sábado, 20 de março de 2010

São Felipe Néri, Apóstolo de Roma

Este santo compreendeu bem sua época e procurou remediar seus males. A extraordinária bondade de seu coração e constante sorriso foram sua maior arma de apostolado.

Plinio Maria Solimeo


A vida de São Felipe Néri abarca quase todo o século XVI, um dos mais turbulentos da Idade Moderna, época do Renascimento e da pseudo-reforma protestante. Nasceu em Florença no dia 21 de julho de 1515, numa família profundamente cristã. Seus membros haviam exercido cargos na magistratura da “cidade das flores”, por muitas gerações, o que lhes permitiu ocupar um lugar na nobreza toscana. Mas isso não dispensava o pai, Francisco Néri, de trabalhar arduamente como tabelião para sustentar a família.

Felipe perdeu a mãe muito cedo, mas encontrou na madrasta uma digna sucessora que o amou como filho. O menino era tão amável, jovial e terno, que logo tornou-se conhecido como Pippo Buono, “o bom Felipinho”. Essa bondade de coração e amabilidade contagiantes, permeadas pela graça divina, seriam o grande segredo de suas conquistas no apostolado.

De sua infância resta-nos apenas um episódio: quando Pippo tinha por volta de oito anos, viu perto de sua casa uma mula carregada de frutas, que o proprietário trouxera para vender. Saltou para cima da montaria que, assustada, desequilibrou-se. Mula, carga e menino rolaram para o chão, indo para dentro de um paiol. Quando os pais e vizinhos acorreram, temendo o pior, encontraram Pippo ileso e sorrindo com a aventura.

Tendo estudado humanidades com os melhores professores da cidade, por volta dos 16 anos seu pai o enviou para São Germano, aos pés de Monte Cassino, para aprender a arte do comércio com seu tio Rômulo. Apesar de Felipe se dedicar com empenho ao negócio, suas cogitações estavam muito acima das mercadorias com que tratava. Logo se viu que ele não tinha senso comercial, mas divino. Apenas terminado o trabalho do dia, retirava-se para alguma igreja ou um dos oratórios abundantes na Itália. Servia-se também do emprego para fazer apostolado, perguntando aos fregueses se sabiam o Pai-Nosso ou se haviam feito a Páscoa. O tio comentava: “Felipe nunca será um bom comerciante. Eu deixaria a ele toda minha herança, se não fosse essa mania de rezar”. Para Felipe isso não era uma “mania”, mas necessidade. “Nada ajuda mais o homem do que a oração”, dirá mais tarde.

Por isso, quando fez 20 anos, deixou a casa do tio e, levado por um instinto sobrenatural, foi para Roma.

Santa alegria dos filhos de Deus

“Chiesa Nuova”, paróquia S. Maria in Vallicella da Congregação do Oratório de São Felipe Néri

Na cidade eterna, estudou filosofia na universidade La Sapienza, e teologia na de Santo Agostinho, mantendo-se com aulas particulares.

Os que tratavam com ele ficavam admirados de sua sabedoria, profundidade de pensamento e vida santa. Nessa época ele já vivia a pão e água uma vez só por dia, dormia apenas algumas horas no chão duro, e passava parte da noite em oração. À noite costumava visitar as sete principais igrejas de Roma, retirando-se depois para a catacumba de São Sebastião. Seu exemplo atraiu muitos companheiros, que se juntaram a ele nesses santos exercícios.

A virtude resplandecia nele. Alguns diziam ver sua cabeça envolta em luz sobrenatural, quando rezava. Apesar de sempre sorridente e amável, sua modéstia e virginal pudor faziam-no ser respeitado até pelos mais dissolutos. Via-se sempre a alegria transparecer em seu rosto, e a doçura estava de tal modo em seus lábios, que era uma grande satisfação estar com ele.

O que é mais curioso é que São Felipe, nessa época, não pensava em fazer-se sacerdote. Julgava acertadamente que se pode servir a Deus e ao próximo muito bem, permanecendo leigo. Entrou para a Companhia do Divino Amor, irmandade cujo objetivo era atender espiritual e materialmente os pobres, os doentes, os órfãos e os encarcerados. No Hospital dos Incuráveis, cuidou dos enfermos até o fim de sua vida, e para lá enviaria os seus seguidores. Entre estes encontrava-se um que é considerado o maior compositor do século XVI, Giovanni Pierluigi da Palestrina, cujas músicas passaram a fazer parte do repertório dos seguidores de São Felipe. Pois a música desempenhava papel importante em seu apostolado.

Não contente com a visita a hospitais, São Felipe punha-se também a percorrer ruas e praças, falando às pessoas sobre a Religião e as coisas de Deus, da maneira mais comovedora e cativante. A um perguntava: “Então, meu irmão, quando é que começaremos a amar a Deus?”. A outro: “É hoje que nos decidimos a comportar-nos bem?”. Ele era sobretudo um apóstolo e um semeador da santa alegria dos filhos de Deus.

Chamado ao apostolado com a juventude

São Felipe Néri

São Felipe Néri se sentia chamado especialmente para cuidar da juventude. Para colocar os jovens em guarda contra as seduções da idade e conservar todo frescor da virtude, ele lhes dizia para se lembrarem sempre das palavras do profeta: “Bem-aventurado o homem que leva o jugo do Senhor desde sua adolescência”. Havia em sua voz e em suas maneiras tanto atrativo, que muitos, cedendo ao ascendente que Felipe tinha sobre eles, renunciavam às frivolidades do mundo e se entregavam inteiramente a Deus. Assim ele enviou a Santo Inácio, para sua recém-fundada Companhia de Jesus, muitos novos recrutas.

Os santos se atraem. São Felipe teve relações com todos os santos que viviam então na Cidade Eterna: São Carlos Borromeu, São Camilo de Lelis, Santo Inácio de Loyola e São Félix de Cantalício.

“São Carlos Borromeu tinha tanta estima e veneração por ele que, todas as vezes que o encontrava, prosternava-se diante dele e suplicava que o deixasse beijar suas mãos. Santo Inácio de Loyola não fazia menos caso de sua santidade, e via-se freqüentemente esses dois ilustres fundadores olharem-se sem nada dizer, na admiração mútua que tinham pela virtude que reconheciam um no outro”.(1)

A grande graça de Pentecostes

No dia de Pentecostes de 1545, quando suplicava ardentemente ao Divino Espírito Santo que lhe enviasse seus dons, viu de repente uma bola de fogo que lhe entrou boca adentro, descendo até o coração. Tal foi a veemência de amor de Deus que sentiu, que julgou que iria morrer. Caiu no chão, gritando: “Basta, Senhor, basta! Não resisto mais!”

O mais notável é que seu peito dilatou-se, mesmo fisicamente, na altura do coração. Isto foi constatado depois da morte pelo médico Andréa Cesalpino, que fez a autópsia: “Percebi que as costelas estavam rompidas naquele ponto, isto é, estavam separadas da cartilagem. Só dessa maneira era possível que o coração tivesse espaço suficiente para levantar-se e abaixar-se. Cheguei à conclusão de que se tratava de algo sobrenatural, de uma providência de Deus para que o coração, batendo tão fortemente como batia, não se machucasse contra as duras costelas”.(2)

“Durante seus últimos dias como leigo, o apostolado de Felipe cresceu rapidamente. Em 1548, junto com seu confessor Persiano Rosa, fundou a Confraternidade da Santíssima Trindade para cuidar de peregrinos e convalescentes. Seus membros se reuniam para a Comunhão, oração e outros exercícios espirituais na igreja de São Salvador, e o próprio santo introduziu a exposição do Santíssimo Sacramento uma vez por mês. Embora ele ainda fosse leigo, fazia a pregação, e sabemos que numa só ocasião ele converteu trinta jovens dissolutos”.(3)

Sacerdote do Altíssimo, dedicado ao confessionário

Corpo de São Felipe Neri, na “Chiesa Nuova”, em Roma

Quando Felipe tinha 36 anos, seu confessor Pe. Persiano ordenou-lhe, em nome de Deus, que se fizesse sacerdote. Depois de mais alguns estudos, ordenou-se, celebrando sua primeira missa no dia 23 de maio de 1551. Felipe entrou então para a comunidade de Presbíteros de São Jerônimo, que gozava merecida fama pelas virtudes de seus componentes. Estes, embora vivessem em comunidade e tivessem mesa em comum, não se obrigavam a nenhum voto. Este será o berço do Oratório de São Felipe Néri.

Ouvindo contar as maravilhas operadas por São Francisco Xavier na Índia, São Felipe pensou muito em ir também para o Oriente. Dirigiu-se então ao santo religioso Agostinho Ghattino, muito favorecido por Deus, pedindo-lhe que consultasse o Senhor sobre esse seu projeto. A resposta divina foi: “Felipe não deve buscar as Índias, mas Roma, onde o destina Deus, assim como a seus filhos, para salvar almas”.(4)

Como sacerdote, São Felipe dedicou-se especialmente ao confessionário, onde passava grande parte do dia.

Muitos de seus penitentes, levados pelo desejo de recolher a doutrina desse pai espiritual, passaram a ir diariamente visitá-lo. “Pouco a pouco os discípulos se tornaram tão numerosos, que foi preciso ter a reunião numa igreja; e por fim a concorrência cresceu tanto, que foi necessário distribuí-la em grupos, à frente dos quais o mestre punha um de seus discípulos mais capazes. Assim nasceu o instituto do Oratório, sem mais regras que os cânones, sem mais votos que os compromissos do batismo e da ordenação, sem mais vínculos que a caridade”.(5)

Outra nota marcante na vida de São Felipe Néri foi seu amor pela Eucaristia. Era tão grande o fervor de sua caridade que, em vez de se recolher para celebrar a Missa, tinha que procurar deliberadamente uma distração, para ser capaz de prestar atenção depois no rito externo do Santo Sacrifício.

Como todos os santos, teve que enfrentar muitas calúnias. O próprio cardeal vigário de Roma, levado por um certo parti-pris e pelos rumores de que o santo mantinha assembléias perigosas e semeava novidades entre o povo, chegou a repreendê-lo severamente, retirando-lhe a licença para atender confissões durante quinze dias. Mas, tendo o purpurado falecido repentinamente, o papa Paulo IV, chamado a julgar o caso, não só absolveu São Felipe como recomendou-se às suas orações.

Um dos principais discípulos de São Felipe foi o Venerável Cesare Barônio, depois cardeal, autor dos Annales Ecclesiastici, trabalho que marcou época na historiografia e mereceu para seu autor o título de “Pai da História Eclesiástica”.

São Felipe Néri entregou sua alma a Deus no dia 26 de maio de 1595, sendo canonizado apenas 27 anos depois, juntamente com Santo Isidro Lavrador, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e Santa Teresa D’Ávila.

1. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo VI, p. 217.

