sábado, 19 de junho de 2010

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Faltam luzes acerca da missa, a não raro a educação sobre esse mistério de amor é incompleta. Compreender o mistério de fé do altar é mercê altíssima. Que regozijo, ainda que em penumbra!

A Missa não é somente a Comunhão

A Missa


Deve-se basear a piedade na doutrina; caso contrário, é piedade sentimental, piedade de poeta. Não são as flores o essencial, mas o altar. Quando não há altar, onde pondes as flores? Se não há um fundo de doutrina, sobre que apoiareis a piedade?...

Veni, Sancte Spiritus. Venha o Paráclito com suas luzes! Glória ao Pai, pelos incomparáveis dons que nos dera! Glória ao Filho, pelo mistério da Sexta-Feira Santa! Glória ao Paráclito, que nos ensinara a erigir o altar para imolar o Cordeiro sem mancha à glória da Trindade. Per Christum Dominum nostrum, pontífice, mediador e hóstia.



Dois milagres na Missa

Conforme o plano de Deus, deve a Santa Missa realizar sempre dois milagres1:

1º a transubstanciação do pão e do vinho;
2º a transubstanciação do padre celebrante e dos fiéis na virtude da comunhão.

O primeiro milagre nunca deixa de acontecer, ainda que o padre não seja um santo; mas o segundo milhares de vezes deixa de se realizar. Entregando-se a nós sob a forma de pão e vinho, Nosso Senhor quer consumir-nos, deixando-se consumir por nós. Consumi-lo é fácil, mas nos deixar devorar à nós supõe condições que o Cristo nem sempre encontra. Quer ele fazer-nos a mim e a vós vários Jesus, mas não lho permitimos.

Contava um padre sobre os reveses de sua paróquia, onde todavia entronizara o Sagrado Coração. “Pois bem! és tu um santo? E não por isso dizes a missa todos os dias! Se a missa não conseguiu santificar-te, poderia a entronização fazer milagres?”

Pode a missa fazer em nós maravilhas, SE a vivermos. A missa deve estar sempre em primeiro plano. Em vossa vocação, tendes um como sacerdócio real para concelebrar2 a missa. Se viverdes a missa, sereis o que deveis ser.

Eis algo que aconteceu: o pequeno Luís estava rezando bem concentrado, chegando mesmo a prolongar-se na oração. Pergunta-lhe a tia: “Queres te chamar São Luís Gonzaga, ou um anjo, ou... – Não! Peço a Jesus me tornar um Jesus; peço-lhe me devorar como ele se deixa devorar!”

Não tinha mais que oito anos, esta criança. E que resposta!


A Santa Virgem e a Missa

Estudemos os três mistérios maiores da Santa Virgem, relacionados ao mistério da missa:


- Primeira cena: A anunciação... a encarnação... “Incarnatus est”.

Este é o milagre que se deve reproduzir na missa a cada manhã. A Virgem sentiu e compreendeu isto: Fiat!... Fiat, e ei-lo ali! vivo da mesma vida de Maria e como Maria.

Fiat! Ei-lo dentro de nós, vida de nossa vida, alma de nossa alma, coração de nosso coração. Dada a encarnação, vão dizer ele e Maria ao Pai: “Venha a nós o vosso reino! Bendito seja vosso nome! Seja feita a vossa vontade!”

Santos somos na virtude do cálice. Ele está em mim e eu nele. Rogai a Maria a explicação da relação entre o mistério do altar e a encarnação.


- Segunda cena: Natal e a apresentação no templo.

“Pai, Pai, diz Maria, este é vosso filho e o meu. Ele é vosso e também meu. Eu o possuo. Dou-vos para a glória vossa.” É o que se há de fazer no altar, uando ele está aí em vosso coração. Dizei ao Pai: “Posso-vos glirificar, sou grande, sou rico: a hóstia de meu coração é vosso Filho.”

Gesto singular o de Maria em Jerusalém no mistério da Apresentação! Repeti tal gesto a cada missa. Sois ricos de uma riqueza que sequer os anjos possuem. O anjo não pode celebrar; eu padre celebro; vós concelebram com o padre; participemos intimamente do sacrifício, então.


- Terceira cena: Sexta-Feira Santa

Maria aos pés da Cruz diz ao Pai: “Ele é meu e vosso; eu vô-lo ofereço. Em meio a soluços, canto vossa glória. Com minhas lágrimas e meu sangue, aceitai o Cordeiro que tira os pecados do mundo, aceitai o cálice.”

Vós, pobres criaturinhas, fazei como Maria, digam: “Sou coberto do manto real, aceitai o Cordeiro sem mancha. Sou a religiosa consagrada, Pai, queremos ele e eu glorificar-vos.”

De tão belo que é o mistério, não o compreenderíamos sem o Paráclito. Vinde, Espírito Santo, aumentai-me a fé para que veja eu o que não vejo, i. é, que veja, ainda que pouco, o que é ser padre como Maria em Jerusalém e no Calvário. Se o Espírito Santo dá-nos luz, veremos sem ver, seremos esclarecidos nas trevas da fé.

O que falta é a fé

Uma pobre criancinha camponesa, que só tinha umas poucas letras, recebeu um privilégio especial. Quando assistia a missa, ela via o que se passava no altar, via o que João e Madalena viram na Sexta-Feira Santa. Em sua cândida simplicidade, cria que todos viam o mesmo; assim, não tinha por isso qualquer vaidade.

Não dizeis: “Se fosse assim comigo!”, pois temos mais que isso: a fé. Os olhos desta criancinha pode-la-ia enganar; a fé não nos enganará: o que nos falta é a fé, e não os olhos. Teresinha jamais tivera tais visões, mas talvez visse mais. Há de se rasgar o véu com a fé e a oração. Veni, Sancte Spiritu... para abrasar-nos a fé.

Contar-vos-ei o que conto aos padres sobre esse tema. Observaram já o quadro que está aqui3; vou contar-vos algo que é a lembra perfeitamente esse quadro, mas sem ter que ver com ele. Estava celebrando a missa em uma capela comunitária, acho que uma missa fúnebre. Havia na primeira fila um “demônio” que não deveria estar ali; ele tinha a blasfêmia a figura e no gesto, com um sorriso de desdém. Grande fora a surpresa quando, chegado o momento da consagração, cai o demônio de joelhos; debate-se... ofega...: “Ah! Ah! Oh! Oh!”. Perguntavam se era “um ataque de loucura”. Terminada a missa, aquele homem interroga: “Onde está o padre que estava no altar?” Vieram dizer-me e, em poucos minutos, lá estava eu...

- Senhor, disse ele.
- Não se diz “Senhor”, e sim “padre”.
- Está bem! Padre, que fizestes no altar? É isso mesmo, que fazieis no altar?
- Celebrava a santa missa!?
- Que é a santa missa?
- Não sois católico?
- Não.
- Vossa mãezinha era católica?
- Sim.
- Bem, quando éreis criança ela vos disse que o Filho de Deus foi pregado na cruz em favor da humanidade, por mim e vós?
- Sim, ela mo dissera umas cem vezes.
- Pois bem, sabeis o que é o Calvário?
- Sim.
- Então, a missa é a mesma coisa.
- Mas, atentai que uns dez ou quinze minutos depois que chegastes, vós disaparecestes e no lugar, que beleza!... uma figura, oh! não sei como dizer... mexia os lábios, enquando o sangue caia no cálice... Oh! que maravilha! Durou uns dez minutos, depois a figura sumira e vós, vós retornastes.

Eis o que se deve enxergar a cada manhã em lugar do padre. Tomará a Santa Virgem vos ensine a orar, vos ensine a orara como ela orava na Sexta-Feira Santa, na comunhão dos sofrimentos e dores das divinas chagas. Imaginai a missa que teria celebrado Francisco de Assis, se fora padre! Infelizmente a missa é mais das vezes rotina para o padre e os fiéis.

Sabeis vós qual o grande culpado disso? Ele. Sim vós nos amastes em demasia, Jesus; vós nos destes em demasia. Se vós nos houvera dito para celebrar a missa uma vez por ano, oh! no entanto... há missa todos os dias! sim, destes-nos em demasia! Não desprezamo-la, claro, mas uma missa a mais ou a menos não nos perturba nem um pouco; antes, um milagre. Como se a missa não fosse ela um milagre. A missa é o maior e mais assombroso dos milagres! Quanto temo-la em conta? qual deferência tendes vós por ela?


Por que vi, não cri

Um figurão de Oxford, bom, honesto, mas incréu, casara-se com uma católica, mulher santa. Pouco a pouco ela lhe fala das verdades na religião. Conduziu-o a Roma junto aos jesuítas. Após dois anos de estudos e leituras, acreditou ela ele estar assaz instruído. Por ocasião de uma jornada eucarística, ela lhe pede para acompanhá-la, e ele aceita. Das quatro da manhã até às dez da noite, vão de igreja a igreja. Na volta, diz a mulher:

- Agora que viste, és ou não católico?
- As teorias do livro são muito bonitas, respondeu ele, mas a prática já não é tanto. Dizem que o Cristo está lá e o tratam daquela maneira?... Não acredito; por que vi, não acredito.

