração do sacrifício da crucificação do Cristo Salvador como a maior prova do amor de Deus para os homens.
A representação mais antiga desse tipo é do ano 650, um afresco na igreja de Santa Maria Antiqua.
É uma forma mais lírica de todos os tipos, abrindo para nós o lado mais íntimo da relação da Mãe-Filho.
A composição engloba duas formas : A da Mãe e do Filho, com as faces coladas.
A cabeça da Mãe está ligeiramente reclinada ao Filho, enquanto que Ele segura o pescoço da Mãe.
Essa comovente composição comporta uma profunda idéia teológica.
Aqui a Mãe de Deus é nos apresentada não somente como a Mãe que dá carinho ao Filho, mas como símbolo da alma que está em estreita ligação com Deus.
Essa recíproca relação é um tema místico abordado por muitos Santos Pais.
A Mãe de Deus UMILENIE é um dos tipos mais místicos de ícones da Mãe de Deus.
Esse tipo foi também amplamente difundido na Rússia. Fazem parte desse grupo os ícones de Vladmir, Volokolam, Donsk, Fedorof, Girovits, Grebnev e outros.
Todos estes tem a composição até a cintura, com poucas exceções.
Com uma pequena variante encontramos a VZIGRÁNIE (Intenção de brincar), esses mais divulgados nos Bálcãs, é praticamente igual aos demais, com a diferença de que o tratamento pictórico que tem o Menino é de mais liberdade, como se o Menino estivesse brincando.
Exemplo desse é o IRASLÁVSKAIA, onde nesta composição sempre está presente o gesto característico, Menino Cristo com a mãozinha toca a face de Sua Mãe.
Nesse pequeno detalhe oculta-se uma infinita ternura e confiança, que se abre para um atento e contemplativo observador.
Mais uma variante é o MLEKOPITÁTELNITSA (Amamentadora).
Neste, temos apresentada a Mãe de Deus que alimenta ao seio o Seu Filho.
Esse detalhe não é só intimo, mas abre mais um aspecto místico : Ela alimenta o filho e da mesma forma Ela alimenta a nossa alma, e também o Menino alimenta a nós “com o puro leite de palavras da Palavra de Deus” ( 1 Pedro 2.2) e “ como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para Salvação” (Hebreus 5.12).
Ícones da Mãe de Deus - Akafist
Os principais grupos da iconografia da Mãe de Deus
AKAFIST
Os três grupos anteriores (Oranta, Odiguítria e Eleusa) são os principais e mais importantes, pois estão fundamentados nos essenciais direcionamentos do entendimento teológico da Theotokos.
Cada um desses direcionamentos representa um aspecto do Seu servir, o Seu papel na missão salvífica de Cristo e da história de nossa salvação.
O quarto tipo (Akafist), não tem conexão com o aspecto teológico, como os anteriores.
Ele é mais um coletivo, reunindo as variantes que não fazem parte dos grupos anteriores.
Foi denominado ícone do Akafist pois basicamente são fundamentados na ilustração dos diversos qualificativos que constam nas frases de louvor à Mãe de Deus dos akafistos e himnografias.
O sentido básico aqui é o louvor à Mãe de Deus.
Exemplo desse tipo é a Mãe de Deus com o Menino sentada no trono, pois o enfoque é mostrar a Mãe de Deus como a Rainha Celeste.
Assim, neste formato Ela entrou na iconografia bizantina.
É fequente tais composições aparecerem na ápside Konhu, que nesta variante está na Santa Sofia de Constantinopla.
Na iconografia russa, um dos exemplos é o afresco de Dionísio no nicho do altar da igreja da Natividade da Mãe de Deus, no mosteiro de Feraponte.
Entretanto a maior parte enquadrada nesse tipo representa a mistura de outros tipos com a adição de alguns elementos.
Como exemplo é a composição do ícone Sarsa Ardente, que representa a Mãe de Deus como Odiguitria rodeada de figuras simbólicas da glória celeste e das forças celestes (analogicamente ao ícone da glória celeste que iconograficamente está representado no ícone O SALVADOR).
As variantes onde a Mãe de Deus está sozinha não são muitas e não podemos agrupar esses tipos, pois cada um tem suas proprias bases, mas em maior ou menor escala se enquadram em algum dos tipos já citados.
(Fonte : A Teologia do ícone - I.K.Iazikova - algumas partes. Postado no informativo mensal da Paróquia da Proteção da Santíssima Mãe de Deus, Rio de Janeiro, na Edição de Outubro de 2006.)
AKAFIST
Os três grupos anteriores (Oranta, Odiguítria e Eleusa) são os principais e mais importantes, pois estão fundamentados nos essenciais direcionamentos do entendimento teológico da Theotokos.
Cada um desses direcionamentos representa um aspecto do Seu servir, o Seu papel na missão salvífica de Cristo e da história de nossa salvação.
O quarto tipo (Akafist), não tem conexão com o aspecto teológico, como os anteriores.
Ele é mais um coletivo, reunindo as variantes que não fazem parte dos grupos anteriores.
Foi denominado ícone do Akafist pois basicamente são fundamentados na ilustração dos diversos qualificativos que constam nas frases de louvor à Mãe de Deus dos akafistos e himnografias.
O sentido básico aqui é o louvor à Mãe de Deus.
Exemplo desse tipo é a Mãe de Deus com o Menino sentada no trono, pois o enfoque é mostrar a Mãe de Deus como a Rainha Celeste.
Assim, neste formato Ela entrou na iconografia bizantina.
É fequente tais composições aparecerem na ápside Konhu, que nesta variante está na Santa Sofia de Constantinopla.
Na iconografia russa, um dos exemplos é o afresco de Dionísio no nicho do altar da igreja da Natividade da Mãe de Deus, no mosteiro de Feraponte.
Entretanto a maior parte enquadrada nesse tipo representa a mistura de outros tipos com a adição de alguns elementos.
Como exemplo é a composição do ícone Sarsa Ardente, que representa a Mãe de Deus como Odiguitria rodeada de figuras simbólicas da glória celeste e das forças celestes (analogicamente ao ícone da glória celeste que iconograficamente está representado no ícone O SALVADOR).
As variantes onde a Mãe de Deus está sozinha não são muitas e não podemos agrupar esses tipos, pois cada um tem suas proprias bases, mas em maior ou menor escala se enquadram em algum dos tipos já citados.
(Fonte : A Teologia do ícone - I.K.Iazikova - algumas partes. Postado no informativo mensal da Paróquia da Proteção da Santíssima Mãe de Deus, Rio de Janeiro, na Edição de Outubro de 2006.)