2. Apud Guilherme Sanches Ximenes, Felipe Néri – O sorriso de Deus, Editora Quadrante, São Paulo, 1998, p. 17.

3. C. Sebastian Richie, Philip Néri, The Catholic Encyclopedia, online edition.

4. Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis vives, S.A., Saragoça, 1947, vol. III, p. 266.

5. Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, vol. II, p. 457.

fote:Catolicismo

La Conjuración Anticristiana - Mons. Delassus

VOLUMEN III

SOLUCIÓN DE LA CUESTIÓN
EL MUNDO
CIELO Y TIERRA
Y SU ENIGMA

I – LA OBRA DEL AMOR ETERNO Y LA CAIDA

CAPÍTULO LII

LA OBRA DEL AMOR ETERNO

A partir del siglo XVIII la conjuración anticristiana concentró su principal empeño en Francia, hija primogénita de la Iglesia. Es, pues, principalmente ahí que debemos observarla. Pero como esa conjuración se extiende a toda la tierra, debemos frecuentemente hacer incursiones en otras partes del mundo para seguir a sus agentes.
Sus últimos actos introdujeron en el escenario a un nuevo personaje al cual parece que le pertenece el primer papel. Los francmasones introdujeron a los judíos, en seguida, los judíos nos colocaron en la presencia de Satanás.
Si deseamos tener una idea completa y profunda de la conjuración anticristiana, es el judío al que ahora debemos estudiar. ¿Quién es él? ¿Qué es lo que quiere? ¿Cómo se pone en contacto con los hombres y con qué fin?
Una vez hecho este estudio, debemos averiguar si en oposición a la acción satánica no existe otra acción extra-natural para combatirla; y si hallamos que existe, debemos preguntarnos a quién debe pertenecer la victoria.
Esas preguntas nos conducen para las altas regiones de la filosofía y la teología. Que nuestros lectores no se asusten por pensar que no podrán comprender y no se salten estas páginas. Seremos lo suficientemente claros para que puedan acompañar sin esfuerzo y encontrar en este estudio un interés tanto más cautivante cuanto más elevado es el orden en que él se realiza.
La explicación de la presencia del demonio en nuestro mundo y la acción funesta que él ejerce hacen que nos volquemos a la cuestión preliminar del mal y a sus orígenes. La cuestión del mal no se puede resolver sino con el conocimiento del ser, del ser sobrenatural como del ser natural.
El ser existe, no puedo negarlo: tengo conciencia de mi existencia y tengo la visión y el contacto con miles y miles de objetos que me rodean, que actúan sobre mí y sobre los cuales ejerzo mi acción.
Existo, pero no existía hace cien años. Yo era menos que un grano de arena perdido en el fondo de los mares. ¿Cómo es que ahora existo? No puedo explicarlo sino a través de la acción de otro ser, anterior a mi existencia y que me produjo, al igual como yo produzco. Y así ocurre con todas las cosas que me rodean. El mismo cielo y la propia tierra tuvieron un comienzo, lo que conduce a que mi razón llegue a la conclusión de la necesidad de la existencia de un primer Ser, un Ser que existe por sí mismo, que no le debe la existencia a ningún otro, y por lo mismo, que ese Ser es eterno. Ese Ser puede, Él sólo, sacar todas las cosas de la “ausencia eterna”, para que existan con Él.
La razón, que no desea engañarse a sí misma, no puede impedirse a remontarse de esa forma, del ser contingente y limitado que es, y cuya presencia ella observa fuera de sí, al Ser necesario, que tiene en sí mismo la razón de su existencia.
Existiendo por sí mismo, teniendo en sí el principio del ser, Él puede ser la fuente eterna.
¿Por qué quiso Él que con Él existiéramos?
No podemos ofrecer otras razones sino estas: Él quiso ver imágenes de su esencia, porque eso es lo que somos: imágenes de su esencia. Él quiso transbordar las ideas que en Él existen y trasmitir su felicidad.
Bonnum est diffusivum sui, dice Santo Tomás de Aquino siguiendo a Aristóteles. El bien se complace en difundirse, en compartir lo que en él hay, su naturaleza es darse a sí mismo. Por consecuencia, el Bien infinito, el Ser infinito tiene un deseo infinito de comunicarse. El Apóstol San Juan, inspirado por Dios, dio una definición de Dios: Dios es amor, Deus charitas est. Es, por lo tanto, en el amor que existe en Dios, que es Dios, que se encuentra el motivo de la creación y el principio de todas las criaturas.
Dios se conoce infinitamente porque se ama infinitamente. El conocer y el amar está en la vida de las inteligencias. El conocerse y el amarse es, en el Ser infinito, la vida absoluta. Por eso Dios es llamado en la Sagrada Escritura: el Dios que vive[1]. La vida en Dios – lo sabemos porque Él mismo nos lo ha revelado – es la generación del Verbo y la inspiración del Amor, que es el Espíritu Santo; relaciones inefables donde las tres Personas constituyen la naturaleza divina.
En los transportes de su amor natural, las tres Personas divinas llamaron de la nada nuevas personas para ver en ellas la repetición de su felicidad[2]. Ellas nos concedieron el don del ser, de la vida y de la inteligencia para que nos amaran y para ser amadas por nosotros, para obtener esa gloria accidental de derramar en nosotros algo de la felicidad de Ellas. Tal es el misterio de la creación: explosión del amor de Dios, como dice Saint-Bonnet, transborde del amor infinito. Dios es bueno, Él es impulsado por su naturaleza a darse. Tal es la evidencia que se coloca delante del hombre cuando él reflexiona sobre lo que él es, sobre lo que el universo es.
__________________
[1] La palabra Dios, con la que se denomina lo infinito, deriva de un verbo griego que significa vivir.
[2] Solamente las inteligencias, solamente las personas son capaces de felicidad; pero si las criaturas materiales no fueron hechas para ser felices, ellas son para contribuir a la felicidad de los seres espirituales.
Blanc de Saint-Bonnet, comienza el libro póstumo editado por la piedad fraternal, con el título L’Amour et la Chute [El Amor y la caída] con estas palabras:
“El cristianismo se ha hecho hoy menos visible a las inteligencias en sus dos grandes nociones: el Amor, que es la vida de Dios, y la caída que compromete la vida del hombre. Ese olvido, que produce todos nuestros males amenaza con derrumbar la civilización. Si el pensamiento de la caída del hombre y del amor de Dios pudiesen entrar nuevamente en las inteligencias humanas todo mudaría de aspecto en Europa”. Todos los escritores que comprendieron la Revolución y que gustarían liberar de ella al mundo, se esfuerzan en restaurar el pensamiento de la caída. El divino Salvador Jesús se encargó por sí mismo de restaurar el pensamiento del amor, manifestando el abrazamiento de su Sagrado Corazón.
Dios no podía satisfacer su bondad en el don de la existencia de una única criatura, como no podía agotar su belleza en una única imagen de su esencia. Él entonces multiplicó sus criaturas y multiplicó las especies (species, image). Dios, dice Santo Tomás de Aquino, transportó las ideas al ser para comunicar a las criaturas su bondad y representarla en ellas.[1] Él produjo naturalezas múltiples y diversas a fin de que aquello que falta a una de ellas para representar su bondad divina sea suplido por otra. Y acrecienta: “Existe distinción formal para los seres que son de especie diferente; existe distinción material para aquellos que difieren apenas del punto de vista numérico. En las cosas incorruptibles (los espíritus puros o ángeles) existe solamente un individuo para cada especie”. La incontable multitud de ángeles representa, pues, grados infinitos de perfección siempre más alta, de belleza siempre más perfecta, de bondad siempre más comunicativa.
Los espíritus puros y los seres materiales no constituyen toda la creación. Dios también produjo los seres mixtos, que somos nosotros, animales racionales compuestos de cuerpo y alma. El conjunto de esos seres forma el mundo. “Aquél que vive eternamente, dice la Sagrada Escritura, creó todo al mismo tiempo”[2]. Los seres animados no pudieron aparecer sino cuando la materia llegó al punto de poder estar apta para formación de sus cuerpos. Ellos existieron inicialmente en el principio de sus especies, que se desarrolló en individuos a través de sucesivas generaciones.
_________________
[1] Summa Theologica, parte I, q. XLVI. En las ediciones ordinarias esta cuestión contiene apenas tres artículos. En el manuscrito 138 de la Biblioteca de Monte Cassino se encuentra otro, que está reproducido en la edición de la obras de Santo Tomás, publicada por León XIII: De la subordinación de las cosas.
[2] Ecles. XVIII, 1. Deus simul ab initio temporis utrumque de nihilo condidit creaturam, spiritalem et corporalem, angelicam videlicet et mundanum et deinde humanam quasi comunem ex spiritu et corpore constitutam (IV Concílio de Letrán, cap. 1).
Así nació el mundo. “El mundo fue hecho por Él”, dice San Juan[1]. Al colocar en singular la expresión “el mundo”, el apóstol señala que existe apenas un mundo, es decir, que no se encuentra en la creación ninguna parte que sea extraña a las otras.
Pero, en esa unidad, ¡qué multiplicidad y qué diversidad! Hablando apenas de los ángeles, Daniel[2] exclama: “Mil millares lo sirven y una miríada de miríadas lo asiste, el Señor de los ejércitos”, el Señor de toda la jerarquía de las diversas órdenes de seres.
Comentando esas palabras, dice Santo Tomás: “Los ángeles forman una multitud que ultrapasa toda la multitud material”. Él se apoya en lo que San Dionisio, el Areopagita, dice en el capítulo XIV de la “Jerarquía Celeste”: “Son numerosas las bienaventuradas falanges de los espíritus celestes; ellas ultrapasan la medida ínfima y restricta de nuestros números materiales”[3].
Ahora, formando una especie única para sí, cada uno de esos espíritus refleja, por así decir, un punto del infinito, constituye una imagen diferente de la perfección divina, un resplandor especial de la divina Bondad. ¿Qué imaginación podría representar el esplendor creciente de esos espejos de la divinidad que, partiendo de los confines del mundo humano, van, subiendo siempre en grupos graduados, hasta el trono del Eterno? ¡Quién podría ir de pensamiento en pensamiento hasta aquél que está en la cumbre de esa jerarquía y recibe la primera y la más resplandeciente irradiación de la gloria de Dios! “¡El abismo inagotable de la sabiduría y de la ciencia de Dios!, exclama San Pablo. ¡De Él, por Él y para Él son todas las cosas! ¡A Él la gloria por toda la eternidad!”[4]
Pero he aquí lo que es más aflictivo para nuestro espíritu y más conmovedor para nuestro corazón. ¡El Amor no encontró apaciguamiento en la creación, por inefable que fuese el don del ser, y la vida en el ser, y la inteligencia en la vida! Después de haber hecho de las criaturas imágenes de su perfección, Dios quiso hacer de las criaturas sus amigas a tal punto de elevarlas hasta Él. No nos admiremos. Dios es amor, y su caridad desciende como un torrente que derrumba todos los obstáculos, los que vienen del Infinito como los que vienen de la naturaleza de lo finito.
¡Aquí reside el misterio de los misterios del Amor: ese don de Dios para nosotros, elevándonos hasta Él para amarnos y ser amado por nosotros! ¿Cómo dar, a ese respecto, ya no digo el conocimiento adecuado, sino una idea suficiente para convidarnos al abandono amoroso de nuestra alma al Amigo divino?
________________
[1] Jo. I, 10.
[2] Dan. VII, 10.
[3] Quien considera los millones de estrellas que la mano de Dios lanzó en el espacio, ¿puede admirarse de la multitud de los espíritus celestes, los cuales pueden glorificarlo por si mismos?
[4] Rom. XI, 33-34.
¿Cómo Dios se da a nosotros? ¿Cómo lo poseemos? ¿Con qué amor somos llamados a amarlo?
Digamos inicialmente con Santo Tomás que Dios está en todas las criaturas como la causa está en su efecto. Él es, Él, la causa primera, la causa inicial y la causa persistente, la causa creadora y la causa conservadora de todo cuanto existe. Él está, además, en sus criaturas, a través de su esencia, es decir, a través de la idea que cada una de ellas realiza. Él está, en fin, a través de su poder que, después de haberlas creado, las mantiene en el ser que Él les dio y constituye el primer principio de la actividad de ellas.
En las inteligencias Dios está, o por lo menos puede estar, de otro modo: como el objeto conocido en aquel que conoce y el objeto amado en aquel que ama. Pero esto no constituye un modo especial de presencia distinta de modo general. Concediendo a la criatura racional que lo conozca y lo ame, Dios no hace sino moverla para su fin, según pide su naturaleza, como Él con las otras criaturas.
Un modo de presencia verdaderamente especial sería aquel que produjese un efecto de un orden externo, por encima el orden natural.
Ahora, ese modo existe. Dios, en su amor infinito, lo inventó, lo creó y nos reveló su existencia.
Digamos en qué consiste.
El uso normal de la razón nos hace llegar al conocimiento de Dios y ese conocimiento produce en nosotros amor. Es un conocimiento abstracto, a través del raciocinio, de la visión de los seres y de su contingencia. Ese conocimiento nos hace desear otro conocimiento: la visión directa del propio Ser Supremo. Como explicamos en las primeras páginas de este libro[1], esa visión no es naturalmente posible a ninguna criatura que existe o venga a existir. Pero la concebimos posible si, en la naturaleza creada, Dios injertase, por así decir, una participación de la naturaleza divina. Participando de esa naturaleza, el hombre, el ángel, podrían producir actos de ella: ver a Dios y amar a Dios, como Dios se ve y se ama.
Dios se dignó manifestarnos de que su amor llegó hasta ese punto. Por el don de la gracia santificante Él nos hizo partícipes de la naturaleza divina. “Dios, por Jesucristo Nuestro Señor, dice el apóstol San Pedro, nos concedió los mayores y más preciosos dones que nos había prometido; por ellos nos hizo participantes de su naturaleza divina”[2].
________________
[1] Tomo I, p. 18.
[2] II Ped. I, 4.
¿Cuál es la obra propia de la naturaleza divina? Es engendrar el Verbo y emanar el Amor. Esa obra es tan absoluta, que sus resultados son las Personas: el Padre, el Hijo y el Espíritu Santo. Si verdaderamente nos hacemos participantes de la naturaleza divina, esa participación, que es la gracia santificante, debe traer para nuestra alma como que un eco de la generación del Verbo y de la procesión del Espíritu Santo. Que esto es y será así es cosa que se nos ha revelado: “Ved, nos dice el apóstol San Juan de parte de Dios, ved qué amor el Padre tiene por nosotros, en querer que seamos llamados hijos de Dios, y en efecto lo somos… Sí, mis queridos, nosotros somos, desde ahora, los hijos de Dios. Pero aquello que seremos un día aun no nos fue revelado. Sabemos que cuando Él venga en su gloria, seremos semejantes a Él, porque lo veremos tal cual es. Y todo aquel que tiene esa esperanza en Él se hace santo como Dios”[1].
Veremos a Dios tal como Él es, y esto porque seremos, porque somos semejantes a Él, y siendo semejantes a Él, somos legítimamente llamados sus hijos, somos verdaderamente sus hijos. Nosotros lo somos desde ahora, porque ya poseemos la gracia santificante que nos hace participar de la naturaleza divina. Esa naturaleza participada ya produce en nosotros sus actos, los actos de las virtudes teologales, la fe, la esperanza y la caridad, que nos hacen alcanzar a Dios en Él mismo y que, después del tiempo de la prueba, se transformará en visión, posesión, amor beatífico.
La producción de esos actos, así en la tierra como en el cielo, es y será, lo dijimos arriba, como un eco en nosotros de la generación del Verbo y de la procesión del Espíritu. Santo Tomás lo hace comprender en los ocho artículos de la sexagésima tercera cuestión de la primera parte de su Suma, parte ésta intitulada: De la misión de las Personas divinas.
Hubo una misión visible de la segunda Persona de la Santísima Trinidad a través del Padre en la Encarnación.
Hubo una misión visible de la tercera Persona a través de las otras dos en diversas circunstancias.
__________________
[1] I Jo. III, 2.
Además de esas misiones visibles, están las invisibles en cada uno de nosotros en todos los instantes de la vida cristiana. Y es por ellas que Dios está en nosotros de forma diferente de que a título de causa y de ejemplar, como él está en todas sus criaturas, según la diversidad de sus naturalezas. La misión lo hace habitar en nosotros de otra manera. De la misma manera que en Dios el Hijo es engendrado por el Padre y en que el Espíritu procede del Padre y del Hijo, en nosotros, cristianos, y en general en todas las criaturas inteligentes ornadas de la gracia santificante, y por eso hechas participantes de la naturaleza divina, el Padre, del cual procede el Hijo, envía al Hijo; el Padre y el Hijo, de los cuales procede el Espíritu, envían el Espíritu Santo, y esto no una vez, sino en todos los actos de la vida sobrenatural que son la fe y la caridad; misión del Hijo en el acto de fe, misión del Espíritu Santo en el acto de caridad, como en el cielo, la visión intuitiva será producida por la misión del Verbo, y el amor beatífico por la misión del Amor divino.
De donde resulta que las tres Personas divinas habitan en nosotros como en ellas mismas, actúan en nosotros como en ellas mismas. Es lo que Nuestro Señor prometiera: “Si alguien me ama, corresponde a las propuestas de mi amor, Nosotros vendremos a él y en él haremos nuestra morada”[1]. Y no solamente Ellas ahí habitan, sino además Ellas tienen ahí sus relaciones y esas relaciones tienen repercusión en nuestras almas, en nuestras inteligencias y en nuestros corazones sobrenaturalizados por la gracia. “Hablamos de misión a respecto del Hijo, dice San Agustín[2], en razón de los dones que tocan la inteligencia”. Podemos decir la misma cosa a respecto del Espíritu Santo, en razón de los dones del corazón: él abrasa las facultades afectivas de un amor sobrenatural, como el Hijo ilumina la inteligencia con las luces de la fe.
Ahí está en nosotros el comienzo de una vida divina que desabotonará en los cielos; ahí, la fe será visión y el amor beatitud, por la misma manera, por la resonancia de la vida divina en nosotros.
Toda la vida adquiere su origen en un nacimiento. Una vida nueva no puede salir sino de una nueva generación. Fue lo que realizó en nosotros el santo bautismo. Él nos hizo entrar en esa vida superior, específicamente y genéricamente distinta de la vida natural. Es la necesidad que Nuestro Señor expresó en estos términos: “En verdad, en verdad os digo, quien no renaciere del agua y del Espíritu Santo no entrará en el reino de Dios”[3], donde Dios es visto y amado como Él se ve y se ama. El primer nacimiento nos hizo partícipes de la naturaleza humana, el segundo, de la naturaleza divina.
__________________
[1] Jo. XIV, 23.
[2] De Trinit., IV, cap. XX.
[3] Jo. III, 5.
La creación se explica por el deseo de Dios que es inducido, si así podemos decir, por el esplendor de su Verbo, a querer que su brillo reaparezca en los espíritu creados a su imagen. El don de lo sobrenatural encuentra su explicación en la santidad de Dios. Ella hace la unión divina, ella llama a las criaturas a una unión participativa: Sanctus sanctus, sanctus, Dominus Deus Sabaoth. Santo, santo, santo es el Dios de los ejércitos. Él es tres veces santo en Él mismo por la Trinidad de sus Personas; y Él es santo en la multitud de los espíritus ordenados, jerarquizados como un ejército, que Él convida a la unión santificante, a unirse a Él sobrenaturalmente. Esa unión exige una generación en Él, Él es suficientemente poderoso para producirla, no obstante pida una virtud más alta de que la exigida para la creación. Así, la Santísima Virgen, llena de gracia divina, manifestó su admiración y su alegría con estas palabra: “Fecit mihi magna qui POTENS est et SANCTUM nomen ejus”. Él hizo en mi grandes cosas, Aquel que es poderoso y cuyo nombre es santo. Por la santidad entramos en el infinito sin confundirnos, penetramos en el seno de Dios sin perdernos, conservando nuestra individualidad, nuestra personalidad, estando unidos a la Divinidad, de tal manera que ella produce en nosotros lo que ella produce en Ella misma. He ahí la gran cosa que maravillaba a la Santísima Virgen y la hacía lanzar esta exclamación: “Magnificat anima mea Dominun et exultavir spiritus meo in Deo salutari meo”.
La unión sobrenatural con Dios, tanto entre los ángeles como entre nosotros, tiene dos grados: la preparación y la fruición, la gracia y la gloria. Por la gracia somos dados en garantía de dote que es entregada solamente en el feliz final de la prueba a la cual la preparación nos somete.
Porque Dios quiere respetar la libertad de sus criaturas, y esa voluntad obliga a no hacer definitivo el don de lo sobrenatural sino después de la aceptación reconocida y amorosa por parte nuestra.
Las Personas divinas que quieren habitar en nosotros, baten, primeramente, a través de los llamados de la gracia, a la puerta de nuestro corazón. Ellas quieren ser acogidas como amigas antes de producir en nosotros las grandes cosas de que hablamos. Ellas nos ofrecen su amistad, Vos amici mei estis[1]; es necesario que les demos la nuestra, que entremos en comercio con Ellas, en un comercio de amor. Esa oferta debe ser aceptada, puede ser rechazada, si es rechazada será una ofensa y una ofensa de una culpabilidad infinita, el límite de la injuria, tratándose de Dios.
¿Fue esa la injuria a la infinita Bondad?
______________
[1] Jo. XV, 14

fonte:La denuncia Profetica

Oggi dai mezzi di informazione e tv arrivano spesso giudizi affrettati e pesanti come pietre: Multi di noi sono sempre pronti a sparare giudizi...

L'episodio dell'adultera dimostra ancora una volta la grande misericordia di Dio, disposto a perdonare. Oggi molti lanciano pietrate poco amorevoli dai media e nei giornali. Nessuno di noi é senza peccato
Domenica 21 Marzo 2010 00:00

L'episodio dell'adultera dimostra ancora una volta la grande  misericordia di Dio, disposto a perdonare. Oggi molti lanciano pietrate  poco amorevoli dai media e nei giornali. Nessuno di noi é senza peccatoIl Vangelo domenicale ci parla del famoso episodio dell' adultera pizzicata con le mani nel sacco e sulla via della lapidazione. Capziosa e tendenziosa la domanda rivolta a Cristo. "Ma lui sa sempre come cavarsela e il metodo migliore é sempre la misericordia, del resto questo episodio continua sulla via della domenica precedente nella quale abbiamo letto la storia del Padre misericordioso". Che cosa ci dice Cristo?: " che intanto alla fine dei tempi saremo giudicati sull' amore e sul perdono e che nessuno può avere mai la ipocrisia di giudicarsi perfetto al punto da lapidare un peccatore, anche il peggiore. In fin dei conti ognuno ha i suoi bravi scheletri nell' armadio". Questo episodio ci invita a mettere da parte la ipocrisia: " certo. La legge ebraica antica dissociava la regola religiosa dalla legge e non tenava in conto il concetto della misericordia. Cristo non é venuto per abolire la legge, ma per darle compimento, ovvero umanizzarla. Sia ben ...

... chiaro, lui non perdona il peccato di adulterio che era e rimane gravissimo, ma invita l' adultera a pentirsi di cuore e a non cadere nell' errore. Tutti, laici, preti o vescovi possiamo cadere in errore, fa parte della nostra fragilità, guai a sentirci perfetti o crederci giudici supremi degli altri". Insomma Cristo che messaggio lancia?: " uno molto semplice, ovvero dice ai quei signori, pronti alla lapidazione. Questa signora é adultera, ma siete proprio certi che voi non avete mai sbagliato? E se lo siete, allora tirate. Bene, tutti hanno un sussulto nella coscienza e si ritirano in buon ordine a dimostrazione che nessuno può proclamarsi perfetto". Una evidente censura alla iprocrisia: " indubbiamente. Multi di noi sono sempre pronti senza alcuna misericordia a sparare giudizi, più pesanti di pietrate, sui difetti degli altri, senza alcuna remora. Bene, Cristo ci ricorda drammaticamente la nostra condizione che é quella di naturali peccatori e ci dice: evitare la ipocrisia, perché chi più e chi meno nella vita i suoi errori li ha fatti". Oggi dai mezzi di informazione e tv arrivano spesso giudizi affrettati e pesanti come pietre: " penso che questo episodio dovrebbe essere letto anche dai giornalisti e dai tecnici della comunicazione che si indignano per qualche prostituta o per le vicende morali altrui. Una indignazione talvolta lecita, ma che diventa malevola quando tracima in condanna. Bene, Oggi dai mezzi di informazione e tv arrivano spesso giudizi affrettati e pesanti come pietre: Insomma, siamo misericordiosi e accoglienti".

Bruno Volpe

fonte:pontifex.roma

O tradicional costume de cobrir as cruzes e as imagens nas igrejas durante a Semana Santa


É possivel nos dias atuais resgatar, mesmo na forma ordinária da liturgia romana, o antigo costume de cobrir as cruzes e imagens das igrejas? Essa é uma questão que com certeza muitas pessoas ligadas à liturgia paroquial e sacerdotes zelosos se fazem nesses dias que antecedem a semana santa. No site http://www.portal.ecclesia.pt/ encontramos uma resposta muito objetiva, fornecida pelo Secretariado Nacional de Liturgia da Conferência Episcopal Portuguesa:


Questões Litúrgicas

Pergunta:Gostaria de receber uma orientação, quanto ao costume de se cobrirem as imagens das igrejas no tempo da Quaresma. Quando se cobrem: No início da Quaresma ou apenas no início da Semana Santa, ou seja, no Domingo de Ramos? E quando se descobrem: Antes da celebração do Lava-pés, em Quinta-Feira Santa, ou no fim da celebração da Adoração da Cruz, em Sexta-Feira Santa?


Resposta: Antes da reforma litúrgica do Vaticano II era obrigatório cobrir, com véus roxos, todas as cruzes e imagens expostas ao culto na igreja. No Missal Romano de S. Pio V, terminada a missa do Sábado que precedia o Domingo da Paixão (actual V Domingo da Quaresma), vinha esta rubrica: “Antes das Vésperas, cobrem-se as Cruzes e Imagens que haja na igreja. As Cruzes permanecem cobertas até ao fim da adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, e as Imagens até ao Hino dos Anjos (Glória a Deus nas Alturas) no Sábado Santo”. Vê-se que era um costume ligado às duas últimas semanas da Quaresma, através do qual se desejava centrar a atenção dos fiéis no mistério da Paixão do Senhor. Tudo o que pudesse desviá-la, como eram as imagens dos Santos, cobria-se. Donde vinha este costume? Certamente dos começos do segundo milénio ou dos finais do primeiro.E o que dizem as normas litúrgicas actuais? Uma rubrica inserida no Missal Romano de Paulo VI, depois da Missa do Sábado anterior ao V Domingo da Quaresma, diz: “O costume de cobrir as cruzes e as imagens das igrejas pode conservar-se, conforme o parecer da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao fim da celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-‑Feira Santa; as imagens, até ao começo da Vigília Pascal (cf. Missal Romano actual [edição do altar], p. 206.A grande diferença entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do Vaticano II) consiste no seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e Imagens era obrigatório (“cobrem-se...”); no segundo deixou de o ser (“pode conservar-se o costume de cobrir...). Como o nosso consulente pode verificar por si mesmo, consultando o Missal Romano, são-lhe deixadas várias hipóteses: a) pode cobrir as imagens ou não as cobrir; b) se as cobrir, mantém‑nas cobertas desde a tarde do Sábado anterior ao V Domingo da Quaresma, até ao começo da Vigília Pascal (e não até antes do Lava-pés na Missa da Ceia do Senhor, nem tão pouco até Sexta-Feira Santa). A rubrica é clara: “... as imagens permanecem cobertas até ao começo da Vigília Pascal”. Espero ter respondido com clareza às suas perguntas.Um colaborador do SNL

fonte:Dominus Vobiscum

Carta pastoral del Santo Padre Benedicto XVI a los católicos de Irlanda

1. Queridos hermanos y hermanas de la Iglesia en Irlanda, os escribo con gran preocupación como Pastor de la Iglesia universal. Al igual que vosotros estoy profundamente consternado por las noticias concernientes al abuso de niños y jóvenes indefensos por parte de miembros de la Iglesia en Irlanda, especialmente sacerdotes y religiosos. Comparto la desazón y el sentimiento de traición que muchos de vosotros experimentaron al enterarse de esos actos pecaminosos y criminales y del modo en que fueron afrontados por las autoridades de la Iglesia en Irlanda.

Como sabéis, invité hace poco a los obispos de Irlanda a una reunión en Roma para que informasen sobre cómo abordaron esas cuestiones en el pasado e indicasen los pasos que habían dado para hacer frente a una situación tan grave. Junto con algunos altos prelados de la Curia Romana escuché lo que tenían que decir, tanto individualmente como en grupo, sea sobre el análisis de los errores cometidos y las lecciones aprendidas, que sobre la descripción de los programas y procedimientos actualmente en curso. Nuestras discusiones fueron francas y constructivas. Estoy seguro de que, como resultado, los obispos están ahora en una posición más fuerte para continuar la tarea de reparar las injusticias del pasado y de abordar cuestiones más amplias relacionadas con el abuso de los niños de manera conforme con las exigencias de la justicia y las enseñanzas del Evangelio.

2. Por mi parte, teniendo en cuenta la gravedad de estos delitos y la respuesta a menudo inadecuada que han recibido por parte de las autoridades eclesiásticas de vuestro país, he decidido escribir esta carta pastoral para expresaros mi cercanía, y proponeros un camino de curación, renovación y reparación.

Es verdad, como han observado muchas personas en vuestro país, que el problema de abuso de menores no es específico de Irlanda o de la Iglesia. Sin embargo, la tarea que tenéis ahora por delante es la de hacer frente al problema de los abusos ocurridos dentro de la comunidad católica de Irlanda y de hacerlo con coraje y determinación. Que nadie se imagine que esta dolorosa situación se resuelva pronto. Se han dado pasos positivos pero todavía queda mucho por hacer. Necesitamos perseverancia y oración, con gran fe en la fuerza salvadora de la gracia de Dios.

Al mismo tiempo, debo también expresar mi convicción de que para recuperarse de esta dolorosa herida, la Iglesia en Irlanda, debe reconocer en primer lugar ante Dios y ante los demás, los graves pecados cometidos contra niños indefensos. Ese reconocimiento, junto con un sincero pesar por el daño causado a las víctimas y sus familias, debe desembocar en un esfuerzo conjunto para garantizar que en el futuro los niños estén protegidos de semejantes delitos. Mientras os enfrentáis a los retos de este momento, os pido que recordéis la "roca de la que fuisteis tallados" (Isaías 51, 1). Reflexionad sobre la generosa y a menudo heroica contribución ofrecida a la Iglesia y a la humanidad por generaciones de hombres y mujeres irlandeses, y haced que de esa reflexión brote el impulso para un honesto examen de conciencia personal y para un sólido programa de renovación de la Iglesia y el individuo. Rezo para que, asistida por la intercesión de sus numerosos santos y purificada por la penitencia, la Iglesia en Irlanda supere esta crisis y vuelve a ser una vez más testimonio convincente de la verdad y la bondad de Dios Todopoderoso, que se manifiesta en su Hijo Jesucristo.

3. A lo largo de la historia, los católicos irlandeses han demostrado ser, tanto en su patria como fuera de ella, una fuerza motriz del bien. Monjes celtas como San Columba difundieron el evangelio en Europa occidental y sentaron las bases de la cultura monástica medieval. Los ideales de santidad, caridad y sabiduría trascendente, nacidos de la fe cristiana, quedaron plasmados en la construcción de iglesias y monasterios y en la creación de escuelas, bibliotecas y hospitales, que contribuyeron a consolidar la identidad espiritual de Europa. Aquellos misioneros irlandeses debían su fuerza y su inspiración a la firmeza de su fe, al fuerte liderazgo y a la rectitud moral de la Iglesia en su tierra natal.

A partir del siglo XVI, los católicos en Irlanda atravesaron por un largo período de persecución, durante el cual lucharon por mantener viva la llama de la fe en circunstancias difíciles y peligrosas. San Oliver Plunkett, mártir y arzobispo de Armagh, es el ejemplo más famoso de una multitud de valerosos hijos e hijas de Irlanda, dispuestos a dar su vida por la fidelidad al Evangelio. Después de la Emancipación Católica, la Iglesia fue libre de nuevo para volver a crecer. Las familias y un sinfín de personas que habían conservado la fe en el momento de la prueba se convirtieron en la chispa de un gran renacimiento del catolicismo irlandés en el siglo XIX. La iglesia escolarizaba, especialmente a los pobres, lo que supuso una importante contribución a la sociedad irlandesa. Entre los frutos de las nuevas escuelas católicas se cuenta el aumento de las vocaciones: generaciones de sacerdotes misioneros, hermanas y hermanos, dejaron su patria para servir en todos los continentes, sobre todo en mundo de habla inglesa. Eran excepcionales, no sólo por la vastedad de su número, sino también por la fuerza de la fe y la solidez de su compromiso pastoral. Muchas diócesis, especialmente en África, América y Australia, se han beneficiado de la presencia de clérigos y religiosos irlandeses, que predicaron el Evangelio y fundaron parroquias, escuelas y universidades, clínicas y hospitales, abiertas tanto a los católicos, como al resto de la sociedad, prestando una atención particular a las necesidades de los pobres.

En casi todas las familias irlandesas, ha habido siempre alguien - un hijo o una hija, una tía o un tío - que dieron sus vidas a la Iglesia. Con razón, las familias irlandesas tienen un gran respeto y afecto por sus seres queridos que dedicaron la vida a Cristo, compartiendo el don de la fe con los demás y traduciéndola en acciones sirviendo con amor a Dios y al prójimo.

4. En las últimas décadas, sin embargo, la Iglesia en vuestro país ha tenido que enfrentarse a nuevos y graves retos para la fe debidos a la rápida transformación y secularización de la sociedad irlandesa. El cambio social ha sido muy veloz y a menudo ha repercutido adversamente en la tradicional adhesión de las personas a las enseñanzas y valores católicos. Asimismo , las prácticas sacramentales y devocionales que sustentan la fe y la hacen crecer, como la confesión frecuente, la oración diaria y los retiros anuales se dejaron ,con frecuencia, de lado.

También fue significativa en este período la tendencia, incluso por parte de los sacerdotes y religiosos, a adoptar formas de pensamiento y de juicio de la realidad secular sin referencia suficiente al Evangelio. El programa de renovación propuesto por el Concilio Vaticano II fue a veces mal entendido y, además, a la luz de los profundos cambios sociales que estaban teniendo lugar, no era nada fácil discernir la mejor manera de realizarlo. En particular, hubo una tendencia, motivada por buenas intenciones, pero equivocada, de evitar los enfoques penales de las situaciones canónicamente irregulares. En este contexto general debemos tratar de entender el inquietante problema de abuso sexual de niños, que ha contribuido no poco al debilitamiento de la fe y la pérdida de respeto por la Iglesia y sus enseñanzas.

Sólo examinando cuidadosamente los numerosos elementos que han dado lugar a la crisis actual es posible efectuar un diagnóstico claro de las causas y encontrar las soluciones eficaces. Ciertamente, entre los factores que han contribuido a ella, podemos enumerar: los procedimientos inadecuados para determinar la idoneidad de los candidatos al sacerdocio y a la vida religiosa, la insuficiente formación humana, moral, intelectual y espiritual en los seminarios y noviciados, la tendencia de la sociedad a favorecer al clero y otras figuras de autoridad y una preocupación fuera de lugar por el buen nombre de la Iglesia y por evitar escándalos cuyo resultado fue la falta de aplicación de las penas canónicas en vigor y de la salvaguardia de la dignidad de cada persona. Es necesaria una acción urgente para contrarrestar estos factores, que han tenido consecuencias tan trágicas para la vida de las víctimas y sus familias y han obscurecido tanto la luz del Evangelio, como no lo habían hecho siglos de persecución.

5. En varias ocasiones, desde mi elección a la Sede de Pedro, me he encontrado con víctimas de abusos sexuales y estoy dispuesto a seguir haciéndolo en futuro. He hablado con ellos, he escuchado sus historias, he constatado su sufrimiento, he rezado con ellos y por ellos. Anteriormente en mi pontificado, preocupado por abordar esta cuestión, pedí a los obispos de Irlanda, durante la visita “ad limina” de 2006 que "establecieran la verdad de lo ocurrido en el pasado y tomasen todas las medidas necesarias para evitar que sucediera de nuevo, para asegurar que los principios de justicia sean plenamente respetados y, sobre todo, para curar a las víctimas y a todos los afectados por estos crímenes atroces “ (Discurso a los obispos de Irlanda, el 28 de octubre de 2006).

Con esta carta, quiero exhortaros a todos vosotros, como pueblo de Dios en Irlanda, a reflexionar sobre las heridas infligidas al cuerpo de Cristo, los remedios necesarios y a veces dolorosos, para vendarlas y curarlas , y la necesidad de la unidad, la caridad y la ayuda mutua en el largo proceso de recuperación y renovación eclesial. Me dirijo ahora a vosotros con palabras que me salen del corazón, y quiero hablar a cada uno de vosotros y a todos vosotros como hermanos y hermanas en el Señor.

6. A las víctimas de abusos y a sus familias

Habéis sufrido inmensamente y me apesadumbra tanto. Sé que nada puede borrar el mal que habéis soportado. Vuestra confianza ha sido traicionada y violada vuestra dignidad. Muchos de vosotros han experimentado que cuando tuvieron el valor suficiente para hablar de lo que les había pasado, nadie quería escucharlos. Aquellos que sufrieron abusos en los internados deben haber sentido que no había manera de escapar de su dolor. Es comprensible que os sea difícil perdonar o reconciliaros con la Iglesia. En su nombre, expreso abiertamente la vergüenza y el remordimiento que sentimos todos. Al mismo tiempo, os pido que no perdáis la esperanza. En la comunión con la Iglesia es donde nos encontramos con la persona de Jesucristo, que fue Él mismo una víctima de la injusticia y el pecado. Como vosotros aún lleva las heridas de su sufrimiento injusto. Él entiende la profundidad de vuestro dolor y la persistencia de su efecto en vuestras vidas y vuestras relaciones con los demás, incluyendo vuestra relación con la Iglesia.

Sé que a algunos de vosotros les resulta difícil incluso entrar en una iglesia después de lo que ha sucedido. Sin embargo, las heridas de Cristo, transformadas por su sufrimiento redentor, son los instrumentos que han roto el poder del mal y nos hacen renacer a la vida y la esperanza. Creo firmemente en el poder curativo de su amor sacrificial - incluso en las situaciones más oscuras y desesperadas - que libera y trae la promesa de un nuevo comienzo.

Al dirigirme a vosotros como un pastor, preocupado por el bienestar de todos los hijos de Dios, os pido humildemente que reflexionéis sobre lo que he dicho. Ruego que, acercándoos a Cristo y participando en la vida de su Iglesia - una Iglesia purificada por la penitencia y renovada en la caridad pastoral - podáis descubrir de nuevo el amor infinito de Cristo por cada uno de vosotros. Estoy seguro de que de esta manera seréis capaces de encontrar reconciliación, profunda curación interior y paz.

7. A los sacerdotes y religiosos que han abusado de niños

Habéis traicionado la confianza depositada en vosotros por jóvenes inocentes y por sus padres. Debéis responder de ello ante Dios Todopoderoso y ante los tribunales debidamente constituidos. Habéis perdido la estima de la gente de Irlanda y arrojado vergüenza y deshonor sobre vuestros semejantes. Aquellos de vosotros que son sacerdotes han violado la santidad del sacramento del Orden, en el que Cristo mismo se hace presente en nosotros y en nuestras acciones. Junto con el inmenso daño causado a las víctimas, un daño enorme se ha hecho a la Iglesia y a la percepción pública del sacerdocio y de la vida religiosa.

Debéis tratar de expiar personalmente vuestras acciones ofreciendo oraciones y penitencias por aquellos que habéis ofendido. El sacrificio redentor de Cristo tiene el poder de perdonar incluso el más grave de los pecados y extraer el bien incluso del más terrible de los males. Al mismo tiempo, la justicia de Dios nos llama a dar cuenta de nuestras acciones sin ocultar nada. Admitid abiertamente vuestra culpa, someteos a las exigencias de la justicia, pero no desesperéis de la misericordia de Dios.

8. A los padres

Os habéis sentido profundamente indignados y conmocionados al conocer los hechos terribles que sucedían en lo que debía haber sido el entorno más seguro para todos. En el mundo de hoy no es fácil construir un hogar y educar a los hijos. Se merecen crecer con seguridad, cariño y amor, con un fuerte sentido de su identidad y su valor. Tienen derecho a ser educados en los auténticos valores morales enraizados en la dignidad de la persona humana, a inspirarse en la verdad de nuestra fe católica y a aprender los patrones de comportamiento y acción que lleven a la sana autoestima y la felicidad duradera. Esta tarea noble pero exigente está confiada en primer lugar a vosotros, padres. Os invito a desempeñar vuestro papel para garantizar a los niños los mejores cuidados posibles, tanto en el hogar como en la sociedad en general, mientras la Iglesia, por su parte, sigue aplicando las medidas adoptadas en los últimos años para proteger a los jóvenes en los ambientes parroquiales y escolares. Os aseguro que estoy cerca de vosotros y os ofrezco el apoyo de mis oraciones mientras cumplís vuestras grandes responsabilidades

9. A los niños y jóvenes de Irlanda

Quiero dirigiros una palabra especial de aliento. Vuestra experiencia de la Iglesia es muy diferente de la de vuestros padres y abuelos. El mundo ha cambiado desde que ellos tenían vuestra edad. Sin embargo, todas las personas, en cada generación están llamadas a recorrer el mismo camino durante la vida, cualesquiera que sean las circunstancias. Todos estamos escandalizados por los pecados y errores de algunos miembros de la Iglesia, en particular de los que fueron elegidos especialmente para guiar y servir a los jóvenes. Pero es en la Iglesia donde encontraréis a Jesucristo que es el mismo ayer, hoy y siempre (cf. Hb 13, 8). Él os ama y se entregó por vosotros en la cruz. ¡Buscad una relación personal con Éll dentro de la comunión de su Iglesia, porque él nunca traicionará vuestra confianza! Sólo Él puede satisfacer vuestros anhelos más profundos y dar pleno sentido a vuestras vidas, orientándolas al servicio de los demás. Mantened vuestra mirada fija en Jesús y su bondad y proteged la llama de la fe en vuestros corazones. Espero en vosotros para que, junto con vuestros hermanos católicos en Irlanda, seáis fieles discípulos de nuestro Señor y aportéis el entusiasmo y el idealismo tan necesarios para la reconstrucción y la renovación de nuestra amada Iglesia.

10. A los sacerdotes y religiosos de Irlanda

Todos nosotros estamos sufriendo las consecuencias de los pecados de nuestros hermanos que han traicionado una obligación sagrada o no han afrontado de forma justa y responsable las denuncias de abusos. A la luz del escándalo y la indignación que estos hechos han causado, no sólo entre los fieles laicos, sino también entre vosotros y vuestras comunidades religiosas, muchos os sentís desanimados e incluso abandonados. Soy también consciente de que a los ojos de algunos aparecéis tachados de culpables por asociación, y de que os consideran como si fuerais de alguna forma responsable de los delitos de los demás. En este tiempo de sufrimiento, quiero dar acto de vuestra dedicación cómo sacerdotes y religiosos y de vuestro apostolado, y os invito a reafirmar vuestra fe en Cristo, vuestro amor por su Iglesia y vuestra confianza en las promesas evangélicas de la redención, el perdón y la renovación interior. De esta manera, podréis demostrar a todos que donde abundó el pecado, sobreabundó la gracia (cf. Rm 5, 20).

Sé que muchos estáis decepcionados, desconcertados y encolerizados por la manera en que algunos de vuestros superiores abordaron esas cuestiones. Sin embargo, es esencial que cooperéis estrechamente con los que ostentan la autoridad y colaboréis en garantizar que las medidas adoptadas para responder a la crisis sean verdaderamente evangélicas, justas y eficaces. Por encima de todo, os pido que seáis cada vez más claramente hombres y mujeres de oración, que siguen con valentía el camino de la conversión, la purificación y la reconciliación. De esta manera, la Iglesia en Irlanda cobrará nueva vida y vitalidad gracias a vuestro testimonio del poder redentor de Dios que se hace visible en vuestras vidas.

11. A mis hermanos, los obispos

No se puede negar que algunos de vosotros y de vuestros predecesores han fracasado, a veces lamentablemente, a la hora de aplicar las normas, codificadas desde hace largo tiempo, del derecho canónico sobre los delitos de abusos de niños. Se han cometido graves errores en la respuesta a las acusaciones. Reconozco que era muy difícil comprender la magnitud y la complejidad del problema, obtener información fiable y tomar decisiones adecuadas en función de los pareceres contradictorios de los expertos. No obstante, hay que reconocer que se cometieron graves errores de juicio y hubo fallos de dirección. Todo esto ha socavado gravemente vuestra credibilidad y eficacia. Aprecio los esfuerzos llevados a cabo para remediar los errores del pasado y para garantizar que no vuelvan a ocurrir. Además de aplicar plenamente las normas del derecho canónico concernientes a los casos de abusos de niños, seguid cooperando con las autoridades civiles en el ámbito de su competencia. Está claro que los superiores religiosos deben hacer lo mismo. También ellos participaron en las recientes reuniones en Roma con el propósito de establecer un enfoque claro y coherente de estas cuestiones. Es imperativo que las normas de la Iglesia en Irlanda para la salvaguardia de los niños sean constantemente revisadas y actualizadas y que se apliquen plena e imparcialmente, en conformidad con el derecho canónico.

Sólo una acción decisiva llevada a cabo con total honestidad y transparencia restablecerá el respeto y el afecto del pueblo irlandés por la Iglesia a la que hemos consagrado nuestras vidas. Hay que empezar, en primer lugar, por vuestro examen de conciencia personal, la purificación interna y la renovación espiritual. El pueblo de Irlanda, con razón, espera que seáis hombres de Dios, que seáis santos, que viváis con sencillez, y busquéis día tras día la conversión personal. Para ellos, en palabras de San Agustín, sois un obispo, y sin embargo, con ellos estáis llamados a ser un discípulo de Cristo (cf. Sermón 340, 1). Os exhorto a renovar vuestro sentido de responsabilidad ante Dios, para crecer en solidaridad con vuestro pueblo y profundizar vuestra atención pastoral con todos los miembros de vuestro rebaño. En particular, preocupaos por la vida espiritual y moral de cada uno de vuestros sacerdotes. Servidles de ejemplo con vuestra propia vida, estad cerca de ellos, escuchad sus preocupaciones, ofrecedles aliento en este momento de dificultad y alimentad la llama de su amor por Cristo y su compromiso al servicio de sus hermanos y hermanas.

Asimismo, hay que alentar a los laicos a que desempeñen el papel que les corresponde en la vida de la Iglesia. Aseguraos de su formación para que puedan, articulada y convincentemente, dar razón del Evangelio en medio de la sociedad moderna (cf. 1 Pet 3, 15), y cooperen más plenamente en la vida y misión de la Iglesia. Esto, a su vez, os ayudará a volver a ser guías y testigos creíbles de la verdad redentora de Cristo.

12. A todos los fieles de Irlanda

La experiencia de un joven en la Iglesia debería siempre fructificar en su encuentro personal y vivificador con Jesucristo, dentro de una comunidad que lo ama y lo sustenta. En este entorno, habría que animar a los jóvenes a alcanzar su plena estatura humana y espiritual, a aspirar a los altos ideales de santidad, caridad y verdad y a inspirarse en la riqueza de una gran tradición religiosa y cultural. En nuestra sociedad cada vez más secularizada en la que incluso los cristianos a menudo encuentran difícil hablar de la dimensión trascendente de nuestra existencia, tenemos que encontrar nuevas modos para transmitir a los jóvenes la belleza y la riqueza de la amistad con Jesucristo en la comunión de su Iglesia. Para resolver la crisis actual, las medidas que contrarresten adecuadamente los delitos individuales son esenciales pero no suficientes: hace falta una nueva visión que inspire a la generación actual y a las futuras generaciones a atesorar el don de nuestra fe común. Siguiendo el camino indicado por el Evangelio, observando los mandamientos y conformando vuestras vidas cada vez más a la figura de Jesucristo, experimentaréis con seguridad la renovación profunda que necesita con urgencia nuestra época . Invito a todos a perseverar en este camino.

13. Queridos hermanos y hermanas en Cristo, profundamente preocupado por todos vosotros en este momento de dolor, en que la fragilidad de la condición humana se revela tan claramente, os he querido ofrecer palabras de aliento y apoyo. Espero que las aceptéis como un signo de mi cercanía espiritual y de mi confianza en vuestra capacidad para afrontar los retos del momento actual, recurriendo, como fuente de renovada inspiración y fortaleza a las nobles tradiciones de Irlanda de fidelidad al Evangelio, perseverancia en la fe y determinación en la búsqueda de la santidad. En solidaridad con todos vosotros, ruego con insistencia para que, con la gracia de Dios, las heridas inflingidas a tantas personas y familias puedan curarse y para que la Iglesia en Irlanda experimente una época de renacimiento y renovación espiritual

14. Quisiera proponer, además, algunas medidas concretas para abordar la situación.

Al final de mi reunión con los obispos de Irlanda, les pedí que la Cuaresma de este año se considerase un tiempo de oración para la efusión de la misericordia de Dios y de los dones de santidad y fortaleza del Espíritu Santo sobre la Iglesia en vuestro país. Ahora os invito a todos a ofrecer durante un año, desde ahora hasta la Pascua de 2011, la penitencia de los viernes para este fin. Os pido que ofrezcáis el ayuno, las oraciones, la lectura de la Sagrada Escritura y las obras de misericordia por la gracia de la curación y la renovación de la Iglesia en Irlanda. Os animo a redescubrir el sacramento de la Reconciliación y a utilizar con más frecuencia el poder transformador de su gracia.

Hay que prestar también especial atención a la adoración eucarística, y en cada diócesis debe haber iglesias o capillas específicamente dedicadas a ello. Pido a las parroquias, seminarios, casas religiosas y monasterios que organicen períodos de adoración eucarística, para que todos tengan la oportunidad de participar. Mediante la oración ferviente ante la presencia real del Señor, podéis cumplir la reparación por los pecados de abusos que han causado tanto daño y al mismo tiempo, implorar la gracia de una fuerza renovada y un sentido más profundo de misión por parte de todos los obispos, sacerdotes, religiosos y fieles.

Estoy seguro de que este programa conducirá a un renacimiento de la Iglesia en Irlanda en la plenitud de la verdad de Dios, porque la verdad nos hace libres (cf. Jn 8, 32).

Además, después de haber rezado y consultado sobre el tema, tengo la intención de convocar una Visita Apostólica en algunas diócesis de Irlanda, así como en los seminarios y congregaciones religiosas. La visita tiene por objeto ayudar a la Iglesia local en su camino de renovación y se establecerá en cooperación con las oficinas competentes de la Curia Romana y de la Conferencia Episcopal Irlandesa. Los detalles serán anunciados en su debido momento.

También propongo que se convoque una Misión a nivel nacional para todos los obispos, sacerdotes y religiosos. Espero que gracias a los conocimientos de predicadores expertos y organizadores de retiros en Irlanda, y en otros lugares, mediante la revisión de los documentos conciliares, los ritos litúrgicos de la ordenación y profesión, y las recientes enseñanzas pontificias, lleguéis a una valoración más profunda de vuestras vocaciones respectivas, a fin de redescubrir las raíces de vuestra fe en Jesucristo y de beber a fondo en las fuentes de agua viva que os ofrece a través de su Iglesia.

En este año dedicado a los sacerdotes, os propongo de forma especial la figura de San Juan María Vianney, que tenía una rica comprensión del misterio del sacerdocio. "El sacerdote -escribió- tiene la llave de los tesoros de los cielos: es el que abre la puerta, es el mayordomo del buen Dios, el administrador de sus bienes." El cura de Ars entendió perfectamente la gran bendición que supone para una comunidad un sacerdote bueno y santo: “Un buen pastor, un pastor conforme al corazón de Dios es el tesoro más grande que Dios puede dar a una parroquia y uno de los más preciosos dones de la misericordia divina ".Que por la intercesión de San Juan María Vianney se revitalice el sacerdocio en Irlanda y toda la Iglesia en Irlanda crezca en la estima del gran don del ministerio sacerdotal.

Aprovecho esta oportunidad para dar las gracias anticipadamente a todos aquellos que ya están dedicados a la tarea de organizar la Visita Apostólica y la Misión, así como a los muchos hombres y mujeres en toda Irlanda que ya están trabajando para proteger a los niños en los ambientes eclesiales. Desde el momento en que se comenzó a entender plenamente la gravedad y la magnitud del problema de los abusos sexuales de niños en instituciones católicas, la Iglesia ha llevado a cabo una cantidad inmensa de trabajo en muchas partes del mundo para hacerle frente y ponerle remedio. Si bien no se debe escatimar ningún esfuerzo para mejorar y actualizar los procedimientos existentes, me anima el hecho de que las prácticas vigentes de tutela, adoptadas por las iglesias locales, se consideran en algunas partes del mundo, un modelo para otras instituciones.

Quiero concluir esta carta con una Oración especial por la Iglesia en Irlanda, que os dejo con la atención que un padre presta a sus hijos y el afecto de un cristiano como vosotros, escandalizado y herido por lo que ha ocurrido en nuestra querida Iglesia. Cuando recéis esta oración en vuestras familias, parroquias y comunidades, la Santísima Virgen María os proteja y guíe a cada uno de vosotros a una unión más estrecha con su Hijo, crucificado y resucitado. Con gran afecto y confianza inquebrantable en las promesas de Dios, os imparto a todos mi bendición apostólica como prenda de fortaleza y paz en el Señor.

