Munificentissimus Deus (1° de novembro de 1950)
[Inglês, Italiano, Latim, Português]
CARTA 
ENCÍCLICA
HUMANI GENERISDO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO
COM A SÉ APOSTÓLICA
HUMANI GENERISDO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO
COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE OPINIÕES FALSAS QUE
AMEAÇAM A DOUTRINA CATÓLICA
AMEAÇAM A DOUTRINA CATÓLICA
INTRODUÇÃO
1. As dissensões e erros do gênero humano em questões religiosas e 
morais têm sido sempre fonte e causa de intensa dor para todas as pessoas de boa 
vontade e, principalmente, para os filhos fiéis e sinceros da Igreja; mas, de 
maneira especial, o continuam sendo hoje em dia, quando vemos combatidos até os 
próprios princípios da cultura cristã.
2. Não é de admirar que haja constantemente discórdias e erros 
fora do redil de Cristo. Pois, embora possa realmente a razão humana com suas 
forças e sua luz natural chegar de forma absoluta ao conhecimento verdadeiro e 
certo de Deus, único e pessoal, que sustém e governa o mundo com sua 
providência, bem como ao conhecimento da lei natural, impressa pelo Criador em 
nossas almas, entretanto, não são poucos os obstáculos que impedem a razão de 
fazer uso eficaz e frutuoso dessa sua capacidade natural. De fato, as verdades 
que se referem a Deus e às relações entre os homens e Deus transcendem por 
completo a ordem dos seres sensíveis e, quando entram na prática da vida e a 
enformam, exigem o sacrifício e a abnegação própria. Ora, o entendimento humano 
encontra dificuldades na aquisição de tais verdades, já pela ação dos sentidos e 
da imaginação, já pelas más inclinações, nascidas do pecado original. Isso faz 
com que os homens, em semelhantes questões, facilmente se persuadam de ser falso 
e duvidoso o que não querem que seja verdadeiro.
3. Por isso deve-se defender que a revelação divina é moralmente 
necessária para que, mesmo no estado atual do gênero humano, todos possam 
conhecer com facilidade, com firme certeza e sem nenhum erro, as verdades 
religiosas e morais que não são por si inacessíveis à razão.[1]
4. Ademais, por vezes, pode a mente humana encontrar dificuldade 
mesmo para formar juízo certo sobre a credibilidade da fé católica, não obstante 
os múltiplos e admiráveis indícios externos ordenados por Deus para se poder 
provar certamente, por meio deles, a origem divina da religião cristã, 
exclusivamente com a luz da razão. Isso ocorre porque o homem, levado por 
preconceitos, ou instigado pelas paixões e pela má vontade, não só pode negar a 
evidência desses sinais externos, mas também resistir às inspirações 
sobrenaturais que Deus infunde em nossas almas.
I. FALSAS DOUTRINAS ATUALMENTE EM VOGA
5. Se olharmos para fora do redil de Cristo, facilmente 
descobriremos as principais direções que seguem não poucos dos homens de estudo. 
Uns admitem sem discrição nem prudência o sistema evolucionista, que até no 
próprio campo das ciências naturais não foi ainda indiscutivelmente provado, 
pretendendo que se deve estendê-lo à origem de todas as coisas, e com ousadia 
sustentam a hipótese monista e panteísta de um mundo submetido a perpétua 
evolução. Dessa hipótese se valem os comunistas para defender e propagar seu 
materialismo dialético e arrancar das almas toda noção de Deus.
6. As falsas afirmações de semelhante evolucionismo pelas quais se 
rechaça tudo o que é absoluto, firme e imutável, vieram abrir o caminho a uma 
moderna pseudo-filosofia que, em concorrência contra o idealismo, o imanentismo 
e o pragmatismo, foi denominada existencialismo, porque nega as essências 
imutáveis das coisas e não se preocupa mais senão com a "existência" de cada uma 
delas.
7. Existe igualmente um falso historicismo, que se atém só aos 
acontecimentos da vida humana e, tanto no campo da filosofia como no dos dogmas 
cristãos, destrói os fundamentos de toda verdade e lei absoluta.
8. Em meio a tanta confusão de opiniões nos é de algum consolo ao 
ver os que hoje, não raramente, abandonando as doutrinas do racionalismo em que 
haviam sido educados, desejam voltar aos mananciais da verdade revelada e 
reconhecer e professar a palavra de Deus conservada na Sagrada Escritura como 
fundamento da ciência sagrada. Contudo, ao mesmo tempo, lamentamos que não 
poucos desses, quanto mais firmemente aderem à palavra de Deus, tanto mais 
rebaixam o valor da razão humana; e quanto mais entusiasticamente enaltecem a 
autoridade de Deus revelador, tanto mais asperamente desprezam o magistério da 
Igreja, instituído por nosso Senhor Jesus Cristo para defender e interpretar as 
verdades reveladas. Esse modo de proceder não só está em contradição aberta com 
a Sagrada Escritura, como ainda pela experiência se mostra equívoco. Tanto é 
assim que os próprios "dissidentes" com freqüência se lamentam publicamente da 
discórdia que entre eles reina em questões dogmáticas, a tal ponto que se vêem 
obrigados a confessar a necessidade de um magistério vivo.
