sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Monsenhor é um título eclesiástico honorifico conferido aos sacerdotes da Igreja Católica Apostólica Romana pelo Papa. A palavra tem origem francesa e, em português, pode ser abreviada como Mons. O título "Monsenhor" começou a ser usado pelos eclesiásticos do Papa em Avignon (1305-1376) quando os papas viviam na França e foi quando a burocracia papal e poder papal atingiu o seu apogeu.

Alguns importantes clérigos do tribunal papal haviam então consagrado do francês secular o termo: mon seigneur (meu senhor) ou "milord" (do inglês).

Apesar de somente o Papa conferir o título de Monsenhor, ele o faz a pedido do bispo diocesano por meio da Nunciatura Apostólica. O número máximo de monsenhores de uma diocese não pode, normalmente, ultrapassar 10% do total de sacerdotes. O Monsenhor não tem uma autoridade canônica maior que a de qualquer padre, uma vez que a nomeação não implica num sacramento da ordem. Assim o monsenhor só se distingue de um padre comum pelo título. Em alguns países os bispos também são referidos como monsenhor(Monsignore), em contrates a forma tradicional de tratamento (Excelência, Vossa Excelência Reverendíssima, Vossa Graça, etc). Muitos padres que desempenham funções na Cúria Romana recebem o título, devido ao alto cargo que ocupam na administração da Igreja Católica.

Uma série de mudanças na função dos Monsenhores foram introduzidas pelo Papa Paulo VI através do Motu Próprio Pontificalis Domus de 28 de março de 1968. Antes destas reformas, os prelados monsenhores ou menores foram divididos em pelo menos 14 diferentes graus, incluindo prelados internos, quatro tipos de Protonotários apostólicos, quatro tipos de camareiro papal e, pelo menos, cinco tipos de capelães papais.

Existem algumas categorias do título de Monsenhor:



1. Protonotário Apostólico: em dois tipos:
A) Numerário: O mais alto grau e menos comum, habitualmente existe uns sete.
B) Supranumerário: O mais alto grau de Monsenhor encontrado fora de Roma.


2. Prelado de Honra de Sua Santidade: Antes era chamado de "Prelado Doméstico");


3. Capelão de Sua Santidade. Antes era chamado de "Camareiro Papal” ou "Capelão privado” e ainda "Capelão Secreto”.
Quando se escolhe um Administrador Diocesano na Sé Vacante , o mesmo por costume recebe o título de “Protonotário Apostólico Numerário” de modo temporário. São monsenhores titulares, ou seja, ate que estejam na posse do cargo, e por isso devem ser tratados de “monsenhores”.

Os “monsenhores temporários” têm o privilégio de usar uma Manteleta de cor Negra. E por isso em alguns países ele é chamado de “Negro Protonotário”. Os títulos honoríficos como o de “Monsenhor” não são considerados adequados para um sacerdote do clero religioso.

Requisitos para receber o título de Monsenhor:

A Secretaria de Estado do Vaticano determinou após o Concilio Vaticano II e encaminhou a Congregação para o Clero que para receber o título de:
• Monsenhor Capelão de Sua Santidade. O sacerdote deve ter no mínimo: 35 anos de idade e 10 de sacerdócio.
• Monsenhor Prelado de Honra: O sacerdote deve ter no mínimo: 45 anos de idade e 15 de sacerdócio.
• Monsenhor Protonotário Apostólico supranumerário: O sacerdote deve ter no mínimo: 55 anos de idade e 20 de sacerdócio.

Obs.: Aquele que já tiver o título de vigário-geral não deve ser nomeado apenas Capelão Papal e sim Prelado de Honra.

Por fim: Os protonotários numerários continuam o trabalho do Colégio dos Protonotários e ainda possuem alguns deveres no trato dos documentos papais. Outros superiores da cúria Romana que não são bispos são tratados como protonotários numerários. A estes se incluem os auditores da Rota Romana, quatro clérigos da Câmara Apostólica e alguns outros
Fonte: Dominum Vobiscum

O Diabo? Esconde-se geralmente em vários programas televisivos. A sua táctica? Fazer acreditar que não existe "Satanás? Subtilmente esconde- se em alguns espetáculos e jogos televisivos, e na publicidade, com bastante frequência. Sua táctica é a de fazer acreditar que não existe, que é apenas um parto da fantasia : o conhecido padre e teólogo Don Renzo Lavatori, professor na universidade pontifícia Urbaniana, demonólogo famoso, autor da conhecida Antologia Diabólica .

