Eu gosto de referir, a este respeito uma bela consideração do Beato Bartolo Longo: «Tal como dois amigos - escreve ele -, que falam frequentemente juntos, costumam também conformar-se nos costumes, assim também nós , conversando familiarmente com Jesus e a Virgem, ao meditar nos Mistérios do Rosário, e formando uma mesma vida com a Comunhão, podemos tornar-nos, por aquilo que seja capaz a nossa baixeza, semelhantes a eles, e aprender destes altos exemplos o viver humilde, pobre, escondido, paciente e perfeito “.
O Rosário é uma escola de contemplação e silêncio. À primeira vista, pode parecer uma oração que acumula palavras, tão difícil de conciliar com o silêncio que é justamente recomendado para a meditação e contemplação. Na realidade, esta repetição cadenciada da Ave Maria não perturba o silêncio interior, , mas exige-o e alimenta-o. O mesmo acontece com os Salmos quando se reza a Liturgia das Horas, o silêncio aflora através das palavras e as frases, não como um vazio, mas como presença de um significado último que transcende as próprias palavras e em conjunto com elas fala ao coração.
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)