II. INFILTRAÇÃO DESSES ERROS NO PENSAMENTO CATÓLICO
9. Os teólogos e filósofos católicos, que têm o grave encargo de 
defender e imprimir nas almas dos homens as verdades divinas e humanas, não 
devem ignorar nem desatender essas opiniões que, mais ou menos, se apartam do 
reto caminho. Pelo contrário, é necessário que as conheçam bem; pois não se 
podem curar as enfermidades antes de serem bem conhecidas; ademais, nas mesmas 
falsas afirmações se oculta por vezes um pouco de verdade; e, por fim, essas 
opiniões falsas incitam a mente a investigar e ponderar com maior diligência 
algumas verdades filosóficas ou teológicas.
10. Se nossos filósofos e teólogos somente procurassem tirar esse 
fruto daquelas doutrinas, estudando-as com cautela, não teria motivo para 
intervir o magistério da Igreja. Embora saibamos que os doutores católicos em 
geral evitam contaminar-se com tais erros, consta-nos, entretanto, que não 
faltam hoje os que, como nos tempos apostólicos, amando a novidade mais do que o 
devido e também temendo que os tenham por ignorantes dos progressos da ciência, 
intentam subtrair-se à direção do sagrado Magistério e, por esse motivo, 
acham-se no perigo de apartar-se insensivelmente da verdade revelada e fazer 
cair a outros consigo no erra.
11. Existe também outro perigo, que é tanto mais grave quanto se 
oculta sob a capa de virtude. Muitos, deplorando a discórdia do gênero humano e 
a confusão reinante nas inteligências dos homens e guiados por imprudente zelo 
das almas, sentem-se levados por interno impulso e ardente desejo a romper as 
barreiras que separam entre si as pessoas boas e honradas; e propugnam uma 
espécie de "irenismo" que, passando por alto as questões que dividem os homens, 
se propõe não somente a combater em união de forças contra o ateísmo 
avassalaste, senão também a reconciliar opiniões contrárias, mesmo no campo 
dogmático. E, como houve antigamente os que se perguntavam se a apologética 
tradicional da Igreja constituía mais impedimento do que ajuda para ganhar almas 
a Cristo, assim também não faltam agora os que se atreveram a propor seriamente 
a dúvida de que talvez seja conveniente não só aperfeiçoar mas também reformar 
completamente a teologia e o método que atualmente, com aprovação eclesiástica, 
se emprega no ensino teológico, a fim de que se propague mais eficazmente o 
reino de Cristo em todo o mundo, entre os homens de todas as civilizações e de 
todas as opiniões religiosas.
12. Se tais propugnadores não pretendessem mais do que acomodar, 
com alguma renovação, o ensino eclesiástico e seus métodos às condições e 
necessidades atuais, não haveria quase nada que temer; contudo, alguns deles, 
arrebatados por imprudente "irenismo", parecem considerar como óbice para 
restabelecer a unidade fraterna justamente aquilo que se fundamenta nas próprias 
leis e princípios legados por Cristo e nas instituições por ele fundadas, ou o 
que constitui a defesa e o sustentáculo da integridade da fé, com a queda do 
qual se uniriam todas as coisas, sim, mas somente na comum ruína.
13. Os que, ou por repreensível desejo de novidade, ou por algum 
motivo louvável, propugnam essas novas opiniões, nem sempre as propõem com a 
mesma intensidade, nem com a mesma clareza, nem com idênticos termos, nem sempre 
com unanimidade de pareceres; o que hoje ensinam alguns mais encobertamente, com 
certas cautelas e distinções, outros mais audazes propalarão amanhã abertamente 
e sem limitações, com escândalo de muitos, em especial do clero jovem, e com 
detrimento da autoridade eclesiástica. Mais cautelosamente é costume tratar 
dessas matérias nos livros que são postos à publicidade, já com maior liberdade 
se fala nos folhetos distribuídos privadamente e nas conferências e reuniões. E 
não se divulgam somente estas doutrinas entre os membros de um e outro clero, 
nos seminários e institutos religiosos, mas também entre os seculares, 
principalmente aqueles que se dedicam ao ensino da juventude.
