
- E senti o espírito
inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
sábado, 21 de fevereiro de 2009
"SE AS MISSAS FOSSEM CELEBRADAS NO MODO TRADICIONAL, AS IGREJAS ESTARIAM CHEIAS" DIZ O PE. LAGUÉRIE
Entrevista do Pe. Laguérie, superior geral do Instituto Bom Pastor
"Se as missas fossem feitas no modo tradicional, as igrejas estariam cheias. Toda vez que a liturgia é deteriorada, as igrejas se esvaziam", diz Laguérie, nomeado pelo Vaticano como fundador e superior geral do Instituto Bom Pastor.
O órgão foi criado pelo papa Bento XVI em setembro 2006, com sede na Arquidiocese de Bordeaux, na França.
O Vaticano divulgou um "Motu Proprio" -documento que o papa escreve por iniciativa própria, e não como resposta a uma solicitação- assinado por Bento 16 que facilita aos padres de todo o mundo celebrarem a missa tradicional, baseada na liturgia estabelecida pelo papa João 23, em 1962.
Essa missa tradicional (ou tridentina) era rezada antes das mudanças feitas pelo Concílio Vaticano II (1962-65), que introduziu a nova forma de celebrar a missa, com a possibilidade de uso do idioma local.
A missa tradicional em latim nunca foi oficialmente suspensa, mais caiu em desuso. Em 1982, João Paulo II decretou que, para rezá-la, seria necessário pedir permissão ao bispo da diocese.
Leia a seguir entrevista com o padre Philippe Laguérie.
FOLHA - A retomada da missa tradicional causou grande repercussão devido a um trecho em que cita os judeus. Como avalia a polémica?
PHILIPPE LAGUÉRIE - Na missa propriamente dita, essa que é celebrada todos os dias, não há nada, nenhuma referência aos judeus. Existia uma referência aos judeus na liturgia da Sexta-feira Santa, que não é uma missa. Reclamava-se de um texto que falava dos "pérfidos judeus", mas ele foi suprimido pelo papa João XXIII, justamente a missa que o papa acaba de ressuscitar. Então, essa é uma falsa questão.
FOLHA - Mas a liturgia da Sexta-feira Santa ainda mantém a afirmação de que os judeus necessitam ser esclarecidos sobre Jesus Cristo ["Oremos pelos judeus, para que Deus retire o véu que cobre seus corações e lhes faça conhecer nosso senhor Jesus Cristo"].
LAGUÉRIE - Certamente, eles têm de ser esclarecidos sobre a divindade de Jesus Cristo. Pede-se que os judeus, os muçulmanos, os infiéis de maneira geral sejam esclarecidos sobre Jesus Cristo.
Fala-se de 15 categorias de pessoas -os catecúmenos, os hereges, os cismáticos, os pagãos-, pede-se a todos que conheçam a luz de Cristo.
Pede-se até que sejam esclarecidos o papa, os bispos e todo o clero a respeito da divindade de Cristo, que conheçam a luz de Cristo. Então, não há nenhuma referência especial aos judeus.
FOLHA - O Vaticano publicou outro documento, que traz a ideia de superioridade da Igreja Católica sobre as demais igrejas cristãs, ao afirmar que a igreja de Cristo é a Igreja Católica. O sr. pode esclarecer esse ponto?
LAGUÉRIE - O que o papa diz no documento é que a afirmação do Concílio de que "a Igreja Católica subsiste na igreja de Cristo" significa "a Igreja Católica é a igreja de Cristo" ainda com mais força. Não só diz que a Igreja Católica é a igreja de Cristo actualmente mas que sempre o foi, desde o início. Além disso, o papa define quem a Igreja Católica reconhece como igreja.
Ele admite que se chamem de igrejas as ortodoxas, porque elas conservaram o sacerdócio, a sucessão apostólica e a missa católica.
Embora possam ser chamadas de igreja, não são igrejas de Cristo, porque não têm a comunhão com Roma, condição essencial para ser igreja de Cristo.
Porém o papa não reconhece o nome de igreja a todos os movimentos surgidos da Reforma protestante, porque eles não têm a doutrina católica.
Não é o objectivo do documento estabelecer um "hit parade" das igrejas, dizer qual é a melhor, mas definir quem é igreja ou não segundo o Vaticano.
FOLHA - Como será tomada a decisão de rezar a missa tradicional?
LAGUÉRIE - Existe a liberdade de qualquer padre decidir rezar a missa antiga. Ele pode receber fiéis para assistir à missa, mas continua sendo uma missa privada [missa que o padre reza por iniciativa própria e que não pertence à programação oficial da igreja, mesmo tendo público].
Para que haja uma missa na paróquia, uma missa pública, é preciso que um grupo de fiéis estável faça o pedido. Se o pároco não atender a esse pedido dos fiéis, eles devem procurar o bispo, que deve fazer todo o possível para atender aos fiéis.
Caso isso não ocorra, então se deve recorrer à Comissão Ecclesia Dei, em Roma.
FOLHA - Quais as principais diferenças entre a missa tradicional e a missa rezada hoje?
LAGUÉRIE - Há muita, muita, muita diferença. Em primeiro lugar, na missa antiga, todos rezam voltados para Deus e voltados para o Oriente, onde nasce o sol, que simboliza a luz de Cristo e o surgimento da verdade. Somente na explicação do Evangelho, nas leituras e no sermão, o padre se volta para o povo, pois está se dirigindo a ele. Na missa nova, o padre reza sempre voltado para o povo.
A segunda diferença é a língua sagrada, o latim. Nós não nos dirigimos a Deus na mesma língua que usamos nas compras, nos negócios, no dia-a-dia.
Sempre houve na igreja, mesmo no Oriente, uma língua sagrada para falar com Deus. Na Síria, rezava-se a missa em aramaico; na Judéia, rezava-se a missa em siríaco. Em terceiro lugar, os próprios textos da missa são diferentes: na missa nova não se fala mais do sacrifício nem do pecado nem da vida eterna nem da redenção.
FOLHA - Essa volta à missa antiga pode ser vista como exemplo de um retorno da Igreja Católica, sob Bento XVI, ao conservadorismo?
LAGUÉRIE - A nova missa corresponde à teologia dos anos 1960. A missa antiga, a uma teologia que foi eterna na Igreja Católica.
FOLHA - Existe alguma estimativa do número de católicos adeptos desse rito antigo?
LAGUÉRIE - Duas pesquisas feitas na França em maio, por institutos não-católicos, constataram que 68% dos franceses, mesmo não-católicos, se diziam adeptos da missa tradicional.
FOLHA - A idéia que se tem é justamente a inversa: que a missa rezada em latim pode afastar os fiéis. Como o sr. explica isso?
LAGUÉRIE - O papa disse que, de fato, recuou muito o conhecimento do latim e que isso pode diminuir a demanda pela missa tradicional. Mas não é preciso conhecer latim para apreciar a missa antiga.
Além disso, o papa nota que, quando se suprimiu a missa tradicional, acreditava-se que as pessoas que seguiam ligadas a ela eram velhos, nostálgicos. Mas o que se vê é justamente o contrário: há uma preponderância de jovens pedindo a volta da missa antiga.
FOLHA - Hoje, no Brasil, as missas tradicionais acontecem somente com autorização dos bispos?
LAGUÉRIE - Sim, existem algumas missas privadas. Sempre há missas em Campos (RJ), onde há um instituto de padres que rezam a missa antiga.
O Instituto Bom Pastor está justamente procurando igrejas para transformar em paróquias pessoais [paróquias que têm controle sobre um grupo de pessoas, e não sobre uma área geográfica, como ocorre com as paróquias convencionais].
FOLHA - Nesse contexto de mudanças na Igreja Católica, qual o papel do Instituto Bom Pastor, ao qual o sr. pertence?
LAGUÉRIE - O instituto é um balão de ensaio do "Motu Proprio" e também uma chamada para a reaproximação com a fraternidade de são Pio 10ø, dado que todos os membros iniciais do instituto vieram desse grupo.
Fonte: Folha Online
BEATO NUNO ÁLVARES PEREIRA SERÁ CANONIZADO A 26 DE ABRIL
Nuno Álvares Pereira canonizado a 26 de Abril
Cidade do Vaticano, 21 Fev (Lusa) - O Papa Bento XVI anunciou hoje a canonização este ano de dez beatos, entre os quais o carmelita português Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, segundo um comunicado do Vaticano.
Nuno Álvares Pereira integra, ao lado de quatro italianos, o primeiro grupo, que será canonizado no próximo dia 26 de Abril.
Os quatro italianos são o padre Arcangelo Tadini (1846-1912), fundador da Congregação das irmãs operárias de Sagrada Família, a religiosa Caterina Volpicelli (1839-1894), fundadora da Congregação das Ancelles do Sagrado-Coração, o teólogo Bernardo Tolomei (1272-1348), fundador da Congregação do Mont-Olivet, e Gertrude Caterina Comensoli (1847-1903), fundadora das Irmãs Sacramentinas.
O segundo grupo de cinco beatos será canonizado a 11 de Outubro e integra a francesa Jeanne Jugan (1792-1879), fundadora das Pequenas Irmãs dos Pobres, o arcebispo polaco Zygmunt Szczesny Felinski (1822-1895) e dois religiosos espanhóis, o dominicano Francisco Coll y Guitart (1812-1875) e o irmão trapista Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), assim como o belga Jozef Damian de Veuster (1840-1889), membro da Congregação dos Sagrados-Corações de Jesus e Maria.
