domingo, 12 de outubro de 2008

VATICANO - AS PALAVRAS DA DOUTRINA por padre Nicola Bux e padre Salvatore Vitiello - Pio XII, passados 50 anos da sua morte: nenhuma descontinuidade com a Igreja do Concilio
Cidade do Vaticano (Agência Fides) - “Uma Igreja que cala, quando deveria falar; uma Igreja que enfraquece a lei de Deus, adaptando-a ao gosto das vontades humanas, quando deveria altamente proclamá-la e defendê-la; uma Igreja que se destaca pelo fundamento sobre o qual Cristo a construiu, para acomodar-se comodamente sobre a areia movediça das opiniões do dia ou para abandonar-se à corrente que passa; uma Igreja que não resiste à opressão das consciências e não protege os direitos legítimos e as liberdades do povo; uma Igreja que, com indecorosa servidão, permanece fechada entre as quatro paredes do templo, esquece do divino mandato, recebido por Cristo: ‘Ide às encruzilhadas (Mt 22,9), ensinai as pessoas (Mt 29,19)’. Prezados filhos e filhas! Herdeiros espirituais de uma incontável legião de confessores e de mártires, é esta a Igreja que vocês veneram e amam? Reconhecem numa tal Igreja as linhas do rosto de sua Mãe? Podem imaginar um sucessor do primeiro Pedro, que se dobre a tais exigências?”.
Da praça são Pedro, tomada pela multidão, ouviu-se um “Não!” a estas perguntas. Quem as pronunciou foi o Papa Pio XII, depois de saber da prisão do primaz da Hungria, o Arcebispo de Budapeste, o Cardeal Josef Mindszenty. Como é ainda possível sustentar, por parte de alguns historiadores, evidentemente ideologizados, a tese do “Papa dos silêncios”?
Tais palavras exprimem a consciência da estrutura martirológica do primaz romano. Que grande atualidade elas têm, não tanto pelas perseguições que em várias partes do mundo se repetem, quanto pela verdade da previsão de Jesus: “Perseguiram-se, perseguirão também a vós”!
São um teste para avaliar se, sobre a verdade do martírio, que é também a fundamental de Cristo, a Igreja não permaneceu sempre a mesma depois do Concílio.
Um exemplo: quando Bento XVI fala da “ditadura dos desejos”, não faz eco a Pio XII que fala do “gosto das vontades humanas”? Onde estaria então a suposta “descontinuidade” entre a Igreja “antes do Concilio” e a atual? Quem denigre Pio XII, na realidade, tem medo dessa verdade: da continuidade invencível do Corpo eclesial.
Se se lesse a “Gaudium et Spes” na contra-luz, com tais ensinamentos, perceber-se-ia que há um mundo a ser salvo porque, perseguida a Igreja e os cristãos – “não são do mundo” disse Jesus dos seus discípulos.
Pode-se imaginar que tal verdade foi esquecida pelos Padres Conciliares em 1962, há pouco mais de cinco anos dos fatos da Hungria, que viram outras atribulações da Igreja do silêncio, milhões de perseguidos e mártires da fé? Seria realmente anti-histórico presumi-lo! Aqueles que hoje, com uma linguagem nem sempre atenta, são definidos como “desafios” do mundo para a Igreja, na realidade são os episódios que são Paulo define como “atribulações”, isto é, espinhos dolorosos: mas somente entre lês está o consolo de Deus.
Pio XII não foi poupado de tais “atribulações”, nem em vida, sem após a morte. Entre todas, basta recordar a “piece teatral”, orquestrada pelo Hochuth, um ator em busca de notoriedade, que deu início, em 1960, à lenda negra sobre o suposto “Papa do silêncio”. Foi bem sucedido, graças à cumplicidade dos que queriam atacar Pio XII pelo decreto do Santo Ofício, sobre a adesão ao comunismo, e pelo apoio, também, de ambientes progressistas e modernistas católicos, que não perdoavam o Pontífice pela canonização de Pio X. Um recente congresso, da área cultural judaica, nas últimas semanas, forneceu ainda mais provas dessa falsidade, testemunhando a favor do grande Pontífice.
Mas Montini, em 1963, quando era ainda Arcebispo de Milão, escreveu ao “The Tablet”, o jornal católico inglês, para defender Pio XII e, como estreito colaborador, o retratava: “O aspecto frágil e doce de Pio XII, a sua palavra contida e refinada escondiam – ou revelavam – um carácter nobre e viril, capaz de tomara decisões firmes e adotar sem medo posições que podiam fazê-lo correr riscos consideráveis…Desejava penetrar no fundo da história da sua época atormentada. Sentia profundamente que ele próprio era também parte desta história e desejava dela participar totalmente, compartilhar os seus sofrimentos no seu coração e na sua alma”.
Deve-se meditar também sobre isso, no dia 9 de outubro de 2008, 50° aniversário da morte de Pio XII, servo de Deus, e rezar pela sua glorificação. (Agência Fides 9/10/2008)

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