III. CONSEQÜÊNCIAS
1. Desprezo da teologia escolástica
14. Quanto à teologia, o que alguns pretendem é diminuir o mais 
possível o significado dos dogmas e libertálos da maneira de exprimi-los já 
tradicional na Igreja, e dos conceitos filosóficos usados pelos doutores 
católicos, a fim de voltar, na exposição da doutrina católica, às expressões 
empregadas pela Sagrada Escritura e pelos santos Padres. Esperam que, desse 
modo, o dogma, despojado de elementos que chamam extrínsecos à revelação divina, 
possa comparar-se frutuosamente com as opiniões dogmáticas dos que estão 
separados da unidade da Igreja, e que, por esse caminho, se chegue pouco a pouco 
à assimilação do dogma católico e das opiniões dos dissidentes.
15. Reduzindo a doutrina católica a tais condições, crêem que se 
abre também o caminho para obter, segundo exigem as necessidades atuais, que o 
dogma seja formulado com as categorias da filosofia moderna, quer se trate do 
imanentismo, ou do idealismo, ou do existencialismo, ou de qualquer outro 
sistema. Alguns mais audazes afirmam que isso se pode e se deve fazer também em 
virtude de que, segundo eles, os mistérios da fé nunca se podem expressar por 
conceitos plenamente verdadeiros, mas só por conceitos aproximativos e que mudam 
continuamente, por meio dos quais a verdade se indica, é certo, mas também 
necessariamente se desfigura. Por isso não pensam ser absurdo, mas antes, pelo 
contrário, crêem ser de todo necessário que a teologia, conforme os diversos 
sistemas filosóficos que no decurso do tempo lhe servem de instrumento, vá 
substituindo os antigos conceitos por outros novos; de sorte que, de maneiras 
diversas e até certo ponto opostas, porém, segundo eles, equivalentes, faça 
humanas aquelas verdades divinas. Acrescentam que a história dos dogmas consiste 
em expor as várias formas que sucessivamente foi tomando a verdade revelada, de 
acordo com as várias doutrinas e opiniões que através dos séculos foram 
aparecendo.
16. Pelo que foi dito é evidente que tais esforços não somente 
levam ao relativismo dogmático, mas já de fato o contém, pois o desprezo da 
doutrina tradicional e de sua terminologia favorece tal relativismo e o fomenta. 
Ninguém ignora que os termos empregados, tanto no ensino da teologia como pelo 
próprio magistério da Igreja, para expressar tais conceitos podem ser 
aperfeiçoados e enriquecidos. É sabido também que a Igreja não foi sempre 
constante no uso dos mesmos termos. Ademais, é evidente que a Igreja não se pode 
ligar a qualquer efêmero sistema filosófico; entretanto, as noções e os termos 
que os doutores católicos, com geral aprovação, foram compondo durante o espaço 
de vários séculos para chegar a obter alguma inteligência do dogma não se 
assentam, sem dúvida, sobre bases tão escorregadias. Fundam-se realmente em 
princípios e noções deduzidas do verdadeiro conhecimento das coisas criadas; 
dedução realizada à luz da verdade revelada, que, por meio da Igreja, iluminava, 
como uma estrela, a mente humana. Por isso, não há que admirar terem sido 
algumas dessas noções não só empregadas mas também sancionadas por concílios 
ecumênicos; de sorte que não é lícito apartar-se delas.
17. Abandonar, pois, ou repelir, ou negar valor a tantas e tão 
importantes noções e expressões que homens de talento e santidade não comuns, 
com esforço multissecular, sob a vigilância do sagrado magistério e com a luz e 
guia do Espírito Santo, conceberam, expressaram e aperfeiçoaram para exprimir as 
verdades da fé cada vez com maior exatidão, e substituí-las por noções 
hipotéticas e expressões flutuantes e vagas de uma filosofia moderna que, assim 
como a flor do campo, hoje existe e amanhã cairá, não só é de suma imprudência, 
mas também converte o dogma numa cana agitada pelo vento. O desprezo dos termos 
e noções que os teólogos escolásticos costumam empregar leva naturalmente a 
abalar a teologia especulativa, a qual, por fundar-se em razões teológicas, eles 
julgam carecer de verdadeira certeza.
2. Desprezo do magistério da Igreja
18. Desgraçadamente, esses amigos de novidades facilmente passam 
do desprezo da teologia escolástica ao pouco caso e até mesmo ao desprezo do 
próprio magistério da Igreja, que tanto prestígio tem dado com a sua autoridade 
àquela teologia. Apresentam este magistério como empecilho ao progresso e 
obstáculo à ciência; e já existem acatólicos que o consideram como freio 
injusto, que impede alguns teólogos mais cultos de renovar a teologia. Embora 
este sagrado magistério, em questões de fé e moral, deva ser para todo teólogo a 
norma próxima e universal da verdade (visto que a ele confiou nosso Senhor Jesus 
Cristo a guarda, a defesa e a interpretação do depósito da fé, ou seja, das 
Sagradas Escrituras e da Tradição divina), contudo, por vezes se ignora, como se 
não existisse, a obrigação que têm todos os fiéis de fugir mesmo daqueles erros 
que se aproximam mais ou menos da heresia e, portanto, de observar também as 
constituições e decretos em que a Santa Sé proscreveu e proibiu tais falsas 
opiniões. [2] Alguns há que de propósito 
desconhecem tudo quanto os sumos pontífices expuseram nas encíclicas sobre o 
caráter e a constituição da Igreja, a fim de fazer prevalecer um conceito vago, 
que eles professam e dizem ter tirado dos antigos Padres, principalmente dos 
gregos. Os sumos pontífices, dizem eles, não querem dirimir questões disputadas 
entre os teólogos; e, assim, cumpre voltar às fontes primitivas e explicar com 
os escritos dos antigos as modernas constituições e decretos do magistério.
