sábado, 30 de novembro de 2024

Messaggi Celesti del Beato Giovanni Paolo I

Tutta la dolcezza e l'umanità di Giovanni Paolo I

O Irmão Lourenço alcançara um estado em que não tinha senão pensamentos em Deus.


TERCEIRA CONVERSA

22 DE NOVEMBRO DE 1666

 

            Disse-me o Irmão Lourenço que, nele, os alicerces da vida espiritual haviam sido uma elevada concepção e uma exaltada estima de Deus sem outra consideração a não ser o próprio Deus. Uma vez plenamente delineados estes fundamentos, no começo, ele não teve outra preocupação senão excluir todos os outros pensamentos e praticar todas as suas ações pelo amor de Deus. Quando, algumas vezes, se passava um período considerável sem que pensasse em Deus, não ficava inquieto por causa disso, mas, confessando-Lhe sua mesquinhez, voltava a Ele com confiança de intensidade equivalente à da infelicidade que sentira por tê-Lo esquecido. Declarou que a confiança que depositamos em Deus é um modo de prestar-Lhe grande honra, e isto nos atrai abundantes graças. Deus não nos pode iludir, nem permitir, por um grande lapso de tempo, o sofrimento de uma alma que se tenha entregado inteiramente a Ele e esteja determinada a, por Ele, tolerar todas as coisas.

            O Irmão Lourenço alcançara um estado em que não tinha senão pensamentos em Deus. Quando algum outro pensamento ou uma tentação queriam aparecer, assim era sua experiência do pronto auxílio de Deus: ao sentir que se aproximavam, deixava, algumas vezes, que se adiantassem; no momento certo, apelava para Deus e eles imediatamente desapareciam. Essa mesma experiência ocorria quando tinha algo a fazer. Jamais pensava no assunto com antecedência, mas, no devido tempo, Deus lhe mostrava, como em um espelho, o modo pelo qual a coisa deveria ser feita. Já por um bom período, ele havia assim procedido, sem preocupar-se antecipadamente. Antes, porém, de ter essa experiência do pronto auxílio de Deus nos seus afazeres, neles aplicava sua própria precaução.

            Não se lembrava das coisas que fazia, e mal prestava atenção a elas enquanto as estivesse fazendo, de modo que, ao levantar-se da mesa após uma refeição, não sabia o que havia comido! Agindo na simplicidade de sua vida, tudo fazendo pelo amor de Deus, dava-Lhe graças por dirigir suas atividades e uma infinidade de outros atos. Tudo, porém, de maneira muito simples, de um modo que o mantivesse preso a amorosa presença de Deus.

            Quando alguma ocupação o distraía um pouco, sua alma era assaltada por uma lembrança de Deus, vinda do próprio Deus; essa lembrança despertava-lhe um pensamento Nele, tão vívido, tão ardente, tão cálido e, algumas vezes, tão forte que ele gritava e tinha um violento impulso de cantar e pular feito um doido.

            O Irmão Lourenço ficava muito mais unido a Deus nas atividades comuns do que quando as interrompia para praticar os exercícios religiosos do retiro dos quais saía, geralmente, com aridez espiritual.

            Tinha a expectativa de vir a passar por grande sofrimento do corpo ou da mente, e a grande provação seria perder essa perceptível consciência de Deus que por tanto tempo havia estado com ele; mas a bondade de Deus lhe havia garantido que Ele não o abandonaria de nenhum modo e lhe daria forças para suportar quaisquer males que, por permissão divina, viessem a lhe acontecer. Portanto, ele nada temia, nem precisava aconselhar-se com quem quer que fosse a respeito do seu estado espiritual. Quando havia tentado fazê-lo, tinha saído sempre mais perplexo do que antes. Estava preparado para morrer e perder-se pelo amor de Deus, não abrigando qualquer receio, porque abandonar-se inteiramente a Deus é o caminho seguro em que há sempre suficiente luz para guiar-nos adiante.

            Explicou que, no começo da vida espiritual, é necessário nos aplicarmos fielmente a agir e renunciar a nós mesmos; depois disso, porém, alegrias indescritíveis nos aguardam. Nas dificuldades, nosso único recurso é voltarmo-nos para Jesus Cristo e pedirmos Sua graça, com a qual todas as coisas se tornam fáceis.

            Ficamos presos às penitências e devoções particulares e negligenciamos o amor, que é nossa finalidade verdadeira. Isto é o que revelam nossas obras, e esta é a razão pela qual se vê tão pouca virtude consistente.

            Para que nos aproximemos de Deus, não são necessários artifícios nem erudição, mas só um coração determinado a dedicar-se apenas a Ele e a amá-Lo, apenas a Ele.

 

QUARTA CONVERSA

25 DE NOVEMBRO DE 1667

 

            O irmão Lourenço falou comigo, sem reservas e com profundo fervor, a respeito de seu caminho para aproximar-se de Deus, e a esse respeito já observei alguma coisa.

            Ele me disse que o que importa é renunciar de uma vez por todas a tudo que reconheçamos não levar a Deus, de modo que nos habituemos à conversa ininterrupta com Ele, sem mistério nem artifícios. Precisamos apenas reconhecê-Lo presente em nosso íntimo, falar com Ele a cada momento, pedir Sua ajuda, descobrir qual é Sua vontade nas coisas duvidosas e fazer com alegria aquelas que claramente percebemos que Ele requer de nós, oferecendo-as a Ele antes de começarmos e agradecendo-Lhe quando elas tenham sido completadas.

            Nessa conversação ininterrupta, toda nossa ocupação é louvar, adorar e amar a Deus incessante-mente, por Sua infinita bondade e perfeição.

