Irmãos e irmãs, bom dia!
Tenho o prazer de acolher-vos nesta minha primeira Audiência Geral. Com grande reconhecimento e veneração acolho o “testemunho” das mãos do meu amado predecessor Bento XVI. Depois da Páscoa retomaremos as catequeses do Ano da Fé. Hoje gostaria de concentrar-me um pouco sobre a Semana Santa. Com o Domingo de Ramos iniciamos esta Semana – centro de todo o Ano Litúrgico – na qual acompanhamos Jesus durante a sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Mas o que pode querer dizer viver a Semana Santa para nós? O que significa seguir Jesus no seu caminho no Calvário para a Cruz e a ressurreição? Na sua missão terrena, Jesus percorreu os caminhos da Terra Santa; chamou 12 pessoas simples para que permanecessem com Ele, compartilhando o seu caminho, e para que continuassem a sua missão; escolheu-as entre o povo cheio de fé nas promessas de Deus. Falou a todos, sem distinção, aos grandes e aos humildes, ao jovem rico e à pobre viúva, aos poderosos e aos indefesos; levou a misericórdia e o perdão de Deus; curou, consolou, compreendeu; deu esperança; a todos levou a presença de Deus que se interessa por cada homem e cada mulher, como faz um bom pai e uma boa mãe para cada um de seus filhos.
Tenho o prazer de acolher-vos nesta minha primeira Audiência Geral. Com grande reconhecimento e veneração acolho o “testemunho” das mãos do meu amado predecessor Bento XVI. Depois da Páscoa retomaremos as catequeses do Ano da Fé. Hoje gostaria de concentrar-me um pouco sobre a Semana Santa. Com o Domingo de Ramos iniciamos esta Semana – centro de todo o Ano Litúrgico – na qual acompanhamos Jesus durante a sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Mas o que pode querer dizer viver a Semana Santa para nós? O que significa seguir Jesus no seu caminho no Calvário para a Cruz e a ressurreição? Na sua missão terrena, Jesus percorreu os caminhos da Terra Santa; chamou 12 pessoas simples para que permanecessem com Ele, compartilhando o seu caminho, e para que continuassem a sua missão; escolheu-as entre o povo cheio de fé nas promessas de Deus. Falou a todos, sem distinção, aos grandes e aos humildes, ao jovem rico e à pobre viúva, aos poderosos e aos indefesos; levou a misericórdia e o perdão de Deus; curou, consolou, compreendeu; deu esperança; a todos levou a presença de Deus que se interessa por cada homem e cada mulher, como faz um bom pai e uma boa mãe para cada um de seus filhos.
Deus não esperou que fôssemos a
Ele, mas foi Ele que se moveu para nós, sem cálculos, sem medidas. Deus é assim:
Ele dá sempre o primeiro passo, Ele move-se na
nossa direcção. Jesus viveu a realidade quotidiana do povo mais comum:
comoveu-se diante da multidão que parecia um rebanho sem pastor; chorou diante
do sofrimento de Marta e Maria pela morte do irmão Lázaro; chamou um cobrador de
impostos como seu discípulo; sofreu também a traição dum amigo. Nele, Deus
deu-nos a certeza de que está connosco, no
meio de nós. “As raposas – disse Ele – têm
as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde
reclinar a cabeça” (Mt 8, 20). Jesus não
tem casa porque a sua casa é o povo, somos nós, a sua missão é abrir a todos as
portas de Deus, ser a presença do amor de Deus.
Na Semana Santa vivemos o ápice deste momento, deste plano de amor que percorre toda a história da relação entre Deus e a humanidade. Jesus entra em Jerusalém para cumprir o último passo, no qual reassume toda a sua existência: doa-se totalmente, não tem nada para si, nem mesmo a vida. Na Última Ceia, com os seus amigos, compartilha o pão e distribui o cálice “por nós”. O Filho de Deus oferece-se a nós, entrega nas nossas mãos o seu Corpo e o seu Sangue, para estar sempre connosco, para morar no meio de nós. E no Monte das Oliveiras, como no processo diante de Pilatos, não oferece resistência, doa-se; é o Servo sofredor profetizado por Isaías que se despojou até a morte (cfr Is 53,12).
Na Semana Santa vivemos o ápice deste momento, deste plano de amor que percorre toda a história da relação entre Deus e a humanidade. Jesus entra em Jerusalém para cumprir o último passo, no qual reassume toda a sua existência: doa-se totalmente, não tem nada para si, nem mesmo a vida. Na Última Ceia, com os seus amigos, compartilha o pão e distribui o cálice “por nós”. O Filho de Deus oferece-se a nós, entrega nas nossas mãos o seu Corpo e o seu Sangue, para estar sempre connosco, para morar no meio de nós. E no Monte das Oliveiras, como no processo diante de Pilatos, não oferece resistência, doa-se; é o Servo sofredor profetizado por Isaías que se despojou até a morte (cfr Is 53,12).