Certo dia, parei em uma igreja para rezar. Começava a missa. Escutei um como rumor de orações em voz alta. Que será?... Uma novena a Santo Antônio, depois a São Judas Tadeu, mais uma ainda a Santa Teresa: três santos que roubaram o lugar de Deus! como se a Virgem Santa e os demais santos não estivessem ali também para a missa. Fazei novenas pelas ruas, digo-vos; aqui é a missa, e para missa estão aqui. Se Teresinha e outros santos viessem para assistir a missa, que missa assistiriam!

Tenho entre as mãos um corporal vermelho sangue... que aconteceu? Uma menina mui decente se casou com um judeu que não fazia caso de religião. Eis que um dia, à mesa, falavam de Jesus Cristo presente na hóstia.

- Crês nisto de que ele está lá? disse o judeu.
- Sim, ele está lá!
- Não é forma de dizer?
- Não, ele está lá mesmo.

Então veio-lhe uma idéia para constatar se isso era verdade. Certa noite saiu e foi atè a sacristia, e disse ao sacristão: “Sou um cavalheiro, um advogado; queres me emprestar por esta noite as chaves da sacristia e do tabernáculo?” Ele as conseguiu. Às duas horas da manhã, entra na sacristia, penetra no santuário, abre o tabernáculo, estende o corporal sobre o altar, põe o cibório sobre o corporal... Estava tremendo, e respeitosamente pega uma hóstia e a observa: Era ou não verdade que o Cristo estava ali? Pega o canivete e, mais receoso ainda, parte a hóstia... Jorrou sangue... que cobriu o corporal, o altar, suas mãos. Ficou com medo, tocou os sinos a rebate. Correria, e que surpresa!

O padre é mais nobre que o anjo, o anjo não pode chamar o Cristo de meu irmão; nunca um anjo celebrou missa. Pertence o padre à família do Cristo.


Viver a Missa

Deve-se viver a missa, da missa e para a missa.

Qualquer devoção é insuficiente se a missa não for o centro de nossa vida; a missa é o altar, o resto apenas florezinhas que pomos aqui ou ali. Costumava dizer o cardeal Mercier: “Dêem-me um bom padre que viva a missa, e ei-lo um santo”. Pois bem! Daí-me uma religiosa que compreenda o cálice e a grandeza da missa; não morrerá ela boa e excelente, mas santa por canonizar. Se não se compreende o mistério do altar, se não se sabe o que o padre faz ali, limitamo-nos a nos distrair com rosários e novenas.

A única homenagem à Santíssima Trindade digna dela é a missa: Adoração, louvor, glória, amor, per Dominum nostrum Christum. Vossa missão se inicia na missa: as crianças, os pobres, os doentes viverão de vossa missa. Não começa a missão de uma religiosa no hospital ou na escola, mas no altar. A missa é a grande missão para a salvação das almas. A religiosa que sabe viver a missa é mais eloqüente que todos os predicadores. Não podeis seguir vossos filhos por todo canto, para conservá-los cristãos; mas o sangue deste Abel, que é Jesus, pode o que não podeis. Deveriam ser o cálice e a missa o dínamo das religiosas educadoras e hospitaleiras.

Meu pai era protestante, converteu-se por causa de minha mãe: ela nunca faltara à missa, apesar do muito trabalho que tinha. É preciso criar este ambiente de fé. Aqui no Canadá não existe as multidões que vemos nos outros países indo para a missa. O cálice é o maior arma do apostolado.

Durante a outra guerra [1914-1918] uma granada atingiu e feriu gravemente um diácono religioso. Recuperou-se bem aos poucos. Três anos depois, doente e sem forças, mal podendo falar ou andar, pede à sua mãe para levá-lo a Roma, para que o Papa lhe concedesse o ser padre. Disse o Santo Padre:

- Que tendes vós de especial?... Não podeis pregar nem ensinar o catecismo?
- Não, Santo Padre, mas meu cálice e meus ferimentos podem salvar as almas!
- Não podeis ir em missão, nem conferir os sacramentos?
- Santo Padre, meu Pai, por favor, pela salvação das almas.
- Sois inválido; qual a diferença entre um padre inválido ou diácono inválido?
- Oh! Santo Padre, meu querido Pai, eu imploro! por meu cálice e meus ferimentos! com o sangue dos ferimentos dentro do cálice, salvarei mais almas!

O Papa mandou um médico, um bispo jesuíta, examiná-lo para saber se esse homem ferido podia celebrar válida e decentemente uma missa, e lhe foi dada a permissão. Que apostolado! Quem me dera tivesseis o mesmo vigor apostólico! Vossos sofrimentos, penas, agonias, responsabilidades – tudo enfim no cálice para a salvação das almas. Venha a nós o vosso reino! Venha a nós o vosso reino! Santificação pessoal, santificação comunitária.

O centro do mundo é o altar; o centro do altar, o cálice; no cálice, vosso coração. A missa é a oração perfeita, é sólida, é pão saudável, e não chocolate; quando a dizemos, dizemos tudo. Tende obsessão pela missa. Se sairdes daqui cem, dez vez mais penetrados do sentido da missa, tereis feito excelente

- VII –

A Missa não é somente a Comunhão4

O reinado do Coração de Jesus supõe a claríssima noção da eucaristia e da missa. Para que venha o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, devemos saber o que é a missa. Existe um avanço: primeiro, usamos o missal, contudo ainda não é o bastante. Vejam bem: comecei por vos falar do santo sacrifício: missa e comunhão, e não apenas o sacramento; sacrifício e sacramento, duas coisas que não são iguais, mas se completam.

A missa é a fonte e, de tal fonte, emanam três grandes torrentes:

1º a comunhão;
2º o tabernáculo com a presença real;
3º o ostensório.
Não há torrente, se não há fonte.

Mais das vezes temos a missa como a chave que vai abrir o tabernáculo. A comunhão antes da missa5 é uma falta teológica. Vai-se à igreja para comungar e não pela missa – erro. A eucaristia é a comunhão, claro, mas a missa não é apenas a ocasião de comungar. Antes da comunhão, há o drama do Calvário, que se desenrola no altar; há a oferenda, a consagração. É o pano de fundo do sacrifício, que não é apreciado. Não existe missa sem comunhão, nem que seja apenas a do padre; mas tampouco há comunhão sem missa: são duas coisas que se completam6.


Que é a missa?

Antes de ir ao Pai, Nosso Sehor disse: Consummatum est. É a omunhão que consome, termina, coroa o sacrifício. A missa termina na comunhão – o que se segue é um pequeno acréscimo da Igreja. Quando comungais antes da missa, começais pelo final, o que é contradição. A comunhão é que é o perfeccionamento e coroação do sacrifício. Sempre pode haver exceções, mas sempre exceções.

A missa cantada junto aos anjos é o que se chama de grande prece. Conheço um jovem advogado, bom católico, que todas as manhãs, às seis e meia, comunga. Mal suspeita o que seja a missa. Comunga, depois se esconde atrás do pilar para que a missa não o distraia de sua pequena prece, pois a grande prece, repito, é a missa. Cantam os anjos, mas não quero acompanhá-los... já tenho meu flautim!... É ridículo!

Que é o sacrifício da missa? É o gesto do Cristo Deus que se entrega a seu Pai, ao Calvário e ao altar: “Pai, eis me aqui para a glória vossa; Pai, Pai, aceitai-me... eis aqui.”

Que é a comunhão? É o Cristo a nos convidar: “Meus filhinhos, meus filhinhos, está posto o banquete; agora, consumi-me e deixai-vos consumir; vinde, vinde, experimentai.” É o querido pai, o bom Deus, a nos chamar. Eis o sacramento.

Antes de nós, o Pai. O bom Deus é o primeiro: eis o sacrifício, a missa. Depois, nós, e eis a comunhão. Tudo isso para que capteis a diferença.

A missa é o Cristo da Sexta-Feira Santa, é o Deus que louva e adora conosco.

O Homem-Deus é o que expia conosco e por nós: “Pai, contemplai-me as chagas, o sangue; rogo-vos por eles, pago por eles.”

O Cristo-Deus é o que peticiona: “Pai, meu Pai, meu Deus, meus filhinhos não sabem o que dizem, não sabem dizer obrigado; mas eu vos digo: daí-lhes tudo que lhes é necessário, luz, força, graças, virtudes; são uns pobres maltrapilhos, cumulai-os.”

É tudo isto o drama do Calvário, e tudo antes da comunhão, da comunhão que perfecciona o sacrifício: adoração perfeita do Cristo covosco, expiação perfeita do Cristo covosco, ação de graças perfeita do Cristo convosco, pertição perfeita do Cristo convosco.