            Devemos pedir Sua graça cheios de confiança, sem prestar atenção a nossos pensamentos, mas encontrando apoio nos méritos infinitos de Nosso Senhor. Deus, em todas as nossas ações, jamais deixa de nos conceder Sua graça — isto o Irmão Lourenço percebia claramente, a não ser quando era distraído da companhia de Deus, ou se tivesse esquecido de pedir Seu auxílio. Em momentos de dúvida, Deus jamais nos faltará com Sua luz, se nosso único propósito for agradar a Ele e agir por Seu amor.

            Afirmou que nossa santificação não depende de alterar o que fazemos, mas de fazer para Deus o que faríamos comumente para nós mesmos. E uma tristeza ver como tantas pessoas se apegam ao que fazem de maneira tão imperfeita, preocupando-se com a opinião dos outros, confundindo os meios com os fins.

            Ele não encontrou melhor caminho para aproximar-se de Deus do que por meio das ocupações comuns que lhe eram prescritas consoante a regra da obediência, purificando-as da preocupação com a opinião dos outros tanto quanto possível e realizando-as pelo puro amor de Deus.

            Declarou que era um grande equívoco imaginar que os momentos de oração devessem ser diferentes de quaisquer outros,.porque temos a obrigação de ficar tão unidos a Deus, por nossas ações, nos períodos de trabalho, quanto, pela oração, nos momentos a ela destinados.

            Para ele, a oração se havia tornado a presença de Deus, com a alma inconsciente de qualquer outra coisa que não o amor. Após os momentos de oração, ele não percebia qualquer diferença, porque continuava junto a Deus, louvando-O e bendizendo-O com todas as forças. Desse modo, passava a vida em alegria ininterrupta, esperando, todavia, que Deus lhe desse um pouco de sofrimento quando ele (Irmão Lourenço) ficasse mais forte. Disse que é preciso, de uma vez por todas, confiar em Deus e efetuar a entrega total de nós mesmos a Ele, que não nos enganará.

            Jamais nos devemos cansar de fazer pequenas coisas pelo amor de Deus, porque Ele não observa a magnitude da obra, apenas o amor. Não nos devemos surpreender com nossos freqüentes fracassos iniciais; no final, criado o hábito, seremos capazes de agir sem mesmo pensar no que estamos fazendo, e com admirável prazer.

            A fim de nos conformarmos inteiramente à vontade de Deus, só precisamos cultivar a fé, a esperança e a caridade. Tudo mais é desprovido de importância e não nos devemos fixar nessas coisas; são como a ponte pela qual passamos correndo para nos perdermos na Meta única, pela confiança e pelo amor.

            Tudo é possível àquele que crê; mais ainda, ao que tem esperança; ainda mais, ao que ama; e mais que tudo, àquele que cultiva essas três virtudes e nelas persevera.

            A finalidade que nos devemos propor nesta vida é tornarmo-nos os mais perfeitos adoradores de Deus que tenhamos a possibilidade de ser, assim como temos a esperança de sê-lo por toda a eternidade.

            Quando entramos na vida espiritual, devemos considerar minuciosamente que tipo de gente somos, reconhecendo sermos desprezíveis, indignos do nome de cristãos, sujeitos a todo tipo de miséria e a uma infinidade de azares, que nos perturbam e tornam mutáveis nossa saúde, nosso humor, nossas disposições íntimas e exteriores — enfim, pessoas a quem Deus deve humilhar por meio de incontáveis dores e provações, tanto internas quanto externas. Reconhecendo isso, deveríamos achar surpreendente que soframos angústias, tentações, antagonismos e contradições em mãos de nosso próximo? Não deveríamos, ao contrário, nos submeter a essas coisas, suportando-as por tanto tempo quanto seja da vontade de Deus, como passaríamos por aquilo que consideramos benéfico para nós?

            Quanto maior for a perfeição a que aspira a alma, mais dependente ela é da graça divina.

PARA O ALTO | Um filme sobre Pier Giorgio Frassati (legenda em português)

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Film: Papa Luciani - il sorriso di Dio

Película - Pier Giorgio Frassati "Se Non Avessi L'Amore" (Subtitulado) A...

CONVERSAS COM O IRMÃO LOURENÇO DA RESSURREIÇÃO


 

FREI LOURENÇO DA RESSURREIÇÃO

Rosto de: Lourenço da Ressurreição

Há pessoas que nos dizem muito. Se calhar, não dizem nada ao resto do mundo, mas para nós, elas são fonte de inspiração. Num post anterior, já tinha partilhado convosco a minha admiração pelo irmão universal, o Beato Carlos de Foucauld...hoje, apresento-vos um irmão carmelita, Lourenço da Ressurreição, que experimentou a Presença de Deus na vida do dia a dia. Ele fez dos pequenos actos e pensamentos quotidianos um encontro com o seu e meu Senhor.



Nicolau Herman (Lourenço da Ressurreição), nasceu em 1614, em Hériménil, Lorena (actual região do mesmo nome do Nordeste Francês), numa família profundamente cristã.

Aos 18 anos, num dia de Inverno, olhando a natureza despojada, pensando que dentro de pouco tempo as árvores desfolhadas voltariam a florescer, Nicolau é iluminado por uma evidência e uma simplicidade imediatas, percebendo que na base desse processo anual, existe um Ser pessoal, inteligente e cheio de amor. Então, a sua fé em Deus se personifica, recebendo essa graça da Providência e do poder de Deus, que admitirá mais tarde, nunca se ter apagado de sua alma.