19. Esse modo de falar pode parecer eloqüente, mas não carece de 
falácia. Pois é verdade que os romanos pontífices em geral concedem liberdade 
aos teólogos nas questões controvertidas entre os mais acreditados doutores; 
porém, a história ensina que muitas questões que antes eram objeto de livre 
discussão já não podem ser discutidas.
20. Nem se deve crer que os ensinamentos das encíclicas não 
exijam, por si, assentimento, sob alegação de que os sumos pontífices não 
exercem nelas o supremo poder de seu magistério. Entretanto, tais ensinamentos 
provêm do magistério ordinário, para o qual valem também aquelas palavras: "Quem 
vos ouve a mim ouve" (Lc 10, 16); e, na maioria das vezes, o que é 
proposto e inculcado nas encíclicas, já por outras razões pertence ao patrimônio 
da doutrina católica. E, se os romanos pontífices em suas constituições 
pronunciam de caso pensado uma sentença em matéria controvertida, é evidente 
que, segundo a intenção e vontade dos mesmos pontífices, essa questão já não 
pode ser tida como objeto de livre discussão entre os teólogos.
21. Também é verdade que os teólogos devem sempre voltar às fontes 
da revelação; pois, a eles cabe indicar de que maneira "se encontra, explícita 
ou implicitamente" na Sagrada Escritura e na divina Tradição o que ensina o 
magistério vivo. Ademais, ambas as fontes da doutrina revelada contêm tantos e 
tão sublimes tesouros de verdade que nunca realmente se esgotarão. Por isso, com 
o estudo das fontes sagradas rejuvenescem continuamente as sagradas ciências; ao 
passo que, pelo contrário, a especulação que deixa de investigar o depósito da 
fé se torna estéril, como vemos pela experiência. Entretanto, isto não autoriza 
a fazer da teologia, mesmo da chamada positiva, uma ciência meramente histórica. 
Pois, junto com as sagradas fontes, Deus deu à sua Igreja o magistério vivo para 
esclarecer também e salientar o que no depósito da fé não se acha senão obscura 
e como que implicitamente. E o divino Redentor não confiou a interpretação 
autêntica desse depósito a cada um dos fiéis, nem mesmo aos teólogos, mas 
exclusivamente ao magistério da Igreja. Se a Igreja exerce esse múnus (como o 
tem feito com freqüência no decurso dos séculos pelo exercício, quer ordinário, 
quer extraordinário desse mesmo ofício), é evidentemente falso o método que 
pretende explicar o claro pelo obscuro; antes, pelo contrário, faz-se mister que 
todos sigam a ordem inversa. Eis porque nosso predecessor de imortal memória, 
Pio IX, ao ensinar que é dever nobilíssimo da teologia mostrar como uma doutrina 
definida pela Igreja está contida nas fontes, não sem grave motivo acrescentou 
aquelas palavras; "com o mesmo sentido com o qual foi definida pela Igreja".[3]
3. Desprezo das Sagradas Escrituras
22. Voltando às novas teorias de que acima tratamos, alguns há que 
propõem ou insinuam nos ânimos muitas opiniões que diminuem a autoridade divina 
da Sagrada Escritura. Pois atrevem-se a adulterar o sentido das palavras com que 
o concílio Vaticano define que Deus é o autor da Sagrada Escritura, e renovam 
uma teoria já muitas vezes condenada, segundo a qual a inerrância da Sagrada 
Escritura se estende unicamente aos textos que tratam de Deus mesmo, ou da 
religião, ou da moral. Ainda mais, sem razão falam de um sentido humano da 
Bíblia, sob o qual se oculta o sentido divino, que é, segundo eles, o único 
infalível. Na interpretação da Sagrada Escritura não querem levar em 
consideração a analogia da fé nem a tradição da Igreja; de modo que a doutrina 
dos santos Padres e do Sagrado magistério deveria ser aferida por aquela das 
Sagradas Escrituras explicadas pelos exegetas de modo puramente humano; o que 
seria preferível a expor a sagrada Escritura conforme a mente da Igreja, que foi 
constituída por nosso Senhor Jesus Cristo guarda e intérprete de todo o depósito 
das verdades reveladas.