A Continuação do Calvário

Não se pode falar do trato divino com palavras humanas, mas com nomes perfeitos, dentro do possível. Diz-se que a missa é a renovação do sacrifício da cruz; não lhe é um acréscimo, é a mesma coisa. Substituamos renovação por prolongamento. Logo, a missa é o prolongamento do sacrifício do Calvário ao longo dos séculos – é a missa do Calvário que se prolonga, desde o Calvário até hoje de manhã.

Suponhamos que temos recebido uma benção radiodifundida do papa. Pio XII está no Vaticano, seus dois secretários estão ao seu lado. Cá estamos nós na capela. Anuncia-se: “O papa vai abençoar-nos”. De joelhos, bem entendido: “Abençôo o pe. Matéo e os que se encontram no retiro etc.” Escutamos, dizia eu, como escutavam os dois secretários a seu lado; era o prolongamento de suas palavras por todo o mundo, mas por acaso era uma renovação? A missa é a radio oficial da Igreja: só existe uma, que se prolonga ao longo dos séculos e que nos mostra o que João e Madalena testemunharam aos pés do Calvário.

Uma missa de vinte séculos!... Podem ser a radio o papa, o bispo ou o padre. Se tivesseis fé! Se a tivesseis, veríeis ao Cristo. A missa é o Calvário, mas com uma variante: no Calvário, a vítima é dolorosa; no altar, a vítima é gloriosa pois, neste momento, suas pisaduras são de glória. O altar católico é oTabor, mas coberto de uma nuvem vermelha de sangue; o altar católico também é o Calvário, Calvário glorificado dos esplendores do Tabor. Em linguagem simbólica e mística, dizem os poetas que a missa é o Natal – é mais ou menos assim: nasce a Criança um pouco menor que em Belém; Maria lhe oferece aos homens. Glória... Para outros, a missa é a Quinta-Feira Santa. Eis ali o Cordeiro... Vinde, vinde, vamos comer a Páscoa. Pois bem! São tudo consolações para o coração. Amanhã, tereis uma missa melhor que a de hoje.

Por que dizer: Se eu estivesse junto com Madalena e São João?... Vós estais com eles todas as manhãs. Não há dois Calvários, nem dois sacrifícios.


A Missa e os Milagres

Somos sequiosos por milagres, como crianças por chocolate; não obstante, estamos bem próximos ao milagre dos milagres. Que são todos os milagres, se comparados à missa? Perde-se a missa por causa de relíquias! O grande milagre, maior que as relíquias, é a missa.

Estava a preparar um retiro em meu quarto. Entra um padre: “O bispo me enviou com um tesouro para mostrar-vos”. Era um cibório relicário, contendo uma hóstia inteira, intacta com sangue. Mandaram analisar o sangue: “perfeito sangue humano”, disse o famacêutico. Se fora católico, teria de acrescentar: “perfeito sangue divino”. Que aconteceu? O bispo enviou-o para perto de seu amigo doente; consagrau por ele, mas do final da missa, morreu o doente, esquecendo de comungar daquela hóstia. Permaneceu um mês no cibório relicário. Quando o abriu, encontrou-o ensangüentado, e a hóstia em perfeita brancura. Grande milagre? Não, pequeno, bem pequeno. Prestem atenção!

Existe uma hierarquia de valores... Sejam mais religiosas que mulheres... Só a missa é um milagre de primeira ordem, de primeira classe. É o único milagre. Nem a ressureção de Lázaro, nem outros milagres que se lhe comparem. São milagres de segunda classe as conversões: a conversão de São Paulo, a de Santo Agostinho. Os demais milagres são de terceira classe: este que acabei de referir é algo belo, mas é um pequeno milagre. Tais milagres não são nada, se comparados ao da missa. Apressamo-nos a ver os pequenos milagres, mas não nos ocupamos do único que há: a missa. É como se eu dissesse: “A santa vai falar-vos”, e vós respondesseis: “Estou ocupada em vigiar a criança que está brincando perto de mim”. Ou ainda, que preferísseis contemplar uma folha ou flor em vez do sol. Ausentam-se em umas dez ou vinte missas para visitar Tereza Neumann7... que ausência de doutrina! São verdadeiros todos os fatos ocorridos em sua vida, mas a Igreja não se pronunciou. Os milagres de Paray-le-Monial e de Lourdes são pequenos milagres,se comparados aos milagres contidos naquele do Calvário: eis aí a pura doutrina. Há religiosas que preferem a pequena música das devoções às preces da missa... seu acordeãozinho ao órgão. Não apreciam a missa, a única devoção verdadeira.

A missa tem de provocar um incêndio que deve queimar até a morte.

Na missa, existem três celebrantes, o Cristo-Pontífice, o Cristo-Padre, e vós. Sempre somos em três8.

Por que se necessita de um acólito na missa? Não é para entregar as galhetas ou responder as preces, mas para representar o terceiro celebrante, que sois vós ou a comunidade. Por que das cruzes traçadas sobre o cálice? Per ipsum et cum ipsum. Nele, meu Deus, meu Juiz; por ele, meu Deus e Salvador; com ele, meu Deus e meu Rei, meu bem-amado Esposo. Quem canta assim? A Igreja e eu, junto com ele, para a glória da Trindade. Esta é a razão de ser da encarnação, da redenção, dos sacramentos. Oh! Como queria que vós lêsseis, estudásseis,, meditásseis o cânon da missa! O cânon é um mosaico de preces antigas. O que vem antes e depois do cânon é a moldura.

Vivei a missa! Quando tiverdes dois ou três minutos, dizei a missa que chamo a de “São João”. Compõe-se ela de três preces principais que resumem a missa: oferenda, consagração, comunhão. Copiai do missal a missa da Trindade, ou do Santíssimo Sacramento, ou da Santa Virgem, segundo vossa devoção; levai-a convosco e, nos momentos livres, “celebrai a missa”, em união com as missas que àquele momento se celebram, pois que, tanto ao meio-dia quanto à meia-noite, estamos sempre entre dois altares. Deste modo aprende-se a viver a missa o dia inteiro.

Leio a missa o dia todo: meu anjo da guarda é o acólito da missa, quero morrer celebrando a missa.

A missa é a única homenagem, o único louvor. Atentem bem para o que chamo de “vício” da missa. Os santos devem se aborrecer quando se abandona a missa para lhes orar; chega a ser ridículo como nos falta doutrina! Devoção aos santos, sim; mas não em lugar da missa. Recitem vinte rosários antes, e cinqüenta depois, mas não durante a missa.

Parece que se esqueram um pouco da festa da Santíssima Trindade; é comum não solenizá-la tanto quanto a de São José ou outros; não há paramentos especiais, nem música. Mas a Igreja não se esqueceu: a festa da Santíssima Trindade é a missa. E o único chantre é Jesus. Nem a Santa Virgem, nem os anjos, nem os santos podem entoá-la dignamente. É o coração do rei que canta ao altar. Glória, louva o céu; Glória, entoa o purgatório; Glória, canta a Igreja – todas festas da Santíssima Trindade. Que mais belo que isto?... Nada, nada e nada9.

Não há criatura que possa dignamente entoar à Trindade, nem Maria. Só, o Pontífice Supremo entoa dignamente o hino de glória à Trindade. Por meio dele, tornamo-nos chantres maravilhosos, dignos da Trindade. Começemos, já aqui embaixo, a cantar: “Gloria! Hosanna!”, porque será curta a eternidade.

Por ele, com ele e nele, toda a glória, honra e louvor.


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Anexo:
O Cálice da Salvação10

[...] Agora falemos acerca da missão salvífica do cálice, calix salutaris, oferecido para a redenção de muitos. Ah! Resgataram nossas almas por um preço muito alto! Custamos ao Pai a torrente de sangue vertida da Cruz, cujá efusão secou as veias do Salvador, “Redemisti nos Deo in sanguine tuo11”.

De fato, a principal missão salvífica na Igreja não está na palavra, nem na admirabilíssima atividade de um Francisco Xavier, de modo algum! Supõe tal atividade apostólica o sangue redentor.

A santa missa compreende ambos: o drama do Cenáculo e a divina tragédia do Calvário, a imolação mística da Quinta-Feira Santa, e a cruenta da Sexta-Feira Santa!

Não é uma lição igualmente sólida que reconfortante para a mulditão das belas almas que deploram e esperam a conversão de um ente amado? Pois, infelizmente, abundam os pródigos e os publicanos, mesmo nas famílias cristãs.

Que angústia nobre e santa a da esposa cristã, da mãe exemplar, da filha piedosa, que vivem em casa com o cadáver moral do marido, do filho, do pai, afastados de Deus, e que trabalham, faturam e gozam a vida à beira do inferno! Avança a morte e espreita , podendo surpreendê-los como um ladrão, sem estarem quites com suas contas a pagar – Deus os livre e guarde!