Este mesmo ano, a Lorena era ocupada pela França, e o Duque Carlos IV, expulso do seu país, juntou tropas para reconquistar as suas terras. Nicolau alistou-se no exército do Duque de Lorena. Nessa Guerra de Trinta Anos, tristemente célebre pela crueldade desumana, os soldados não recuavam diante de pilhagens ou qualquer género de violência. Mais tarde, Nicolau lastimará o seu passado, deplorando os seus pecados diante de Deus. Se ignoramos naquilo que consistiam verdadeiramente, o que é certo é que a precedente graça tinha desaparecido da sua vida. Duas vezes se encontrará diante da morte; finalmente uma ferida o obrigará a deixar as armas aos 21 anos.

O tempo da cura para o corpo, foi-o também para a alma; e a experiência vivida aos 18 anos voltou à tona. Então resolveu entregar-se a Deus e mudar a conduta passada. Adoptou algum tempo a vida de eremita com outro companheiro. Mas, desconcertado ao ver que ele passava da alegria à tristeza, da paz à tribulação, do fervor à ausência de devoção, não perseverou neste caminho. Foi então para Paris onde foi mordomo na casa do senhor Fieubert, onde ele dirá ter sido “um pesadão que quebrava tudo.”

É aí que o Convento dos Carmelitas da rua Vaugirard (hoje, Instituto Católico) começou a atraí-lo; e mais, um dos seus tios era da Ordem. Nicolau decide aos 26 anos pedir a entrada como irmão converso (não sacerdote), e tomou por nome Irmão Lourenço da Ressurreição. Lourenço era o nome do santo patrono da sua paróquia natal; Ressurreição lhe recordara talvez o renascimento da árvore despojada a quando dos seus 18 anos.

Primeiro, foi cozinheiro ao longo de 15 anos, depois sapateiro do seu convento; após dez anos de penosa caminhada, num sentimento doloroso por causa dos seus pecados, um acto de abandono determinante o liberta, e pouco a pouco, faz-o encontrar o seu próprio caminho espiritual: viver o trabalho como tempo de oração, as tristezas, como as alegrias, na “Presença de Deus”; transformando todas as suas ocupações à “maneira de pequenas conversas com Deus, sem prever, como calhar…sem necessidade de delicadezas, estar com bondade e simplicidade.” O único método da vida espiritual do Irmão Lourenço foi de certo modo o exercício da Presença de Deus que consistiu em “agradar e acostumar-se na divina companhia, detendo-se amorosamente com Ele em todo o tempo.” Assim, a alma é conduzida “insensivelmente a este simples olhar, a esta visão amorosa de Deus em tudo, que é a mais santa e mais eficaz maneira de oração.” “Na via de Deus, os pensamentos são tidos em conta como pouco, o amor faz tudo.” O encanto do Irmão Lourenço atrai numerosas pessoas que lhe vem pedir conselhos: é assim que as suas cartas ou notas dados oralmente chegaram até nós.

No início de 1691, o Irmão Lourenço adoece. Como o seu mal aumentava, deram-lhe o Sacramento dos Enfermos. A um religioso que lhe perguntara o que ele fazia e com que ocupava o seu espírito, ele respondeu: “Faço o que farei na eternidade, bendigo a Deus, louvo a Deus, adoro e amo-O de todo o coração, eis o nosso trabalho, meus irmãos, adorar a Deus e amá-l’O, sem se preocupar do resto.” Depois, com a paz e a tranquilidade de alguém que adormece, o Irmão Lourenço morre em 12 de Fevereiro de 1691, aos 77 anos.

Pouco tempo depois, o abade José de Beaufort, vigário geral do cardeal de Noailles, e amigo do carmelita sapateiro ao longo de um quarto de século, fez conhecer a mensagem de Lourenço em duas obras biográficas que, em 1991, foram publicadas numa edição crítica. Selado com o selo da simplicidade e da verdade, essa mensagem não envelheceu em três séculos.

A prática da Presença de Deus, como maneira orante, aconselhada pelo Irmão Lourenço, valeu-lhe uma irradiação inter-confessional. A sua espiritualidade do dever de estado faz com que todos os estados de vida nele se encontrem. Se a sua insistência sobre as virtudes teologais, fé, esperança e caridade, lembram os ensinamentos de São João da Cruz, a locução de Lourenço denuncia uma familiaridade com Santa Teresa de Jesus, recordando em particular a “oração recolhida, de meditação”. Enfim, o quietismo não teve nenhuma influência nele: o seu abandono confiante inscreve-se na colaboração da alma à obra divina, e, a ascese como meio de dispor o corpo e o espírito ao encontro do Deus vivo.


Tradução da biografia de Lourenço da Ressurreição - Site do Carmelo de França

Ensinamentos do Irmão Lourenço da Ressurreição -  carmelita do século XVII


 É agradar e acostumar-se na divina companhia, detendo-“A prática mais santa e mais necessária na vida espiritual é a Presença de Deus.se amorosamente com Ele em todo o tempo, em todos os momentos, sem regras nem medida, sobretudo na hora da tentação, da tristeza, da aridez, do desgosto e mesmo da infidelidade e do pecado.”


“Devemos durante o nosso trabalho e as outras acções, até durante as nossas leituras e redacções, mesmo espirituais, e digo mais: durante as nossas devoções exteriores e orações vocais, parar algum tempo, o mais frequente que possamos, para adorar a Deus no fundo do nosso coração, saboreá-Lo de passagem, fortuitamente. Porque sabeis que Deus está presente diante de vós durante as vossas acções, que Ele está no fundo e no centro da vossa alma, porque não cessar ao menos de tempo a tempo as vossas ocupações exteriores, e mesmo as vossas orações vocais, para adorá-Lo interiormente, louvá-Lo, suplicá-Lo, oferecer-Lhe o vosso coração e agradecer-Lhe? Que mais pode haver de mais agradável a Deus do que deixar assim, inúmeras vezes ao dia, todas as criaturas, para se retirar e adorá-Lo no seu interior…para gozar um só instante o Criador? Pois assim destrói-se o amor-próprio, que não pode senão sobreviver no meio das criaturas, de que estes regressos interiores a Deus nos livram insensivelmente!”