23. Além disso, o sentido literal da Sagrada Escritura e sua 
exposição, que tantos e tão exímios exegetas, sob a vigilância da Igreja, 
elaboraram, deve ceder lugar, segundo essas falsas opiniões, a uma nova exegese 
a que chamam simbólica ou espiritual; por meio dela, os livros do Antigo 
Testamento, que seriam atualmente na Igreja uma fonte fechada e oculta, se 
abririam finalmente para todos. Dessa maneira, afirmam, desaparecerão todas as 
dificuldades que somente encontram os que se atêm ao sentido literal das 
Escrituras.
24. Todos vêem quanto se afastam essas opiniões dos princípios e 
normas de hermenêutica justamente estabelecidos por nossos predecessores de 
feliz memória, Leão XIII, na encíclica Providentissimus, 
e Bento XV, na encíclica Spiritus 
Paraclitus, e também por nós mesmo, na encíclica Divino 
Afflante Spiritu.
4 . Erros subseqüentes
25. E não há que admirar terem essas novidades produzido frutos 
venenosos em quase todos os capítulos da teologia. Põe-se em dúvida que a razão 
humana, sem o auxílio da divina revelação e da graça divina, possa demonstrar a 
existência de Deus pessoal, com argumentos tirados das coisas criadas; nega-se 
que o mundo tenha tido princípio e afirma-se que a criação do mundo é 
necessária, pois procede da necessária liberalidade do amor divino; nega-se 
também a Deus a presciência eterna e infalível das ações livres dos homens; 
opiniões de todo contrárias às declarações do concílio Vaticano.[4]
26. Alguns também põem em discussão se os anjos são pessoas; e se 
a matéria difere essencialmente do espírito. Outros desvirtuam o conceito de 
gratuidade da ordem sobrenatural, sustentando que Deus não pode criar seres 
inteligentes sem ordená-los e chamá-los à visão beatífica. E não só isso, mas, 
ainda, passando por cima das definições do concílio de Trento, destrói-se o 
conceito de pecado original juntamente com o de pecado em geral, como ofensa a 
Deus, e também o da satisfação que Cristo ofereceu por nós. Nem faltam os que 
defendem que a doutrina da transubstanciação, baseada como está num conceito 
filosófico já antiquado de substância, deve ser corrigida; de maneira que a 
presença real de Cristo na santíssima eucaristia se reduza a um simbolismo, no 
qual as espécies consagradas não são mais do que sinais externos da presença 
espiritual de Cristo e de sua união íntima com os féis, membros seus no corpo 
místico.
27. Alguns não se consideram obrigados a abraçar a doutrina que há 
poucos anos expusemos numa encíclica e que está fundamentada nas fontes da 
revelação, segundo a qual o corpo místico de Cristo e a Igreja católica romana 
são uma mesma coisa.[5] Outros reduzem a uma 
fórmula vã a necessidade de pertencer à Igreja verdadeira para conseguir a 
salvação eterna. E outros, malmente, não admitem o caráter racional da 
credibilidade da fé cristã.
28. Sabemos que esses e outros erros semelhantes serpenteiam entre 
alguns filhos nossos, desviados pelo zelo imprudente ou pela falsa ciência; e 
nos vemos obrigado a repetir-lhes, com tristeza, verdades conhecidíssimas e 
erros manifestos, e a indicar-lhes, não sem ansiedade, os perigos de erro a que 
se expõem.
5. Desprezo da filosofia escolástica
29. É coisa sabida o quanto estima a Igreja a humana razão, à qual 
compete demonstrar com certeza a existência de Deus único e pessoal, comprovar 
invencivelmente os fundamentos da própria fé cristã por meio de suas notas 
divinas, expressar de maneira conveniente a lei que o Criador imprimiu nas almas 
dos homens, e, por fim, alcançar algum conhecimento, por certo frutuosíssimo, 
dos mistérios.[6] Mas a razão somente poderá 
exercer tal oficio de modo apto e seguro se tiver sido cultivada 
convenientemente, isto é, se houver sido nutrida com aquela sã filosofia, que é 
já como que um patrimônio herdado das precedentes gerações cristãs e que por 
conseguinte goza de uma autoridade de ordem superior, porquanto o próprio 
Magistério da Igreja utilizou os seus princípios e os seus fundamentais 
assertos, manifestados e definidos lentamente por homens de grande talento, para 
comprovar a mesma revelação divina. Essa filosofia, reconhecida e aceita pela 
Igreja, defende o verdadeiro e reto valor do conhecimento humano, os inconcussos 
princípios metafísicos, a saber, os da razão suficiente, causalidade e 
finalidade, e a posse da verdade certa e imutável.