Quanto sofrem dessa angústia as almas santas, as religiosas fervorosas e sobretudo, os padres zelosos, sentido-se responsáveis pelas almas em grande perigo! Que fazer neste caso? Que segredo de misericórdia obteria tais ressurreições morais, bem mais difíceis que a de Lázaro? Pois que a conversão de uma alma ingrata e endurecida é prodígio em tudo extraordinário, diferente de reanimar um cadáver. Como obter tal prodígio?

Com a onipotência misericordiosa do santo sacrifício! Uma só missa tem mais peso na balança da justiça e da misericórdia que todas as boas obras de todos os santos!

A seu exemplo, façamos boas obras, penitências, esmolas, orações. Mas para que fecundem as obras até ao milagre, vertamo-las como uma gota d’água no precioso sangue do cálice!

Falamos amiúde de almas “de impossível conversão”.. Converter almas que se nos deparam inconvertíveis! Que milagre imenso há de se dar para um infeliz pecador, afastado dos sacramentos e com anos de vida escandalosa nas costas, chore de arrependimento! Todavia, ei-lo branqueado no tanque de uma confissão admirável em sinceridade. Contemplemos a piedade com que vai receber Deus na primeira comunhão, depois de estar ausente da morada de Deus por quarenta anos ou mais!... O “impossível” já o não é mais! Resplendeu o milagre!

São comuns tais vitórias, todas sempre conquistadas pelo clamor da vítima do altar. O Pai não pode recusar a glória e a vitória ao Filho bem-amado, que deu o último suspiro implorando o perdão, oferecendo o paraíso com misericórdia infinita.

Mas o Céu sempre exige que se pague o preço da justiça. Refulge o milagre quando se satisfaz com plenitude a justiça. É aí que a misericórdia despedaça os túmulos e comanda o cântico dos mortos ressucitados.

Não faltam devoções, mas a rainha delas todas, o santo sacrifício da missa, mais das vezes nos falta. Por isso não ocorrem as grandes conversões. Quero causar espécie entre os bons católicos, acerca deste ponto tão importante.

Junto à rainha das dores, como João e Madalena aos pés da cruz, oremos e deploremos diante do calvário do altar, façamos violência à divina vítima em favor dos queridos pródigos de nossos lares... Usurpemos pela onipotência da missa tais milagres.

Por este meio, usual após a Sexta-Feira Santa, que se fende o rochedo dos maiores pecadores. Esta é a minha mais profunda convicção: um lar é resgatado quando há ali, de fato, uma alma fervorosa, inflamada pela santa missa, salvando assim do inferno os que estão em perigo. Esta alma é apostólica, pois que carrega o cálice da salvação no coração, e seu coração vive dentro do cálice.

Desta forma foi minha mãe a feliz responsável diante de Deus, o intrumento da salvação de meu pai e de meu irmão mais velho. E também de minha vocação. Mais que nunca, falo de uma experiência excelente. Ponho minhas mãos sobre o Evangelho e sobre o altar em testemunho da verdade! Garanto-vos de que se fordes fiéis e dóceis em seguir este conselho, dar-me-eis graças um dia, mas na companhia daqueles que convertestes e salvastes através do apostolado da missa!

Sim, escutai-me de bom grado, confrades de sacerdócio! Lede-me com atenção, predicadores e missionários [...]. Afirmando isto, nada faço senão uma mera glosa da prece da Igreja na oferenda do sacrifício:

Aceitai, meu Pai, esta Hóstia imaculada e pela qual imploramos vossa clemência... para nossa salvação e a do mundo inteiro!

(Sel de la Terre nº55. Tradução: Permanência)

1. A missa não cumpre um milagre em senso estrito, pois o fato extraordinário que se dá não é sensível (mas não se pode tê-lo com valor de signo). Pode-se contudo qualificá-lo de milagre em senso lato, pois ultrapassa em muito a potência da natureza. Eis o que aqui e mais adiante significa “milagre” para o padre Matéo em seu discurso.
2. Vai perceber-se que o padre Matéo não fala de um sacerdócio em senso estrito, mas de uma sorte de sacerdócio, uma simples imagem, uma jeito de falar. Ver sobre o tema o “Catéchisme de la crise dans l’Église” do Sr. padre GAUDRON, no presente número de Sel de la terre.
3. Trata-se de um célebre quadro representando a aparição do Cristo crucificado durante a elevação da hóstia.
4. O padre Matéo desenvolveu esta idéia a 17 de dezembro de 1948, por ocasião do qüinquagésimo aniversário de sua ordenação sacerdotal, em um estudo intitulado “Le saint sacrifice de la messe, hymne de gloire, le seul digne de la Sainte Trinité”. Citaremos algumas passagens em notas e no anexo.
5. Era ainda costume nas paróquias distribuir a comunhão aos fiéis antes do começo da missa, e não após a comunhão do padre.
6. Escreveu o pe. Matéo em 1948: “Infelizmente, são legião os que vêem para missa apenas para comungar, e não para tomar parte do sacrifício, nem para glorificar a Santíssima Trindade... Para quantas almas piedosas a divina eucaristia reduz-se ao pão consagrado distribuído à santa mesa! Para tais pessoas a santa missa é uma bela cerimôna litúrgica durante a qual, conforme o costume, se pode comungar. A missa não se lhes depara como o supremo sacrifício, verdadeiro eixo da Igreja, mas somente a chave d’ouro que abre o tabernáculo quando, em devoção privada, quer-se receber Jesus-Hóstia... É desta forma que, durante a missa inteira, recitam novenas e rosários, inconscientes ou quase do drama divino que se desdobra no altar [...] Como estava certo o teólogo que escreveu: “O que não aprecia a santa missa, nunca será verdadeiramente uma alma eucarística; não apreciará a santa comunhão, ainda que a receba todos os dias”. De fato, a ignorância e a rotina combinadas desempenham nesta caso um papel nefasto. Tornam o Santo Sacramento uma devoção insípida e sem substância, como leite desnatado!”.
7. Tereza Newmann (1898-1962), estigmatizada católica. Celebrizou-se por ser milagrosamente curada, após um acidente que a deixou cega e paralítica; desde então não mais tomava alimentos ou líqüidos, mas sustentava-se apenas da Santa Eucaristia. Outros fenômenos lhe estavam associados, verbi gratia, os supracitados estigmas, o dom de línguas, curas milagrosas. [N. da P.]
8. Em 1948, escreveu o pe. Matéo: “Quem opera a santa missa? São três as pessoas, mas cuja operação possui virtudes litúrgicas bem diferentes. 1. Antes do mais, o pontífice adorável, o Cristo Jesus, o grande sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (He 5, 10). Ele é, ao mesmo tempo, o oficiante divino e a sacrossanta oblação sacramental. 2. Em seguida, por ele, com ele e nele, há outro Cristo que é o padre, ministro oficial, adrede consagrado para oferecer o santo sacrifício. Sacerdotium propter sacrificium, o sacerdócio foi criado para o oferecimento do sacrifício. Ao executar no altar a maxima actio, está investido do sacerdócio e do poder do Cristo, em virtude das palavras pronunciadas pelo Salvador na Última Ceia: “Façam isto em memória de mim” (Lc 22, 19) 3. E enfim, por uma sorte de concomitância espiritual, os fiéis oferecem o sacrifício com o padre, mas em medida restrita e discreta, e somente na oferta e comunhão da vítima. Também, porque a missa é essencialmente um culto social e público, a Igreja exige sempre a presença no altar de um representante do povo, que é acólito da missa ou criança do coro. Este, em sua função oficial, no papel de “lugar-tenente” do povo, deve apresentar ao celebrante o vinho e a água. E sempre na sua qualidade de “deputado”, enceta com o padre o diálogo que, nos primeiros séculos da Igreja, fora a forma litúrgica estabelecida para a celebração do santo sacrifício.”
9. “Por uma amável e longa experiência, posso afirmar que nunca me deparei com um verdadeiro devoto da Augusta Trindade que lá não tenha chegado pelo caminho real do mediador da missa. Sim, o conhecimento e o amor do Pai e da Trindade nascem e se desenvolvem nas expansões do altar. Um dia, tal devoção se difundirá nos cânticos dos anjos: Sanctus, Sanctus, Sanctus. Deus Sabaoth! (Pe. Matéo, em 1948, ibid.)
10. Trecho de um estudo, redigido por ocasião do jubileu sacerdotal do pe. Matéo, em 1948. [N. da. P.]
11. Ap 5, 9. Resgataste-nos para Deus, ao preço de teu sangue.
fonte:confraria de S.João Batista

Venerável Pio XII: "está fora do caminho quem quer restituir ao altar a antiga forma de mesa; quem quer eliminar dos paramentos litúrgicos a cor negra; quem quer excluir dos templos as imagens e as estátuas sagradas; quem quer suprimir na representação do Redentor crucificado as dores acérrimas por ele sofridas; quem repudia e reprova o canto polifónico, ainda quando conforme às normas emanadas da santa sé.Tudo, pois, seja feito em indispensável união com a hierarquia eclesiástica. Ninguém se arrogue o direito de ser lei para si mesmo e de impô-la aos outros por sua vontade."