“Será conveniente para aqueles que iniciam esta prática, de formular interiormente algumas palavras, como: ‘Meu Deus, sou todo vosso’; ‘Deus de amor, amo-Vos de todo o meu coração’; ‘Senhor, conformai-me ao vosso Coração’ ou qualquer outra palavra que o amor produzirá na hora.”

“Pela Presença de Deus e por este olhar interior, a alma familiariza-se com Deus de tal maneira que ela passa quase todo o seu tempo em actos contínuos de amor, de adoração, de contrição, de confiança, de acção de graças, de oferenda, de súplica e das mais excelentes virtudes. Às vezes, até chega a ser um único acto que não acaba mais, porque a alma está sempre num exercício contínuo desta divina Presença
.“

“A presença de Deus é a vida e o alimento da alma, que se pode alcançar com a graça de Deus.”

CONVERSAS COM O IRMÃO LOURENÇO DA RESSURREIÇÃO

 

Registradas por Monsenhor Joseph de Beaufort

 

PRIMEIRA CONVERSA

3 de Agosto de 1666

 

            Encontrei o Irmão Lourenço pela primeira vez, e ele me disse que, em sua conversão, quando tinha dezoito anos e ainda estava no mundo, Deus lhe havia concedido extraordinária graça. Certo dia de inverno, ao contemplar urna árvore despida de todas as folhas, ocorreu-lhe que essas folhas apareceriam de novo antes que se passasse muito tempo, seguidas de flores e frutos. Isso lhe deu tão penetrante visão da providência e do poder de Deus que o impacto produzido jamais desapareceu de sua alma. Essa percepção o libertou completamente do mundo e nele acalentou tão grande amor por Deus que não poderia dizer se esse amor crescera durante os mais de quarenta anos transcorridos desde então.

            Ele havia sido lacaio do senhor de Fieubert, tesoureiro da Associação de Poupança, e era um bronco desajeitado que vivia quebrando tudo.

            Entrara para o mosteiro na esperança de ser dolorosamente censurado por sua inépcia e pelos erros que haveria de cometer, fazendo a Deus, desse modo, oferenda da própria vida e de seus prazeres. Deus, porém, o havia surpreendido, porque, ali, ele só encontrara contentamento, o que o fazia dizer-Lhe freqüentemente: “Senhor, Tu me pregaste uma peça”.

            Afirmou que deveríamos estabelecer-nos na presença de Deus, conversando sempre com Ele, e que nos deveria causar vergonha abandonar a conversa com Deus para pensar em ninharias e coisas insensatas. Deveríamos alimentar nossas almas com pensamentos elevados de Deus e, desse modo, encontrar grande alegria em estar com Ele. Deveríamos vivificar nossa fé. Era lamentável que a tivéssemos tão pouca e que, em vez de tornar a fé a lei de suas vidas, as pessoas se sentissem satisfeitas com uma devoção menor cuja forma mudava todos os dias. Assegurou que o caminho da fé era o espírito da Igreja e que, por si só, era capaz de levar-nos a grande perfeição.

            Deveríamos dar-nos inteiramente a Deus, abandonando-nos a Ele tanto nas questões temporais quanto nas espirituais, e encontrar felicidade em cumprir Sua vontade, levasse-nos Ele pelos caminhos do sofrimento ou pelos caminhos do conforto, porque são a mesma coisa para quem verdadeiramente se resignou a Deus. Precisamos ser fiéis quando Deus põe nosso amor à prova, fazendo-nos passar por épocas de aridez espiritual. É exatamente nessas ocasiões que devemos demonstrar nossa entrega à vontade Dele, por meio de atos de resignação tais que um só desses atos faz com que nos adiantemos muito.

            Disse que as baixezas e iniqüidades das quais ouvia falar todos os dias não o escandalizavam; ao contrário, considerando a malícia de que um pecador é capaz, surpreendia-se por não serem ainda maiores. Orava pelos pecadores, mas, sabendo que Deus poderia emendá-los quando Lhe aprouvesse, já não ficava tão preocupado.

            Declarou que, para nos entregarmos a Deus na medida em que Ele o deseja de nós, precisamos observar cuidadosamente como se move a alma, pois ela se pode envolver tanto nas coisas espirituais quanto nas mais grosseiras. Deus dá a necessária luz àqueles que verdadeiramente desejam estar com Ele. Se fosse esta minha intenção, que eu ficasse à vontade para procurá-lo (a ele, Irmão Lourenço) sempre que quisesse, sem receio de ser importuno; mas se não fosse este o desejo que me assistia, não deveria visitá-lo outra vez.

SEGUNDA CONVERSA

28 DE SETEMBRO DE 1666

 

            O irmão Lourenço me disse que era sempre o amor que o governava, e que ele não qualquer outro interesse nem se atormentava com a possibilidade de vir a perder-se ou salvar-se. Descobrira que sua resolução de tornar o amor de Deus a finalidade de todas as suas ações tinha-lhe dado a paz. Ficava feliz por apanhar, pelo amor de Deus, um pedaço de palha do chão, buscando apenas a Ele, nada mais, nem mesmo os dons que Deus lhe poderia conferir.

            Essa conduta da alma fez com que Deus lhe concedesse uma graça infinita, mas, ao receber os frutos dessa graça — o amor que dela surge — descobriu ser necessário desconsiderar seu sabor, porque isto não era Deus (sabendo-se, pela fé, que Deus é infinita­mente maior e completamente diferente disto e de tudo o mais que ele pudesse sentir). Essa atitude produziu uma disputa maravilhosa entre Deus e a alma: enquanto Deus dava, a alma negava que o que ela recebia fosse Deus. Nesse combate, a alma fez-se, pela fé, tão forte quanto Deus, e até mais forte, visto que Ele não era capaz de dar tanto que ela não pudesse continuar negando que fosse Ele Próprio aquilo que Ele lhe dava.