30. É verdade que em tal filosofia se expõem muitas coisas que, 
nem direta, nem indiretamente, se referem à fé ou aos costumes, e que, por isso 
mesmo, a Igreja deixa à livre disputa dos peritos; entretanto, em outras muitas 
não existe tal liberdade, principalmente no que diz respeito aos princípios e 
aos fundamentais assertos que há pouco recordamos. Mesmo nessas questões 
fundamentais pode-se revestir a filosofia com mais aptas e ricas vestes, 
reforçá-la com mais eficazes expressões, despojá-la de certos modos escolares 
menos adequados, enriquecê-la com cautela com certos elementos do progressivo 
pensamento humano; contudo, jamais é licito derrubá-la ou contaminá-la com 
falsos princípios, ou estimá-la como um grande monumento, mas já fora de moda. 
Pois a verdade e sua expressão filosófica não podem mudar com o tempo, 
principalmente quando se trata dos princípios que a mente humana conhece por si 
mesmos, ou daqueles juízos que se apóiam tanto na sabedoria dos séculos como no 
consenso e fundamento da revelação divina. Qualquer verdade que a mente humana, 
procurando com retidão, descobre não pode estar em contradição com outra verdade 
já alcançada, pois Deus, verdade suprema, criou e rege a humana inteligência, de 
tal modo que não opõe cada dia novas verdades às já adquiridas, mas, apartados 
os erros que porventura se tiverem introduzido, edifica a verdade sobre a 
verdade, de forma tão ordenada e orgânica como vemos estar constituída a própria 
natureza da qual se extrai a verdade. Por esse motivo o cristão, seja filósofo, 
seja teólogo, não abraça apressada e levianamente qualquer novidade que no 
decurso do tempo se proponha, mas deve sopesá-la com suma diligência e 
submetê-la a justo exame a fim de que não venha perder a verdade já adquirida ou 
a corrompa, com grave perigo e detrimento da mesma fé.
31. Se tudo quanto expusemos for bem considerado, facilmente se 
compreenderá porque a Igreja exige que os futuros sacerdotes sejam instruídos 
nas disciplinas filosóficas,  segundo o método, a doutrina e os princípios do 
Doutor Angélico,[7] visto que, através da 
experiência de muitos séculos, conhece perfeitamente que o método e o sistema do 
Aquinate se distinguem por seu valor singular, tanto para a educação dos jovens 
quanto para a investigação das mais recônditas verdades, e que sua doutrina está 
afinada como que em uníssono com a divina revelação e é eficacíssima para 
assegurar os fundamentos da fé e para recolher de modo útil e seguro os frutos 
do são progresso.[8]
32. E, pois, altamente deplorável que hoje em dia desprezem alguns 
a filosofia que a Igreja aceitou e aprovou, e que, imprudentemente, a tachem de 
antiquada em suas formas e racionalística, como dizem, em seus processos. Pois 
afirmam que essa nossa filosofa defende erroneamente a possibilidade de uma 
metafísica absolutamente verdadeira, ao passo que eles sustentam, 
contrariamente, que as verdades, principalmente as transcendentes, só podem ser 
expressas por doutrinas divergentes que mutuamente se completam, embora pareçam 
opor-se entre si. Pelo que, concedem que a filosofia ensinada em nossas escolas, 
com a lúcida exposição e solução dos problemas, com a exata precisão de 
conceitos e com as claras distinções, pode ser conveniente preparação ao estudo 
da teologia, como de fato o foi adaptando-se perfeitamente à mentalidade 
medieval; crêem, porém, que não é o método que corresponde à cultura e às 
necessidades modernas. Acrescentam, ainda, que a filosofia perene é só a 
filosofia das essências imutáveis, enquanto a mente moderna deve considerar a 
"existência" de cada um dos seres e a vida em sua fluência contínua. E, ao 
desprezarem esta filosofia, enaltecem outras, antigas ou modernas, orientais ou 
ocidentais, de forma tal a parecer insinuar que toda filosofia ou doutrina 
opinável, com o acréscimo de algumas correções ou complementos, se for 
necessário, harmonizar-se-á com o dogma católico; o que nenhum fiel pode duvidar 
seja de todo falso, principalmente quando se trata dos errôneos sistemas 
chamados imanentismo, ou idealismo, ou materialismo, seja histórico, seja 
dialético, ou também existencialismo, tanto no caso de defender o ateísmo, 
quanto no de impugnar o valor do raciocínio metafísico.