 53. O uso da língua latina vigente em grande parte da Igreja, é um caro e nobre sinal de unidade e um eficaz remédio contra toda corruptela da pura doutrina. Em muitos ritos o uso da língua vulgar pode ser assaz útil para o povo, mas somente a Sé Apostólica tem o poder de concedê-lo, e por isso, neste campo, nada é lícito fazer sem o seu juízo e a sua aprovação, porque, como havíamos dito, a regulamentação da sagrada liturgia é de sua exclusiva competência.

54. Do mesmo modo se devem julgar os esforços de alguns para revigorar certos antigos ritos e cerimônias. A liturgia da época antiga é, sem dúvida, digna de veneração, mas o uso antigo não é, por motivo somente de sua antiguidade, o melhor, seja em si mesmo, seja em relação aos tempos posteriores e às novas condições verificadas. Os ritos litúrgicos mais recentes também são respeitáveis, pois que foram estabelecidos por influxo do Espírito Santo que está com a Igreja até à consumação dos séculos, (52) e são meios dos quais se serve a ínclita esposa de Jesus Cristo para estimular e conseguir a santidade dos homens.

55. É certamente coisa sábia e muito louvável retornar com a inteligência e com a alma às fontes da sagrada liturgia, porque o seu estudo, reportando-se às origens, auxilia não pouco a compreender o significado das festas e a penetrar com maior profundidade e agudeza o sentido das cerimónias, mas não é certamente coisa tão sábia e louvável reduzir tudo e de qualquer modo ao antigo. Assim, para dar um exemplo, está fora do caminho quem quer restituir ao altar a antiga forma de mesa; quem quer eliminar dos paramentos litúrgicos a cor negra; quem quer excluir dos templos as imagens e as estátuas sagradas; quem quer suprimir na representação do Redentor crucificado as dores acérrimas por ele sofridas; quem repudia e reprova o canto polifónico, ainda quando conforme às normas emanadas da santa sé.

56. Como, em verdade, nenhum católico fiel pode rejeitar as fórmulas da doutrina cristã compostas e decretadas com grande vantagem em época mais recente da Igreja, inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, para voltar às antigas fórmulas dos primeiros concílios, ou repudiar as leis vigentes para voltar às prescrições das antigas fontes do direito canônico; assim, quando se trata da sagrada liturgia, não estaria animado de zelo reto e inteligente aquele que quisesse voltar aos antigos ritos e usos, recusando as recentes normas introduzidas por disposição da divina Providência e por mudança de circunstâncias.

57. Este modo de pensar e de proceder, com efeito, faz reviver o excessivo e insano arqueologismo suscitado pelo ilegítimo concílio de Pistóia, e se esforça em revigorar os múltiplos erros que foram as bases daquele conciliábulo e os que se lhe seguiram com grande dano das almas, e que a Igreja - guarda vigilante do "depósito da fé" confïado pelo seu divino Fundador - condenou com todo o direito.(53) De fato, deploráveis propósitos e iniciativas tendem a paralisar a ação santificadora com a qual a sagrada liturgia orienta salutarmente ao Pai celeste os filhos de adoção.

58. Tudo, pois, seja feito em indispensável união com a hierarquia eclesiástica. Ninguém se arrogue o direito de ser lei para si mesmo e de impô-la aos outros por sua vontade. Somente o sumo pontífice, na qualidade de sucessor de Pedro, ao qual o divino Redentor confiou o rebanho universal, (54) e juntamente os bispos, que sob a dependência da Sé Apostólica "o Espírito Santo colocou para reger a Igreja de Deus",(55) têm o direito e o dever de governar o povo cristão. Por isso, veneráveis irmãos, toda vez que defendeis a vossa autoridade - oportunamente, ainda que com severidade salutar não somente cumpris o vosso dever, mas defendeis a própria vontade do Fundador da Igreja.

A visão de Martin Mosebach: O que é mais importante para a Igreja do que a liturgia? A liturgia é o corpo da Igreja. É a fé tornada visível. Se a liturgia adoecer, toda a Igreja adoece. Não se trata simplesmente de uma hipótese, mas de uma descrição da situação atcual. Não se pode apresentá-la de maneira drástica o bastante: a crise da Igreja fez com que o seu grande tesouro, o seu arcano, fosse varrido para fora do centro para a periferia.

Apresentamos abaixo o trecho de uma entrevista de Martin Mosebach, renomado literato alemão, na última edição de revista “The Traditionalist“. Mosebach é autor do bestseller The Heresy of Formlessness” (A Heresia do Informalismo), livro em que a reforma litúrgica é analisada aos olhos de um homem para quem a Igreja perdeu muito e não ganhou nada com a promulgação do Novus Ordo da missa.
Martin Mosebach
Martin Mosebach
Q: Até agora a polêmica em torno da FSSPX (Fraternidade São Pio X) não obteve sucesso visível para o Vaticano. Em seu ponto de vista, o que esse grupo traz para a Igreja Católica além de seu amor pela liturgia antiga?
Mosebach: Além da liturgia antiga? O que é mais importante para a Igreja do que a liturgia? A liturgia é o corpo da Igreja. É a fé tornada visível. Se a liturgia adoecer, toda a Igreja adoece. Não se trata simplesmente de uma hipótese, mas de uma descrição da situação atcual. Não se pode apresentá-la de maneira drástica o bastante: a crise da Igreja fez com que o seu grande tesouro, o seu arcano, fosse varrido para fora do centro para a periferia.
A FSSPX e, especialmente, o seu fundador, o Arcebispo Lefebvre, merecem a glória histórica de terem preservado e mantido vivo esse dom mais precioso por décadas. Portanto, acima de tudo, a Igreja deve gratidão à FSSPX. Parte dessa gratidão é trabalhar para conduzir a FSSPX para fora de todos os tipos de confusão e radicalismo.
Q: A FSSPX não parece estar caminhando em direcção a Roma.
Mosebach: Na discussão com a FSSPX o que importa é o trabalho paciente de persuasão, conforme apropriado nas questões espirituais. As discussões parecem estar ocorrendo em uma atmosfera muito boa. Se um dia ela for bem-sucedida em integrar novamente a FSSPX na plena unidade da Igreja, o papado de Bento XVI terá obtido um êxito cuja importância excede em muito o número de membros da FSSPX.
fonte.fratres in unum

Martin Mosebach "La Liturgie et son ennemie ". La nouvelle liturgie dévie sur des points essentiels des exigences du concile Vatican II où il n’était pas question de changement d’orientation du prêtre, où le latin fut fixé pour la première fois comme langue de la liturgie catholique occidentale et où fut interdite toute innovation dont on ne pouvait « attendre avec certitude un bénéfice spirituel significatif ».

 
 
Mêlant récits autobiographiques, explications spirituelles et fictions descriptives, un grand romancier allemand dit de manière très originale ce qu’il pense de l’état de la liturgie catholique. Un romancier et non un théologien, car la situation est trop grave, estime-t-il, pour laisser les « spécialistes » cléricaux faire de l’ingénierie liturgique aux dépens du simple fidèle. Le présent ouvrage, dont le titre se réfère à la distinction de Carl Schmitt ami-ennemi, a connu un étonnant succès en Allemagne et il permet de mieux saisir le projet de « réforme de la réforme » cher au nouveau pape Benoît XVI : la critique de l’après-Concile et de sa messe déborde en effet de plus en plus largement les cercles traditionnels. La faillite pastorale aidant, ces sujets sont désormais ouvertement débattus, au point que Martin Mosebach a été invité au Katholikentag, la grande kermesse annuelle du catholicisme allemand. Un message pour l’Église de France.
Traduction de Francis Olivier et Stéphen de Petiville
Préface de Robert Spaemann

La Liturgie et son ennemie




fonte: http://www.hora-decima.fr

Martin Mosebach afferma che "nell'antichità l'interruzione di una tradizione da parte del sovrano era definita come un atto di tirannia. In questo senso potremmo dire che anche il modernizzatore e progressista Paolo VI sia stato un tiranno della Chiesa". Questa valutazione scabra e durissima su Paolo VI non nasce soltanto dalla consapevolezza che la riforma liturgica fu proposta come una negazione del passato. Essa scaturisce dall'analisi degli effetti che quella riforma ebbe e continua ad avere sui "piccoli", sui fedeli, sulle generazioni cristiane che di essa sono state imbevute.