            O Irmão Lourenço afirmou que o arrebatamento e o êxtase eram experimentados pela alma que fica brincando com esses dons, em vez de rejeitá-los e ir além, para alcançar o próprio Deus. A despeito de maravilhar-se, é preciso que a pessoa não se deixe inebriar por essas coisas; apesar delas, é Deus o amo e senhor.

            Contou que, como Deus recompensa de maneira rápida e magnífica qualquer coisa que se faça para Ele, gostaria, algumas vezes, de poder ocultar de Deus o que houvesse feito por Seu amor, de modo que, renunciando à recompensa, pudesse sentir o prazer de ter feito algo exclusivamente para Deus.

            Contou, também, que sua mente se havia perturba­do muito com a crença de estar ele certamente destinado à danação; todos os homens do mundo não teriam sido capazes de mudar essa convicção. Contudo, raciocinou deste modo a respeito do assunto: “abracei a vida religiosa apenas pelo amor de Deus, e tentei agir apenas para Ele. Esteja perdido ou seja salvo, quero continuar fazendo as coisas sempre pelo amor de Deus apenas. Pelo menos, restará isso de bom: até à morte, terei feito tudo o que podia para amá-Lo.” Por quatro anos, essa angústia o havia afligido, e ele tinha sofrido muito, mas, desde então, já não se preocupava com o Céu nem com o Inferno; sua vida tornara-se tão somente plena liberdade e alegria ininterrupta.

            Colocava seus pecados entre Deus e ele próprio, como que para dizer ao Senhor que não merecia as graças que Ele lhe conferia, mas isso não impedia que Deus continuasse a cumulá-lo delas. Algumas vezes, era como se Deus o tomasse pela mão e o pusesse diante de toda a corte celeste, para mostrar o miserável sobre quem Ele se comprazia em despejar Suas graças.

            Observou que, no início, é preciso alguma dedicação para criar o hábito de conversar com Deus o tempo todo e relatar-Lhe tudo o que fazemos, mas, depois de um pouco de esforço, somos despertados por Seu amor sem qualquer dificuldade.

            Após o período favorável que Deus lhe dera, esperava ter seu tempo e sua quota de dor e sofrimento, mas não se angustiava com isso, sabendo que, nada podendo fazer de si próprio, Deus não deixaria de dar-Lhe forças para suportar o que acontecesse.

Contou que, quando havia uma oportunidade de exercitar qualquer virtude, ele sempre dizia: “Meu Deus, não sei como fazer isto se Tu não me conduzires”. Então, era-lhe dada a força necessária, e mais ainda.

            Quando errava, apenas confessava a falta e dizia a Deus: “Jamais farei de outro modo, se me deixares à minha própria sorte; pertence a Ti evitar minhas quedas e corrigir meus erros”. Depois disso, não continuava a afligir-se pelo erro cometido.

            Afirmou que devemos agir de maneira muito simples em relação a Deus, e falar com Ele francamente, pedindo-Lhe ajuda à medida que as coisas acontecem, porque, conforme sua freqüente experiência, Deus nunca deixa de dar esse auxílio.

            Recentemente, ele havia sido mandado à Borgonha, para comprar vinho, um trabalho penoso para ele, porque, além de faltar-lhe o pendor para negócios, tinha uma perna aleijada, de modo que só podia subir no barco arrastando-se desamparadamente. Contudo, ele não se preocupara com isto nem com a compra. Disse a Deus que o negócio a Ele pertencia, e descobriu que tudo se realizara e ele acabara fazendo um bom trabalho. No ano anterior, fora enviado ao Auvergne, com a mesma incumbência. Não sabia dizer como o negócio havia sido feito. Sabia que não fora ele quem o fizera, mas fora feito, e muito bem feito.

            Acontecera coisa semelhante com a cozinha, pela qual ele tinha, por natureza, a maior aversão. Tendo se acostumado a fazer tudo pelo amor de Deus, sempre orando pela graça de realizar bem o trabalho, achara muito fáceis os quinze anos durante os quais] estivera encarregado de nela trabalhas

       Então, havia sido designado para a confecção de sandálias, o que lhe agradava muito, mas estava pronto para deixar também essa tarefa, não fazendo senão regozijar-se em qualquer lugar, executando coisas triviais pelo amor de Deus. Para ele, os momentos de oração não eram, de nenhum modo, diferentes de quaisquer outros. Cumpria retiros quando o Padre Prior lhe dizia que o fizesse, mas jamais os havia desejado nem pedido, porque mesmo o trabalho mais absorvente não o distraía de Deus.

            Ciente de que era preciso amar a Deus em todas as coisas e empenhando-se em cumprir esse dever, não sentia a necessidade de um diretor espiritual, mas, sim, de um confessor, para absolvê-lo dos pecados cometidos. Ele tinha plena consciência de suas faltas e elas não lhe causavam surpresa. Confessava-as a Deus e não tentava apresentar desculpas para elas. Depois, voltava em paz a seus costumeiros exercícios de amor e adoração.

            Em suas angústias, não consultava pessoa alguma. Em vez disso, sabedor, com a luz da fé, de que Deus estava presente, ficava satisfeito em agir para Ele, acontecesse o que acontecesse, disposto a perder-se pelo amor de Deus, que o contentava por completo.

            Disse que os pensamentos estragam tudo; é por eles que o mal se inicia. Precisamos ter o cuidado de rejeitá-los tão logo percebamos que eles não se mostram necessários à nossa ocupação do momento nem à nossa salvação, retomando à conversação com Deus, que nos conforta.

