sábado, 4 de outubro de 2008

Hoje a Igreja celebra a Festa de“S . FRANCISCO DE ASSIS (1182-1226) o qual tinha poucos estudos. . Mas a forma como vivia o sacramento da Eucaristia deixava transparecer uma grande novidade evangélica, pois tinha percebido a presença do próprio Cristo, ainda que de forma simbólica, também nas criaturas, na Palavra de Deus, nos doentes e nos pobres .
S.Francisco percebeu que Jesus está presente de um modo muito especial sob as espécies eucarísticas, como se manifesta na reverência que tinha para com o Santíssimo Sacramento as Igrejas e os Sacerdotes ; mas percebeu também a presença simbólica do mesmo Jesus onde estiverem reunidos dois ou três em seu nome , nos pobres, nos leprosos e nos presos, nos mais pequeninos e nas mais humildes criaturas .
S.Francisco rezava:
«O pão nosso de cada dia, o teu dilecto Filho nosso Senhor Jesus Cristo, nos dá hoje, para memória, e inteligência e reverência do amor que nos teve, e de quanto por nós disse, fez e suportou.»
S.Francisco «jamais deixava de ter presentes, em aprofundada contemplação, a humildade da Encarnação e a caridade da Paixão» e exortava os irmãos a acreditarem, pela fé, na presença real de Cristo na Eucaristia , que «agora se mostra a nós no pão sacramentado , presente «como auto-dom de si mesmo».
S.Francisco «ardia de amor em todas as fibras do seu ser para com o Sacramento do Corpo do Senhor e comungava com tal devoção que tornava devotos os que o viam.» Queria que os seus irmãos participassem todos os dias na Eucaristia porque, dizia ele, «ninguém se pode salvar sem receber o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor» .
S.Francisco «consagrava a Cristo um amor tão vivo que parecia sentir fisicamente diante dos olhos a presença contínua do Salvador», percebendo que é sobretudo no sacrifício eucarístico, nessa constante doação do seu próprio Filho ao homem, que Deus se manifesta como Amor, Sumo Bem. O Cristo presente na Eucaristia é o mesmo que está nos céus, sentado à direita do Pai , «a contemplar os que se aproximam devidamente do seu tabernáculo». Na comunhão do Corpo do Senhor,S. Francisco viu o «alimento por excelência de toda a santidade».
A reverência para com o Santíssimo Sacramento
Encontramos em quase todos os escritos de São Francisco o apelo à reverência pelo Santíssimo Sacramento. Na Carta a toda a Ordem, pede-o especialmente aos seus irmãos:
«E por isso a todos vós, irmãos, imploro no Senhor, beijando-vos os pés e com quanta caridade eu posso, que presteis toda a reverência e toda a honra que puderdes, ao santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor.» A alguns movimentos heréticos que negam «a presença real de Cristo sob as espécies, fora da celebração»,S. Francisco responde com um amor muito grande ao santíssimo Sacramento. Esse amor a Cristo, presente em todas as igrejas do mundo, é que o levava a não suportar vê-l’O em lugares indignos, em igrejas sujas e descuidadas. Aliás, o «testemunho mais eloquente dessa fé concreta e realista de Francisco [na eucaristia] é talvez a sua extrema susceptibilidade para com as faltas de respeito ao Sacramento.»
Ainda no mundo, antes da sua entrega total a Deus, comprava objectos «que servissem de adorno das igrejas e fazia-os chegar secretamente aos sacerdotes pobres»; e quando saía pelas aldeias, levava consigo uma vassoura para varrer as igrejas e capelas por onde passasse.
O seu respeito para com o Santíssimo Sacramento era tal que,
«Um dia, teve a ideia de enviar os irmãos pelo mundo com píxides preciosas, com a missão de colocarem o mais dignamente possível esse divino penhor da nossa redenção onde vissem que o conservavam com pouca reverência e decoro.»
Mas esse respeito não o movia apenas a um cuidado muito grande com a limpeza das igrejas, das alfaias sagradas e das píxides; também o levava a preparar-se, por meio de uma contínua purificação interior, para comungar o Corpo do Senhor do modo mais digno possível.
S.Francisco tinha bem presente a advertência de São Paulo: «todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho; pois aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação». Daí não se cansar de a repetir nos seus escritos, convidando «todos os cristãos, religiosos, clérigos e leigos, homens e mulheres», e ainda «todas as autoridades e cônsules, juízes e reitores, em qualquer parte da terra» a fazerem penitência e a receberem o Corpo do Senhor com humildade e veneração .
Grandemente preocupado com a ignorância e o pecado de alguns , escreveu aos sacerdotes que entretanto a ele se juntaram:
«celebrem o verdadeiro sacrifício do Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, com santa e pura intenção, e não por qualquer motivo terreno, nem para agradar aos homens. Ó miséria grande, ó miseranda fraqueza, terde-lo vós assim presente, e ocupardes-vos de qualquer outra coisa do mundo!»
O respeito pelos sacerdotes
Apesar do que se disse acima acerca do comportamento pouco correcto de muitos sacerdotes no tempo de São Francisco, uma das grandes novidades do movimento nascido com o Santo de Assis foi, precisamente, o enorme respeito pelos sacerdotes.
Acreditamos que «foi a fé na Eucaristia que lhe inspirou uma gratidão profunda para com os sacerdotes, ministros do inefável sacramento.» S.Francisco mostrou um amor e uma reverência muito grande para com eles, recomendando aos seus irmãos: «dissimulai as suas quedas, supri as suas muitas faltas e, quando isto houverdes feito, mais humildes sereis.»
Era seu desejo que se tivesse grande respeito pelas mãos do sacerdote. Dizia frequentemente:
«Se me acontecesse encontrar ao mesmo tempo um santo vindo do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiro o sacerdote, correria a beijar-lhe as mãos e diria: “Um momento, por favor, São Lourenço, porque as mãos deste tocam o Verbo da Vida e possuem um poder sobre-humano”.»
Francisco vai ainda mais longe: segundo a Legenda do Anónimo Perusino, pede aos seus irmãos que, se encontrarem um sacerdote montado a cavalo, beijem não apenas a mão ao sacerdote, mas também as patas do cavalo em que ele for montado