Desde o início do seu pontificado, Bento XVI proclamou 18 novos santos mas contrariamente ao seu antecessor, João Paulo II, não preside às missas de beatificação, normalmente celebradas nos países de origem dos beatos, lembra a agência especializada I-media.
O Beato Nuno de Santa Maria (Nuno Álvares Pereira, 1360-1431) foi beatificado em 1918 por Bento XV e, nos últimos anos, a Ordem do Carmo (onde ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiram retomar a defesa da causa da canonização. A sua memória litúrgica celebra-se, actualmente, a 06 de Novembro.
O processo de canonização foi reaberto a 13 de Julho de 2004, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, em sessão solene presidida por D. José Policarpo.
Uma cura milagrosa reconhecida pelo Vaticano foi relatada por Guilhermina de Jesus, uma sexagenária natural de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo, por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a fritar peixe.
O cardeal Saraiva Martins, Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos, conduziu no Vaticano o processo de canonização.
Segundo D. José Saraiva Martins, a idosa sofria de "uma úlcera na córnea, uma coisa gravíssima".
"E os médicos, realmente, chegaram à conclusão que aquilo [a cura] não tinha explicação científica", frisou, em declarações recentes à Lusa, explicando que o processo de canonização de D. Nuno Álvares Pereira chegou ao fim "em três meses", entre Abril e Julho de 2008.
Em Abril, "o milagre atribuído à intervenção do beato Nuno foi examinado pelos médicos [do Vaticano]" e, em Maio, pelos teólogos, "no sentido de saber se tinha sido efeito da oração feita pela doente, pedindo-lhe a sua cura".
Os cardeais da Congregação das Causas dos Santos viriam a aprovar as conclusões, "tanto dos médicos como dos teólogos, e, em Julho, a documentação resultante foi presente ao Papa Bento XVI por D. José Saraiva Martins.
Em Novembro, em Fátima, os bispos católicos portugueses tornaram público o desejo de Bento XVI se deslocar a Portugal em 2009, fazendo conciliar essa viagem com a canonização de Nuno de Santa Maria.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
ALGUNS MOTIVOS PARA O LATIM NA MISSA
ALGUNS MOTIVOS PARA O LATIM NA MISSA
Não se quer acabar com o vernáculo. Apenas o Papa quer incentivar a que se façam mais Missas na língua oficial da Igreja. No que está coberto de razão.
Alguns vêem isso com maus olhos, como se fosse algo terrível o cultivo das mais caras tradições da Igreja. É justamente a falta de tradição que dificulta a formação dos católicos.
Durante centenas de anos, celebrou-se a Missa em latim, e o povo não deixou a Igreja por isso. Há fortes razões teológicas, pastorais e litúrgicas para que se celebre em latim (sem deixar de celebrar em português; não é uma oposição, podendo-se celebrar em ambos os idiomas).
Conheço pessoas bem simples, de pouca instrução, que assistem a Missa em latim (seja no rito tridentino, seja no rito novo). E com muito proveito espiritual!
Participar da Missa é unir-se a Cristo, ao seu sacrifício, não necessariamente entender cada palavra proferida ou responder a cada oração.
Mas a Missa em latim não catequizará o povo – é o que dizem alguns...
Ocorre que Missa não é catequese. Missa em latim. Catequese em português. Nunca se deu catequese em latim (salvo para os que o entendem). Somos catequizados pelos meios de catequese: livros, aulas, a homilia na Missa, tudo isso em português.
O único modo pelo qual podemos entender a Missa como catequese é considerando-a em suas cerimônias como algo que nos ensina, passo a passo, os mistérios da fé. Se é assim, há mais um argumento a favor do latim: o uso de uma outra língua, distinta da comum, demonstra que estamos diante de algo sagrado. E isso é catequese. A melhor de todas: a que mostra que a Missa não é show, é sacrifício, e diante do sacrifício não importa que entendamos as palavras, mas o que elas, em seu conjunto, significam.
O latim, por ser língua morta, está protegido das constantes mudanças de significado dos idiomas vivos e, por isso, preserva de modo muito mais eficaz o correto entendimento da doutrina. As línguas modernas assumem significados cada vez mais diversos para seus vocábulos. Hoje, uma palavra tem um sentido, amanhã a mesma terá outro. Como o latim é uma língua morta, isso não ocorre. As palavras terão sempre o mesmo sentido, e assim a doutrina é corretamente transmitida, diminuindo a possibilidade de maus entendidos.
“O uso da Língua Latina é um claro e nobre indício de unidade e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei)
Além disso, o uso de um idioma diferente do que estamos acostumados mostra que a liturgia é algo sacro. O latim demonstraria que estamos em outro clima, em outra atmosfera. Mostraria a solenidade do momento. E isso é importante para bem compreendermos a liturgia. Imagina, estás falando em português o todo tempo. De repente, chegas na igreja, e começa o culto: "In nomine Patris et Filio et Spiritus Sanctus". Já estás em outro local. É o céu na terra. Até a língua muda!
O latim, portanto, fala muito à alma. Na Missa não precisamos entender as palavras, precisamos entender é o que está acontecendo.
De outra sorte, pergunto: é preciso que o povo entenda as PALAVRAS da Missa? Não! O que é preciso é entender a PRÓPRIA Missa! Todos entendemos todas as palavras da Missa? Claro que não. Há muitas passagens de altíssima teologia, que quase ninguém entende.
Mas isso não nos impede de colher frutos da Missa. Se o entendimento das palavras da Missa fosse necessário para cresceres espiritualmente e para apreenderes os frutos da liturgia, então só doutores em teologia iriam à Missa, só eles se beneficiariam.
Muitos analfabetos, que nem sequer sabiam seu idioma direito, iam à Missa em latim e se santificavam na Idade Média, e até poucos anos. Por acaso, eles se afastaram da Igreja por não entenderem latim? Pelo contrário, se santificaram!
Importa entender que a Missa é o Sacrifício da Cruz e nos unirmos a esse ato sublime. Não importa entender o que as palavras da Missa dizem. Ajuda? Sim, pode ajudar, mas importar não importa. E quem quiser acompanhar as palavras pode decorar a Missa em latim, como decora o português, e ainda acompanhar pelos missais e folhetinhos.
O latim, ademais, nos mostra a pertença a uma Igreja maior, universal, que fala a mesma língua. Se tivermos Missa em latim em todas as igrejas (ao lado da Missa em vernáculo), então sempre que estivermos em qualquer lugar do mundo, poderemos ir numa Missa que entenderemos, pois estaremos acostumados.
O motivo de muitos não gostarem do latim é por não terem entendido o que é a Missa, ainda. A Missa é PARA DEUS, não para os homens. Não somos nós que temos de entender as palavras, mas Deus.
Não valorizar a tradição representada pelo latim, por outro lado, é não entender nada da fé católica. Uma Missa em latim evoca a universalidade da Igreja, e mostra que a Igreja tem dois mil anos. Nossa fé não nasceu ontem. Estar em uma Missa em latim mostra-nos que estamos juntos naquilo que os santos viveram.
“O Latim exprime de maneira palmar e sensível a unidade e a universalidade da Igreja.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo I, Discurso ao Clero Romano)
E quem não gostar do latim ou não entender sua importância, não compreender seu significado no rito?
Ora, os menos esclarecidos estão saindo da Igreja por falta de formação. Por não entenderem o simbolismo litúrgico. E por causa disso, então, vamos acabar com o simbolismo, só porque eles não entendem?
Então, se muitos não entendem as letras, vamos fazer o que? Acabar com o alfabeto? Pelo contrário, vamos alfabetizá-los!
Aos que não entendem a doutrina, vamos explicá-la. Aos que não entendem os símbolos, vamos ensinar a lê-los. Em vez de acabar com o latim, vamos
mostrar a importância!
Enfim, o maior uso do latim desperta nas pessoas mais reverência, mais entendimento do que realmente seja a Santa Missa, mais respeito e amor pela Eucaristia.
Cabe lembrar que quando falamos “Missa em latim” não estamos nos referindo necessariamente à chamada “Missa tridentina”, o rito tradicional, forma extraordinária do rito romano, que utiliza o Missal de São Pio V. Não. Também a “Missa nova”, o rito moderno, forma ordinária do rito romano, segundo o Missal de Paulo VI, a mesma que utilizamos na maioria de nossas igrejas, pode ser feita em latim. Na verdade, o normal é que tivéssemos uma Missa em latim no rito moderno ao menos semanalmente em todas as paróquias.
Fonte:Dominus vobiscum
Não se quer acabar com o vernáculo. Apenas o Papa quer incentivar a que se façam mais Missas na língua oficial da Igreja. No que está coberto de razão.
Alguns vêem isso com maus olhos, como se fosse algo terrível o cultivo das mais caras tradições da Igreja. É justamente a falta de tradição que dificulta a formação dos católicos.
Durante centenas de anos, celebrou-se a Missa em latim, e o povo não deixou a Igreja por isso. Há fortes razões teológicas, pastorais e litúrgicas para que se celebre em latim (sem deixar de celebrar em português; não é uma oposição, podendo-se celebrar em ambos os idiomas).
Conheço pessoas bem simples, de pouca instrução, que assistem a Missa em latim (seja no rito tridentino, seja no rito novo). E com muito proveito espiritual!
Participar da Missa é unir-se a Cristo, ao seu sacrifício, não necessariamente entender cada palavra proferida ou responder a cada oração.
Mas a Missa em latim não catequizará o povo – é o que dizem alguns...
Ocorre que Missa não é catequese. Missa em latim. Catequese em português. Nunca se deu catequese em latim (salvo para os que o entendem). Somos catequizados pelos meios de catequese: livros, aulas, a homilia na Missa, tudo isso em português.