No começo, passava todo o período de oração rejeitando os pensamentos, para neles cair novamente. Jamais fora capaz de orar segundo as regras, como os demais. Entretanto, começara meditando de maneira discursiva durante algum tempo, mas, depois, não sabia como as coisas se passavam, e lhe seria impossível dar contas do que acontecia.

            Pedira para continuar sempre noviço, sem acreditar que alguém quisesse receber sua profissão e incapaz de imaginar que se tivessem passado os dois anos de noviciado.

            Não era audacioso o suficiente para pedir mortificações a Deus, nem as desejava verdadeiramente. Bem sabia, entretanto, que as merecia em grande número e que, quando Deus as enviasse, Ele também lhe enviaria a graça, para ser capaz de passar por elas. Todas as práticas de penitências e outros exercícios só serviam para promover a união com Deus por meio do amor. Tendo pensado nisto cuidadosamente, estava persuadido de que o caminho mais curto para chegar a Deus era o exercício ininterrupto do amor, fazendo-se todas as coisas por Seu amor.

            Declarou que devemos distinguir, com clareza, os atos de compreensão dos atos de vontade, porque os primeiros têm pouca importância e os segundos são tudo. O que realmente importa é amarmos a Deus e regozijarmo-nos Nele.

            Mesmo todas as penitências possíveis não serviriam para remover um único pecado, se estivessem dissociadas do amor. Sem ansiedade, devemos esperar nossa remissão no sangue de Jesus Cristo, esforçando-nos, apenas, para amá-Lo de todo o coração. Aparentemente, Deus concede as maiores graças aos que foram maiores pecadores, em vez de aos que permanecem na inocência, porque nisto mais se demonstra sua bondade.

            Disse que não ficava pensando na morte, nem nos pecados, nem no Céu, nem no Inferno, mas, apenas, em fazer as coisas mais triviais pelo amor de Deus —coisas pequeninas, porque ele era incapaz de fazer grandes coisas. Assim, não mais se preocupava, porque o que quer que lhe acontecesse era a vontade de Deus.

            Explicou que mesmo que fosse profundamente ofendido por alguém, isto nada era comparado ao sofrimento interior que já havia suportado ou às grandes alegrias que já havia experimentado e experimentava, ainda, com freqüência. Desse modo, nada o preocupava nem atemorizava, e ele só pedia a Deus que o conservasse incapaz de ofendê-Lo.

            Disse-me que praticamente não sentia escrúpulos, porque “quando reconheço que errei, admito-o e digo: ‘é o meu normal; é o que sempre me acontece’. Quando não erro, reconheço que foi por um ato de Deus e agradeço a Ele.”

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Santa Teresa dos Andes:Jesus vive já em meu coração. Eu trato de unir-me, assemelhar-me e confundir-me n'Ele.

BIOGRAFIA - ESCRITOS

• A CORRESPONDÊNCIA

CARTA DE JUANITA À SUA IRMÃ REBECA A REPEITO DE SUA VOCAÇÃO

Nesta carta, escrita na ocasião do aniversário de sua irmã Rebeca, Juanita lhe revela sua vocação.

 

15 de abril de 1916

Querida Rebeca,

Aproveito um instante do estudo para poder desejar-te mil felicidades no dia de teu aniversário, pois um ano mais de vida há de fazer-te mais séria e formal e também há de ser motivo para refletir sobre a vocação que Deus te confiou.

Acredite-me, Rebeca, que aos 14 e 15 anos alguém compreende sua vocação. Sente-se uma voz e uma luz que lhe mostra a rota de sua vida.

Esse farol brilhou para mim aos 14 anos. Mudei de rumo e me propus o caminho que devia seguir e hoje venho fazer-te confidências dos projetos ideais que forjei.

Até hoje nos iluminou a mesma estrela. Porém, amanhã não estaremos, talvez, juntas sob sua sombra protetora. Essa estrela é o lar, é a família. É preciso separar-nos, e nosso corações, que haviam formado um só, amanhã talvez se separarão. Ontem, me parece que não entenderias minha linguagem; porém hoje tens 14 anos, idade [em] que podes compreender-me. Assim, pois, creio que te inclinarás a mim e me darás razão.

Em poucas palavras te confiarei o segredo de minha vida. Logo no separaremos e esse desejo que sempre abrigamos em nossa infância de viver sempre unidas vai ser logo frustrado por outro ideal mais alto de nossa juventude. Temos de seguir diferentes caminhos na vida. A mim tocou a melhor parte, o mesmo que a Madalena. O Divino Mestre compadeceu-se de mim. Aproximando-se, disse-me baixinho: "Deixa teu pai e tua mãe e tudo quanto tens e segue-me."

 

Quem poderá recusar a mão do Todo-poderoso que se abaixa à mais indigna de suas criaturas? Como sou feliz, irmãzinha querida! Fui cativada nas redes amorosas do Divino Pescador. Quisera fazer-te compreender esta felicidade. Posso dizer que sou sua prometida e que logo celebraremos nossos esponsais no Carmelo. Vou ser carmelita, que te parece? Não quisera ter em minha alma nenhuma dobra escondida para ti. Porém, tu sabes que não posso dizer-te tudo o que sinto e por isso resolvi fazê-lo por escrito.

Entreguei-me a Ele. Em 8 de dezembro me comprometi. Tudo o que quero me é impossível dizê-lo. Meu pensamento não se ocupa senão d'Ele. É meu ideal infinito. Suspiro pelo dia de ir ao Carmelo para não ocupar-me senão d'Ele, par confundir-me n'Ele e para não viver senão a vida d'Ele: amar e sofrer para salvar as almas. Sim, estou sedenta delas porque sei que [é] o que mais quer meu Jesus. Oh, o amo tanto!