"Eu, em princípio, não vejo a TV, no entanto, acontece assistir a alguns espetáculos e estou alarmado", diz o demonólogo.

Numa recente entrevista ao nosso site, o padre Amorth havia alegado que a actual grave crise financeira, incluindo a Alitalia, depende da mão, melhor da garra de Satanás, concorda?

"Sim, eu creio ter interpretado correctamente as palavras do valente padre Amorth ao qual se deve estima e respeito. Acho que ele quis dizer isso. A partir de um ponto de vista técnico as causas da triste situação económica dependem de factos históricos e erros de planeamento e visão dos analistas. Mas todo o quadro é o filho da confusão criada por Satanás e eu por isso eu concordo com tal interpretação ".

Em que sentido, desculpe?

" A palavra Diabo significa aquele que divide . Que coisa separa melhor do que uma crise económica?. Portanto, a crise, além de ser causada por erros humanos, é filha do diabo, agradável para ele. E acho que certas escolhas ou sugestões que se revelaram errados, podem realmente ser o resultado do grande Cornudo, ou seja o diabo, que se diverte como um louco ao ver-nos entre as desgraças."



-Mas por que deveria divertir-se?

"Por sua própria natureza. Deus representa o belo e bom por excelência, Satanás representa o negativo. Portanto, é bastante claro que uma crise económica que produz protestos, demissões e, muitas vezes, desespero e que afasta por vezes da religião, é agradável ao Demónio. Põe isso o Padre Amorth tem perfeitamente razão. Afinal, Deus a partir de um ponto de vista teológico, deixa as pessoas livres para escolher entre o bem e o mal. O chamado livre arbítrio. Teoricamente pessoas assasinas deveriam optar pelo bem, mas depois fazem o mal. E aqui surge Satanás com as suas seduções e tentações de corruptor. Talvez sugerindo ideias fora da lei. "

Desculpe-me, padre. Mas Satanás também está presente na publicidade?

"Certamente. Existem anúncios que anunciam coisas contrárias à ética, então esse é o triunfo de Satanás, ou pior ainda mensagens subliminares que invocam Satanás. Assim, a publicidade é essencialmente um veículo de Satanás, caso contrário, seria um fracasso. "

Então Satanás faz de chefe de linha na televisão:

"não falemos daquelas obscenas ou do conteúdo vulgar que além do conteúdo demoníaco , ofendem também o bom gosto ."



Como você avalia programas nos quais se confere o sucesso e, portanto, o dinheiro na base de adivinhar o que está dentro de uma embalagem?

" Eu não nego o direito às pessoas de se divertir. Mas na embalagem está Satanás”.

Como é que eu vou dizer isso?

" O que eu disse, o pacote é satânicos, no sentido literal do termo. Infunde no concorrente a confiança que a boa ou má sorte possa decidir do seu destino, incita-o frequentemente a crenças supersticiosas e a acreditar que o dinheiro não se ganha com suor de sua testa. Eis por que o diabo se camufla nesses jogos de adivinhar o que está nas embalagens .. Repito, que esses programas são satânicos., Palavra de demonólogo. "

Bruno Volpe
Fonte:Pontifex


Bento XVI sobre Orientação Litúrgica: Citações importantes
pelo Pe. Thomas Kocic

Um de nossos leitores (do blog New Liturgical Movement) pensa que seria útil e que pouparia tempo providenciar uma colecção de citações do então cardeal Ratzinger sobre o tema da orientação do altar na oração litúrgica. Com gratidão a Nichael Kowalewski, ei-las:

“A despeito de todas as variações na prática ocorridas no segundo milénio, uma coisa permaneceu evidente para toda a Cristandade: a oração voltada para o oriente é a tradição que remonta às origens.”

Introdução ao Espírito da Liturgia, edições Paulinas, pág. 75.