TRADIZIONE E RISPETTO DEI PADRI









di Francesco Colafemmina

Le riflessioni di Martin Mosebach nel suo prezioso volume "L'eresia dell'informe" ci introducono ad un aspetto completamente obliterato della riforma liturgica seguita al Concilio.
Mi riferisco all'idea che l'interruzione della tradizione o il suo tradimento, allorchè per "tradizione" intendiamo la trasmissione ereditaria di un "bene", siano da considerarsi atti "tirannici".
La "trasmissione" di generazione in generazione riposa infatti sul riconoscimento di un valore supremo al "rispetto per il padre". Da questo rispetto discende automaticamente la sacralità della trasmissione. Trasmettere l'eredità dei padri non significa comunque non arricchirla o incrementarla, ma di certo questo passaggio di mano in mano implica il reverenziale timore della trasformazione e della negazione di quanto è trasmesso. Rottura con i padri, negazione del loro operato, rifiuto del loro "mondo", damnatio memoriae delle loro espressioni: sono tutti sinonimi della ribellione ai padri e della hybris dei figli!
Gli antichi Greci misuravano la maturità e la sanità di una società in base al rispetto che veniva tributato ai padri, agli antenati ed agli anziani in genere. Se infatti una società era sana e solida, formata attraverso le virtù (aretai), valorosa e prospettata verso la gloria, ciò era certamente da addebitarsi al rispetto (sebasmos) che i figli (la generazione vivente) aveva avuto nei riguardi dei padri (coloro che avevano posto le premesse per lo splendore attuale). Se un figlio nega, rifiuta o distrugge l'eredità del padre egli nega in qualche modo se stesso, nega la sua formazione, nega il suo status, calpesta ciò che ha ricevuto e lo fa con disprezzo ed alterigia.
Questa "tracotanza" era per gli antichi sinonimo di sacrilegio, di violazione dei patti fra gli dei e gli uomini, una palese deviazione dal cosmos per entrare nel caos. L'esempio classico del ritorno del cosmos nel caos aperto dal destino ereditario dell'uomo è quello dell'Edipo a Colono di Sofocle, dove il rispetto dei padri è esaltato e rappresentato come valore primario della società.
Allo stesso modo la riforma liturgica e le innovazioni conciliari si sono sviluppate quali tentativi non di "accrescere" l'eredità del passato, bensì di "depurarla", svilirla, cancellarla, distruggerla. E ciò è accaduto spiritualmente nella liturgia e materialmente nell'arte e nell'architettura sacra. L'iconoclastia postconciliare di cui parla Mosebach, rappresenta un unicum nella storia dell'occidente (perchè tale iconoclastia è nata in occidente), proprio per il suo configurarsi non come l'imposizione di una nuova espressione del culto (come fu in epoca bizantina), bensì quale palese ed espressa "ribellione" nei riguardi dell'eredità dei "padri".
Mosebach afferma che "nell'antichità l'interruzione di una tradizione da parte del sovrano era definita come un atto di tirannia. In questo senso potremmo dire che anche il modernizzatore e progressista Paolo VI sia stato un tiranno della Chiesa". Questa valutazione scabra e durissima su Paolo VI non nasce soltanto dalla consapevolezza che la riforma liturgica fu proposta come una negazione del passato. Essa scaturisce dall'analisi degli effetti che quella riforma ebbe e continua ad avere sui "piccoli", sui fedeli, sulle generazioni cristiane che di essa sono state imbevute.

L'uomo ha sempre cercato naturalmente di aderire al suo passato, alle generazioni, ai padri, ai nonni, agli antenati, perchè essi rappresentano la sua attualità. Senza la discendenza il nostro essere uomini sarebbe privo di un significato importante. Ecco perchè anche quegli uomini che per i più tristi casi della vita crescono privi di genitori o nella assoluta ignoranza della loro stirpe, un giorno scoprono di avere il febbrile bisogno di recuperare il proprio passato. Sappiamo tutti infatti che nelle viscere di chi ci generò è racchiuso anche il senso della nostra vita. E se questa nostra esistenza odierna è per noi un peso o una ricchezza, in ogni caso nel rapporto con il passato inteso non come il luogo del nulla, ma il luogo da cui proveniamo, possiamo trovare il senso sia del peso che della ricchezza del presente.
Il Tradizionalismo inteso come passatismo, come ambizione ad un ritorno al passato, è un semplice gioco logico inventato dai detrattori del "sebasmos" (rispetto) per i padri e la loro eredità. In una realtà ecclesiale che combatte il suo passato o tenta di rielaborarlo proditoriamente alla luce del presente, è ben scontato che i rispettosi dei padri possano arroccarsi nella loro univoca venerazione. Ma sono poi davvero così disprezzabili questi amanti della tradizione? Qual è il loro peccato di fondo? E' un peccato ecclesiale? O è forse un peccato umano o umanistico? Propendo per questa seconda spiegazione. Il peccato dei difensori e degli innamorati della tradizione, di coloro che sono "veneratori dei padri" è che non hanno ancora sposato l'idea di un uomo artefice autonomo (autolegislatore) del proprio destino e della propria realtà. Essi sono ancora legati ad una dimensione ecclesiale autentica, dove per Chiesa non si intende solo l'attuale Corpo Mistico di Cristo, ma l'estensione di questo Corpo nel passato da cui procede, nel passato a partire dal quale ha preceduto gli uomini in Galilea...
E la Chiesa amata e difesa dagli amanti della tradizione è Chiesa composta di "semplici", non mai decisa o strattonata dagli intellettuali autonomi, bensì trasmessa, estesa nel tempo e nello spazio dai tanti fedeli guidati dalla ricerca del Signore. I gesti iterati dei semplici sono stati un giorno vietati, proibiti, osteggiati per sempre e ovunque nel mondo. Ed ancor oggi, nonostante si cerchi di legare la tradizione all'innovazione del Concilio e della nuova liturgia, resta quell'hybris che è netta ed inestinta cesura. Come possono gli uomini d'oggi con un salto di due generazioni raccordarsi a tutte le innumerevoli generazioni precedenti? Dovremmo scavalcare quest'atto di indipendente vanità dell'uomo che ha calpestato il rito romano, che è saltato sugli altari e ne ha distrutto la bellezza, che si è arrampicato sulle chiese e le ha ridotte a vuoti cantieri, che si è introdotto nel cuore dell'uomo e vi ha scacciato la presenza Reale del Signore? Come e quanto dovremmo tornare indietro? Dovremmo anche noi rinnegare le due generazioni che ci hanno preceduto, smascherarne le inconsistenti utopie e condannarci all'orphanage di una umanità tradita?
E' difficile rispondere a questo quesito, ma nondimeno è opportuno porselo. Credo, infatti, che sia questo il centro sia della fioritura "tradizionale" di questi ultimi anni, sia dell'ostilità diffusa e progressista, ma più spesso inconsapevole e meccanica. Quest'ultima è diffusa eredità di chi non esita ad accettare supinamente la "neotradizione" degli iconoclasti. La riforma postconciliare ha anch'essa bisogno di instaurare una "neotradizione" per vivere, e l'ignoranza di ciò che la precede o la semplice assuefazione alle nuove consuetudini è il vero bacino di coltura del progressivismo reazionario (con un palmare capovolgimento di ruoli i veri "rivoluzionari" sono oggi i tradizionalisti). Ma mentre il progressivismo realmente bigotto e conformista è promosso da reduci delle utopie postocnciliari e dai loro zelanti discepoli, la tradizione invece è oggi difesa e promossa da uomini relativamente giovani, spesso semplicemente da ragazzi. Sono loro gli eredi di generazioni che hanno vissuto nell'utopia e che oggi, dopo il crollo di quelle fantasie di libertà e progresso, si confrontano con la ricerca di una appartenenza. Così questi giovani, tra i quali ci sono misermente anch'io, scoprono in quel passato negato, nei gesti ormai dimenticati dei nonni, il senso di quel "tradere" che dà sostanza e verità a questo presente plastificato ed opaco.

Concludo citando, a mò di riassunto di quanto finora espresso, un illuminante passaggio del volume di Mosebach: "La mancanza di riguardo con cui qualcosa che è venerato, è che ora non lo deve essere più, è profanato, eliminato, soppresso, gettato via, liquefatto, svenduto, è volgare. Alle numerose ondate di distruzione che nella storia del nostro Paese si sono abbattute sui nostri santuari - la riforma, la secolarizzazione con le sue centinaia di migliaia di profanazioni - ne è seguita una più recente assolutamente degna dei suoi predecessori per forza distruttiva: si dovrebbe un giorno compilare una lista di quanti altari in Germania a partire dal Concilio sono stati distrutti. Le nostre chiese dispendiosamente restaurate e costosamente sistemate secondo l'architettura d'interni, di volta in volta alla moda, assomigliano spesso a scheletri preparati con accuratezza, che vengono predisposti in modo eccellente per un futuro da museo. Nessuno, che creda realmente alla forza della grazia e della preghiera, oserebbe disprezzare e distruggere ciò che è stato consacrato attraverso l'uso della preghiera, e ciò che risulta per così dire caricato elettricamente da molte grazie."(pag.59).
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Martin Mosebach, Eresia dell'Informe, Cantagalli, 2009.
FONTE:FIDES ET FORMA

Martin Mosebach es el principal escritor germánico contemporáneo, es católico, y católico tradicional. Y no sólo eso, sino que es más conocido en el mundo de habla inglesa por su libro Häresie der Formlosigkeit. Die römische Liturgie und ihr Feind (2002) traducido y editado como The Heresy of Formlessness en el otoño boreal del 2006 por Ignatius Press. Rápidamente el libro se convertió en una especie de amuleto literario de los tiempos de la Reforma de la Reforma y en un suceso editorial tradicionalista, comparable al de los viejos tiempos de Michael Davies y Romano Amerio o a los más recientes de Mons. Gamber y Uwe Lang.