Quisera inflamar-te nesse amor. Que felicidade a minha se pudesse dar-te a Ele! Oh, nunca tenho necessidade de nada, porque em Jesus encontro tudo que busco! Ele jamais me abandona. Jamais diminui seu amor. É tão puro! É tão belo! É a própria bondade. Pede-lhe por mim Rebequita. Necessito de orações. Vejo que minha vocação é muito grande: salvar almas, dar operários à Vinha de Cristo. Todos os sacrifícios que façamos são poucos em comparação com o valor de uma alma. Deus entregou sua vida por elas, e nós quanto descuidamos de sua salvação! Eu, como prometida, tenho de ter sede de almas, oferecer a meu Noivo o sangue que por cada uma delas derramou. E qual é o meio de ganhar almas? A oração, a mortificação e o sofrimento.

Ele vem com uma Cruz, e sobre ela está escrita somente uma palavra que comove meu coração até suas mais íntimas fibras: "Amor". Oh, que belo com sua túnica de sangue! Esse sangue vale par mim mais que as jóias e os diamantes de toda a terra.

Os que se amam na terra, minha querida Rebeca, como tu vês com Lucía e Chiro, apenas tratam de ter uma só alma e um só ideal. Mas são vão seus esforços, pois as criaturas são tão impotentes... Mas não se passa isso em nossa união. Jesus vive já em meu coração. Eu trato de unir-me, assemelhar-me e confundir-me n'Ele. Eu sou a gota de água que hei de perder-me no Oceano Infinito. Há, porém, um abismo que a gota não pode traspassar; mas um oceano transborda e a gota de água permanece no mais completo abandono de si mesma; que viva em um sussurro contínuo chamando ao Oceano Divino.

Mas eu sou apenas um pobre passarinho sem asas. E quem as dará para ir-me aninhar para sempre junto a Ele? O amor. Oh, sim, o amo e quisera morrer por Ele. Eu o quero tanto que quisera ser martirizada para demonstrar-lhe que o amo.

Sem dúvida teu coração de irmã se dilacera ao ouvir-me falar de separação, ao ouvir murmurar essa palavra: adeus para sempre na terra para encerrar-me no Carmelo. Mas não temas, irmãzinha querida. Jamais existirá separação entre nossas almas. Eu viverei n'Ele. Busca a Jesus e n'Ele me encontrarás e ali, os três, seguiremos os colóquios íntimos que havemos de continuar lá na eternidade. Como sou feliz! Convido-te a ficar com Jesus no fundo de tua alma. Li na vida de Isabel da Trindade que essa santinha havia dito a N. Senhor que fizesse de sua alma sua casinha. Façamos nós outro tanto. Vivamos com Jesus dentro de nós mesmas, minha pombinha querida. Ele nos dirá coisas desconhecidas. É tão doce seu arrulho de amor! E assim como Isabel encontraremos o Céu na terra porque Deus é o Céu.

Diremos a Jesus na Comunhão que edifique em nossas almas uma casinha; que nós poremos o material que há de ser nossos atos de vitória e o esquecimento de nós mesmas, fazendo desaparecer o eu, que é o Deus que adoramos interiormente. Isso é custoso e nos arrancará gritos de dor. Porém, Jesus pede esse trono e é preciso dá-lo. A caridade há de ser a arma para combater esse deus.

Ocupemo-nos do próximo, em servi-lo, ainda que nos cause repugnância fazê-lo. Dessa maneira conseguiremos que o trono de nosso coração seja ocupado por seu Dono, por Deus Nosso Criador.

Vençamo-nos. Obedeçamos em tudo. Sejamos humildes. Somos tão miseráveis! Sejamos pacientes e puras como os anjos e teremos a felicidade de ver que Jesus, que é um bom arquiteto, edificará uma segunda casa de Betânia, onde tu te ocuparás de servi-lo na pessoa de teus próximos como fazia Marta, e eu, como Madalena, permanecerei contemplando-o e ouvindo sua palavra de vida. É impossível que, enquanto estivermos no colégio, Ele exija de nós essa total união que não consiste senão em ocupar-nos d'Ele. Porém podemos a todo instante oferecer-lhe um ramalhete de amor.

Amemos o divino Menino que sofre tanto sem encontrar consolo nas criaturas. Que Ele encontre em nossas almas um refúgio, um asilo onde guardar-se em meio ao ódio de seus inimigos e um jardim de delícias que lhe faça olvidar o esquecimento de seus amigos.

Termino. Adeus. Responda-me esta carta e guarde o mais completo segredo. Tua irmã que te quer en Jesus.

Juana

(Carta n°8, tradução © Edições Loyola)

BIOGRAFIA E ESCRITOS DE SANTA TERESA DOS ANDES


BIOGRAFIA - LOS ESCRITOS

• EL DIARIO

INICIO DEL DIARIO DE JUANITA

El Diario de Juanita fue dedicado a Madre Julia Ríos, religiosa del Sagrado Corazón, que fue consejera espiritual de las alumnas del colegio del Sagrado Corazón en Santiago, en el que Juanita estudió durante varios años.

Madre querida: Ud. cree que se va a encontrar con una historia interesante. No quiero que se engañe. La historia que Ud. va a leer no es la historia de mi vida, sino la vida íntima de una pobre alma que, sin mérito alguno de parte de ella, Jesucristo la quiso especialmente y la colmó de beneficios y de gracias.

