Extracto da Entrevista com o bispo. Albert Malcolm Ranjith Patabendige
Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Há não muito tempo atrás falava-se muito no relacionamento do fiel com Deus na Comunhão. . Hoje a maior parte das vezes destaca-se uma espécie de "dimensão social" da Eucaristia, entendida como um símbolo da participação comunitária. Essa não é uma concepção que poderia pôr em perigo a fé na presença real nas espécies eucarísticas?
Ao ler o Exortação Apostólica pós sinodal Sacramentum Caritatis, o Santo Padre divide-a em três capítulos: a Eucaristia que se acredita, a Eucaristia que é celebrada e a que se vive. Não se pode dizer que a Eucaristia tem apenas uma dimensão social. . A dimensão social é naturalmente o resultado da dimensão de fé e da celebração. Todos somos chamados a viver a nossa fé cristã com heroísmo. Mas não se pode fazer sacrifícios heróicos se não se crê e não se celebra esta fé. É por isso que não faz sentido separar uma coisa da outra.
Naturalmente, a celebração é como uma ponte entre o aspecto da fé e o aspecto da vida. Quanto mais intensa for a celebração, tanto mais coerente será a vida cristã.
Não existe apenas alex orandi, lex credendi, mas também há uma lex vivendi. Ou seja, faço o bem aos outros, porque é o convite de Cristo para celebrar e viver. Se se descuida a fé e a sua celebração, chega-se a uma dimensão social privada de conteúdo, sem razão de ser, sem poder de convicção, que se torna formalismo e banalidade. Não se terá o valor de ser um cristão coerente se a Eucaristia é reduzida a mera experiência horizontal, sem a dimensãovertical .
A Comunhão na mão não estava prevista nem pelo Concílio nem pela Reforma litúrgica. Os historiadores afirmam que o Papa Paulo VI teve muitas reticências em admiti-la e só o fez depois de prementes pedidos, ou seja, , é mais, em alguns países depois do facto consumado . Porque acha que existiram então essas reticências em adoptar uma práxis, que hoje é vista como uma "conquista", um sintoma da maturidade dos fiéis?
Quanto à questão de como nasceu esta práxis da Comunhão na mão há um grande debate. A saber, esta práxis foi iniciada, no sentido de exaltação e euforia que se criaram na sequência da conquista de uma certa liberdade, uma certa abertura para a criatividade nas igrejas locais.
E então, antes que estas questões fossem estudadas, antes de terem sido introduzidos os novos livros litúrgicos, e que fossem estabelecidas as novas normas, alguns países e alguns episcopados tomaram a liberdade, usando a famosa categoria ad experimentum , de introduzir em alguns países esta nova praxis da Comunhão na mão. Talvez era vista como um gesto amigável ao ecumenismo com protestantes, um gesto de abertura para com eles.
A nova práxis uma vez iniciada consolidou-se. Querendo regularizar a situação, o Santo Padre Paulo VI, de feliz memória, fez uma consulta aos bispos. E muitos bispos, como está escrito no documento papal Memoriale Domini, não aceitaram esta nova práxis. Mas esta já estava difundida em certas zonas e certamente que o papa encontrou dificuldades em fazê-los voltar atrás. Para legalizar esta anomalia, permitiu que alguns países a continuassem. Mas não indicava de modo nenhum este exemplo como válido para todo o mundo. Além disso, o Papa decidiu que, se em certas condições, as conferências de bispos queriam adoptar a nova práxis, era necessário pedir o indulto à Santa Sé.
. Então as conferências episcopais de outros países começaram a adoptá-la, sob a pressão de várias escolas teológicas e litúrgicas que diziam que a nova práxis era um gesto mais aberto, mais moderno. Em seguida, que os viajantes que iam aos países do Terceiro Mundo pediam para receber Comunhão desta forma. De qualquer forma, manteve –se a obrigação de pedir o indulto à Santa Sé. O próprio facto de ter de pedir o indulto indica que a prática normal é a outra. Agora, a praxis extraordinária tornou-se a práxis normal. Mas não deveria ser assim em todos os países.
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)