terça-feira, 7 de outubro de 2008

Extracto de uma Entrevista com o bispo. Albert Malcolm Ranjith Patabendige
Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos


Lamento muito que alguns países de antiga tradição religiosa, por exemplo, na Ásia, têm introduzido este novo gesto, sem sequer considerar a sua própria cultura. Estou a falar de locais onde existem religiões de importância mundial e no qual o senso de respeito pelo sagrado é muito elevado. Quando se entra no templo é necessário descalçar-se. No templo hindú inclusive a camisa, por respeito à divindade. Também no templo budista se entra sem calçado e envolvido em uma longa túnica em sinal de respeito.Também nesses países, infelizmente, os bispos introduziram a Comunhão na mão, um gesto que não reflecte nada a sua cultura. Vejo isso como uma espécie de imperialismo intelectual de algumas escolas ocidentais . Isso magoa-me, porque é a imposição de uma cultura estrangeira sobre as pessoas que têm um alto sentido de respeito em relação ao mistério e ao sagrado.
A medida tomada por estes bispos dá-me pena, porque não compreenderam a cultura local e a inculturação. Vê-se que foram influenciados por escolas teológicas e litúrgicas escolas que não fizeram uma investigação séria.
Às vezes, sem que se negue explicitamente a presença real de Jesus Cristo nas espécies eucarísticas, vê-se uma tendência para pensar que certas formas clássicas de reverência ao Santíssimo Sacramento sejam superadas, como por exemplo , ajoelhar em certas circunstâncias. É verdade que algumas convenções humanas podem mudar em diferentes épocas. Mas para si existem atitudes que não são só convenções ligadas a uma época, mas que valem para toda a história da Igreja?
A situação da fé na presença real da Eucaristia é bastante preocupante. Não quero dizer que todos já perderam a fé. Não obstante nós, da Congregação para o Culto Divino, fizemos recentemente um estudo sobre a Adoração Eucarística, que será o tema da nossa próxima reunião plenária.
Dos relatórios de várias conferências episcopais, no que diz respeito aos aspectos negativos, existe a constatação de que no clero influenciado por certas tendências teológicas, não há mais uma clara fé na presença real de Cristo. Em alguns seminários ensina-se que Cristo está presente apenas no momento da Consagração e da Comunhão, depois não. Trata-se de uma posição de origem protestante que abre a porta a abusos e até mesmo a sacrilégios das espécies eucarísticas. Uma situação lamentável.
É necessário aquele sentido de reverência a fruto da consciência que temos em relação ao Corpo do Senhor, Jesus vivo em sua forma eucarística, que nós comemos, que nós adoramos. Por isso se necessita ver com urgência como dar uma formação teológica e sacramental que assegure aos jovens seminaristas, aos sacerdotes e aos religiosos e religiosas, o reforço deste sentido da real e contínua presença de Cristo nas espécies eucarísticas. Se isso não acontecer, as consequências só podem ser dramáticas para a Igreja e causa de inúmeros problemas.