“Como tenho escrito em meus livros, penso que a celebração voltada para o oriente, voltada para o Cristo que vem, é uma tradição apostólica.”

Looking Again at the Question of Liturgy with Cardinal Ratzinger, ed. Alcuin Reid (St. Michael's Abbey, 2003), pág. 151.


Card.Ratzinguer
“A partir do momento em que o sacerdote voltou-se para o povo transformou a comunidade em um círculo fechado em si mesmo. Nesta forma, não mais está aberta para o que reside acima e abaixo, mas está fechada em si mesma.

A posição comum em direcção ao oriente não era uma “celebração em direcção à parede”; não significava que o sacerdote “desse as costas para o povo”: o próprio sacerdote não era considerado como tão importante”.
Introdução ao Espírito da Liturgia, págs. 80-81.

Card.Ratzinguer
"Exactamente como a assembleia na sinagoga olhava conjuntamente em direcção a Jerusalém, assim também na liturgia cristã a assembleia olha conjuntamente “em direcção ao Senhor”... Eles não se fecham num círculo; eles não se fixam uns nos outros; mas como o Povo de Deus peregrino procuram pelo Oriens, pelo Cristo que vem nos encontrar...

A posição comum em direcção ao oriente durante a Oração Eucarística permanece essencial. Não é o caso de algo acidental. Olhar para o sacerdote não tem importância. O que importa é olhar conjuntamente para o Senhor.”
Introdução ao Espírito da Liturgia, págs. 80-81.



card.Ratzinguer
“Mudar a cruz do altar para o lado para dar uma visão ininterrupta do sacerdote é algo que considero um dos fenómenos verdadeiramente absurdos das décadas recentes. A cruz é obstrutiva durante a Missa? O sacerdote é mais importante que o Senhor? Este erro deve ser corrigido tão rapidamente quanto possível; pode ser feito sem ulteriores reconstruções.”

(Refere-se o Papa à simples disposição de uma cruz no centro do altar - à sua ausência ele chama erro. Causa estranheza a rejeição absoluta de uns e a indiferença de outros a algo tão necessário quanto factível; sem mencionar o fato de que o altar do Sacrifício se distinguira mais claramente das mesas comuns usadas para refeições comuns.)
Introdução ao Espírito da Liturgia, pág. 84



Card.Ratzinguer
“Na Basílica de São Pedro, durante o pontificado de São Gregório Magno (590-604), o altar foi mudado para mais perto da cátedra do bispo, provavelmente pela simples razão que ele devesse ficar o mais possível acima do túmulo de São Pedro... Devido a circunstâncias topográficas, fez com que a Basílica de São Pedro se voltasse para o oeste”.
Introdução ao Espírito da Liturgia ,pags 76- 77

Card.Ratzinger
"Portanto, se o sacerdote celebrante desejasse – como a tradição cristã de oração exige – voltar-se para o oriente, ele deveria ficar diante do povo e olhar – esta é a conclusão lógica – em direcção ao povo... A renovação litúrgica em nosso século tomou este suposto modelo e desenvolveu a partir dele uma nova ideia para a forma da liturgia. A Eucaristia – assim se dizia – devia ser celebrada versus populum (em direcção ao povo).

O altar – como pode ser visto no modelo normativo da Basílica de São Pedro – devia ser posicionado de tal maneira que o sacerdote e o povo olhassem um para o outro e formassem conjuntamente o círculo da comunidade celebrante. Somente isto – assim se dizia – era compatível com o sentido da liturgia cristã, com a exigência da participação activa. Somente isto se conformava ao modelo primordial da Última Ceia.”

Introdução ao Espírito da Liturgia ,pags 76- 77


Card.Ratzinger

“Estes argumentos enfim pareceram tão persuasivos que após o Concílio (que nada disse sobre ‘voltar-se em direcção ao povo’) novos altares foram construídos em toda parte, e hoje a celebração versus populum realmente parece ser o fruto característico da renovação litúrgica do Vaticano II.

De facto é a consequência mais conspícua de um redireccionamento que não apenas significa um novo arranjo externo dos lugares destinados à liturgia, mas também trás consigo uma nova ideia da essência da liturgia – a liturgia como uma refeição comum.”