El 7 de junio de este año la Academia Alemana de Lengua y Literatura anunció que el premio Georg Büchner de Literatura, el más importante en esa lengua, sería adjudicado este año a Martin Mosebach (n.1951), novelista y ensayista, por combinar esplendor estilístico con una narrativa original que demuestra una conciencia de la historia pletórica de humor. Anteriores escritores laureados con el premio son Heinrich Böll, Gunter Grass, Friedrich Dürrenmatt, Elias Canetti, entre otros grandes representantes de las letras alemanas del siglo XX.
Pero lo más sorprendente de todo es que el principal escritor germánico contemporáneo, es católico, y católico tradicional. Y no sólo eso, sino que es más conocido en el mundo de habla inglesa por su libro Häresie der Formlosigkeit. Die römische Liturgie und ihr Feind (2002) traducido y editado como The Heresy of Formlessness en el otoño boreal del 2006 por Ignatius Press. Rápidamente el libro se convertió en una especie de amuleto literario de los tiempos de la Reforma de la Reforma y en un suceso editorial tradicionalista, comparable al de los viejos tiempos de Michael Davies y Romano Amerio o a los más recientes de Mons. Gamber y Uwe Lang.




¿Cuál es la tesis del autor? Según la remilgada contratapa de la edición de Ignatius (que acorde al venerable monje dom Alcuin Reid, liturgista respetado por todos, omitió los pasajes más fuertes de la edición alemana) es que la Iglesia perdió mucho y no ganó nada con la promulgación del Novus Ordo. Dom Alcuin describe así el itinerario espiritual de Mosebach: Mosebach, un laico alemán de cierto renombre literario, sostiene que (...) la forma, la encarnación de la fe católica en la liturgia del rito romano ha sido tan malamente mutilada en las recientes generaciones que perjudica la misma celebración y trasmisión de la fe. De ahí el uso del estridente término "herejía". Por supuesto que no está sólo en esta convicción. Pero es su perspectiva la que guarda interés. Es un laico educado, un hombre de letras, que se alejó de la Iglesia cuando la Misa de Paulo VI la absorbió y que regresó, gradualmente, a través del redescubrimiento de la liturgia tradicional.

No es poca cosa, lo que dice don Martin, pues son las palabras del principal escritor católico contemporáneo. Quizá la única figura comparable a Mosebach en la escena intelectual mundial en estos momentos sea la del ya entrado en años René Girard, el último intelectual católico y el último mandarín francés (porque Bernard-Henri Lévy es un charlatán universalmente reconocido y Houellebecq como opinador es más errático que nuestro Bryce). René Girard fue el factótum del famoso manifiesto Un manifeste en faveur de la messe tridentine publicado en Le Figaro el sábado 16 de diciembre del 2006 y firmado por 50 intelectuales franceses. Y también, junto con Franco Zeffirelli, hechó una mano al manifiesto análogo de los intelectuales italianos, publicado el mismo día en el rotativo italiano Il Foglio. Este Zeitgeist memorable llevó a Rorate Coeli a proclamar con furor: Traditionalists of the world, unite!
fonte:http://sacristanserrano.blogspot.com/

La Reforma de la Liturgia y la Iglesia Católica


El blog de la Sociedad de San Hugo de Cluny ha publicado una traducción de una reciente entrevista con Martin Mosebach sobre la reforma de la Liturgia y la Iglesia Católica.

Part 1 Parte 1

Part 2 Parte 2
 

The Reform of the Liturgy and the Catholic Church

Una conversación con Martin Mosebach
El debate fue conducido por Alejandro Goerlach.
Desde el Europeo
hughofcluny.blogspot.com

Noticias relacionadas con la Liturgia. Mientras, en España, ¿qué ocurre?

 
 

Varias noticias se han producido recientemente, sin solución de continuidad, relacionadas con la Liturgia:
- el 27 de Diciembre del año recientemente finiquitado, el Cardenal Zen, emérito de Hong Kong, celebró Misa Cantada en Hong Kong.

- el pasado 6 de Enero, Guido Marini, maestro de ceremonias de S.S. Benedicto XVI, ha pedido la reforma de la reforma litúrgica, tal como anuncia nuestro periódico.
- el mismo día, en Osimo, el Cardenal Castrillón Hoyos celebró Solemne Pontifical por el Usus Antiquior.


- ayer, el Cardenal Antonio Cañizares Llovera, Prefecto de la Congregación para el Culto Divino y la Disciplina de los Sacramentos celebró, igualmente, Solemne Pontifical por el Usus Antiquior en la Archibasílica de San Juan de Letrán.

El Papa expresa siempre que tiene oportunidad, en sus catequesis y homilías, la importancia de la Liturgia en la vida de la Iglesia. La más reciente en la homilía de la Misa del Gallo, la más importante – a mi modesto modo de ver – la catequesis relacionada con la reforma de Cluny. No está haciendo otra cosa que ejecutar lo que ya había expresado por su escrito en su libro El Espíritu de la Liturgia.
Como sintetiza el Catecismo:
1124 La fe de la Iglesia es anterior a la fe del fiel, el cual es invitado a adherirse a ella. Cuando la Iglesia celebra los sacramentos confiesa la fe recibida de los Apóstoles, de ahí el antiguo adagio: “Lex orandi, lex credendi” ("La ley de la oración es la ley de la fe") (o: “legem credendi lex statuat supplicandi” ["La ley de la oración determine la ley de la fe"], según Próspero de Aquitania, siglo V, ep. 217). La ley de la oración es la ley de la fe, la Iglesia cree como ora. La Liturgia es un elemento constitutivo de la Tradición santa y viva (cf. DV 8).
1125 Por eso ningún rito sacramental puede ser modificado o manipulado a voluntad del ministro o de la comunidad. Incluso la suprema autoridad de la Iglesia no puede cambiar la liturgia a su arbitrio, sino solamente en virtud del servicio de la fe y en el respeto religioso al misterio de la liturgia.
La relación entre la oración y la fe es tan grande, que la modificación de la primera conlleva la de la segunda y viceversa. La degradación litúrgica y la crisis de fe están relacionadas sin ninguna duda. Y el Papa está reformando la Iglesia a través de la renovación litúrgica.
¿Y qué pasa en España? Pues nada.
Nuestros Obispos, con una visión restrictiva del Motu Proprio, están volcados en una batalla de incierto resultado, como si la reforma de la sociedad se fuese a conseguir a golpe de manifestación, cuando precisamente el único que saldrá beneficiado de todo esto es el PP, el partido de la no izquierda que se está aprovechando de todo esto.
Sin embargo, tenemos armas poderosas que Dios ha puesto en nuestras manos: los sacramentos y la oración.
Los sacramentos porque, como dice el Catecismo:
son signos eficaces de la gracia, instituidos por Cristo y confiados a la Iglesia por los cuales nos es dispensada la vida divina. Los ritos visibles bajo los cuales los sacramentos son celebrados significan y realizan las gracias propias de cada sacramento. Dan fruto en quienes los reciben con las disposiciones requeridas (CIC 1131)

Y la oración porque:
es la elevación del alma hacia Dios o la petición a Dios de bienes convenientes (CIC 2590).
y tal como dice el Señor:
¿Qué padre hay entre vosotros que, si su hijo le pide un pez, en lugar de un pez le da una culebra; o, si pide un huevo, le da un escorpión? Si, pues, vosotros, siendo malos, sabéis dar cosas buenas a vuestros hijos, ¡cuánto más el Padre del cielo dará el Espíritu Santo a los que se lo pidan!» (Lc 11, 11-13)
San Juan de Ávila vio una de las causas de los males que azotaban la cristiandad en los tiempos que le tocó vivir, en el retraimiento de los sacramentos:
También faltó al pueblo el uso de otra arma, y la más principal , la cual es el recibir el cuerpo de nuestro Señor Jesucristo, cuyo efecto, como dice San Cipriano, es ser tutela del ánima en sus peligros, y no sólo no armaban al pueblo con las armas ya dichas, mas aun desarmaban a los que se querían armar, contradiciendo grandemente a los que estas tales buenas obras querían hacer; tornándose los púlpitos y los confesionarios, que son lugares para incitar a toda virtud y aparejos de ella para consuelo de las ánimas que las quieren seguir, en lugares de tibieza y contradicción de los buenos apagando el espíritu y fuego que el Señor enviaba en el corazón de sus ovejas
Causa y remedios de las herejías. Memorial Segundo al Concilio de Trento. Obras Completas de San Juan de Ávila. Tomo II, p. 541. BAC
¿La Iglesia del siglo XVI o la del siglo XXI?
El Maestro Ávila, ante dicha situación, urgió a la renovación cristiana. Y eso es lo que está haciendo el Romano Pontífice a través de la Liturgia, ya que, tal como dijo en la homilía de Nochebuena citando a Orígenes:
«si yo tuviera la gracia de ver como vio Pablo, podría ahora (durante la Liturgia) contemplar un gran ejército de Ángeles (cf. In Lc 23,9)».
Y mientras en Roma, en el mundo, la reforma de Benedicto avanza, lenta pero imparable, en España tenemos que seguir aguantando el lamentable y penoso artículo del Director del Secretariado de la Comisión Episcopal de Liturgia, Juan María Canals, cmf.
¡Señor ven pronto!