33. Por fim, acusam a filosofia ensinada em nossas escolas do 
defeito de atender só à inteligência no processo do conhecimento, sem levar em 
conta o papel da vontade e dos sentimentos. O que certamente não é verdade; de 
fato, a filosofia cristã jamais negou a utilidade e a eficácia das boas 
disposições de toda alma para conhecer e abraçar plenamente os princípios 
religiosos e morais; ainda mais, sempre ensinou que a falta de tais disposições 
pode ser a causa de que o entendimento, sufocado pelas paixões e pela má 
vontade, se obscureça a ponto de não mais ver como convém. E o Doutor Comum crê 
que o entendimento é capaz de perceber de certo modo os mais altos bens 
correspondentes à ordem moral, tanto natural como sobrenatural, enquanto 
experimentar no íntimo certa afetiva "conaturalidade" com esses mesmos bens, 
seja ela natural, seja fruto da graça; [9] e 
claro está quanto esse conhecimento, por assim dizer, subconsciente, ajuda as 
investigações da razão. Porém, uma coisa é reconhecer a força dos sentimentos 
para auxiliar a razão a alcançar conhecimento mais certo e mais seguro das 
realidades morais, e outra o que intentam esses inovadores, isto é, atribuir às 
faculdades volitiva e afetiva certo poder de intuição, e afirmar que o homem, 
quando, pelo exercício da razão, não pode discernir o que deva abraçar como 
verdadeiro, recorra à vontade, mediante a qual escolherá livremente entre as 
opiniões opostas, com inaceitável mistura de conhecimento e de vontade.
34. Nem há que admirar se ponham em perigo, com essas novas 
opiniões, as duas disciplinas filosóficas que, pela sua própria natureza, estão 
estreitamente relacionadas com a doutrina católica, a saber, a teodicéia e a 
ética, cuja função acreditam não seja demonstrar coisa alguma acerca de Deus ou 
de qualquer outro ser transcendente, mas antes mostrar que os ensinamentos da fé 
sobre Deus, ser pessoal, e seus preceitos, estão inteiramente de acordo com as 
necessidades da vida e que por isso mesmo todos devem aceitá-los para evitar a 
desesperação e obter a salvação eterna; tudo isso está em oposição aberta aos 
documentos de nossos predecessores Leão XIII e Pio X e não se pode conciliar com 
os decretos do concílio Vaticano. Não haveria, certamente, tais desvios da 
verdade que deplorar se também no terreno filosófico todos olhassem com a devida 
reverência ao magistério da Igreja, ao qual compete, por divina instituição, não 
só custodiar e interpretar o depósito da verdade revelada, mas também vigiar 
sobre as disciplinas filosóficas para que os dogmas católicos não sofram dano 
algum da parte das opiniões não corretas.
6. Erros relativos a certas ciências positivas
35. Resta-nos agora dizer algo acerca de algumas questões que, 
embora pertençam às disciplinas a que é costume chamar positivas, entretanto, se 
entrelaçam mais ou menos com as verdades da fé cristã. Não poucos rogam 
insistentemente que a religião católica tenha em máxima conta a tais ciências; o 
que é certamente digno de louvor quando se trata de fatos na realidade 
demonstrados, mas que hão de admitir-se com cautela quando se trata de 
hipóteses, ainda que de algum modo apoiadas na ciência humana, que tocam a 
doutrina contida na sagrada Escritura ou na tradição. Se tais conjecturas 
opináveis se opõem direta ou indiretamente à doutrina que Deus revelou, então 
esses postulados não se podem admitir de modo algum.
36. Por isso o magistério da Igreja não proíbe que nas 
investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da 
doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva 
preexistente (pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas 
por Deus), segundo o estágio atual das ciências humanas e da sagrada teologia, 
de modo que as razões de uma e outra opinião, isto é, dos que defendem ou 
impugnam tal doutrina, sejam ponderadas e julgadas com a devida gravidade, 
moderação e comedimento, contanto que todos estejam dispostos a obedecer ao 
ditame da Igreja, a quem Cristo conferiu o encargo de interpretar autenticamente 
as Sagradas Escrituras e de defender os dogmas da fé.[10] Porém, certas pessoas, ultrapassam com temerária audácia 
essa liberdade de discussão, agindo como se a própria origem do corpo humano a 
partir de matéria viva preexistente fosse já certa e absolutamente demonstrada 
pelos indícios até agora achados e pelos raciocínios neles baseados, e como se 
nada houvesse nas fontes da revelação que exigisse a máxima moderação e cautela 
nessa matéria.
