Uma nova espiritualidade. Talvez alguns leitores ponham em causa
o substantivo (espiritualidade) e ainda mais o adjectivo (nova)1
. Muitos
autores não gostam desta palavra espiritualidade.
É um termo pouco belo, controverso e impreciso. Colocam
reticências a esta palavra porque ela aparece conotada com o pietismo de
certas pessoas, a religiosidade de rezas incontroladas, a fuga egoísta do
mundo e dos seus problemas para se refugiarem num ilhote onde são
bafejadas pela brisa suave das manhãs tranquilas e os entardeceres
serenos que as leva a sonhar com «desposórios» e «matrimónios»
espirituais. Porque esta palavra vai unida a uma outra, santidade, leva em si
certa carga negativa. Pensa-se nos gigantes de outrora, nos eremitas
sepultados nas suas cavernas e nos estilistas instalados nas suas colunas,
«iluminados» e «parecidos aos anjos». Como consequência esta palavra
produz em muitos um certo bloqueio psicológico e acabam por romper com
a espiritualidade.
1. À procura de identidade ler...
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)