segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dom Aldo Pagotto se manifesta sobre a ideologia de gênero


Dom Aldo Pagotto se manifesta sobre a ideologia de gênero

 Abaixo dois artigos do Arcebispo da Paraíba Dom Aldo di Cillo Pagotto escrito para o Jornal da Paraíba. 

PME: non possumus: 


Na esfera do território nacional, os 5.570 municípios deverão aprovar seus Planos Municipais de Educação (PMEs) de acordo como o Plano Nacional de Educação (PNE 2015-2025), instituído pela Lei 13.005/2014. O PNE votado no Congresso Nacional e já sancionado pela Presidente da República em 2014 resulta de debates democráticos e participativos por parte de várias lideranças, interessadas na promoção da qualidade da Educação no País. A discussão dos PMEs deve seguir a orientação do PNE. Ora, a expressão “igualdade de gênero” foi retirada por ampla rejeição na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.


 Entretanto, grupos de pressão insistem em aprovar tal expressão nos PMEs. Por “igualdade de gênero” entende-se a construção plural do próprio sexo. Nega-se o caráter biológico, atribuindo a isso a pecha de fator cultural. Defendem que cada qual construa sua identidade. As propostas dos que defendem a igualdade de gênero nada mais são do que induções de crianças e de adolescentes às práticas que relativizam a diferença sexual natural. Com isso se desconstroi e se compromete a identidade masculina e feminina.

Com efeito, a ideologia de gênero subverte o fundamento da família que procede da união entre homem e mulher, tendo em vista a geração e a educação dos filhos. A ideologia de gênero pretende que a união entre pessoas do mesmo sexo iguale-se e seja reconhecida como “família”. A família é base fundamental e organizativa da sociedade humana! A ideologia de gênero pretende impor um sistema contrário à lei da natureza, negando ou reduzindo seu fundamento antropológico, humanístico. A dimensão humana está alicerçada na biologia e nas estruturas dos seres humanos. As dimensões científicas e antropológicas são irreformáveis e antecedem às questões culturais e religiosas.

Os representantes da Igreja Católica e demais Igrejas cristãs sentem-se na obrigação de defender a vida e promovê-la na família. Confessamos Cristo, revelador do Pai, que dá sentido à vida, à família e à sociedade humana. A maior missão que o Senhor outorga aos seus filhos e filhas é a graça de gerar uma vida, provinda da união do homem e da mulher que se amam e que formam uma família! Daí nasce o direito inalienável dos pais educarem e formarem seus próprios filhos. Os pais não aceitariam que na escola os seus filhos sofressem a imposição de práticas contrárias às leis da natureza e à educação que recebem em casa! Não aceitamos que se imponha nos PMEs práticas oriundas de ideologia duvidosa, cujas consequências seriam imprevisíveis.

Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

Aberração: 

Lideranças interessadas na qualificação da Educação debateram as Diretrizes, Metas, Estratégias dos Planos Estaduais e Municipais de Educação 2015-2025, baseada na Lei 13.005/2014. O Plano Nacional de Educação 2014-2024 trazia ambiguidades referentes à expressão “igualdade de gênero”. Ao arrepio da lei natural e da lei divina confunde-se a identidade do homem e da mulher, ora reduzindo à orientação sexual, à livre escolha subjetiva. Confunde-se atração e prazer sexual com orientação ou opção por gênero, construído à livre escolha. 

Eu construo o gênero que eu quero e mudo quando quiser. É uma aberração negar a ordem biológica natural, afirmando que ninguém nasce homem ou mulher e que cada um constrói o gênero que mais lhe convier. Ativistas da ideologia de gênero querem impor isso nas escolas, a partir dos três anos de idade! A estratégia N. 12.6 diz: “garantir condições institucionais para o debate e a promoção da diversidade étnico-racial, de gênero, de diversidade sexual e religiosa, por meio de políticas pedagógicas e de gestão específicas para esse fim”.

Na realidade, o que se pretende é descontruir a família natural, constituída de pai, mãe e filhos. A ideologia de gênero provoca modificações legais que ferem gravemente a dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e à identidade da família (cf. Documento de Aparecida, N. 40). A ideologia de gênero nega a natureza pré-constituída do homem e da mulher. A natureza corpórea não seria dada como realidade da criação, fato pré-constituído, e sim uma criação subjetiva. Não havendo homem e mulher como realidade pré-estabelecida pela criação, a família deixa de existir! O filho, de sujeito jurídico e com direito próprio, passa a ser objeto de um direito que se pode adquirir. Ora, a vida do ser humano depende da promoção da vida e da família.

 A dignidade do homem dissolve-se onde Deus, autor da vida, é negado. Diz Bento XVI que quem defende Deus defende o homem. Francisco diz que a educação não pode ser neutra, porque ou enriquece ou empobrece. A escola educa para o que é verdadeiro, para o bem comum e para o que é belo. No entanto, ativistas ideologizados produzem “materiais didáticos” a serem distribuídos nas escolas para desorientar nossas crianças. Nossos filhos não seriam meninos ou meninas, mas inventariam outro gênero qualquer. Que os pais e mestres não aceitem isso, antes que se oponham à aberração. Se aprovadas tais leis, os pais seriam criminalizados caso seus filhos recusem-se a assistir às “aulas de gênero”. Isso já aconteceu em países da América e da Europa. Há gente patrocinando o movimento e muita grana rolando solta. A quem interessa?

Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

Fonte: PASCOM