O único modo pelo qual podemos entender a Missa como catequese é considerando-a em suas cerimônias como algo que nos ensina, passo a passo, os mistérios da fé. Se é assim, há mais um argumento a favor do latim: o uso de uma outra língua, distinta da comum, demonstra que estamos diante de algo sagrado. E isso é catequese. A melhor de todas: a que mostra que a Missa não é show, é sacrifício, e diante do sacrifício não importa que entendamos as palavras, mas o que elas, em seu conjunto, significam.
O latim, por ser língua morta, está protegido das constantes mudanças de significado dos idiomas vivos e, por isso, preserva de modo muito mais eficaz o correto entendimento da doutrina. As línguas modernas assumem significados cada vez mais diversos para seus vocábulos. Hoje, uma palavra tem um sentido, amanhã a mesma terá outro. Como o latim é uma língua morta, isso não ocorre. As palavras terão sempre o mesmo sentido, e assim a doutrina é corretamente transmitida, diminuindo a possibilidade de maus entendidos.
“O uso da Língua Latina é um claro e nobre indício de unidade e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei)
Além disso, o uso de um idioma diferente do que estamos acostumados mostra que a liturgia é algo sacro. O latim demonstraria que estamos em outro clima, em outra atmosfera. Mostraria a solenidade do momento. E isso é importante para bem compreendermos a liturgia. Imagina, estás falando em português o todo tempo. De repente, chegas na igreja, e começa o culto: "In nomine Patris et Filio et Spiritus Sanctus". Já estás em outro local. É o céu na terra. Até a língua muda!
O latim, portanto, fala muito à alma. Na Missa não precisamos entender as palavras, precisamos entender é o que está acontecendo.
De outra sorte, pergunto: é preciso que o povo entenda as PALAVRAS da Missa? Não! O que é preciso é entender a PRÓPRIA Missa! Todos entendemos todas as palavras da Missa? Claro que não. Há muitas passagens de altíssima teologia, que quase ninguém entende.
Mas isso não nos impede de colher frutos da Missa. Se o entendimento das palavras da Missa fosse necessário para cresceres espiritualmente e para apreenderes os frutos da liturgia, então só doutores em teologia iriam à Missa, só eles se beneficiariam.
Muitos analfabetos, que nem sequer sabiam seu idioma direito, iam à Missa em latim e se santificavam na Idade Média, e até poucos anos. Por acaso, eles se afastaram da Igreja por não entenderem latim? Pelo contrário, se santificaram!
Importa entender que a Missa é o Sacrifício da Cruz e nos unirmos a esse ato sublime. Não importa entender o que as palavras da Missa dizem. Ajuda? Sim, pode ajudar, mas importar não importa. E quem quiser acompanhar as palavras pode decorar a Missa em latim, como decora o português, e ainda acompanhar pelos missais e folhetinhos.
O latim, ademais, nos mostra a pertença a uma Igreja maior, universal, que fala a mesma língua. Se tivermos Missa em latim em todas as igrejas (ao lado da Missa em vernáculo), então sempre que estivermos em qualquer lugar do mundo, poderemos ir numa Missa que entenderemos, pois estaremos acostumados.
O motivo de muitos não gostarem do latim é por não terem entendido o que é a Missa, ainda. A Missa é PARA DEUS, não para os homens. Não somos nós que temos de entender as palavras, mas Deus.
Não valorizar a tradição representada pelo latim, por outro lado, é não entender nada da fé católica. Uma Missa em latim evoca a universalidade da Igreja, e mostra que a Igreja tem dois mil anos. Nossa fé não nasceu ontem. Estar em uma Missa em latim mostra-nos que estamos juntos naquilo que os santos viveram.
“O Latim exprime de maneira palmar e sensível a unidade e a universalidade da Igreja.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo I, Discurso ao Clero Romano)
E quem não gostar do latim ou não entender sua importância, não compreender seu significado no rito?
Ora, os menos esclarecidos estão saindo da Igreja por falta de formação. Por não entenderem o simbolismo litúrgico. E por causa disso, então, vamos acabar com o simbolismo, só porque eles não entendem?
Então, se muitos não entendem as letras, vamos fazer o que? Acabar com o alfabeto? Pelo contrário, vamos alfabetizá-los!
Aos que não entendem a doutrina, vamos explicá-la. Aos que não entendem os símbolos, vamos ensinar a lê-los. Em vez de acabar com o latim, vamos
mostrar a importância!
Enfim, o maior uso do latim desperta nas pessoas mais reverência, mais entendimento do que realmente seja a Santa Missa, mais respeito e amor pela Eucaristia.
Cabe lembrar que quando falamos “Missa em latim” não estamos nos referindo necessariamente à chamada “Missa tridentina”, o rito tradicional, forma extraordinária do rito romano, que utiliza o Missal de São Pio V. Não. Também a “Missa nova”, o rito moderno, forma ordinária do rito romano, segundo o Missal de Paulo VI, a mesma que utilizamos na maioria de nossas igrejas, pode ser feita em latim. Na verdade, o normal é que tivéssemos uma Missa em latim no rito moderno ao menos semanalmente em todas as paróquias.
Fonte:Dominus vobiscum
MONS. WILLIAMSON SERÁ EXPLULSO DA ARGENTINA?
Expulsão de Dom Williamson
A notícia da possível expulsão de Dom Richard Williamson da Argentina é chocante. Segundo Florencio Randazzo, Ministro do Interior argentino, são duas as razões que motivam o governo:
1. “Por essas considerações (declarações antissemitas a um veículo de imprensa sueco) (...) o governo decide fazer uso das faculdades que lhe confere a lei de convidar o bispo a abandonar o país ou submeter-se à expulsão”.
2. “O órgão migratório argentino também aponta em sua decisão que Williamson mentiu sobre os motivos de sua permanência no país, declarando ser funcionário de uma associação civil, enquanto exercia a liderança religiosa e um seminário da Fraternidade Pio X”.
Os leitores argentinos nos ajudariam com informações precisas sobre o sistema legal naquele país. Qual lei argentina teria sido violada por Dom Williamson? Erros a respeito de acontecimentos históricos (que não tornam Dom Williamson antissemita) são punidos pelas leis argentinas? Será criado um tribunal de exceção para julgá-lo, com leis especialmente confeccionadas ad hoc? Ou não terá ele direito ao devido processo legal, sendo sujeito à expulsão sumária?
A segunda razão poderia ser o expediente legal usado para a expulsão. Teria Dom Williamson realmente dado uma declaração falsa para sua permanência na argentina? Haveria motivos para isso? Ser uma liderança religiosa e reitor de um seminário da Fraternidade é algo que se deva esconder ou que se esconde com facilidade na Argentina? É possível que Dom Williamson tenha omitido suas atividades religiosas, o que difere de mentir a respeito delas.
Não creio que um processo de expulsão baseado nas razões expostas tenha êxito num país democrático, cujas instituições funcionem legalmente. Corrijam-me os juristas, corrijam-me os argentinos, se me equivoco. Não duvido, todavia, que se encontrem lacunas legais desfavoráveis à permanência do bispo no país. Ou talvez estejamos diante de mais um factoide do governo Cristina Kirchner para ganhar manchetes favoráveis na mídia local e internacional.
Qual será a atitude do episcopado argentino diante da ameaça? Deixarão um bispo católico ser expulso do país por um “crime” de opinião, cometido em outro país? Deixarão um bispo católico ser expulso de um país católico sob a alegação de ter mentido às autoridades de imigração sem que tivesse motivos para isto? Um precedente desta natureza põe em risco todos os bispos da argentina que ousarem emitir opiniões que desagradem ao governo.
P.S.: Veio-me à mente uma curiosa associação de pessoas. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é antissemita, inimigo do Estado de Israel e nega o Holocausto. Ahmadinejad é amigo e aliado de Hugo Chávez. Hugo Chávez financiou ilicitamente com seus petrodólares a campanha de Cristina Kirchner, é seu amigo e aliado. Alguém precisa explicar porque o "antissemitismo" midiaticamente construído para Dom Williamson é mais prejudicial à Argentina que o antissemitismo real e belicoso de um aliado do aliado e financiador do governo Kirchner. Estaria Dom Williamson servindo de bode expiatório aos olhos da comunidade judaica argentina para esconder as conexões perigosas do governo peronista?
Fonte:Oblatvs
PAPA BENTO XVI convida a meditar todos os dias a Palavra de Deus com a prática fiel da lectio divina
FESTA DA APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO
XIII DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Neste Ano Paulino, faço minhas as palavras do Apóstolo: "Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós. Em todas as minhas orações peço sempre com alegria por todos vós, recordando-me da parte que tomastes na difusão do Evangelho, desde o primeiro dia até agora" (Fl 1, 3-5). Nesta saudação, dirigida à comunidade cristã de Filipos, Paulo manifesta a recordação afectuosa que ele conserva daqueles que vivem pessoalmente o Evangelho e se comprometem em transmiti-lo, unindo ao cuidado pela vida interior o esforço da missão apostólica.
Na tradição da Igreja, São Paulo foi sempre reconhecido pai e mestre daqueles que, chamados pelo Senhor, fizeram a escolha de uma dedicação incondicionada a Ele e ao seu Evangelho. Diversos Institutos religiosos adquirem de São Paulo o nome, e dele haurem uma inspiração carismática específica. Pode-se dizer que ele repete a todos os consagrados e consagradas um convite simples e afectuoso: "Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo" (1 Cor 11, 1).
Com efeito, o que é a vida consagrada, a não ser uma imitação radical de Jesus, uma "sequela" total dele (cf. Mt 19, 27-28). Pois bem, em tudo isto Paulo representa uma mediação pedagógica segura: caríssimos, imitá-lo no seguimento de Cristo constitui o caminho privilegiado para corresponder até ao fundo à vossa vocação de consagração especial na Igreja.
Aliás, da sua própria voz podemos conhecer um estilo de vida, que exprime a substância da vida consagrada inspirada nos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Na vida de pobreza, ele vê a garantia de um anúncio do Evangelho realizado em gratuidade total (cf. 1 Cor 9, 1-23) enquanto exprime, ao mesmo tempo, a solidariedade concreta para com os irmãos em necessidade. A este propósito, todos nós conhecemos a decisão de Paulo, de se manter com o trabalho das suas mãos e o seu compromisso pela colecta em benefício dos pobres de Jerusalém (cf. 1 Ts 2, 9; 2 Cor 8-9).
Paulo é também um Apóstolo que, acolhendo o chamamento de Deus à castidade, entregou o coração ao Senhor de maneira indivisa, para poder servir com liberdade e dedicação ainda maiores aos seus irmãos (cf. 1 Cor 7, 7; 2 Cor 11, 1-2); além disso, num mundo em que os valores da castidade cristã tinham escassa cidadania (cf. 1 Cor 6, 12-20), ele oferece uma segura referência de conduta.
Depois, naquilo que se refere à obediência, é suficiente observar que o cumprimento da vontade de Deus e a "obsessão de cada dia: o cuidado de todas as Igrejas" (2 Cor 11, 28) animaram, plasmaram e consumiram a sua existência, que se tornou sacrifício agradável a Deus. Tudo isto o leva a proclamar, como ele escreve aos Filipenses: "Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro" (Fl 1, 21).
Outro aspecto fundamental da vida consagrada de Paulo é a missão. Ele é inteiramente de Jesus para ser, como Jesus, de todos; aliás, a fim de ser Jesus para todos: "Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a todo o custo" (1Cor 9, 22). A ele, tão intimamente unido à pessoa de Cristo, reconhecemos uma profunda capacidade de unir a vida espiritual e a obra missionária; nele, estas duas dimensões evocam-se reciprocamente.
E deste modo, podemos dizer que ele pertence àquele exército de "construtores místicos", cuja existência é contemplativa e ao mesmo tempo activa, aberta a Deus e aos irmãos para desempenhar um serviço eficaz ao Evangelho. Nesta tensão místico-apostólica, apraz-me frisar a coragem do Apóstolo diante do sacrifício de enfrentar provações terríveis, até ao martírio (cf. 2 Cor 11, 16-33), a confiança inabalável alicerçada nas palavras do seu Senhor: "Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que a minha força se revela totalmente" (2 Cor 12, 9).
Assim, a sua experiência espiritual manifesta-se-nos como a tradução viva do mistério pascal, que ele investigou e anunciou intensamente como forma de vida do cristão. Paulo vive para, com e em Cristo. "Estou crucificado com Cristo! escreve ele já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!" (Gl 2, 19-20); e ainda: "Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro" (Fl 1, 21). Isto explica por que ele não se cansa de exortar a fazer com que a palavra de Cristo habite em nós na sua riqueza (cf. Cl 3, 16).
Convite a procurar todas as manhãs o contacto vivo e constante com a Palavra que neste dia é proclamada, meditando-a e conservando-a no coração como um tesouro, fazendo dele a raiz de toda a acção e o primeiro critério de toda a opção" (n. 7). Por conseguinte, faço votos por que o Ano Paulino alimente ainda mais em vós o propósito de acolher o testemunho de São Paulo, meditando todos os dias a Palavra de Deus com a prática fiel da lectio divina, rezando "com salmos, hinos e cânticos espirituais"; cantando sob a acção da graça" (Cl 3, 16). Além disso, que ele vos ajude a realizar o vosso serviço apostólico na Igreja e com a Igreja, com um espírito de comunhão sem reservas, comunicando aos outros a dádiva dos próprios carismas (cf. 1 Cor 14, 12) e testemunhando em primeiro lugar o maior carisma, que é a caridade (cf. 1 Cor 13).
Estimados irmãos e irmãs, a liturgia hodierna exorta-nos a olhar para a Virgem Maria, a "Consagrada" por excelência. Paulo fala dela com uma fórmula concisa mas eficaz, que descreve a sua grandeza e a sua tarefa: é a "mulher" da qual, na plenitude dos tempos, nasceu o Filho de Deus (cf. Gl 4, 4). Maria é a mãe, que hoje no Templo apresenta o Filho ao Pai, dando continuidade também com este gesto ao "sim" pronunciado no momento da Anunciação. Seja ainda ela a mãe que nos acompanha e nos sustém, a nós filhos de Deus e seus filhos, no cumprimento de um serviço generoso a Deus e aos irmãos. Para tal finalidade, invoco a sua intercessão celestial, enquanto de coração concedo a Bênção Apostólica a todos vós e às vossas respectivas Famílias religiosas.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
QUAL A CRISE QUE ESTAMOS A VIVER ACTUALMENTE ?
¿Cuál es la crisis que estamos atravesando actualmente? Se manifiesta, a mi entender, bajo cuatro aspectos fundamentales para la Santa Iglesia. Se manifiesta, a primera vista, creo yo, y me parece que es uno de los aspectos más graves, porque, para mí, si se estudia la historia de la Iglesia, uno se da cuenta de que la gran crisis que atravesó en el siglo XVI, crisis espantosa, que arrebató a la Iglesia santa, millones y millones de almas, regiones enteras, Estados en su totalidad, esta crisis fue, más que nada, una crisis del culto litúrgico; y que, si actualmente existen divisiones entre aquellos que se dicen cristianos, se ha de atribuir más que a otras causas, a la manera de celebrar el culto litúrgico; y si los protestantes se separaron de la Iglesia, la causa principal es que los instigadores del protestantismo, como Lutero, dijeron, desde el primer momento: "Si queremos destruir la Iglesia hemos de destruir la Santa Misa".
Esta fue la consigna de Lutero. Se había dado cuenta de que, si llegaba a poner las manos en la Santa Misa, si conseguía reducir el Sacrificio de la Misa a una pura comida, a una conmemoración o recuerdo, a una significación de la comunidad cristiana, una rememoración o memorial de la Pasión de Nuestro Señor y, como consecuencia, que quedase más débil lo que hay más sagrado en la Iglesia, lo más santo que nos ha legado Nuestro Señor, lo más sacrosanto, conseguiría destruir la Iglesia. Y ciertamente, obrando de esta forma, consiguió, por desgracia, arrebatar a la Iglesia naciones enteras.
La Misa, un sacrificio
Pues, bien. Hoy existe una tendencia, que nadie puede negar, de poner las manos sobre la Santa Misa. Se llega a alterar cosas que son esenciales en la Santa Misa. Y ¿cuáles son estas cosas esenciales, en la Santa Misa? En primer lugar, la Santa Misa es un sacrificio. Un sacrificio, no es una comida. Pero, en la actualidad, se ha querido desterrar hasta la palabra sacrificio. Se habla de Cena Eucarística, se habla de comunión eucarística, se habla de todo lo que se quiera, con tal de no mencionar siquiera la palabra sacrificio, y no obstante, la Misa es, esencialmente, un sacrificio, el Sacrificio de la Cruz; no es otra cosa. Sustancialmente, el Sacrificio de la Cruz y el Sacrificio de la Misa son la misma cosa y el mismo y único Sacrificio.
No hay otra mutación que en la forma de oblación. Nuestro Señor se ofreció de una manera sangrante, cruenta, en el altar de la Cruz, siendo Él mismo el Sacerdote y la Víctima. Y sobre nuestros altares, se ofrece, siendo igualmente el Sacerdote y la Víctima, por ministerio de los sacerdotes.
El sacerdote es solamente el Ministro consagrado por el Sacramento del Orden, configurado, por el Carácter, al Sacerdocio de Nuestro Señor Jesucristo, ofreciendo el Sacrificio de la Misa, en la persona de Cristo: "in persona Christi".
La Presencia Real
Ya que os he hablado de Sacrificio, hablemos ahora de la segunda cosa necesaria, esencial, que es la Presencia Real de Nuestro Señor, en la Sagrada Eucaristía. Si se elimina la Transubstanciación -esta palabra es de una importancia capital-, porque, al suprimirla, se omite la presencia real, y deja, por tanto, de haber Víctima.
Deja de haber Víctima para el Sacrificio. Y, por tanto, deja de haber Misa. Dicho de otra forma: deja de existir Sacrificio y nuestra Misa es vana. Nos quedamos sin Misa. (Ha dejado de ser el Sacrificio que nos dio Nuestro Señor, en la Santa Cena y en la Cruz y que les mandó a los Apóstoles perpetuar sobre el altar). Es el segundo elemento indispensable. Primero, el Sacrificio, luego, la Presencia Real. Hablemos ahora del Carácter sacerdotal del Ministro.
Es el sacerdote, no los fieles
Es el sacerdote el que ha recibido el encargo, de Dios Nuestro Señor, de continuar el Sacrificio y de ninguna manera los fieles. Cierto es que los fieles se han de unir al Sacrificio, unirse de todo corazón, con toda su alma, a la Víctima, que está sobre el altar, como debe hacerlo también el sacerdote. Pero los fieles no pueden ofrecer, en manera alguna, el Santo Sacrificio, "in persona Christi", como el sacerdote.
El sacerdote está configurado al Sacerdocio de Cristo, está marcado para siempre, para la eternidad. "Tu est sacerdos in aeternum"... Sólo él puede ofrecer verdaderamente el Sacrificio de la Misa, el Sacrificio de la Cruz. Y, por consiguiente, sólo él puede pronunciar las palabras de la Consagración.
¡De rodillas!
No es normal que los seglares se coloquen alrededor del altar y que pronuncien todas las palabras de la Misa, junto con el sacerdote. Porque ellos no son sacerdotes en el sentido propio en que lo es el sacerdote consagrado. Tampoco podemos considerar como cosa normal el haber suprimido toda señal de respeto a la Real Presencia. A fuerza de no ver ningún respeto hacia la Sagrada Eucaristía, acaba por no creerse en la Presencia Real.
Y ¿quién se atreverá a llegar, por tal camino, a cosa parecida, después de meditar la divina Palabra, según la cual "al nombre de Jesús, dóblese toda rodilla, en el Cielo, en la tierra y en los infiernos"? Si al solo nombre hay que arrodillarse ¿vamos a permanecer de pie, cuando está presente en realidad, en la Sagrada Eucaristía?
Al lugar donde se ofrece un sacrificio, se le llama altar. Por ello, no se puede aceptar, como sustitutivo del altar, una mesa corriente, destinada a las comidas, que, según recordaba San Pablo, se hallan en los comedores de las casas, para comer y beber. El altar ha de ser pieza que no se traslade y donde se ofrece y se derrama la sangre. En el momento en que el altar se convierte en mesa de comedor, ha dejado de ser altar.
Tomado del protestantismo
Suprimir todos los altares, que son verdaderamente tales, poner, en su lugar una mesa de madera, delante del altar, que ha sido solemnemente consagrado, es, precisamente, hacer desaparecer la noción de Sacrificio, que hemos visto es de importancia capital para la Iglesia Católica. y es de esta forma como llegó y se consolidó el protestantismo. Por esta desaparición de la idea de Sacrificio, pasó Inglaterra entera, al cisma y luego a la herejía. ...Resbalando, resbalando, poco a poco, vamos a encontrarnos protestantes, sin enterrnos siquiera.
Tomado, algo abreviado, de la publicación "Vers Demain", número de noviembre-diciembre de 1971.
Publicado por ObispoAloisHudal
MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2009
"Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e,
por fim, teve fome" (Mt 4, 1-2)
Queridos irmãos e irmãs!
No início da Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso, a Liturgia propõe-nos três práticas penitenciais muito queridas à tradição bíblica e cristã – a oração, a esmola, o jejum – a fim de nos predispormos para celebrar melhor a Páscoa e deste modo fazer experiência do poder de Deus que, como ouviremos na Vigília pascal, «derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos. Dissipa o ódio, domina a insensibilidade dos poderosos, promove a concórdia e a paz» (Hino pascal).
Na habitual Mensagem quaresmal, gostaria de reflectir este ano em particular sobre o valor e o sentido do jejum. De facto a Quaresma traz à mente os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto antes de empreender a sua missão pública.
Lemos no Evangelho: «O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2). Como Moisés antes de receber as Tábuas da Lei (cf. Êx 34, 28), como Elias antes de encontrar o Senhor no monte Oreb (cf. 1 Rs 19, 8), assim Jesus rezando e jejuando se preparou para a sua missão, cujo início foi um duro confronto com o tentador.
Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17).
Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O “não comas” e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98).
Dado que todos estamos estorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua protecção.
O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.
No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4).
O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.
Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas.
Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332).
Nos nossos dias, a prática do jejum parece ter perdido um pouco do seu valor espiritual e ter adquirido antes, numa cultura marcada pela busca da satisfação material, o valor de uma medida terapêutica para a cura do próprio corpo. Jejuar sem dúvida é bom para o bem-estar, mas para os crentes é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que os impede de se conformarem com a vontade de Deus.
Na Constituição apostólica Paenitemini de 1966, o Servo de Deus Paulo VI reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto da chamada de cada cristão a «não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e... também a viver pelos irmãos» (Cf. Cap. I).
A Quaresma poderia ser uma ocasião oportuna para retomar as normas contidas na citada Constituição apostólica, valorizando o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial, que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e compêndio de todo o Evangelho (cf. Mt 22, 34-40).
A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor. Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações negativas e as definia «nó complicado e emaranhado» (Confissões, II, 10.18), no seu tratado A utilidade do jejum, escrevia: «Certamente é um suplício que me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura» (Sermo 400, 3, 3: PL 40, 708).
Privar-se do sustento material que alimenta o corpo facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus.
Ao mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como estará nele o amor de Deus?» (3, 17). Jejuar voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se inclina e socorre o irmão que sofre (cf. Enc. Deus caritas est, 15).
Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a esmola.
Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram feitas colectas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham poupado (cf. Didascalia Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal.
De quanto disse sobressai com grande clareza que o jejum representa uma prática ascética importante, uma arma espiritual para lutar contra qualquer eventual apego desordenado a nós mesmos. Privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais, ajuda o discípulo de Cristo a controlar os apetites da natureza fragilizada pela culpa da origem, cujos efeitos negativos atingem toda a personalidade humana. Exorta oportunamente um antigo hino litúrgico quaresmal: «Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia – Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes».
Queridos irmãos e irmãos, considerando bem, o jejum tem como sua finalidade última ajudar cada um de nós, como escrevia o Servo de Deus Papa João Paulo II, a fazer dom total de si a Deus (cf. Enc. Veritatis splendor, 21). A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma abrindo-a ao amor de Deus e do próximo. Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina, no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação activa na Eucaristia, sobretudo na Santa Missa dominical.
Com esta disposição interior entremos no clima penitencial da Quaresma. Acompanhe-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Causa nostrae laetitiae, e ampare-nos no esforço de libertar o nosso coração da escravidão do pecado para o tornar cada vez mais «tabernáculo vivo de Deus». Com estes votos, ao garantir a minha oração para que cada crente e comunidade eclesial percorra um proveitoso itinerário quaresmal, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 11 de Dezembro de 2008.
BENEDICTUS PP. XVI
MONS. FELLAY CONVIDA A REZAR E A FAZER MAIS SACRIFÍCIOS
Presentamos la traducción de una nueva entrevista concedida por Monseñor Bernard Fellay a The Remnant.
Mershon: El Vaticano, en una carta del Cardenal Giovanni Battista Re, Prefecto de la Congregación de Obispos, fechada el 21 de enero del 2009, disolvió el decreto de excomunión de los cuatro obispos de la Sociedad. Los fieles católicos asociados con la Sociedad, junto con muchos católicos en el mundo que se identifican con su causa, atribuyeron esto, en parte, al millón setecientos mil rosarios que se ofrecieron por el levantamiento de las excomuniones. ¿Hasta qué punto atribuyen la decisión del Santo Padre a este ramillete espiritual?
Mons. Fellay: Todo está en las manos de Dios, y es Dios quien lo sabe mejor. La interacción entre el plan de Dios para el mundo y la acción de los hombres es un gran misterio de la fe. Estoy seguro que sin la Cruzada del Rosario, el decreto del 21 de enero no habría sido publicado. Dios conocía tanto la Cruzada del Rosario como la decisión del Santo Padre. Cada oración tuvo su parte en el plan de Dios.
*
En varias declaraciones públicas durante los últimos años, usted predijo que si el Santo Padre fuera a disolver las excomuniones de los obispos de la Sociedad, habría una gran batalla interna, y quizá algo de desacuerdo de obispos e incluso cardenales dentro de la Iglesia. ¿Qué es lo que percibe sobre la batalla, no sólo contra la SSPX sino también contra el Santo Padre?
De hecho, no tengo mucha información de lo que está sucediendo ahora en el Vaticano. Sólo veo que hay una pelea, con algunos apoyando al Papa, y otros usando la situación presente para poner presión sobre el Papa y sus amigos.
*
¿Pensó alguna vez que esto resultaría en tanta publicidad negativa y ataques de los medios seculares?
Definitivamente, no. De hecho, no tenía una idea específica de lo que serían las reacciones de los medios o de las conferencias episcopales. Es obvio, y esto ha venido sucediendo por años, que hay una fuerte oposición contra nosotros entre los progresistas, pero era imposible imaginar que usarían contra nosotros las armas que han estado usando durante semanas.
Y desafortunadamente, Monseñor Williamson les proveyó con un arma inesperada para lanzar sus ataques contra nosotros. Entonces, el mundo secular y los progresistas unidos fueron capaces de atacarnos y de crear una tremenda presión sobre el Papa acerca de algo que nada tiene que ver con la fe. Pareciera que varios cardenales fueron capaces de discernir, en el tumulto y la tormenta, que el diablo estaba activo. Esperamos que continúen sacando sus conclusiones.
*
¿Qué sigue? ¿Tienen una agenda específica para las discusiones teológicas sobre los puntos difíciles del Vaticano II? ¿Puede decirnos quién participará en este diálogo de parte de la SSPX y de parte de la Curia romana?
No tenemos aún una agenda. Veremos con Roma en los próximos meses cómo se desarrollan las cosas acerca de este diálogo necesario sobre la doctrina y otros elementos importantes de la vida cristiana. Revelaremos a su debido tiempo los nombres de aquellos que participarán en este diálogo.
Es obvio que parte de estas discusiones debe llevarse a cabo en una atmósfera pacífica, lejos de los medios, en orden a que sea fructífera. Sin duda daremos la información necesaria a nuestros fieles. Pero todo esto primero debe convertirse en una realidad concreta.
*
Su carta a sus fieles católicos decía: “Estamos listos para escribir con nuestra propia sangre el Credo, para firmar el juramento anti-modernista, la profesión de fe de Pío V; aceptamos y hacemos propios todos los concilios hasta el Concilio Vaticano II, sobre el que tenemos algunas reservas”. En entrevistas sucesivas del Cardenal Castrillón y de usted mismo, se dijo que quizá el Vaticano II no era una piedra de tropiezo tan grande como muchos sospechaban. El Cardenal Castrillón dijo que ustedes ya lo habían aceptado “teológicamente”.
Y en su entrevista a Monde & Vie, usted indicó que se necesitaban clarificaciones suficientes, pero no necesariamente una lista exhaustiva de puntos teológicos que podrían extenderse sin fin. ¿Podría aclararnos los puntos específicos, presumiblemente sobre el Decreto sobre el Ecumenismo y la Declaración sobre la Libertad Religiosa sobre los cuales buscan clarificación? ¿Quizá también Gaudium et Spes?
Primero de todo, si alguien piensa que he diluido nuestra posición, está equivocado. Nuestra posición permanece exactamente la misma. Y cuando dije que lo que se necesitaba era una clarificación suficiente y no necesariamente una lista exhaustiva de los puntos teológicos, lo que quise decir es que necesitan resolverse todos los puntos esenciales y los principios que han llevado a la Iglesia a la presente crisis; pero por supuesto no todas las conclusiones, ya que esto llevaría demasiado tiempo y podría ser una tarea interminable. Una vez que los principios estén sólidos, las conclusiones se seguirán solas.
Puntos específicos: nos enfrentamos con una gran montaña. Primero, hay un espíritu, que podemos llamar modernismo. Hay también un lenguaje muy ambiguo que ha sido usado siguiendo el modelo de lenguaje de la filosofía moderna. Esto resulta en el falso espíritu que impregnó el Concilio entero. El hecho de que haya tantas ambigüedades lleva a distintas interpretaciones de los textos, y el mismo Papa Benedicto XVI condenó las interpretaciones extremistas de los ultra-progresistas.
Luego, tenemos toda la cuestión de las relaciones entre la Iglesia y el mundo. En el Concilio, una visión muy positiva centrada en el hombre desvirtúa todo, especialmente en Gaudium et Spes y Lumen Gentium. Hay una forma demasiado positiva de considerar a las otras religiones, que hasta el momento, aún eran llamadas “religiones falsas”. Ahora este término se ha desechado. ¿Significa que ahora son más verdaderas?
La libertad religiosa es un elemento fundamental del pensamiento moderno y de la filosofía moderna. Por supuesto, uno puede encontrar puntos positivos en las demás religiones, pero debe buscarse la doctrina verdadera en distinciones profundas y necesarias.
Por ejemplo, tomemos los derechos humanos. La Iglesia siempre ha defendido y protegido muchos derechos humanos. La Iglesia dice que estos derechos brotan de las obligaciones de los hombres hacia su Creador. No son absolutos, siempre dependen de la verdad y del bien. Jamás encontrarás un derecho que esté basado en el error o en el mal. Entonces, poner el énfasis en la persona humana, como se hace ahora, puede llevar a un profundo error. Y esto no significa que no hay un verdadero y necesario uso de la conciencia humana… sí, tenemos una enorme tarea por delante.
*
El Santo Padre (en su carta a los obispos de Chile en 1988), tanto como el mismo Papa Pablo VI, afirmaron que el Concilio Vaticano II era principalmente pastoral, sin la nota de las declaraciones dogmáticas del nivel de Magisterio extraordinario. Con esto en mente, ¿qué tipo de decisiones espera alcanzar con la Santa Sede?
Presentaremos nuestras cuestiones a la Santa Sede, nuestros problemas. Esperamos que se utilizarán frases lo suficientemente claras como para que sean dadas las respuestas correctas y apropiadas. Definitivamente esperamos del Santo Padre y de la Santa Sede una verdadera clarificación del Concilio. Lo que necesita corregirse, debe ser corregido. Lo que necesita ser rechazado, debe ser rechazado. Lo que necesita ser aceptado, debe ser aceptado.
*
Al Instituto Buen Pastor se le permitió conservar sus opiniones teológicas al tiempo que continúa comprometido en la discusión sobre los puntos disputados del Vaticano II, sin problemas, en el corazón de la Iglesia. ¿Prevé una misión similar para la Sociedad San Pío X? ¿Cómo podría diferir de aquella del Instituto Buen Pastor?
No hay comparación entre el Instituto Buen Pastor y el trabajo que estamos comenzando. Sí, en el documento de sus constituciones hubo una mención de la discusión sobre los asuntos disputados. Pero hasta ahora, ¿dónde están esas discusiones? No conozco de ninguna. En nuestra relación con la Santa Sede estamos en una situación completamente diferente, porque la Santa Sede reconoce la necesidad de involucrarse en estudios y discusiones doctrinales con nosotros.
*
Por supuesto que la Sociedad reconoce el Concilio Vaticano II como un Concilio de la Iglesia. ¿Cree que se espera que ustedes adhieran a más que eso – en el sentido de que ustedes adhieran a los documentos con la misma autoridad y certeza teológica con que la Iglesia los sostiene?
Si nos guiamos por la última declaración de la Secretaría de Estado, podemos temer que Roma quiera imponernos una aceptación completa del Vaticano II. Pero una vez más, ¿qué significa eso? ¿Cuál es el Vaticano II real cuando hay tantas interpretaciones diferentes? Incluso en los últimos 40 años, ¿qué fue el Vaticano II? Según su propia definición es un concilio pastoral, no uno dogmático, por lo que no puede de pronto ser interpretado como completamente dogmático. Y en cuanto a la autoridad de los documentos, debido a que no encontramos ningún tipo de pronunciamiento claro sobre su autoridad, hay gran confusión al respecto. Muy claramente, su autoridad no puede ser mayor ahora que la que el Concilio mismo quiso que fuera. Y el Concilio no quiso ser infalible.
*
¿Prevé alguna supervisión por parte de los obispos diocesanos territoriales una vez que la Sociedad sea regularizada?
Eso sería nuestra muerte. La situación de la Iglesia es tal que una vez que sean clarificadas las cuestiones doctrinales, necesitaremos nuestra propia autonomía en orden a sobrevivir. Esto significa que tendremos que estar directamente bajo la autoridad del Papa con una exención. Si miramos en la historia de la Iglesia, vemos que cada vez que los Papas quisieron restaurar a la Iglesia, se apoyaron en una fuerza nueva, como los benedictinos cistercienses, a los que el Papa permitió actuar lo mejor posible durante la crisis, en un status de exención, en orden a superar la crisis.
¿Esperan una prelatura personal, o quizá una Administración Apostólica para la SSPX, con relación directa a la Pontificia Comisión Ecclesia Dei?
Parecería que el proyecto que Roma tiene en reserva para nosotros va en esa dirección. Pero no estoy seguro.
*
Usted ha hablado en el pasado sobre algunos obispos, cardenales, y quizá incluso miembros de la Curia, que son cordiales a la SSPX y a su causa. ¿Puede nombrarlos, o darnos una pista de quiénes son y cuántos?
La situación de la Iglesia es tal que no podemos dar ningún nombre. Le haría la vida demasiado difícil o insoportable a estos hombres de Iglesia. Ciertamente nos encontramos con más simpatía con algunos obispos. Pero mientras ellos no lo declaren públicamente, no es prudente que digamos nada.
¿Cuánto tiempo cree que tarden las discusiones teológicas? ¿Qué período de tiempo espera para la completa regularización y subsiguiente misión canónica para la SSPX?
No tengo idea sobre el tiempo necesario para el trabajo sobre las cuestiones doctrinales o, después, para el establecimiento de la nueva estructura canónica. Una vez más, deseo insistir que la presente situación muestra muy claramente que es impensable tratar la cuestión canónica antes de haber solucionado los principales problemas teológicos.
*
Este diálogo con la Santa Sede comenzó con su reunión con el Papa Juan Pablo II durante el Año del Jubileo en el que usted intercambió un breve saludo y rezó el Pater con el Santo Padre. ¿Cuánto atribuye de este potencial camino hacia el completo reconocimiento a Juan Pablo II y a esa reunión inicial?
Es muy difícil decir si la primera iniciativa vino del Papa o de la influencia de algunos cardenales. Sabemos que durante años, algunos cardenales y quizá incluso el mismo Papa han sido conscientes de la crisis, e incluso de la profundidad de la crisis – aunque no estuviéramos de acuerdo con ellos en todos los puntos, y especialmente en el tema de las causas de la crisis. Al mismo tiempo, ellos nos consideran como potenciales fuerzas de ayuda para superar la crisis. Pero no le concedería mucho importancia a la reunión con el Papa Juan Pablo II, dado que no hablamos. Yo sólo lo consideré un pequeño paso adelante en un proceso que ya había comenzado.
*
¿Hay tendencias hacia el anti-semitismo en las filas de la SSPX? En su opinión, ¿es antisemita orar y trabajar y dialogar para la conversión de los judíos religiosos a la fe católica? Y, ¿por qué cree que hay tanta sensibilidad en los medios hacia el supuesto “anti-semitismo”, como si estuviera debajo de cada piedra? ¿Cree que hay igual cantidad de anti-catolicismo por parte de políticos, medios de prensa y otros que toman decisiones en la sociedad occidental? Si es así, ¿por qué cree que el anti-catolicismo obtiene un pase libre de parte de los medios seculares, incluso de la mayoría de los medios católicos?
La palabra “antisemita”, o “anti-semitismo” son ambiguas. Tienen al menos dos significados completamente diferentes. Primero, la palabra “semita” refiere a todos los descendientes de Sem, uno de los tres hijos de Noé. No sólo los judíos, sino también los árabes perteneces a esta rama de la humanidad; todos ellos son semitas.
En este sentido, la palabra se refiere a razas, a personas, y no tiene ninguna connotación religiosa. El anti-semitismo es condenado por la Iglesia como una especie de racismo. El racismo es una injusticia y va contra el mandamiento del amor al prójimo.
Hay otro significado dado al anti-semitismo, conectado con la religión, específicamente con la religión judía. En la presente situación, cualquiera que dijese algo sobre la religión judía, o, por ejemplo, dijese que los judíos deberían abrazar la fe, podría ser muy fácilmente etiquetado como antisemita. Pero esto está mal. De hecho, para responder a su pregunta, en el mundo hay mucho más anti-catolicismo que anti-semitismo. El problema es que el anti-catolicismo permanece en el dominio religioso, mientras que el anti-semitismo es casi inmediatamente conectado con el pueblo judío, lo que es, repito, muy ambiguo e impreciso.
*
Hay informes de que el Cardenal Re no estaba muy contento con que el Papa le ordenara escribir la carta disolviendo las excomuniones. Supuestamente, a él y a otros en la Curia les desagrada la influencia ejercida por el Cardenal Castrillón sobre este asunto importante. ¿Puede confirmar o negar estos informes? ¿Cómo espera que sigan las relaciones con la Curia romana y con otros obispos, asumiendo que se finalizara pronto la regularización canónica y una misión jurídica?
No puedo confirmar ni negar estos informes. No estoy en la Curia romana, y me es desconocido lo que sucede dentro de ella. Lo que veo es que el Cardenal Re sí firmó el decreto, por lo que asumo que ha obedecido al Santo Padre.
*
¿Tiene algún pensamiento que quisiera compartir con los católicos interesados en esta “gozosa noticia para toda la Iglesia”, como la apodó el vocero vaticano P. Federico Lombardi?
Si observamos la forma en que estas excomuniones fueron sorpresivamente levantadas; si miramos especialmente el innegable vínculo entre este hecho del decreto que remite las excomuniones y la increíble confusión que se levantó justo después y basada en un incidente que nada tenía que ver con la fe, no podemos sino ver que hay fuerzas sueltas por ahí que no son humanas.
He oído a distintos cardenales que creen que fue el diablo el que se soltó. Y cuando el diablo se enfurece con tanta violencia y alboroto, eso es un buen signo. Puede que aún no nos demos cuenta todo lo que significa. Pero para nosotros, es una invitación a rezar, a hacer más sacrificios.
Esencialmente, la Iglesia es un ser sobrenatural, y no podemos explicar completamente a la Iglesia o siquiera a los frutos y consecuencias de los actos humanos hechos en la Iglesia si miramos sólo el lado humano.
La Cabeza de la Iglesia es y sigue siendo Nuestro Señor Jesucristo. El alma de la Iglesia es el mismo Espíritu Santo. Nuestro Señor prometió que Su Iglesia sería indefectible. Entonces hagamos lo mejor que podamos, seamos fieles a nuestro deber de estado, oremos al Inmaculado Corazón de María, y recemos nuestro Rosario.
Y entonces, todo terminará bien.
***
Fuente: The Remnant
Traducción: La Buhardilla de Jerónimo
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
ASSINA O TEU APOIO AO SANTO PADRE
Assinaturas : 44925
Número de crianças : 82317
Apoio ao Papa Bento XVI
No dia 21 de janeiro de 2009, vossa Santidade decidiu por fim à excomunhão que pesava sobre os bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Por este gesto corajoso, V.S. agiu como Pastor do rebanho que vos foi confiado por Deus. V.S. reconheceu a catolicidade de uma obra da Igreja.
Homens e mulheres engajados na vida de nossas cidades, pais e mães de família ou solteiros, depois de tempos agitados onde a Barca parece invadida pela água por todos os lados, nós desejamos com Vossa Santidade levantar a Igreja de amanhã sobre a Tradição. Este projeto passa necessariamente pela transmissão da Fé às gerações futuras pelo amor à liturgia católica e pela defesa da vida humana.
Por meio desta carta, nós desejamos antes de tudo de expressar-vos nossa viva gratidão. Se este gesto histórico pode vos atrair a desaprovação de alguns setores da imprensa hostil que recorrem a amalgamas, ele suscita em nós uma alegria imensa e nos enche de esperança. Nós rezamos por vossa intenção, seguindo o pedido que VS formulou no início de vosso pontificado: “Rezai por mim, para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos”[1]
Nós queremos, pondo nossa assinatura nesta carta, informar-vos de nossa idade e do número de nossos filhos para expressar que convosco, nós queremos construir a Cristandade para as gerações que virão, e que será, nós o esperamos de todo coração, livre de todo complexo e proclamará diante de todo o mundo o Credo.
É, pois num espírito de respeito filial que nós apresentamos nosso apoio e nossas orações quotidianas pelo vosso pontificado para a Igreja de Deus saia favorecida
Este é o site para assinar:
http://www.soutienabenoitxvi.org/index.php?lang=pt
Não podemos permanecer indiferentes enquanto Bento XVI é crucificado por ser o pastor de todos.
MONS. FELLAY FALA SOBRE A TRADIÇÃO
"Tradizione, il vero volto"
El blog Papa Ratzinger remite a una noticia aparecida en el periódico italiano Il Foglio acerca de un libro basado en una entrevista a Monseñor Fellay, superior de la Fraternidad de San Pío X. Ofrecemos nuestra traducción del mencionado artículo, en el que se incluyen algunos extractos del libro.
“Tradizione, il vero volto – Chi sono e che cosa pensano gli eredi di Lefebvre”, escrito por Alessando Gnocchi y Mario Palmaro, escritores católicos expertos en literatura y bioética, autores de diversas obras sobre Guareschi, Tolkien, Collodi y Conan Doyle, además de expertos en actualidad religiosa.
“Es extraño el mundo. Hasta una cincuentena de años atrás, monseñor Bernard Fellay, con los argumentos sostenidos en este volumen, no habría conquistado una pizca de visibilidad. Difícilmente, admitido que le hubiera importado algo, habría llegado a los periódicos. Hasta una cincuentena de años atrás, sin embargo” escriben los dos autores en la introducción.
En efecto, el diálogo con el que desde 1994 es superior general de la Fraternidad de San Pío X se desarrolla sobre los principios del Catecismo de la Iglesia Católica pero es cierto que, dejando aparte la noticia del levantamiento de las excomuniones, tiene el sabor de las cosas nuevas aún siendo “Tradición”. Pero tal vez son nuevas precisamente porque son tradición: “Lo que era verdad en los tiempos de Adán y Eva, es verdad también hoy. Lo que era mentira en los tiempos de Adán y Eva, es mentira también hoy. Lo que era bueno en los tiempos de Moisés y de los faraones, es bueno también hoy.
Lo que era justicia en los tiempos de los romanos, es justicia también hoy. Aquí se ve que la esencia del hombre es siempre la misma, el corazón es siempre el mismo. No cambia nunca”, explica Fellay hablando de la tradición. Si el hombre es siempre el mismo, tiene necesidad siempre de la misma respuesta. Habla de “realismo”, “felicidad” y “razón” para explicar cómo “una ley divina está escrita en nuestros corazones” y cómo la realización del hombre está en seguir esa ley.
Lo que más impresiona leyendo la larga entrevista (y que sorprende, dada la fama de “contestatarios” con que se ha etiquetado desde hace tiempo a los seguidores de Lefebvre) son las palabras con las que Fellay habla de la obediencia al Papa, palabras que asumen un peso específico aún mayor, sobre todo en estos días en los que tantos hablan de una iglesia quebrada, temerosa, y de un Benedicto XVI solo y no escuchado:
“El Papa no está solo. Todos los verdaderos católicos, y no son pocos, están con el Papa, no pueden estar en otro lugar. Nosotros somos verdaderos católicos y somos, y queremos seguir siendo, los más grandes defensores del Vicario de Cristo. No podemos hacer otra cosa. El cardenal Edouard Gagnon, cuando vino de visita a nuestra Fraternidad en Econe, 1987, quedó asombrado al escuchar cantar «Tu es Petrus» y dijo que era necesario ir allí para escuchar orar con tanto fervor por el Papa.
Aquellos que nos describen como rebeldes no hacen un servicio a la verdad. Es cierto, hay puntos de discusión muy importantes, muy profundos, pero esto no afecta nuestro amor y nuestra devoción por el Santo Padre. Nosotros amamos al Papa, queremos al Papa. Queremos al Papa en la plenitud de sus funciones. Lamentablemente constatamos que la teología prevalente en los últimos decenios ha realizado un verdadero y propio golpe contra su autoridad”.
El golpe del que habla Fellay se basa en la “colegialidad”, ya criticada por el fundador de la Fraternidad San Pío X: “Actualmente, con frecuencia obispos y conferencias episcopales se ocupan de todo, desde la emergencia de residuos hasta la crisis económica, pero no de la enseñanza de la doctrina y de la transmisión de la fe. Han adquirido una visión puramente horizontal y han olvidado la vertical. Esto explica la desobediencia al Santo Padre: si se tratan cuestiones puramente humanas, es lógico que se tengan puntos de vista diversos, incluso opuestos.
La denominada colegialidad, la idea de que el conjunto de los obispos es más importante que el Santo Padre, muestra aquí todos sus efectos. Nuestro Señor no ha instituido la Iglesia de este modo, no ha fundado las conferencias episcopales. Cuando se dice «el Vaticano», se debería entender como el instrumento al servicio del poder papal. En realidad, la impresión es que se ha convertido en un aglomerado burocrático que en parte neutraliza la autoridad papal y en parte ejercita un poder propio. Tal es así que a menudo se dice «el Vaticano ha dicho», «el Vaticano hace», pero en la realidad nadie sabe quién dijo, sostuvo o hizo algo”.
Suena extraño que defienda la autoridad del Papa el heredero de Marcel Lefebvre, que en su tiempo lo desobedeció. Explica Fellay: “Nosotros sólo hemos puesto en evidencia un problema: que lo que la Iglesia dijo y enseñó por dos mil años, en un cierto punto, ha sido contradicho. Cualquiera que tenga un mínimo de honestidad intelectual puede advertir que no se trata de la imposición de una opinión sino de una pura y simple constatación.
El problema no está en nuestras opciones sino en un hecho que no depende de nosotros. Cualquiera en la Iglesia, incluido el Santo Padre, que afirme algo que contradice la doctrina, comete un error. Y nadie puede ser obligado a seguir el error. Al contrario, cuando el error es evidente, es necesario decirlo. Si un padre debiera improvisamente contradecir las enseñanzas en las que se basa la vida de su familia, sus hijos estarían obligados a no obedecerle y a explicarle los motivos. Esto, por la supervivencia misma de la familia. Si no lo hicieran, no serían hijos sabios y devotos, y faltarían a la caridad”.
La cuestión, se sabe, es muy controvertida y complicada pero es verdad que no sólo los lefebvristas sostienen que hay diferencias sustanciales entre el concilio Vaticano II y todos los concilios precedentes, y que éste fue más bien un concilio pastoral y no dogmático, tanto que el mismo Benedicto XVI ha pedido a un grupo de tradicionalistas un estudio crítico de los documentos conciliares. Documentos, por otra parte, todos firmados por monseñor Lefebvre en aquella época, aún cuando para su sucesor el concilio ha sido causa, entre otras cosas, de la crisis de vocaciones sacerdotales: “En el concilio, es evidente la voluntad de hablar de muchas personas que pertenecen a la Iglesia, desde el laico hasta el obispo, pero se han olvidado del sacerdote.
[…] El sacerdote ha perdido su identidad y ya no sabe quién es. Esto es evidente en todos los aspectos, desde la vida de piedad a la práctica litúrgica, desde la cura de almas a la vida privada. Si pienso en cuántos sacerdotes han abandonado el ministerio en estos años, siento escalofríos. […] Desde este punto de vista, la reforma litúrgica, que ha puesto en segundo plano el aspecto sacrificial de la Misa a favor del de asamblea, ha dado un golpe tremendo. El sacerdote es transformado en el presidente de una asamblea”. Según Fellay, éste es uno de los signos de la “protestantización” de la Iglesia, así como la idea de “Pueblo de Dios” introducida con la Lumen Gentium. “La comunidad toma ventaja sobre el sacerdote, que se convierte en uno de tantos.
Hoy se constata, incluso, el absurdo de sacerdotes que llegan a una parroquia y declaran no estar allí para enseñar sino para aprender. Es doblemente dramático. […] El concepto de «Pueblo de Dios» ha actuado como mito anti-institucional generando la idea de que el verdadero problema de la Iglesia sería el liberarse de sus figuras institucionales, comenzando por el papado. He aquí por qué el rol del sacerdote ha sido disminuido: porque ha sido siempre el fundamento de la institución en el territorio, entre los fieles.
No es casualidad que los únicos sacerdotes que, en cierto punto, han comenzado a gozar de buena prensa son los llamados «sacerdotes incómodos», los contestatarios con la institución”. Está, luego, la conocida aversión de los seguidores de Lefebvre por la “Misa nueva” y el agrado con el que la Fraternidad de San Pío X ha acogido el motu proprio de Benedicto XVI que da la posibilidad de celebrar el viejo rito: “La Misa nueva, la de la reforma postconciliar, nos es extraña. Comporta un cambio de horizonte y obliga al hombre a mirar a la tierra.
Pero a la tierra se mira en cualquier otro momento de la jornada…”; cita a un americano que, hablando de la Misa en latín, le ha dicho: “En un tiempo, no se entendía todo pero se comprendía muy bien qué estaba ocurriendo. Hoy se entiende todo pero ya no se comprende qué es lo que está ocurriendo”. Ciertamente no será la Misa en latín quien lleve la fe al mundo pero puede ser un primer paso para llegar a resolver los nudos doctrinales que aún dividen a los lefebvristas de la Santa Sede.
Ayer, en la entrevista a Le Nouvelliste, Fellay ha pedido “clarificaciones urgentes” sobre el levantamiento de las excomuniones y sobre la reintegración en la Iglesia Católica: hablando del diálogo con Roma, el superior ha dicho que la Fraternidad deberá, sí, aceptar las conclusiones del concilio Vaticano II, “pero la Santa Sede no puede conceder al Concilio una autoridad mayor que la que éste deseó concederse a sí mismo”. El Papa “cree muy profundamente en las innovaciones del Vaticano II. Será necesario ver qué parte de las divergencias se deben a diferentes filosofías. Ya hemos respondido afirmando nuestro deseo de seguir, con una mentalidad positiva, el camino de las discusiones indicado por el Santo Padre. Pero no hacemos esto precipitadamente”.
En el libro-entrevista, Fellay no usa giros lingüísticos para criticar ciertas “debilidades” de la Iglesia actual, como la de una errada definición de ecumenismo, cuyo error fundamental “está en la idea de que el Espíritu Santo se sirve de todas las religiones como medios de salvación. Esta idea ha sido siempre combatida por la Iglesia”. Para explicar los “frutos del ecumenismo”, no ahorra críticas al cardenal Kasper, presidente del Pontificio Consejo para la Unidad de los Cristianos, que afirma por ejemplo que “nuestro valor personal no depende nuestras obras, sean buenas o malas: aún antes de actuar, hemos sido aceptados y hemos recibido el «sí de Dios»”, afirmaciones más protestantes que católicas según el superior de la San Pío X.
El tono a veces difícil de monseñor Fellay no debe ser considerado otro ataque desde el interior de la Iglesia sino una crítica de quien ha dedicado su vida a la Iglesia y que, como dice para explicar el éxito del don Camillo de Guareschi, “no hace descuentos a la verdad”. Y hablando ayer al Nouvelliste, ha añadido que “en un momento en que estamos hablando de un retorno a la plena comunión, el Papa efectivamente, quizá, se pregunta quién es más cercano a él, si ciertos obispos o nosotros”. Lejos de ser pesimista, Fellay está seguro de que “el proyecto de disolver la Iglesia Católica no llegará jamás a realizarse”. Aún cuando, prosigue, “la situación hoy es más peligrosa porque es más disimulada, se busca socavar las murallas desde el interior”.
El diálogo con Gnocchi y Palmaro continúa tocando otros temas de los que ya no se siente hablar con frecuencia en las prédicas dominicales: la necesidad de recuperar la “realeza social” de Jesucristo, el liberalismo que lleva a personalidades públicas a separar la fe de la acción política, y el tema de la “libertad religiosa” que, para Fellay, “existe verdaderamente y es la libertad de la verdadera religión”, una frase que se presta a la acusación de “integralismo”.
Pero Fellay no tiene dudas sobre esto: cuando se dice que la persona humana tiene el derecho de la libertad religiosa, “no se consideran situaciones concretas, incluso muy frecuentes, que aconsejarían un espíritu permisivo y la tolerancia, […] al contrario, se prescinde de los hechos concretos y se establece como principio que cada hombre tiene el derecho de permanecer en el error según la propia conciencia, sea en privado o en la vida pública. […] En otras palabras, una cosa es tolerar el error y otra cosa es asignarle, por principio, la misma dignidad que tiene la verdad”.
Esto se relaciona con su discurso sobre la libertad, que “no es un absoluto” ni es la posibilidad de elegir el fin para el cual hemos sido hechos sino que, dado que el fin último de todos los hombres es el mismo (es decir, la felicidad), la libertad está en “la elección de los medios para alcanzarlo”.
La conversación se dirige a temáticas, en ciertos aspectos, olvidadas o “antiguas”: desde la figura de la mujer (que, en la familia, “tiene un rol distinto” del hombre, “aún siendo iguales los derechos”), a la moral sexual, pasando por el olvidado concepto de pecado (“si el hombre niega a Dios, niega la idea de pecado. Si niega la idea de pecado, niega la necesidad de la redención. Si niega la necesidad de la redención, niega la necesidad del sacrificio y del esfuerzo para vencer los propios defectos. En consecuencia, se pone en el lugar de Dios”) hasta la existencia del infierno (“no se puede hablar de la misericordia de Dios sin hablar de su justicia”).
Finalmente, Lutero, Kant y Marx son “las tres figuras que han marcado la historia de un modo trágico” mientras que “todos los santos” deben ser vistos como modelos porque “a la Iglesia no le sirven los intelectuales, le sirven los santos”, y a los hombres “les sirve la Verdad, que se encuentra sólo en la Iglesia”.
***
Fuente: Il Foglio
Traducción: La Buhardilla de Jerónimo
Assinar:
Postagens (Atom)