37. Mas, tratando-se de outra hipótese, isto é, a do poligenismo, 
os filhos da Igreja não gozam da mesma liberdade, pois os fiéis cristãos não 
podem abraçar a teoria de que depois de Adão tenha havido na terra verdadeiros 
homens não procedentes do mesmo protoparente por geração natural, ou, ainda, que 
Adão signifique o conjunto dos primeiros pais; já que não se vê claro de que 
modo tal afirmação pode harmonizar-se com o que as fontes da verdade revelada e 
os documentos do magistério da Igreja ensinam acerca do pecado original, que 
procede do pecado verdadeiramente cometido por um só Adão e que, transmitindo-se 
a todos os homens pela geração, é próprio de cada um deles.[11]
38. Da mesma forma que nas ciências biológicas e antropológicas, 
há alguns que também nas históricas ultrapassam audazmente os limites e cautelas 
estabelecidos pela Igreja. De modo particular, é deplorável a maneira 
extraordinariamente livre de interpretar os livros históricos do Antigo 
Testamento. Os fautores dessa tendência, para defender a sua causa, invocam 
indevidamente a carta que há não muito tempo a Comissão Pontifícia para os 
estudos bíblicos enviou ao arcebispo de Paris.[12] Essa carta adverte claramente que os onze primeiros 
capítulos do Gênesis, embora não concordem propriamente com o método histórico 
usado pelos exímios historiadores greco-latinos e modernos, não obstante, 
pertencem ao gênero histórico em sentido verdadeiro, que os exegetas hão de 
investigar e precisar; e que os mesmos capítulos, com estilo singelo e figurado, 
acomodado à mente do povo pouco culto, contêm as verdades principais e 
fundamentais em que se apóia a nossa própria salvação, bem como uma descrição 
popular da origem do gênero humano e do povo escolhido. Mas, se os antigos 
hagiógrafos tomaram alguma coisa das tradições populares (o que se pode 
certamente conceder), nunca se deve esquecer que eles assim agiram ajudados pelo 
sopro da divina inspiração, a qual os tornava imunes de todo erro ao escolher e 
julgar aqueles documentos.
39. Todavia, o que se inseriu na Sagrada Escritura tirado das 
narrações populares, de modo algum deve comparar-se com as mitologias e outras 
narrações de tal gênero, as quais procedem mais de uma ilimitada imaginação do 
que daquele amor à simplicidade e à verdade que tanto resplandece nos livros do 
Antigo Testamento, a tal ponto que os nossos hagiógrafos devem ser tidos neste 
particular como claramente superiores aos antigos escritores profanos.
IV. DIRETRIZES
40. Sabemos, é verdade, que a maior parte dos doutores católicos, 
que com sumo proveito trabalham nas universidades, nos seminários e nos colégios 
religiosos, estão muito longe desses erros que hoje aberta e ocultamente se 
divulgam, ou por certo afã de novidades, ou por imoderado desejo de apostolado. 
Porém, sabemos também que tais opiniões novas podem atrair os incautos, e, por 
isso mesmo, preferimos nos opor aos começos do que oferecer remédio a uma 
enfermidade inveterada.
41. Pelo que, depois de meditar e considerar largamente diante do 
Senhor, para não faltar ao nosso sagrado dever, mandamos aos bispos e aos 
superiores religiosos, onerando gravissimamente suas consciências, que com a 
máxima diligência procurem que, nem nas classes, nem nas reuniões, nem em 
escritos de qualquer gênero, se exponham tais opiniões de modo algum, nem aos 
clérigos, nem aos fiéis cristãos.
42. Saibam quantos ensinam em institutos eclesiásticos que não 
poderão em consciência exercer o oficio de ensinar, que lhes foi comado, se não 
receberem religiosamente as normas que temos dado e se não as cumprirem 
escrupulosamente na formação dos discípulos. E procurem infundir nas mentes e 
nos corações dos mesmos aquela reverência e obediência que eles próprios em seu 
assíduo labor devem professar ao magistério da Igreja.
43. Esforcem-se com todo o alento e emulação por fazer avançar as 
ciências que professam; mas, evitem também ultrapassar os limites por nós 
estabelecidos para salvaguardar a verdade da fé e da doutrina católica. Às novas 
questões que a moderna cultura e o progresso do tempo suscitaram, apliquem sua 
mais diligente investigação, entretanto, com a conveniente prudência e cautela; 
e, finalmente, não creiam, cedendo a um falso "irenismo", que os dissidentes e 
os que estão no erro possam ser atraídos com pleno êxito, a não ser que a 
verdade íntegra que está viva na Igreja seja ensinada por todos sinceramente, 
sem corrupção nem diminuição alguma.
V. CONCLUSÃO
44. Fundados nessa esperança, que vossa pastoral solicitude ainda 
aumentará, concedemos, de todo o coração, como penhor dos dons celestiais e em 
sinal de nossa paterna benevolência, a todos vós, veneráveis irmãos, a vosso 
clero e a vosso povo, a bênção apostólica.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 12 de agosto de 1950, 
ano XII de nosso pontificado.
PIO PP. XII 
Notas 
[1] Conc. Vat. I, Const. Dei 
Filius de Fide Cath., c. 2, "De revelatione". 
[2] CIC, cân.1324; cf. 
Conc. Vat. I, Const. Dei Filius, de Fide cath., c. 4, "De fide et 
ratione", post canones. 
[3] Pio IX, Inter 
gravissimas, de 28 de outubro de 1870, Pio IX P.M. Acta, vol. V, p. 
260. 

 inundado por um mistério de luz que é Deus   e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora!  - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu!
inundado por um mistério de luz que é Deus   e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora!  - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu!