sábado, 3 de dezembro de 2011

* INDICE DE ANÁLISES SOBRE O CONCÍLIO VATICANO II . ... * Cardeal Ratzinger e o futuro da Igreja * Entrevista “O Vaticano II: Uma história jamais es... * A crise conciliar vista da Basílica Vaticana Um cl... * Cardinal Franc Rodé : The man at the center of the... * Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano... * # Na antevéspera do cinqüentenário de sua abertura... * Na antevéspera do cinqüentenário de sua abertura, ... * OS PAPAS E A CRISE APÓS O CONCÍLIO VATICANO * O Concílio Vaticano II foi intencionalmente ambígu... * A liturgia católica vive “uma certa crise” e Bento... * Peregrinação do ICRSS, com o Cardeal Burke, a Lisi... * The Liturgical Revolution in Action * MONS. Mario Oliveri : No entanto, é muito difícil ... * Iota Unum – A crise do sacerdócio no pós-Concílio:... * The Post-Conciliar Liturgical Revolution * La natura del consenso intellettuale che si deve a...


INDICE DE ANÁLISES SOBRE O CONCÍLIO VATICANO II . SINOPSE DOS ERROS IMPUTADOS AO CONCÍLIO VATICANO II . EL QUIEBRE DOCTRINAL DEL CONCILIO VATICANO II

INDICE DE ANÁLISES SOBRE O CONCÍLIO VATICANO IIhttp://3.bp.blogspot.com/_MF3sjtiiXqs/SY4CxKVm7SI/AAAAAAAABUM/uNXrIf0O9eA/s200/concilio+vaticano+II_300x327_lr.jpg
A Tradição contra o Concílio Conferência de Mons. Spadafora
Dom Antônio de Castro Mayer mostra como Vaticano II contraria o ensino constante da Igreja.
Impressionante trabalho do jornal SiSiNoNo
O teólogo de Mgr. Lefebvre conta o sofrimento durante o concílio
Impressionante paralelo entre o Concílio e as Bodas de Caná
Vaticano II instaura uma nova religião
Conferência de Dom Lefebvre sobre a história do Concílio e suas influências liberais
A nova religião é uma gnose
Artigo de D. Antônio de Castro Mayer sobre Vaticano II
Artigo de um filósofo italiano sobre Vaticano II
http://www.capela.org.br/indicevaticano2.htm

SINOPSE DOS ERROS IMPUTADOS AO CONCÍLIO VATICANO II
Apresentação de Dom Lourenço Fleichman OSB

Erros na doutrina:
Erros na pastoral:
Volta ao índice de Vaticano II

http://www.capela.org.br/Crise/Vaticano2/sinopseindice.htm


Ciclo de conferências proferidas no ano de 2008, por padres da Fraternidade São Pio X, áudio em espanhol.
1. La nueva eclesiologia
S.E.R. Dom Richard Williamson.
2. El magisterio conciliar
Rev. Pe. Álvaro Calderón.
3. La Reforma Liturgica
Rev. Pe. Jesús Mestre.
4. El origen de la Revelación (según Dei Verbum)
Rev. Pe. José María Mestre.
5. La Colegialidad (Lumem Gentium)
Rev. Pe. Bertrand Labouche.
6. La libertad religiosa (Lumen Gentium, Dignitatis Humanæ)
Rev. Pe. Ricardo Félix Olmedo.
7. El problema del Ecumenismo
Rev. Pe. Bertrand Labouche.
8. Diferencia entre la “tolerancia” y la “Libertad Religiosa”
Rev. Pe. Ricardo Félix Olmedo.

Cardeal Ratzinger e o futuro da Igreja

 
Luís González-Quevedo, S.J.
Itaici, Brasil - No final do ano litúrgico, quando a Igreja celebra a esperança na vida eterna, pode ser útil reler o livro Fé e futuro (Petrópolis: Vozes, 1971), escrito no final dos anos 60 pelo teólogo Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI.. 

Diante da crise dos anos 60, Ratzinger perguntava donde poderia surgir um futuro para a Igreja. Na sua opinião, o futuro da Igreja não viria daqueles que, aderindo a slogans modernos, criticavam os outros e declaravam falso e superado tudo o que lhes resultava exigente e incômodo; não viria dos que se acomodam na direção em que o vento sopra. O futuro da Igreja só poderia vir dos homens e mulheres de fé, capazes de renunciar a si mesmos e de entregar-se ao amor de Deus e do próximo. O futuro da Igreja estaria marcado, mais uma vez, pelos santos. LER...

Entrevista “O Vaticano II: Uma história jamais escrita”

 
Prof. de Mattei

“Foram de muita utilidade as cartas de D. Helder e os relatórios do Dr. Murillo, que descrevem os contatos do Prof. Plinio e sua equipe no Concílio”
A respeito do livro com o título em epígrafe, o autor, Prof. Roberto de Mattei, vice-presidente do Centro Nacional de Pesquisas da Itália e catedrático da Universidade Européia de Roma, concedeu substanciosa entrevista exclusiva a Catolicismo. Na obra, ele descreve com cores vivas e minúcias densas de significado o confronto entre a ala progressista e a ala conservadora — com a vitória da primeira — bem como as profundas e graves conseqüências do Concílio Vaticano II para a vida da Igreja e da sociedade, que se projetam até os dias de hoje.
Catolicismo — Obrigado professor por conceder esta entrevista. Sabemos que o Sr. está muito ocupado devido à polêmica que surgiu com a publicação de seu último livro O Vaticano II: Uma história jamais escrita.
Prof. de Mattei — De fato, esse livro tem suscitado amplo debate, no qual intervieram apologetas de renome aqui na Itália, provavelmente pouco conhecidos no Brasil, como Francesco Agnoli, Mario Palmaro, Alessandro Gnocchi, Corrado Gnerre, os quais se têm expresso em favor das teses que sustento. Enquanto Alberto Melloni, o atual líder da progressista e muito conhecida Escola de Bolonha, assim como outros intelectuais moderados como Andrea Tornielli, o vaticanista do quotidiano “Il Giornale”, assumiram uma posição contrária. Aliás, antes mesmo da tradução de meu livro para outras línguas, ele já está alcançando repercussão em muitos outros países, devido à reprodução em sites e blogs católicos de artigos que se ocupam dele, como um recente post do conhecido vaticanista Sandro Magister.
Catolicismo — E o público brasileiro vai poder beneficiar-se de sua leitura?
Prof. de Mattei — Creio que sim. Mas vai depender das negociações de minha editora, a Lindau, de Torino, com casas editoras de língua portuguesa. Uma das vantagens para o editor em português consistirá em que parte da documentação já está no idioma português.
Catolicismo — Justamente, o Sr. Andrea Tornielli, em sua recensão, admirou-se pelo fato de que há toda uma história “brasileira” do Vaticano II.
Prof. de Mattei — A bibliografia sobre o Concílio Vaticano II é super-abundante. Mas uma das principais fontes, para entender tudo o que sucedeu a latere da assembléia conciliar, influindo sobre ela, são os testemunhos dos participantes e dos espectadores, em particular os diários, as correspondências, as memórias. Nesse sentido, foram para mim de muita utilidade as cartas de D. Helder Câmara, recentemente publicadas, assim como os relatórios do Dr. Murillo Maranhão Galliez, que descrevem os contatos que mantiveram o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e sua equipe de 14 colaboradores, na primeira fase do Concílio.
Tais contatos contribuíram possantemente para a constituição do Piccolo Comitato de Padres conciliares de orientação antiprogressista, que depois ampliou-se no Coetus Internationalis Patrum e teve grande importância nos debates. E, inegavelmente, as almas do Coetus foram D. Geraldo de Proença Sigaud e D. Antonio de Castro Mayer, enquanto D. Marcel Lefebvre assumiu apenas o papel de figura de proa.
Todos os historiadores concordam em que D. Helder foi um dos principais orquestradores da ala progressista durante o Concílio

“D. Helder exercia a função de “eminência parda” do que ele chamava o “sagrado complô”. Além disso, organizava reuniões com teólogos progressistas”
Catolicismo — Pode-se falar, então, de um embate entre D. Helder, de um lado, e de D. Sigaud e D. Mayer do outro?
Prof. de Mattei — Todos os historiadores concordam em que D. Helder — o qual, por sinal, nunca tomou a palavra na aula conciliar — foi um dos principais orquestadores da ala progressista. Porque foi ele que, graças a sua posição de vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, conseguiu arrastar os bispos latino-americanos, em geral bastante conservadores, para uma aliança com as conferências episcopais progressistas da Europa central (França, Alemanha, Bélgica e Holanda).
D. Helder era muito chegado ao Cardeal Suenens, ao qual se referia em suas cartas com o nome-código de “padre Miguel”, e que ele considerava “o chefe mundial do progressismo”. Os dois encontravam-se todos os dias e dividiam o trabalho entre si: Suenens na aula conciliar (ele era um dos quatro Moderadores, além de membro da Comissão de coordenação) e D. Helder atuava nos corredores, onde exercia a função de “eminência parda” do que ele chamava o “sagrado complô”. Além disso, organizava conferências e reuniões na Domus Mariae, a casa religiosa onde residiam os bispos brasileiros, convidando teólogos progressistas como Hans Küng. O sacerdote belga altermundialista François Houtard (que, aliás, confessou recentemente ter abusado sexualmente de um sobrinho...) diz numa carta ao Pe. Oscar Beozzo (cujo livro sobre a Igreja do Brasil no Concílio traz informações preciosas) que a Domus Mariae acabou funcionando “como lugar de reunião e quartel geral” do Ecumênico, a articulação progressista de conferências episcopais dos cinco continentes para influenciar a marcha do Concílio.
Catolicismo — Então, o embate em que se empenharam bispos brasileiros, acabou envolvendo o conjunto dos Padres conciliares?
Prof. de MatteiO Concílio não durou três meses, como havia calculado ingenuamente João XXIII, nem se desenvolveu na atmosfera de feliz consenso que ele imaginara, mas foi ocasião de entrechoques dramáticos. Se nos limitássemos a fazer uma história “oficial” dele, baseada no resultado das votações, dever-se-ia negar a existência de uma luta interna entre posições opostas, visto que os documentos conciliares foram aprovados por maiorias esmagadoras. Mas, na realidade, nenhum Concílio registrou mais tensões e conflitos entre grupos opostos do que o Vaticano II.
Sem negar essa evidência, os historiadores apresentam o Vaticano II como o choque entre uma “maioria” progressista e uma “minoria” conservadora, derrotada. Na realidade, o confronto foi entre duas minorias que, já em 1963, Mons. Gérard Philips — (professor de dogmática na Faculdade de Teologia da Universidade de Lovaina e secretário adjunto da Comissão teológica do Concílio — descrevia como duas “tendências” opostas da filosofia e teologia do século XX. Na opinião de Philips, uma estava mais preocupada em permanecer fiel aos enunciados tradicionais, e a outra mais atenta à difusão da mensagem evangélica junto ao homem contemporâneo. Para essa segunda tendência (cujos máximos expoentes — Chenu, Congar, de Lubac, etc. — tinham sido repetidamente censurados e condenados por Pio XII), o Concílio representava uma oportunidade extraordinária, porque a natureza dos debates permitia que ambas as posições se apresentassem num plano de paridade ideológica, cujo resultado ficava confiado às regras do jogo parlamentar.
Catolicismo — Mas, se o resultado das votações foi esmagadoramente favorável a essa tendência progressista, por que o Sr. afirma que o embate se deu entre duas minorias?
Prof. de Mattei — No Concílio, criaram-se grupos, definidos pela mídia como uma direita, uma esquerda e um centro. O uso dessa terminologia, ainda que imprópria, não deve surpreender e pode ser aceito por comodidade. Um dos maiores historiadores dos Concílios, o teólogo alemão Karl Joseph von Hefele, relata que, no ano 325, no Concílio de Nicéia, os bispos de doutrina ortodoxa formavam, com Santo Atanásio e seus seguidores, a direita. Ario e seus partidários, que negavam a divindade de Cristo, representavam a esquerda; enquanto o centro-esquerda era ocupado por Eusébio de Nicomédia e o centro-direita por Eusébio de Cesaréia. A posição verdadeira e autenticamente católica não era o tal centro dos dois Eusébios, que formavam uma “terceira posição” entre a ortodoxia e a heresia; mas era a encarnada pela direita de Santo Atanásio, acusado por seus adversários de extremismo e fanatismo. Foi, então, Santo Atanásio — autor do Símbolo da Fé que ainda hoje professamos — quem traçou a História da Igreja nos séculos futuros.
Alguns momentos do Concílio apresentaram analogias com lances ocorridos nos Estados Gerais, e suas conseqüências durante a Revolução Francesa

 
Catolicismo — E o Sr. afirma que sucedeu algo similar no Vaticano II?
Prof. de Mattei — No interior da aula conciliar, entre as duas minorias, a conservadora e a progressista, oscilava, como acontece sempre, a massa daqueles que resistiam em tomar partido. Qual era a posição desse centro majoritário? Não é possível saber pelos discursos na aula conciliar, nem pelas apresentações nas comissões, porque apenas uma minoria usou da palavra. Mas pode-se conhecer pelas sugestões e propostas de tema de discussão que, na preparação do Concílio, o episcopado mundial, os superiores religiosos e as universidades católicas enviaram ao Vaticano, em resposta a uma consulta proposta por João XXIII.
A maioria das respostas não pede uma mudança radical, mas sim novas definições doutrinárias — a definição do dogma de Mediação Universal de Maria ou da Realeza de Cristo, por exemplo — e a condenação dos erros doutrinários que grassavam entre os fiéis (notadamente do comunismo).
Pode-se fazer uma analogia entre os vota (nome latino dessas sugestões) dos Padres conciliares e os famosos cahiers de doléances redigidos na França, com vistas aos Estados Gerais de 1789. Antes da Revolução Francesa, nenhum cahier de doléances propunha subverter as bases do Antigo Regime, mas apenas uma moderada reforma das instituições, a supressão de alguns impostos, etc. Mas, de modo inesperado, os Estados Gerais desfecharam na queda da monarquia.
Analogamente, o Concílio não atendeu aos pedidos que emergiam dos vota, mas secundou as reivindicações da minoria progressista que, desde o começo, conseguiu colocar-se à testa da assembléia e orientar suas decisões.
Catolicismo — E como conseguiram essa liderança?
Prof. de Mattei — Também aqui repete-se o que aconteceu na Revolução Francesa: os dias decisivos foram os primeiros, nos quais a legalidade foi quebrada. Em Versalhes, isso aconteceu no dia 17 de junho de 1789, quando os Estados Gerais transformaram-se em Assembléia Constituinte. Em Roma, o dia decisivo foi o 13 de outubro de 1962, apenas dois dias após a inauguração, quando, a pedido do Cardeal Liénart, a eleição dos membros das comissões conciliares foi suspensa, para que as conferências episcopais apresentassem os candidatos. A partir desse momento, elas entraram como grupos organizados na dinâmica conciliar.
Mas, detrás das conferências episcopais havia outros grupos organizados de bispos e teólogos, como o tal Ecumênico já mencionado, que formaram um partido abertamente anti-romano, porque via na Cúria pontifícia e na teologia ensinada nas universidades romanas os inimigos a serem abatidos.
A rede de relações desse setor progressista, que pré-existia ao Concílio, era forte, ramificada, e incluia, além das cúpulas das conferências episcopais, algumas ordens religiosas de “vanguarda” e grupos linguísticos. Incluía sobretudo laboratórios ideológicos, como os de Cuernavaca, no México, de Bolonha, na Itália, e de Lovaina, na Bélgica.
Catolicismo — Mas, do lado conservador, não havia algo parecido?
Prof. de Mattei — Nem um pouco! Os bispos e teólogos fiéis a Roma reagiram muito tardiamente e sem a habilidade estratégica de seus adversários. Segundo uma pesquisadora americana, Melissa Wilde, a minoria progressista prevaleceu graças a sua melhor estratégia e organização.
Catolicismo — Mas o que estava em jogo era atrair para seu lado a maioria centrista...
Capa da obra do Prof. de Mattei

“A minoria progressista conseguiu não tanto mudar a doutrina da Igreja, mas substituir sua imagem hierárquica pela imagem de uma assembléia democrática”
Prof. de Mattei — Segundo essa mesma pesquisadora, o clima que caracterizou as primeiras fases do debate conciliar foi uma “efervescência coletiva”. Trata-se de uma expressão cunhada pelo sociólogo Durkheim para caraterizar o estado das pessoas quando crêem ter sido transportadas para um mundo completamente diverso daquele que elas têm diante dos olhos. É um estado eufórico de “entusiasmo religioso” bem conhecido dos historiadores. As cartas de Dom Helder oferecem um exemplo típico desse clima de auto-exaltação que é atribuído, de modo simplista, à ação do “Espírito Santo”. Foi já na primeira sessão que o “espírito do Concílio” passou a ser uma das principais motivações dos Padres conciliares e a base de grande número de propostas.
Catolicismo — Houve algum episódio particular que tivesse sido marcado por esse ambiente de euforia revolucionária?
Prof. de Mattei — Sim. Por exemplo, na sessão de 30 de outubro de 1962, durante o debate sobre a Liturgia, tomou a palavra o Cardeal Ottaviani, que era detestado pelos progressistas por ser o prefeito do Santo Ofício e, como tal, o responsável pela condenação dos escritos de alguns corifeus da Nova Teologia. No calor de seu discurso, ele passou dos dez minutos regulamentares e o cardeal Alfrink, que presidia a sessão, tocou a campainha; Ottaviani, que era idoso e um pouco surdo, continuou a falar. Alfrink deu, então, ordem para cortar abruptamente o microfone. Parte da assembléia aplaudiu calorosamente a humilhação infligida a um dos principais colaboradores do Papa João XXIII! Dom Helder viu aflorar, nesse aplauso, o “espírito do Concílio”...
Outro caso ocorreu durante a fase que os progressistas denominaram “a semana preta”, na terceira sessão, em 1964. O ambiente estava acalorado, porque Paulo VI havia imposto uma “Nota Explicativa Prévia” ao texto sobre a colegialidade, que limitava o alcance do mesmo, e tinha irritado profundamente os progressistas, que desejavam transformar a Igreja numa espécie de república parlamentar. Dois dias depois da leitura dessa “Nota Prévia”, foi anunciado que, a pedido dos conservadores e para respeitar o regulamento, o esquema sobre a liberdade religiosa, que tinha sofrido muitas modificações, não iria ser votado senão na sessão do ano seguinte. Desencadeou-se, então, uma reação furiosa. Na basílica de São Pedro muitos Padres conciliares abandonaram seus lugares para reunir-se e discutir em pequenos conciliábulos. O correspondente do diário parisiense “Le Monde”, Henri Fesquet, escreveu que se ouvia bispos exclamar: “Fomos traídos!” Um americano, referindo-se aos conservadores (ou talvez aos Moderadores!), deixou escapar um dos piores insultos da língua inglesa: “Bastardos!” Os jornais aludiram à “revolta” dos bispos americanos. Pouco depois, na mesma “congregação” (assim eram chamadas as sessões plenárias diárias, na basílica), tomou a palavra Dom De Smedt, um progressista notório, que era o relator do esquema sobre a liberdade religiosa. Quando afirmou que “a Igreja deve ser livre dos poderes políticos” — propunha, na realidade, uma renúncia ao ideal de Cristandade — ouviu-se um aplauso frenético. Dois Moderadores, na mesa da presidência, uniram-se aos aplausos! O ambiente no fim da sessão assemelhava-se à conclusão de um comício político.
Catolicismo — Num tal clima de exaltação era, de fato, mais fácil para a minoria progressista extremada obter da maioria mole tudo o que desejava.
Prof. de Mattei — Não, o jogo era mais subtil. As reivindicações da ala “jacobina” (para exprimir-me em termos da Revolução Francesa) foram rejeitadas pela oposição da minoria conservadora que, aos poucos, foi-se organizando. Os documentos não corresponderam às expectativas dos progressistas mais audazes e foi graças a compromissos obtidos in extremis que é possível ao Papa hoje dizer que os documentos devem ser lidos à luz da Tradição.
Mas a imagem que o mundo formava da Igreja mudou radicalmente. Quando, no dia 12 de outubro de 1963, D. Franiæ, bispo croata de Split, propôs que, no esquema De Ecclesia, ao novo título de Igreja “peregrina” fosse acrescentada a denominação tradicional de “militante”, sua proposta foi rejeitada. A imagem que a Igreja deveria oferecer de si mesma ao mundo não era aquela da luta, da condenação, da controvérsia, mas do diálogo, da paz, da colaboração ecumênica e fraterna com todos os homens. A minoria progressista conseguiu não tanto mudar a doutrina da Igreja, mas substituir a imagem sacral e hierárquica da Esposa de Cristo pela imagem de uma assembléia democrática, aberta às novidades e inserida na História.
Catolicismo — Mas a Igreja, de fato, está inserida na História...
O cardeal húngaro Josef Mindszenty, preferiu ser excluído, desprezado, perseguido, do que renunciar à proclamação da verdade, ao combate às falsas doutrinas como era o caso da doutrina comunista

“Historiador não é hagiógrafo. É do ponto de vista histórico que eu exponho juízos sobre Pio XII, João XXIII, Paulo VI e isso não deveria escandalizar ninguém”
Prof. de Mattei — Não há dúvida. Mas de uma maneira inteiramente diferente daquela que os Padres conciliares progressistas a entendiam, num clima psicológico de otimismo, e mesmo de euforia, que vigorava no início dos anos 60.
Três ícones brilhavam então no firmamento internacional, encarnando esse clima de otimismo; Nikita Krushev, primeiro ministro da União Soviética; Ângelo Roncalli que, desde 1958, era o Papa João XXIII; e desde 1961 John F. Kennedy, primeiro presidente católico dos Estados Unidos.
Em abril desse mesmo ano, o astronauta soviético Gagarin realizou o primeiro vôo no espaço, sugerindo a abertura de nova época de triunfo da ciência. Embora já em agosto de 1961, tivesse sido iniciada a construção do Muro de Berlim...
A influência que o comunismo exercia sobre o mundo, mais do que política e militar, era cultural e psicológica. O marxismo dominava nos ambientes acadêmicos e na mídia, os quais veiculavam conceitos típicos dessa filosofia materialista e evolucionista, como “senso da História”, “curso dos tempos”, “libertação e repressão”. Tratava-se de uma visão dialética, que se exprimia nas novas “palavras-talismã” (a expressão, por sinal, é de Plinio Corrêa de Oliveira) lançadas pela propaganda comunista: diálogo, “coexistência pacífica”, “desenvolvimento” e “emancipação” dos povos. A ideologia subjacente era a do progresso, entendido como marcha irreversível e ascensional da humanidade para atingir uma “felicidade” social apresentada como a transposição do paraíso celeste para a Terra.
Catolicismo — E qual era a posição da Igreja nesse contexto?
Prof. de Mattei — No curso de sua história, a Igreja havia se dirigido ao mundo com a linguagem dos confessores destemidos, dos doutores inflexíveis, dos mártires intransigentes no testemunho da fé, das virgens imaculadas na sua fidelidade ao desponsório com Cristo. Esses homens e mulheres haviam preferido ser excluídos, desprezados, perseguidos, condenados à morte, do que renunciar à proclamação da verdade, ao combate às falsas doutrinas. Era a via indicada por confessores da fé como o Cardeal Stepinac, eliminado pelos comunistas croatas nas vésperas do Concílio, e o cardeal húngaro Josef Mindszenty, exilado desde 1956 na embaixada americana em Budapest.
Mas a cultura progressista que acabo de descrever exercia seu fascínio sobre alguns homens da Igreja, convictos de que era necessário mudar a atitude de confronto com o mundo: renunciar aos anátemas e à condenação dos erros para colher o que o mundo apresentava de positivo. Era a tese defendida por Frei Yves Congar, dominicano francês, depois nomeado cardeal, que exerceu grande influência no Concílio. Ele afirmava que não existiam “germes ativos nos quais não haja também micróbios”; ou seja, erros nos quais não haja verdades. E como matar os micróbios significaria matar também os germes vivos, seria necessário, segundo ele, deixar prosperar uns e outros. A condenação dos erros por parte da Igreja, desde as heresias medievais até o Modernismo, havia extinguido os aspectos positivos neles presentes e teria sido melhor deixá-los viver e difundir-se. Congar propunha, então, mudar a Igreja internamente, por meio de “uma reforma sem cisma”. “Não é preciso fazer uma outra Igreja”, explicava, “é necessário fazer uma Igreja diferente”. Tal plano de modificar a Igreja a partir de seu interior era o antigo sonho, irrealizado, dos modernistas.
Entre os que acolhiam as teses de Congar havia um grupo de Padres conciliares da Europa central, entre os quais se destacava o Primaz da Bélgica, o jovem cardeal Léo-Joseph Suenens. Seis meses antes do início do Concílio, João XXIII pediu-lhe para preparar uma nota sobre o rumo que o Concílio deveria seguir. Suenens reuniu então um grupo de cardeais, no próprio Colégio Belga de Roma, a fim de discutir um plano e uma estratégia para o próximo Concílio. Participaram da reunião, entre outros, três prelados que iriam desempenhar papel decisivo: o cardeal Döpfner, arcebispo de Munique, o cardeal Liénart, arcebispo de Lille, e o cardeal Montini, arcebispo de Milão e futuro Papa Paulo VI. No documento que foi redigido com base nessa reunião, o cardeal Suenens lançava a palavra de ordem do “Concílio pastoral”, que foi adotada como linha estratégica por João XXIII.
Catolicismo — O Sr. não fica constrangido de criticar uma linha assumida por dois Papas?
Prof. de Mattei — O historiador não é um hagiógrafo. O grande historiador dos Papas, Ludwig von Pastor, não poupou respeitosas críticas aos numerosos pontificados por ele examinados. É do ponto de vista histórico que eu exponho juízos sobre Pio XII, João XXIII, Paulo VI e isso não deveria escandalizar ninguém.
Catolicismo — Mas o Sr. foi acusado, em algumas recensões, de ter saído de seu campo de estudo, a História, e não distinguir os textos do Concílio de seu contexto histórico, fundindo textos e contexto num único evento. Tal como faz a escola progressista de Bolonha para favorecer a interpretação dos textos segundo a “hermenêutica da ruptura”.
“É no plano histórico e não teológico que julgo o Concílio Vaticano II como uma Revolução na Igreja e, sob muitos aspectos, um evento desastroso”
Prof. de Mattei — Somente um leitor apressado e tendencioso pode lançar-me tal acusação, porque afirmo precisamente o contrário. Jamais neguei a distinção lógica entre texto e contexto. A impossibilidade de separá-los não significa impossibilidade de distingui-los. Nego a tese da escola de Bolonha, segundo a qual os textos são absorvidos no contexto, ou seja, no evento e no “espírito do Concílio”. Os textos têm autonomia, importância e dignidade próprias, e devem ser avaliados, enquanto textos, no plano teológico. Reivindico competência no plano histórico e é sob esse aspecto que estudo um contexto, que necessariamente inclui a elaboração dos textos. É no plano histórico e não teológico, no qual não tenho competência, que julgo o Concílio como uma Revolução na Igreja e, sob muitos aspectos, um evento desastroso.
Catolicismo — No que, então, sua análise difere daquela da escola progressista de Bolonha?
Prof. de Mattei — É que Giuseppe Alberigo e seus discípulos (que, por sinal, fizeram uma coleção monumental de documentos originais e tiveram a gentileza de facilitar-me plenamente o acesso) inverteram o método de interpretação do Magistério da Igreja, assumindo como ponto de referência não a Tradição, mas o próprio Concílio. A escola de Bolonha faz a leitura da Tradição à luz do Concílio, atribuindo, portanto, a este uma infalibilidade que nenhum de seus textos, per se, possui. Assim — segundo essa escola — é preciso procurar a infalibilidade do Concílio no próprio evento conciliar, no seu espírito, no carisma impalpável que anima os textos, não traduzidos em fórmulas definitórias, que estão ausentes.
Catolicismo — Donde, então, a afirmação de Bento XVI de que o Concílio Vaticano II deve ser interpretado em continuidade com o Magistério tradicional?
Prof. de Mattei — Não há dúvida. Mas essa afirmação do Papa pressupõe, de fato, a existência, nos documentos conciliares, de passagens dúbias ou ambíguas, que necessitam uma interpretação. Diante dessa realidade, ou se sustenta, como faz Mons. Gherardini, que as doutrinas do Concílio incompatíveis com as definições dogmáticas anteriores não são nem infalíveis nem irreformáveis, e portanto não vinculantes, ou então atribui-se ao Concílio uma autoridade tal, que anula os 20 concílios anteriores, abrogando e substituindo todos eles.
Catolicismo — No atual debate em torno da hermenêutica do Vaticano II, qual é então o papel do historiador?
Prof. de Mattei — A pesquisa histórica é complementar da pesquisa teológica, e isso não deveria incomodar ninguém. Seria preciso, por acaso, renunciar a escrever a história do Concílio Vaticano II em nome da “hermenêutica da continuidade”? Ou permitir que ela seja escrita exclusivamente pela escola de Bolonha, que tem oferecido contribuições cientificamente valiosas, mas ideologicamente tendenciosas? E se elementos de descontinuidade emergissem no campo histórico, por que ter receio de trazê-los à luz do dia? Como negar a existência de uma descontinuidade, senão nos conteúdos, pelo menos na nova linguagem do Concílio Vaticano II? O inexplicável silêncio sobre o comunismo, por parte de um Concílio que pretendia ocupar-se das principais questões do mundo contemporâneo, por exemplo, é um fato clamoroso e catastrófico que, a um historiador, simplesmente não é lícito ignorar!
Catolicismo — Seu livro foi também criticado por estabelecer uma continuidade entre o Concílio e o pós-Concílio.
Prof. de Mattei — O Concílio não pode ser apresentado como um evento que nasce e morre no espaço de três anos, como se não tivesse tido raízes profundas e conseqüências igualmente profundas na vida da Igreja e da sociedade! Já no dia seguinte do seu término, o horizonte da Igreja nublou-se pela queda das certezas dogmáticas, pelo avanço do relativismo de uma nova moral permissiva, pela anarquia no campo disciplinar, pelo abandono do sacerdócio por parte de dezenas de milhares de padres e pelo afastamento da prática religiosa de milhões de fiéis. E o que dizer da retirada dos altares de crucifixos, estátuas de santos, etc. das igrejas? Mas, sobretudo, da queda vertiginosa das vocações sacerdotais e religiosas? Nos institutos religiosos masculinos, nos 40 anos, de 1965 a 2005, a queda chegou a um terço! Como negar a existência de uma profunda crise na Igreja pós-Conciliar, muitas vezes admitidas por Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI? Ora, todo grande acontecimento supõe uma causa proporcionada. É inimaginável ser o Vaticano II estranho à crise do pós-Concílio e que uma má “recepção” dos textos possa ser considerada uma causa proporcionada para explicar tudo o que aconteceu? Pode-se separar a Revolução pós-conciliar do Concílio?
Plinio Corrêa de Oliveira (círculo) diante da Basílica de São Pedro, por ocasião do Concílio

“Tive que consultar muitas fontes e, entre elas, o Catolicismo, que é uma das melhores para estudar as correntes católicas conservadoras latino-americanas”
Catolicismo — De acordo. Em tese é assim, mas como provar que foi isso que se deu na prática?
Prof. de Mattei — Para isso basta recordar um só episódio da “crise pós-conciliar”: quando, em 1968, Paulo VI promulgou a encíclica Humanae Vitae, um dos líderes da contestação foi o Cardeal Suenens. Quem era o Cardeal Suenens? Era o prelado a quem o próprio Paulo VI havia concedido um privilégio sem precedentes, apresentando-o à multidão, a seu lado, na janela do Palácio Apostólico, poucos dias depois de sua eleição. Era o jovem cardeal de Bruxelas que tinha aconselhado João XXIII a imprimir um caráter pastoral ao Concílio. Era o homem que, desde seu início, havia selado um pacto com D. Helder Câmara. Era o homem escolhido para guiar os quatro Moderadores do Concílio. Era o homem que, já durante o Concílio, tinha levantado o problema do controle da natalidade, pronunciando em plena basílica de São Pedro, em tom veemente, as palavras: “Não repitamos o processo de Galileo!” Ninguém mais do que ele desempenhara no Concílio o papel de protagonista.
O Cardeal Suenens, rebelde em relação a Paulo VI e à Igreja em 1968, era, por acaso, uma pessoa diferente daquele que, três anos antes, havia entoado o canto da vitória, após o encerramento do Concílio? Havia, por acaso, mudado de mentalidade, havia distorcido os documentos do Concílio, havia mal interpretado seu espírito? Suenens não precisava forçar ou distorcer os documentos conciliares, porque Suenens — como Frings, Alfrink, Bea e tantos outros — era o Concílio!
A pretensão de separar o Concílio do pós-Concílio é tão insustentável quanto pretender separar os textos conciliares do contexto pastoral no qual foram escritos. Nenhum historiador sério — e acrescento, nenhuma pessoa de bom senso — poderia aceitar esta separação artificial, que nasce de um preconceito e não da avaliação serena e objetiva dos fatos.
Ainda hoje vivemos as conseqüências da “Revolução conciliar”. Por que esconder isso? A Igreja “não deve temer a verdade”, como afirmou Leão XIII ao abrir o Arquivo Secreto do Vaticano aos pesquisadores.
Catolicismo — Muito obrigado pelo tempo que nos concedeu e por sua sinceridade, professor. Desejaria dizer algo mais aos leitores de nossa revista?
Prof. de Mattei — Para escrever o livro, tive que consultar todas as fontes disponíveis, e entre elas, o Catolicismo, que é uma das melhores fontes para estudar as correntes católicas conservadoras latino-americanas. Sua leitura tornou-se-me fácil e agradável, porque o italiano é próximo do português e, ainda jovem, aprendi seu belo idioma para poder ler no original as obras de Plinio Corrêa de Oliveira; e, mais tarde, para conversar com ele. Posso aqui confidenciar que Dr. Plinio está um pouco na origem de meu último livro. Porque, numa dessas saudosas conversas, ele explicou-me que, em sua estadia durante a primeira sessão do Concílio, havia notado que, na Itália em geral e em Roma em particular, existia um filão do clero que era piedoso e autenticamente conservador, mas que sentia medo de exprimir-se. E que meu papel contra-revolucionário devia ser levantar-lhe o ânimo com boas publicações e dizer a ele: “Ousai, monsenhores, ousai!”
Espero que, do Céu, ele esteja intercedendo junto a Nossa Senhora a fim de que esse trabalho contribua para uma autêntica restauração da Igreja, em favor da qual ele tanto lutou!
 FONTE

A crise conciliar vista da Basílica Vaticana Um clérigo anônimo

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Concílio Ecumênico Vaticano II: Um Discurso a ser feito, de Monsenhor Brunero Gherardini
 
     Para aqueles que se interessam pela Teologia, é inegável que a discussão sobre o Magistério do Concílio Ecumênico Vaticano Segundo e do Magistério que se seguiu a este mesmo Concílio ocupa hoje o centro das atenções e dos estudos daqueles que têm amor pela Igreja e um mínimo de espírito realista para perceber a crise que fulmina o Corpo Místico de Cristo, que é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. É imprescindível apreciar, então, qual a relação entre a crise doutrinal e moral que assola a Igreja e o Concílio Vaticano II. Trata-se de uma relação de causalidade? Que tipo de causalidade? De ocasionalidade? Pura coincidência?LER...

Cardinal Franc Rodé : The man at the center of the storms

 

Life under communism formed Cardinal Franc Rodé's pull-no-punches style

 
Cardinal Franc Rodé (CNS) 
 
Looking back, Rodé believes that Vatican II, while designed to generate a moderate reform, instead triggered “the greatest crisis in church history.”
“In the 16th century, during the Reformation, many religious left the church and many convents were closed, but it was geographically limited, more or less to Northern Europe,” he said. “In the French Revolution, there was another catastrophe, but it was limited to France. The crisis after the Second Vatican Council, however, was the first truly global crisis.”
“We’ve paid a very steep price due to a secularized, worldly mentality,” he said.
That cost has been especially acute, Rodé believes, in religious life.
“The statistical data make the point,” he said. “Take the case of American nuns: There were 180,000 in 1965, and now they’re just 59,000. Most are getting older, and the vocations just aren’t there. We could say the same thing for the Jesuits, and for most of the great traditional congregations.”READ...

Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano no Santuário da Medalha Milagrosa em Uberaba/MG.Brasil

Forma Extraordinária no Santuário da Medalha Milagrosa em Uberaba


No dia 25 de novembro o Revmo Pe. José Edilson de Lima da Administração Apostólica São João Maria Vianney e Juiz Auditor do Tribunal Interdiocesano e de Apelação do Rio de Janeiro, celebrou a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano no Santuário da Medalha Milagrosa em Uberaba/MG.


  



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

# Na antevéspera do cinqüentenário de sua abertura, ... # OS PAPAS E A CRISE APÓS O CONCÍLIO VATICANO # O Concílio Vaticano II foi intencionalmente ambígu... # A liturgia católica vive “uma certa crise” e Bento... # Peregrinação do ICRSS, com o Cardeal Burke, a Lisi... # The Liturgical Revolution in Action # MONS. Mario Oliveri : No entanto, é muito difícil ... # Iota Unum – A crise do sacerdócio no pós-Concílio:... # The Post-Conciliar Liturgical Revolution # La natura del consenso intellettuale che si deve a... # Summorum Pontificum Conference in Rio de Janeiro


Na antevéspera do cinqüentenário de sua abertura, uma oportuna reavaliação do Concílio Vaticano II




Padres conciliares entrando na Basílica de São Pedro no dia da abertura do Concílio Vaticano II
José Antonio Ureta
Na História da Igreja Católica, houve 21 concílios ecumênicos, ou seja, reuniões gerais de todos os bispos sob a direção do Papa ou de um representante seu.
Diferentemente dos concílios anteriores, o Concílio Vaticano II (1962-1965) coloca para os analistas (teólogos, historiadores, etc.) um problema novo. É que todos os concílios anteriores exerceram, com e sob o Papa, um Magistério solene, definindo verdades de fé e moral e tomando medidas de caráter disciplinar, enquanto juízes e legisladores supremos. O Concílio Vaticano II, contudo, não deliberou nem propôs, de modo solene e definitivo, nenhuma verdade de fé ou moral. Isso favoreceu a discussão sobre a natureza magisterial de seus documentos, o modo como eles foram postos em prática no pós-Concílio, e a relação entre o Concílio e o pós-Concílio.

Visão parcial da assistência do Congresso
Tal discussão está no cerne do atual debate sobre a verdadeira interpretação (“hermenêutica”, na linguagem especializada) do Vaticano II.
O Papa Bento XVI pavimentou o caminho para esse debate de alto nível ao afirmar, no Natal de 2005, a necessidade de uma “hermenêutica da continuidade” dos documentos conciliares. O que equivalia a admitir, implicitamente, que no texto deles há passagens menos claras ou quiçá ambíguas, que devem ser interpretadas conforme à Tradição bimilenar do Magistério da Igreja.
Até há pouco prevalecia, em numerosos meios eclesiásticos, a tendência a hipervalorizar o aggiornamento conciliar, promovendo a idéia de que o Vaticano II foi um novo começo que fazia tábula rasa do passado da Igreja e exigia ainda mais novidades. Erigido em “superdogma”, o Concílio passava a ser um evento intocável e aquele que exprimisse a menor reserva a respeito do seu alcance corria o risco de ser considerado “reacionário”, rebelde às orientações da Hierarquia.
De um tempo a esta parte, o descrédito das correntes progressistas promotoras dessa “ruptura” com o passado — no estilo da Teologia da Libertação que grassou na América Latina — favoreceu a emergência de um juízo mais sereno e objetivo a respeito do Concílio Vaticano II. Esse progresso da objetividade foi patenteado, entre 16 e 18 de dezembro p.p., no significativo Congresso de estudos sobre a Magna assembléia “para uma justa hermenêutica à luz da Tradição da Igreja”, organizado, em Roma, pelo Seminário Teológico Immacolata Mediatrice do Instituto dos Franciscanos da Imaculada.
A iniciativa, com o título Concílio Vaticano II. Um Concílio pastoral – Análise histórico-filosófico-teológica, contou com a participação de destacados representantes da Cúria Romana, da Hierarquia e do mundo acadêmico: o Cardeal Velasio de Paolis (Presidente da Prefeitura dos Assuntos econômicos da Santa Sé), D. Luigi Negri (Bispo de Marino-Montefeltro), D. Atanasio Schneider (Bispo auxiliar de Astana no Kazakistão), Pe. Nicola Bux (Consultor do Bureau de Celebrações do Sumo Pontífice e Professor no Instituto ecumênico de Bari), Mons. Brunero Gherardini, ex-decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Lateranense e professor emérito dessa universidade, o Pe. Ignacio Andereggen (professor na Universidade Pontifícia Gregoriana), o Pe. Florian Kolfhaus, funcionário diplomático da Secretaria de Estado, os padres Rosário M. Sammarco, Paolo M. Siano, Serafino M. Lanzetta e Giuseppe Fontanella (professores no Seminário Teológico Immacolata Mediatrice), o Prof. Roberto de Mattei da Universidade Européia de Roma. Ademais, estiveram presentes em algumas sessões o Cardeal Walter Brandmüller (presidente emérito do Conselho Pontifício das Ciências Históricas) e o Secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, Mons. Guido Pozzo, e ainda outros membros da Cúria Romana.
Trecho de discurso de Bento XVI “Por que a recepção do Concílio, em muitos círculos da Igreja, até agora ocorreu de modo tão difícil? Pois bem, tudo depende da justa interpretação do Concílio ou como diríamos hoje, de sua correta hermenêutica, da justa chave de leitura e de aplicação. Os problemas da recepção derivaram do fato de que duas hermenêuticas contrárias se combateram e disputaram entre si. […]
“Por um lado, existe uma interpretação que eu gostaria de definir ‘hermenêutica da descontinuidade e da ruptura’; não raro, ela pôde valer-se da simpatia dos mass media e também de uma parte da teologia moderna. Por outro lado, há a ‘hermenêutica da reforma’, da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho”.
___________
(Discurso do Papa Bento XVI à Cúria Romana, 22 de dezembro de 2005)LER...
  

OS PAPAS E A CRISE APÓS O CONCÍLIO VATICANO

O que diz o Papa Bento XVI?
Não ao Vaticano II "superdogma"!
 
Muitos comentários dão a impressão de que tudo mudou desde o Vaticano II e que tudo aquilo que o precedeu não tem nenhum valor ou, no melhor dos casos, não pode ter valor se não for à luz do Vaticano II... Muitos, aliás, o interpretam como se ele fosse um ‘superdogma’ que tira toda a importância de todo o resto.
Esta impressão se encontra particularmente reforçada pelos fatos que se produzem com freqüência. Aquilo que era considerado anteriormente como o mais sagrado -a forma transmitida pela liturgia-, aparece de repente como aquilo que está mais proibido e como a única coisa que deve ser certamente deixada de lado. Nós não toleramos nenhuma crítica das coisas operadas  desde o concílio; entretanto, onde estão em jogo as antigas regras ou as grandes verdades de fé- por exemplo a virgindade corporal de Maria, a ressurreição corporal de Jesus, a imortalidade da alma etc.- não reagimos ou bem o fazemos com moderação extrema.
Cardeal Ratzinger discurso de 13/07/88 à conferencia episcopal do Chile.


Papa Paulo VI
  • (30/6/1968 - Oss. Rom.) "Na Igreja também está reinando uma situação de incerteza. Tem se a sensação, de que por alguma abertura tenha entrado a fumaça de Satanás no Templo de Deus."
     
  • (07/12/1972 - Oss. Rom.) "A Igreja está passando por uma hora inquieta de autocrítica, que melhor se diria de autodestruição e igual a um transtorno agudo e completo, que ninguém teria esperado após o Concílio. A Igreja parece se suicidar, matar a si mesma."

O Concílio Vaticano II foi intencionalmente ambíguo e responsável pela crise atual

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No livro extremamente esclarecedor “O Reno se lança no Tibre”, do Pe. Ralph Wiltgen S.V.D., que acompanhou o Concílio na qualidade privilegiada de jornalista, há alguns trechos extremamente esclarecedores sobre a perversidade da tática modernista da ambiguidade (os destaques são meus):
Foi então que um dos liberais extremistas cometeu o erro de fazer referência por escrito a algumas das passagens ambíguas e de esclarecer como seriam interpretadas após o Concílio. O documento caiu nas mãos do grupo de cardeais e superiores maiores de que acabamos de falar, e seu representante foi levá-lo ao Sumo Pontífice. Compreendendo então que se tinham aproveitado dele, Paulo VI caiu em si e chorou.
Ralph Wiltgen S.V.D.; O Reno se lança no Tibre; Editora Permanência; pág 244-245
“Desde a segunda sessão”, esclarecia [o padre Schillebeeckx], “dissera a um especialista da Comissão de Teologia que se sentia irritado ao ver exposto no esquema o que parecia ser o ponto de vista liberal-moderado sobre a colegialidade; pessoalmente, ele era favorável ao ponto de vista liberal-extremo.” O especialista lhe havia respondido: “Nós nos exprimimos de modo diplomático, mas depois do Concílio tiraremos do texto as conclusões que estão nele implícitas.” O padre Schillebeeckx achava esta tática “desonesta”. Durante o último mês da terceira sessão, dizia, bispos e teólogos tinham continuado a falar da colegialidade “em um sentido que não estava de forma alguma consignado no esquema”. Sublinhava que a minoria tinha compreendido perfeitamente que o fraseado vago do esquema seria interpretado em um sentido mais forte depois do Concílio. (…) A maioria, dizia, tinha recorrido a uma terminologia deliberadamente vaga e excessivamente diplomática e ele recordava que o próprio padre Congar tinha bem cedo protestado contra a redação deliberadamente ambígua de um texto conciliar.
Ralph Wiltgen S.V.D.; O Reno se lança no Tibre; Editora Permanência; pág 244-245LER...

A liturgia católica vive “uma certa crise” e Bento XVI quer dar vida a um novo movimento litúrgico, que volte a trazer mais sacralidade e silencio na Missa, e mais atenção à beleza no canto, na música e na arte sacra.

Entrevista ao Cardeal Cañizares

http://4.bp.blogspot.com/_cQ2xhpZfenk/Su3FsD2koCI/AAAAAAAALTs/px-L5qLqO3E/s1600/canizares%2Bvi.JPG

O Cardeal António Cañizares Llovera, 65 anos, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, (que quando era bispo em Espanha era chamado “o pequeno Ratzinger”,) é o homem ao qual o Papa confiou esta tarefa. Nesta entrevista a Andrea Tornelli, publicada em Il Giornale, de 24.12.2010, (o “ministro” da liturgia de Bento XVI) revela e explica programas e projectos.
Enquanto Cardeal, Joseph Ratzinger tinha lamentado uma certa precipitação na reforma litúrgica post-conciliar. Qual é sua opinião?
A reforma litúrgica foi realizada com muita pressa. Havia óptimas intenções e o desejo de aplicar o Vaticano II. Mas houve precipitação. Não se deu tempo nem espaço suficiente para apanhar e interiorizar os ensinamentos do Concílio; de repente se mudou o modo de celebrar.
Recordo bem a mentalidade então difundida: era necessário mudar, criar algo novo. Aquilo que tínhamos recebido, a tradição, era vista como um obstáculo. A reforma foi entendida como obra humana, muitos pensavam que a Igreja era obra das nossas mãos e não de Deus. A renovação litúrgica foi vista como uma investigação de laboratório, fruto da imaginação e da criatividade, a palavra mágica de então.
Como Cardeal, Ratzinger tinha auspiciado uma “reforma da reforma” litúrgica, palavras actualmente impronunciáveis inclusivamente no Vaticano. No entanto, parece evidente que Bento XVI a desejaria. Pode falar dela?
Não sei se se pode, ou se convêm, falar de “reforma da reforma”. O que vejo absolutamente necessário e urgente, segundo o que deseja o Papa, é dar vida a um novo, claro e vigoroso movimento litúrgico em toda a Igreja. Porque, como explica Bento XVI no primeiro volume de sua Opera Omnia, na relação com a liturgia se decide o destino da fé e da Igreja. Cristo está presente na Igreja através dos sacramentos. Deus é o sujeito da liturgia, não nós. A liturgia no é una acção do homem mas é acção de Deus. LER...

Peregrinação do ICRSS, com o Cardeal Burke, a Lisieux
















Retirado de: ICRSS
 
http://caius-santachiesa.blogspot.com/