TOMADO DE:
 
visto em:http://queremosmasmisas.blogspot.com

Martin Mosebach :«A Missa de São Gregório Magno, a antiga liturgia latina, acha-se hoje reservada a 'franjas extravagantes’ da Igreja romana, enquanto a liturgia divina de São João Crisóstomo vive em todo o seu resplendor no centro da Igreja ortodoxa».«Somente santos como Ambrósio ou Agostinho ou Tomás de Aquino — escreve Mosebach — teriam podido acrescentar algo à Missa, não homens fechados num escritório, mesmo que fosse morando na Cidade do Vaticano».«O que vale para a arte, em modo ainda maior deve se aplicar à oração pública da Igreja: o feio não pode derivar senão do não verdadeiro e, no âmbito da religião, isto significa a presença do satânico».

 
  
A Provocação
Maria Antonietta Calabrò
          Num ensaio, editado pela editora Cantagalli, o escritor alemão acusa as reformas do Vaticano II: elas teriam cancelado a beleza do rito.
          «Os novos iconoclastas destruíram a fé».

         Mosebach: retorne-se à liturgia precedente ao Concílio.
         Exatamente na sociedade da imagem, a Igreja sofreu o ataque de novos iconoclastas, que por meio do aviltamento da liturgia assestaram nos últimos 35 anos um golpe gravíssimo à fé católica, determinando «uma catástrofe histórica e religiosa».
          As tintas usadas por Martin Mosebach são realmente caravajagescas, a força polêmica não poupa ninguém.
A apaixonada apologia da beleza da grande tradição litúrgica da Igreja é desenvolvida não por um teólogo, não por um canonista, mas por um dos mais importantes escritores e literatos alemães. Isto é, proveniente de uma nação onde mais fortes foram as reviravoltas pós-conciliares. Nação que deu, entretanto, o berço ao atual Pontífice, Bento XVI, o qual sublinha cada vez mais freqüentemente (por exemplo, no sermão de Corpus Christio risco da secularização na Igreja e que é preciso «respeitar a liturgia». E que a Igreja não é uma ONG
          «O kitsch lingüístico, musical, na pintura e na arquitetura inundou completamente a imagem externa dos atos públicos da Igreja», escreve Mosebach no ensaio do qual está para sair a tradução italiana. Título e subtítulo não deixam dúvidas. Descreve a heresia do informe, alude claramente a um “inimigo” mefistofélico da antiga liturgia romana “que propriamente deveria se chamar gregoriana”, mas que vem mais freqüentemente definida como tridentina, quase lhe a sublinhar negativamente a relação com a Contra Reforma.
          A publicação certamente reacenderá o debate sobre o encerramento do cisma dos lefebvrianos, sobre a restauração da tradição e também sobre a reaproximação entre a Igreja Católica e as Igrejas Orientais que, a partir da ortodoxa, conforme Mosebach, souberam «preservar» a tradição plurimilenar da liturgia mais e melhor que a Igreja latina. 
          «A Missa de São Gregório Magno, a antiga liturgia latina, acha-se hoje reservada a 'franjas extravagantes’ da Igreja romana, enquanto a liturgia divina de São João Crisóstomo vive em todo o seu resplendor no centro da Igreja ortodoxa».
         Ao nível do «senso comum» do escritor que descreve os comportamentos, Mosebach se põe no séquito do grande teólogo suíço von Balthasar cuja obra principal é «Glória, por uma estética teológica» [Nota da Montfort: O modernista Urs von Baltahasar foi um dos colaboradores para os erros do Vaticano II com a doutrina heterodoxa da Kénosis e por sua exigência que fossem derrubadas as muralhas da Igreja] e o primeiro volume é intitulado exatamente «A percepção da forma». Forma e conteúdo não podem ser cindidos, afirma Mosebach, diabolicamente separados.
        Assim como o homem é alma e também corpo. Por isto a forma que a liturgia assumiu nos séculos, com processo lento e quase involuntário, não é independente do conteúdo salvífico da Missa. «Somente santos como Ambrósio ou Agostinho ou Tomás de Aquino — escreve Mosebach — teriam podido acrescentar algo à Missa, não homens fechados num escritório, mesmo que fosse morando na Cidade do Vaticano».
        Assim «o modernizador e progressista Paulo VI» se fez «tirano da Igreja » conforme a acepção da palavra dada na antiguidade quando «a interrupção da tradição por parte do soberano era definida ato de tirania».
      A única comparação histórica adaptada para descrever esta guerra à «beleza da liturgia», este rosto visível do Mistério, conforme Mosebach, é a iconoclastia bizantina, entre o século VIII e o IX, a assim chamada guerra dos ícones. Porém, a iconoclastia litúrgica de nossa época tem isto de diferente: «Aos meus olhos, surge por isquemia e enfraquecimento religiosos». Na sua essência, constitui um esquecimento: «O que vale para a arte, em modo ainda maior deve se aplicar à oração pública da Igreja: o feio não pode derivar senão do não verdadeiro e, no âmbito da religião, isto significa a presença do satânico».
          O intelectual alemão dá essa impiedosa definição: «O modelo da nova liturgia é a mesa presidencial de uma reunião de partido ou de uma associação com microfone e folhas, à esquerda está um vaso ikebana com plantas exóticas bizarras de cor laranja com velhas raízes, à direita se acham duas luzes de televisão pousando-se sobre candelabros feitos à mão. Com dignidade e recolhimento, os membros do conselho de administração olham o público, como os clérigos durante uma concelebração. Uma tal assembléia, regulada por uma ordem do dia democrática, é o fenótipo da nova liturgia, e isto não é outra coisa se não uma conseqüência inevitável do fato de que quem não quer o mistério supra temporal inevitavelmente chegará à realidade política e social».    
     Uma terceira via não é possível, explica o Autor. Naturalmente de vez em quando se chega a rupturas: “Há pessoas do clero que não acham simples fixar o rosto que convém à consagração. Qual é  a expressão do rosto que condiz com a consagração?”.
       Assim é que o sucesso da celebração é dado pela «performance» do padre. E sobre a altar, em lugar do crucifixo está o microfone para a pregação de vários tipos: «untuosa ou sabichona, intelectual ou rimbombante, intimista ou sóbria».
       E não faltam as “light night candles”. Uma citação de Goethe, um diálogo de Faust que exprime o juízo sem apelação do Autor: “Freqüentemente ouvi este elogio/ um comediante poderia ensinar  um padre. / Certo, se o padre é um comediante / por vezes isso é aquilo que ele pode vir a ser”.
       Quanto ao outro lado, o dos fiéis, é muito freqüentemente invocada sua «participação ativa» na Missa. Mas o que houve de ativo no lava-pés — pergunta-se — visto que, com certeza, São Pedro queria ser eximido dele? Para os fiéis é também indiferente ficar de pé ou sentados. Quase nunca de joelhos. Enquanto “é por meio de sinais da adoração, que pude ver desde a minha primeira juventude— afirma Mosebach — a Hóstia tornar-se para mim aquilo que ela, conforme tradição da Igreja exige ser: um Ser vivo. (Nota da Montfort: o pão que é transsubstanciado no Corpo de Cristo)».

© Copyright Corriere della sera, 13 de Junho de 2009, consultável online também aqui.

Denúncia
         «O kitsch lingüístico, musical, na pintura e na arquitetura inundou completamente a imagem externa dos atos públicos da Igreja».   

O autor

         Quarta feira sai na Itália o ensaio de Martin Mosebach, «AHeresia do informe. A liturgia Romana e seu Inimigo» (Cantagalli, pp. 252), uma defesa da liturgia católica tradicional. O volume se insere no filão cultural levado adiante pelo Papa Bento XVI que anteontem, durante a liturgia de Corpus Christi, disse que «é preciso respeitar a liturgia» e várias vezes, nos últimos «Angelus», falou contra a secularização da Igreja e a sua «transformação numa ONG».
      
O Papa .
          Bento XVI está entre os inspiradores da recuperação da liturgia proposta por Mosebach em seu livro Contra Paolo VI
          O Papa «modernizador e progressista» ter-se-ia feito «tirano», no sentido antigo de «interrupção da tradição por parte do soberano». 


    Para citar este texto: Maria Antonietta Calabrò - "A Provocação"
MONTFORT Associação Cultural
fonte:http://www.montfort.org.br/