La historia de mi alma se resume en dos palabras: "Sufrir y amar". Aquí tiene mi vida entera desde que me di cuenta de todo, es decir, a los seis años o antes. Yo sufría, pero el buen Jesús me enseñó a sufrir en silencio y desahogar en El mi pobre corazoncito. Usted comprende, Madre que el camino que me mostró Jesús desde pequeña, fue el que recorrió y el que amó; y como El me quería, buscó para alimentar mi pobre alma el sufrimiento.

Mi vida se divide en dos períodos: más o menos desde la edad de la razón hasta mi Primera Comunión. Jesús me colmó de favores tanto en el primer período como en el segundo: desde mi primera comunión hasta ahora. O más bien será hasta la entrada de mi alma en el puerto del Carmelo.

(Diario, §1, )


Filme - Santa Teresa dos Andes

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

terça-feira, 19 de novembro de 2024

A Irmã Lúcia entre nós: testemunho do Carmelo de Santa Teresa

São Rafael Kalinowisk


José Kalinowski, nasce em Vilna (Lituânia) a 1 de setembro de 1835, filho de André Kalinowski e Josefina Polonska, nobres católicos. Estuda na academia militar de São Petersburgo, com bons resultados; mas, devido à insurreição do seu país diante da ocupação russa, decide deixar o exército e, apesar de saber que o êxito da insurreição é impossível, decide ajudar os seus compatriotas, aceitando o cargo de ministro de guerra e evitando tanto quanto possível o maior derramamento de sangue.

Em março de 1864 é preso e condenado à pena capital, comutada em 10 anos de trabalhos forçados na Sibéria. Com um crucifixo e a Imitação de Cristo, vai para a Sibéria e, após 9 meses de uma dura viagem, chega com os sobreviventes ao lago Bajkal. Naquelas circunstâncias especialmente duras, demonstrou uma grande caridade, suportando os sofrimentos, partilhando com os outros o que tinha e o que recebia dos seus familiares: “Escrevo-o claramente: a miséria aqui é grande; encontrar dinheiro na pátria é sempre mais fácil que na Sibéria. É-me inconcebível ser indiferente”.

A 2 de fevereiro de 1874 concedem-lhe a liberdade, mas não pode voltar a viver na Lituânia. Aceitou então o cargo de tutor de Augusto Czartoryski, de 16 anos, que vivia a maior parte do tempo em Paris.

A 15 de julho de 1877, entra no convento carmelita de Grantz, com o nome de Rafael de São José. Pronuncia os primeiros votos em 26 de novembro de 1878 e parte para a Hungria para estudar filosofia e teologia no convento de Raab. A 27 de novembro de 1881, pronuncia os votos perpétuos e é enviado à Polônia, ao convento de Czerna, onde é ordenado sacerdote a 15 de janeiro de 1882. Um ano depois deram-lhe responsabilidades de governo.

Reorganiza a Ordem na Polônia, assim como a Ordem Secular. Publica algumas biografias. Em 1906, toma a direção do colégio de teologia em Wadowice. É apreciado por todos como diretor espiritual e confessor. Dedica-se com especial interesse ao cuidado das suas irmãs carmelitas descalças.

Morre a 15 de novembro de 1907 em Wadowice. Foi beatificado em Cracóvia a 22 de junho de 1983 pelo Papa João Paulo II e canonizado em Roma a 17 de novembro de 1991. A sua festa foi instituída a 19 de novembro.

Na sua vida, destaca-se de forma especial o espírito de caridade e de reconciliação, bem como a dedicação à formação, especialmente dos jovens. Ensina a ter coragem de perseverar na fé e confiar nas dificuldades; também aponta que somente à luz da reconciliação proveniente de Deus se pode avançar para o encontro com o homem e para o perdão. Ensina ainda que, para poder perdoar, é preciso saber-se perdoado.

Tinha um carácter aberto, cheio de cordialidade. Da sua permanência na Sibéria, regressou convencido da necessidade de dedicar-se à juventude, porque nessa etapa da vida a aprendizagem configura a pessoa e se decide o futuro. Procurava uma formação integral do ser humano; motivava-o um interesse espiritual e intelectual.

https://www.carmelitaniscalzi.com/pt-br/quem-somos/nossos-santos/sao-rafael-kalinowski/


quinta-feira, 14 de novembro de 2024

SERVO DE DEUS O Padre Abílio Gomes Correia

O Cura d’Ars português

Por: António da Costa Neiva

O Padre Abílio Gomes Correia entregou-se de alma e coração ao progresso de São Mamede de Este e os seus esforços deram abundantes frutos. Homem de personalidade forte, educado, orientando a sua vida pelos mais sublimes valores do Evangelho, comunicou, como por osmose, esses mesmos valores cujos frutos estão presentemente a ser colhidos e saboreados pela maior parte da população aqui residente.

O Padre Abílio Gomes Correia entregou-se de alma e coração ao progresso de São Mamede de Este e os seus esforços deram abundantes frutos.
Homem de personalidade forte, educado, orientando a sua vida pelos mais sublimes valores do Evangelho, comunicou, como por osmose, esses mesmos valores cujos frutos estão presentemente a ser colhidos e saboreados pela maior parte da população aqui residente.

MENSAGEIRO

O Mensageiro foi a única revista eucarística publicada em Portugal durante mais de 50 anos. O padre Abílio Gomes Correia foi o autor, redator e administrador da revista.

A publicação do Mensageiro aconteceu numa época verdadeiramente tortuosa para o país. O padre Abílio começou a divulgar a antiga tradição portuguesa da Adoração ao Santíssimo Sacramento através da publicação do Mensageiro (1914). Em poucos anos atingiu mais de 3.000 assinantes de todo o mundo, sendo a publicação recomendada por todos os bispos portugueses.

No Mensageiro, algumas paróquias conseguem encontrar a sua história do século XX, através das crónicas que os seus responsáveis enviavam para serem publicadas na revista.