Desde el Vaticano, 19 de marzo de 2010, Solemnidad de San José,

Benedictus PP XVI

Oración por la Iglesia en Irlanda

Dios de nuestros padres,

renuévanos en la fe que es nuestra vida y salvación,

en la esperanza que promete el perdón y la renovación interior,

en la caridad que purifica y abre nuestros corazones

en tu amor , y a través de tí en el amor de todos nuestros hermanos y hermanas.

Señor Jesucristo,

que la Iglesia en Irlanda renueve su compromiso milenario

en la formación de nuestros jóvenes en el camino de la verdad,la bondad, la santidad y el servicio generoso a la sociedad.

Espíritu Santo, consolador, defensor y guía,

inspira una nueva primavera de santidad y entrega apostólica

para la Iglesia en Irlanda.

Que nuestro dolor y nuestras lágrimas,

nuestro sincero esfuerzo para enderezar los errores del pasado

y nuestro firme propósito de enmienda,

den una cosecha abundante de gracia

para la profundización de la fe

en nuestras familias, parroquias, escuelas y asociaciones,

para el progreso espiritual de la sociedad irlandesa,

y el crecimiento de la caridad. la justicia, la alegría y la paz en toda la familia humana.

A ti, Trinidad,

con plena confianza en la protección de María,

Reina de Irlanda, Madre nuestra,

y de San Patricio, Santa Brígida y todos los santos,

nos confiamos nosotros mismos, nuestros hijos,

y confiamos las necesidades de la Iglesia en Irlanda.

fonte:Zenit

Carta Pastoral de Bento XVI aos católicos na Irlanda sobre os abusos sexuais de menores



1. Amados Irmãos e Irmãs da Igreja na Irlanda, é com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram.

Como sabeis, convidei recentemente os bispos irlandeses para um encontro aqui em Roma a fim de referir sobre o modo como trataram estas questões no passado e indicar os passos que empreenderam para responder a esta grave situação. Juntamente com alguns altos Prelados da Cúria Romana ouvi quanto tinham para dizer, quer individualmente quer em grupo, enquanto propunham uma análise dos erros cometidos e das lições aprendidas, e uma descrição dos programas e dos protocolos hoje existente. As nossas reflexões foram francas e construtivas. Alimento a confiança de que, como resultado, os bispos se encontrem agora numa posição mais forte para levar por diante a tarefa de reparar as injustiças do passado e para enfrentar as temáticas mais amplas relacionadas com o abuso dos menores segundo modalidades conformes com as exigências da justiça e com os ensinamentos do Evangelho.

2. Por meu lado, considerando a gravidade destas culpas e a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país,, decidi escrever esta Carta Pastoral para vos expressar a minha proximidade, e para vos propor um caminho de cura, de renovação e de reparação.

Na realidade, como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja. Contudo a tarefa que agora tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer. É preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus.

Ao mesmo tempo, devo expressar também a minha convicção de que, para se recuperar desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve em primeiro lugar reconhecer diante do Senhor e diante dos outros, os graves pecados cometidos contra jovens indefesos. Esta consciência, acompanhada de sincera dor pelo dano causado às vítimas e às suas famílias, deve levar a um esforço concentrado para garantir a protecção dos jovens em relação a semelhantes crimes no futuro.

Enquanto enfretais os desafios deste momento, peço-vos que vos recordeis da «rocha de que fostes talhados» (Is 51, 1). Reflecti sobre as contribuições generosas, com frequência heróicas, oferecidas à Igreja e à humanidade como tal pelas passadas gerações de homens e mulheres irlandeses, e deixai que isto gere impulso para um honesto auto-exame e um convicto programa de renovação eclesial e individual. A minha oração é por que, assistida pela intercessão dos seus muitos santos e purificada pela penitência, a Igreja na Irlanda supere a presente crise e volte a ser uma testemunha convincente da verdade e da bondade de Deus omnipotente, manifestadas no seu Filho Jesus Cristo.

3. Historicamente os católicos da Irlanda demonstraram-se uma grande força de bem quer na pátria quer fora. Monges célticos, como São Colombano, difundiram o Evangelho na Europa Ocidental lançando as bases da cultura monástica medieval. Os ideais de santidade, de caridade e de sabedoria transcendente que derivam da fé cristã, encontraram expressão na construção de igrejas e mosteiros e na instituição de escolas, bibliotecas e hospitais que consolidaram a identidade espiritual da Europa. Aqueles missionários irlandeses tiraram a sua força e inspiração da fé sólida, da guia forte e dos comportamentos morais rectos da Igreja na sua terra natal.

A partir do século XVI, os católicos na Irlanda sofreram um longo período de perseguição, durante o qual lutaram para manter viva a chama da fé em circunstâncias perigosas e difíceis. Santo Oliver Plunkett, o Arcebispo mártir de Armagh, é o exemplo mais famoso de uma multidão de corajosos filhos e filhas da Irlanda dispostos a dar a própria vida pela fidelidade ao Evangelho. Depois da Emancipação Católica, a Igreja teve a liberdade de crescer de novo. Famílias e inúmeras pessoas que tinham preservado a fé durante os tempos das provações tornaram-se a centelha de um grande renascimento do catolicismo irlandês no século XIX. A Igreja forneceu escolarização, sobretudo aos pobres, e isto deu uma grande contribuição à sociedade irlandesa. Um dos frutos das novas escolas católicas foi um aumento de vocações: gerações de sacerdotes, irmãs e irmãos missionários deixaram a pátria para servir em todos os continentes, sobretudo no mundo de língua inglesa. Foram admiráveis não só pela vastidão do seu número, mas também pela robustez da fé e pela solidez do seu empenho pastoral. Muitas dioceses, sobretudo em África, América e Austrália, beneficiaram da presença de clero e religiosos irlandeses que anunciaram o Evangelho e fundaram paróquias, escolas e universidades, clínicas e hospitais, que serviram tanto os católicos, como a sociedade em geral, com atenção especial às necessidades dos pobres.

Em quase todas as famílias da Irlanda houve alguém – um filho ou uma filha, uma tia ou um tio – que deu a própria vida à Igreja. Justamente as famílias irlandesas têm em grande estima e afecto os seus queridos, que ofereceram a própria vida a Cristo, partilhando o dom da fé com outros e actualizando-a num serviço amoroso a Deus e ao próximo.

4. Contudo, nos últimos decénios a Igreja no vosso país teve que se confrontar com novos e graves desafios à fé que surgiram da rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa. Verificou-se uma mudança social muito rápida, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos. Com frequência as práticas sacramentais e devocionais que sustentam a fé e a tornam capaz de crescer, como por exemplo a confissão frequente, a oração quotidiana e os ritos anuais, não foram atendidas. Determinante foi também neste período a tendência, até da parte de sacerdotes e religiosos, para adoptar modos de pensamento e de juízo das realidades seculares sem referência suficiente ao Evangelho. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar. Em particular, houve uma tendência, ditada por recta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canónicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos.

Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise actual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os factores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa. É preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado.

5. Em diversas ocasiões desde a minha eleição para a Sé de Pedro, encontrei vítimas de abusos sexuais, assim como estou disponível a fazê-lo no futuro. Detive-me com elas, ouvi as suas vicissitudes, tomei nota do seu sofrimento, rezei com e por elas. Precedentemente no meu pontificado, na preocupação por enfrentar este tema, pedi aos Bispos da Irlanda, por ocasião da visita ad limina de 2006, que «estabelecessem a verdade de quanto aconteceu no passado, tomassem todas as medidas adequadas para evitar que se repita no futuro, garantissem que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curassem as vítimas e quantos são atingidos por estes crimes abnormes» (Discurso aos Bispos da Irlanda, 28 de Outubro de 2006).

Com esta Carta, pretendo exortar todos vós, como povo de Deus na Irlanda, a reflectir sobre as feridas infligidas ao corpo de Cristo, sobre os remédios, por vezes dolorosos, necessários para as atar e curar, e sobre a necessidade de unidade, de caridade e de ajuda recíproca no longo processo de restabelecimento e de renovação eclesial. Dirijo-me agora a vós com palavras que me vêm do coração, e desejo falar a cada um de vós individualmente e a todos como irmãos e irmãs no Senhor.

6. Às vítimas de abuso e às suas famílias
Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia. Quantos de vós sofrestes abusos nos colégios deveis ter compreendido que não havia modo de evitar os vossos sofrimentos. É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é infrangido e nós renascemos para a vida e para a esperança. Creio firmemente no poder restabelecedor do seu amor sacrifical – também nas situações mais obscuras e sem esperança – que traz a libertação e a promessa de um novo início. Dirigindo-me a vós como pastor, preocupado pelo bem de todos os filhos de Deus, peço-vos com humildade que reflictais sobre quanto vos disse. Rezo a fim de que, aproximando-vos de Cristo e participando na vida da sua Igreja – uma Igreja purificada pela penitência e renovada na caridade pastoral – possais redescobrir o amor infinito de Cristo por todos vós. Tenho confiança em que deste modo sereis capazes de encontrar reconciliação, profunda cura interior e paz.

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens
Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

8. Aos pais
Ficastes profundamente transtornados ao tomar conhecimento das coisas terríveis que tiveram lugar naquele que deveria ter sido o ambiente mais seguro para todos. No mundo de hoje não é fácil construir um lar doméstico e educar os filhos. Eles merecem crescer num ambiente seguro, amados e queridos, com um forte sentido da sua identidade e do seu valor. Têm direito a ser educados nos valores morais autênticos, radicados na dignidade da pessoa humana, a serem inspirados pela verdade da nossa fé católica e a aprender modos de comportamento e de acção que os levem a uma sadia estima de si e à felicidade duradoura. Esta tarefa nobre e exigente está confiada em primeiro lugar a vós, seus pais. Exorto-vos a fazer a vossa parte para garantir a melhor cura possível dos jovens, quer em casa quer na sociedade em geral, enquanto que a Igreja, por seu lado, continua a pôr em prática as medidas adoptadas nos últimos anos para tutelar os jovens nos ambientes paroquiais e educativos. Enquanto dais continuidade às vossas importantes responsabilidades, certifico-vos de que estou próximo de vós e que vos dou o apoio da minha oração.

9. Aos meninos e aos jovens da Irlanda
Desejo oferecer-vos uma particular palavra de encorajamento. A vossa experiência de Igreja é muito diversa da que fizeram os vossos pais e avós. O mundo mudou muito desde quando eles tinham a vossa idade. Não obstante, todos, em cada geração, estão chamados a percorrer o mesmo caminho da vida, sejam quais forem as circunstâncias. Todos estamos escandalizados com os pecados e as falências de alguns membros da Igreja, sobretudo de quantos foram escolhidos de modo especial para guiar e servir os jovens. Mas é na Igreja que encontrareis Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele ama-vos e ofereceu-se a si próprio na Cruz por vós. Procurai uma relação pessoal com ele na comunhão da sua Igreja, porque ele nunca trairá a vossa confiança! Só ele pode satisfazer as vossas expectativas mais profundas e conferir às vossas vidas o seu significado mais pleno orientando-as para o serviço ao próximo. Mantende o olhar fixo em Jesus e na sua bondade e protegei no vosso coração a chama da fé. Juntamente com os vossos irmãos católicos na Irlanda olho para vós a fim de que sejais discípulos fiéis do nosso Deus e contribuais com o vosso entusiasmo e com o vosso idealismo tão necessários para a reconstrução e para o renovamento da nossa amada Igreja.

10. Aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda
Todos nós estamos a sofrer como consequência dos pecados dos nossos irmãos que traíram uma ordem sagrada ou não enfrentaram de modo justo e responsável as acusações de abuso. Perante o ultraje e a indignação que isto causou, não só entre os leigos mas também entre vós e as vossas comunidades religiosas, muitos de vós sentis-vos pessoalmente desanimados e também abandonados. Além disso, estou consciente de que aos olhos de alguns sois culpados por associação, e considerados como que de certo modo responsáveis pelos delitos de outros. Neste tempo de sofrimento, desejo reconhecer-vos a dedicação da vossa vida de sacerdotes e de religiosos e dos vossos apostolados, e convido-vos a reafirmar a vossa fé em Cristo, o vosso amor à sua Igreja e a vossa confiança na promessa de redenção, de perdão e de renovação interior do Evangelho. Deste modo, demonstrareis a todos que onde abunda o pecado, superabunda a graça (cf. Rm 5, 20).

Sei que muitos de vós estais desiludidos, transtornados e encolerizados pelo modo como estas questões foram tratadas por alguns dos vossos superiores. Não obstante, é essencial que colaboreis de perto com quantos têm a autoridade e que vos comprometais para fazer com que as medidas adoptadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes. Sobretudo, exorto-vos a tornar-vos cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, seguindo com coragem o caminho da conversão, da purificação e da reconciliação. Deste modo, a Igreja na Irlanda haurirá nova vida e vitalidade do vosso testemunho ao poder redentor do Senhor tornado visível na vossa vida.

11. Aos meus irmãos bispos
Não se pode negar que alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canónico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens. Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações. Compreendo como era difícil lançar mão da extensão e da complexidade do problema, obter informações fiáveis e tomar decisões justas à luz de conselhos divergentes de peritos. Contudo, deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência. Aprecio os esforços que fizestes para remediar os erros do passado e para garantir que não se repitam. Além de pôr plenamente em prática as normas do direito canónico ao enfrentar os casos de abuso de jovens, continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência. Claramente, os superiores religiosos devem fazer o mesmo. Também eles participaram em recentes encontros aqui em Roma destinados a estabelecer uma abordagem clara e coerente destas questões. É obrigatório que as normas da Igreja na Irlanda para a tutela dos jovens sejam constantemente revistas e actualizadas e que sejam aplicadas de modo total e imparcial em conformidade com o direito canónico.

Só uma acção decidida levada em frente com total honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito e a benquerença dos Irlandeses em relação à Igreja à qual consagrámos a nossa vida. Isto deve brotar, antes de tudo, do exame de vós próprios, da purificação interior e da renovação espiritual. O povo da Irlanda espera justamente que sejais homens de Deus, que sejais santos, que vivais com simplicidade, que procureis todos os dias a conversão pessoal. Para ele, segundo a expressão de Santo Agostinho, sois bispos; contudo estais chamados a ser com eles seguidores de Cristo (cf. Discurso 340, 1). Exorto-vos portanto a renovar o vosso sentido de responsabilidade diante de Deus, a crescer em solidariedade com o vosso povo e a aprofundar a vossa solicitude pastoral por todos os membros da vossa grei. Em particular, sede sensíveis à vida espiritual e moral de cada um dos vossos sacerdotes. Sede um exemplo com as vossas próprias vidas, estai-lhes próximos, ouvi as suas preocupações, oferecei-lhes encorajamento neste tempo de dificuldades e alimentai a chama do seu amor a Cristo e o seu compromisso no serviço dos seus irmãos e irmãs.

Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com que sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1 Pd 3, 15), e cooperem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto, por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade redentora de Cristo.

12. A todos os fiéis da Irlanda
A experiência que um jovem faz da Igreja deveria dar sempre fruto num encontro pessoal e vivificante com Jesus Cristo numa comunidade que ama e que oferece alimento. Neste ambiente, os jovens devem ser encorajados a crescer até à sua plena estatura humana e espiritual, a aspirar por ideais nobres de santidade, de caridade e de verdade e a inspirar-se nas riquezas de uma grande tradição religiosa e cultural. Na nossa sociedade cada vez mais secularizada, na qual também nós critãos muitas vezes temos dificuldade em falar da dimensão transcendente da nossa existência, precisamos de encontrar novos caminhos para transmitir aos jovens a beleza e a riqueza da amizade com Jesus Cristo na comunhão da sua Igreja. Ao enfrentar a presente crise, as medidas para se ocupar de modo justo de cada um dos crimes são essenciais, mas sozinhas não são suficientes: há necessidade de uma nova visão para inspirar a geração actual e as futuras a fazer tesouro do dom da nossa fé comum. Caminhando pela via indicada pelo Evangelho, observando os mandamentos e conformando a nossa vida de maneira cada vez mais próxima com a pessoa de Jesus Cristo, fareis a experiência da renovação profunda da qual hoje há uma urgente necessidade. Convido-vos a todos a perseverar neste caminho.

13. Amados irmãos e irmãs em Cristo, é com profunda preocupação por todos vós neste tempo de sofrimento, no qual a fragilidade da condição humana foi tão claramente revelada, que desejei oferecer-vos estas palavras de encorajamento e de apoio. Espero que as acolhais como um sinal da minha proximidade espiritual e da minha confiança na vossa capacidade de responder aos desafios do momento actual tirando renovada inspiração e força das nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, de perseverança na fé e de firmeza na consecução da santidade. Juntamente com todos vós, rezo com insistência para que, com a graça de Deus, as feridas que atingiram muitas pessoas e famílias possam ser curadas e que a Igreja na Irlanda possa conhecer uma época de renascimento e de renovação espiritual.

14. Desejo propor-vos algumas iniciativas concretas para enfrentar a situação. No final do meu encontro com os Bispos da Irlanda, pedi que a Quaresma deste ano fosse considerada como tempo de oração para uma efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e de força do Espírito Santo sobre a Igreja no vosso país. Agora convido todos vós a dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade. Peço-vos que ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda. Encorajo-vos a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a valer-vos com mais frequência da força transformadora da sua graça.

Deve ser dedicada também particular atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deverão haver igrejas ou capelas reservadas especificamente para esta finalidade. Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles. Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).

Além disso, depois de me ter consultado e rezado sobre a questão, tenciono anunciar uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas. A Visita propõe-se ajudar a Igreja local no seu caminho de renovação e será estabelecida em cooperação com as repartições competentes da Cúria Romana e com a Conferência Episcopal Irlandesa. Os pormenores serão anunciados no devido momento.

Além disso proponho que se realize uma Missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Alimento a esperança de que, haurindo da competência de peritos pregadores e organizadores de retiros quer da Irlanda como de outras partes, e reexaminando os documentos conciliares, os ritos litúrgicos da ordenação e da profissão e os recentes ensinamentos pontifícios, alcanceis um apreço mais profundo das vossas respectivas vocações, de modo a redescobrir as raízes da vossa fé em Jesus Cristo e a beber abundantemente nas fontes da água viva que ele vos oferece através da sua Igreja.

Neste Ano dedicado aos Sacerdotes, recomendo-vos de modo muito particular a figura de São João Maria Vianney, que teve uma compreensão tão rica do mistério do sacerdócio. «O sacerdote, escreveu, possui a chave dos tesouros do céu: é ele quem abre a porta, é ele o dispensador do bom Deus, o administrador dos seus bens». O cura d’Ars compreendeu bem como é grandemente abençoada uma comunidade quando é servida por um sacerdote bom e santo. «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o tesouro maior que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Por intercessão de São João Maria Vianney possa o sacerdócio na Irlanda retomar vida e a inteira Igreja na Irlanda crescer na estima do grande dom do ministério sacerdotal.

Aproveito esta ocasião para agradecer desde já a quantos se comprometerem no empenho de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como os tantos homens e mulheres que em toda a Irlanda já se comprometeram pela tutela dos jovens nos ambientes eclesiásticos. Desde quando a gravidade e a extensão do problema dos abusos sexuais dos jovens em instituições católicas começou a ser plenamente compreendido, a Igreja desempenhou uma grande quantidade de trabalho em muitas partes do mundo, a fim de o enfrentar e remediar. Enquanto não se deve poupar esforço algum para melhorar e actualizar procedimentos já existentes, encoraja-me o facto de que as práticas de tutela em vigor, adoptadas pelas Igrejas locais, são consideradas, nalgumas partes do mundo, um modelo que deve ser seguido por outras instituições.

Desejo concluir esta Carta com uma especial Oração pela Igreja na Irlanda, que vos envio com o cuidado que um pai tem pelos seus filhos e com o afecto de um cristão como vós, escandalizado e ferido por quanto aconteceu na nossa amada Igreja. Ao utilizardes esta oração nas vossas famílias, paróquias e comunidades, que a Bem-Aventurada Virgem Maria vos proteja e vos guie pelo caminho que conduz a uma união mais estreita com o seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afecto e firme confiança nas promessas de Deus, concedo de coração a todos vós a minha Bênção Apostólica em penhor de força e paz no Senhor.

Vaticano, 19 de Março de 2010, Solenidade de São José
Benedictus PP. XVI

ORAÇÃO PELA IGREJA NA IRLANDA
Deus dos nossos pais,
Renova-nos na fé que é para nós vida e salvação na esperança que promete perdão e renovação interior, na caridade que purifica e abre os nossos corações para te amar, e em ti, amar todos os nossos irmãos e irmãs.
Senhor Jesus Cristo possa a Igreja na Irlanda renovar o seu milenário compromisso na formação dos nossos jovens no caminho da verdade, da bondade, da santidade e do serviço generoso à sociedade.
Espírito Santo, consolador, advogado e guia, inspira uma nova primavera de santidade e de zelo apostólico para a Igreja na Irlanda.
Possa a nossa tristeza e as nossas lágrimas o nosso esforço sincero por corrigir os erros do passado, e o nosso firme propósito de correcção, dar abundantes frutos de graça para o aprofundamento da fé nas nossas famílias, paróquias, escolas e associações, e para o progresso espiritual da sociedade irlandesa, e para o crescimento da caridade, da justiça, da alegria e da paz, na inteira família humana.
A ti, Trindade, com plena confiança na amorosa protecção de Maria, Rainha da Irlanda, nossa Mãe, e de São Patrício, de Santa Brígida e de todos os santos, recomendamos a nós próprios, os nossos jovens, e as necessidades da Igreja na Irlanda.

Amém.

fonte:Agênca Ecclesia