Jesus não vive este amor que conduz ao sacrifício de modo passivo ou como um destino fatal; é certo que não esconde a sua profunda inquietação humana diante da morte violenta, mas confia plenamente no Pai. Jesus entregou-se voluntariamente à morte para corresponder ao amor de Deus Pai, em perfeita união com a sua vontade, para demonstrar o seu amor por nós. Na cruz Jesus “amou-me e entregou-se a si mesmo” (Gal 2,20). Cada um de nós pode dizer: amou-me e entregou-se a si mesmo por mim. Cada um pode dizer este “por mim”.
O que significa tudo isto para nós? Significa que este é também o meu, o teu, o nosso caminho. Viver a Semana Santa seguindo Jesus não somente com a emoção do coração; viver a Semana Santa seguindo Jesus quer dizer aprender a sair de nós mesmos, para ir ao encontro dos outros, para ir para as periferias da existência, mover-nos primeiro para os nossos irmãos e as nossas irmãs, sobretudo aqueles mais distantes, aqueles que são esquecidos, aqueles com maior necessidade de compreensão, de consolação, de ajuda. Há tanta necessidade de levar a presença viva de Jesus misericordioso e rico de amor!
Viver a Semana Santa é entrar sempre mais na lógica de Deus, na lógica da Cruz, que não é antes de tudo aquela da dor e da morte, mas aquela do amor e da doação de si que traz vida. É entrar na lógica do Evangelho. Seguir, acompanhar Cristo, permanecer com Ele exige um “sair”, sair. Sair de si mesmo, de um modo cansado e rotineiro de viver a fé, da tentação de fechar-se nos próprios padrões que terminam por fechar o horizonte da acção criativa de Deus. Deus saiu de si mesmo para vir ao meio de nós, colocou a sua tenda entre nós para nos trazer a sua misericórdia, que salva e dá esperança. Também nós, se desejamos segui-Lo e permanecer com Ele, não devemos contentar-nos em permanecer no recinto das 99 ovelhas, devemos “sair”, procurar com Ele a ovelha perdida, aquela mais distante. Lembrem-se bem: sair de nós mesmos como Deus saiu de si mesmo em Jesus e Jesus saiu de si mesmo por todos nós.
Alguém poderia dizer-me: “Mas, padre, não tenho tempo”, “tenho tantas coisas a fazer”, “é difícil”, “o que posso fazer com as minhas poucas forças, também com o meu pecado, com tantas coisas?”. Sempre nos contentamos com alguma oração, com uma Missa dominical distraída e não constante, com qualquer gesto de caridade, mas não temos esta coragem de “sair” para levar Cristo. Somos um pouco como Pedro. Assim que Jesus fala de paixão, morte e ressurreição, de doação de si, de amor para todos, o Apóstolo afasta-o e repreende-o. Aquilo que diz Jesus perturba os seus planos, parece inaceitável, coloca em dificuldade as seguranças que se havia construído, a sua ideia de Messias. E Jesus olha para os discípulos e dirige a Pedro talvez uma das palavras mais duras dos Evangelhos: “Afasta-te de mim, Satanás, porque os teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8, 33).
Deus pensa sempre com
misericórdia: não se esqueçam disso. Deus pensa sempre com misericórdia: é o Pai
misericordioso! Deus pensa como o pai que espera o retorno do filho e vai ao seu
encontro, vê-lo vir quando ainda é distante…O que isto significa? Que todos os
dias ia ver se o filho retornava a casa: este é o nosso Pai misericordioso. É o
sinal que o esperava de coração no terraço de sua casa. Deus pensa como o
samaritano que não passa próximo à vítima olhando por outro lado, mas socorre-a
sem pedir nada em troca; sem perguntar se ele era judeu, se era pagão, se era
samaritano, se era rico, se era pobre: não pergunta nada. Não pergunta essas
coisas, não pergunta nada. Vai em seu auxílio: assim é Deus. Deus pensa como o
pastor que dá a sua vida para defender e
salvar as ovelhas.
A Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos dá para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida, das nossas paróquias – que pena tantas paróquias fechadas! – dos movimentos, das associações, e “sair” de encontro aos outros, fazer-nos próximos para levar a luz e a alegria da nossa fé. Sair sempre! E isto com amor e com a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as nossas mãos, os nossos pés, o nosso coração, mas em seguida é Deus que os orienta e torna fecunda cada acção nossa.
Desejo que todos vivam bem estes dias, seguindo o Senhor com coragem, levando em nós mesmos um rasgo do seu amor a quantos encontrarmos.
A Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos dá para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida, das nossas paróquias – que pena tantas paróquias fechadas! – dos movimentos, das associações, e “sair” de encontro aos outros, fazer-nos próximos para levar a luz e a alegria da nossa fé. Sair sempre! E isto com amor e com a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as nossas mãos, os nossos pés, o nosso coração, mas em seguida é Deus que os orienta e torna fecunda cada acção nossa.
Desejo que todos vivam bem estes dias, seguindo o Senhor com coragem, levando em nós mesmos um rasgo do seu amor a quantos encontrarmos.