Introdução ao Espírito da Liturgia ,pags 76- 77


Card.Ratzinger
“O conteúdo positivo da antiga direcção voltada ao oriente não reside em sua orientação para o tabernáculo... O sentido original do que actualmente é chamado “o sacerdote dando suas costas para o povo” é de facto – como J. A. Jungmann tem mostrado consistentemente – o sacerdote e o povo conjuntamente tomarem a mesma direcção, o que temos é uma orientação cósmica e também uma interpretação da Eucaristia em termos de ressurreição e de teologia trinitária.

Por isso é também uma interpretação em termos de parusia, uma teologia da esperança, em que cada Missa é uma aproximação ao retorno de Cristo.”
The Feast of Faith (Ignatius Press, 1986), pág. 140


Card. Ratzinguer
“A cruz no altar não está obstruindo a visão; é um ponto comum de referência. É uma ‘iconostasis’ aberta que, longe de impedir a unidade, na verdade a facilita: é a imagem que atrai e unifica a atenção de todos. Eu ainda ousaria sugerir que a cruz no altar é, na verdade, uma pré-condição para a celebração voltada para o povo.”
The Feast of Faith, pág. 145

“Entre os fiéis há uma crescente compreensão dos problemas inerentes a um arranjo que dificilmente mostra que a liturgia esteja aberta a coisas que estão acima e ao mundo que está por vir”
Prefácio ao livro de U.M. Lang, Vueltos hacia il Señor

Fonte:Oblatvs

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009




Fotos da Festa do Santíssimo Nome de Jesus que foi celebrada numa Missa Tridentina Cantada na Igreja da Santíssima Trindade dos Peregrinos em Roma, a qual foi escolhida pelo Papa Bento XVI como Paróquia pessoal só para o uso exclusivo do Rito Tridentino e foi confiada à Fraternidade Sacerdotal de S. Pedro

Fonte:New Liturgical Movement


Bento XVI: união com Cristo, «verdadeiro sacrifício espiritual»

Queridos irmãos e irmãs:

Nesta primeira audiência geral de 2009, desejo formular a todos vós fervorosos augúrios para o novo ano que acaba de começar. Reavivemos em nós o empenho de abrir a Cristo a mente e o coração, para ser e viver como verdadeiros amigos seus. Sua companhia fará que este ano, ainda com suas inevitáveis dificuldades, seja um caminho cheio de alegria e de paz. De fato, só se permanecermos unidos a Jesus, o ano novo será bom e feliz.

O compromisso de união com Cristo é o exemplo que São Paulo nos oferece. Prosseguindo com as catequeses dedicadas a ele, nós nos deteremos hoje a reflectir sobre um dos aspectos importantes de seu pensamento, o culto que os cristãos estão chamados a prestar. No passado se preferia falar de uma tendência anticultural do apóstolo, de uma «espiritualização» da ideia de culto. Hoje compreendemos melhor que São Paulo vê na cruz de Cristo uma mudança histórica, que transforma e renova radicalmente a realidade do culto. Há sobretudo três textos da Carta aos Romanos nos quais se apresenta esta nova visão do culto.

1. Em Romanos 3, 25, após ter falado da «redenção realizada por Cristo Jesus», Paulo continua com uma fórmula misteriosa para nós e diz assim: Deus o «exibiu como instrumento de expiação por seu sangue, mediante a fé». Com esta expressão, para nós bastante estranha – «instrumento de expiação» – São Paulo se refere ao chamado «propiciatório» do antigo templo, ou seja, à cobertura da arca da aliança, que estava pensada como ponto de contacto entre Deus e o homem, ponto da presença misteriosa de Deus no mundo dos homens. Este «propiciatório», no grande dia da reconciliação – Yon Kippur – era aspergido com o sangue dos animais sacrificados, sangue que punha simbolicamente os pecados do ano passado em contacto com Deus, e assim, os pecados jogados ao abismo da vontade divina eram quase absorvidos pela força de Deus, superados, perdoados. A vida começava de novo.



Bento XVI

São Paulo faz referência a este rito e diz: este rito era expressão do desejo de que realmente se pudessem colocar todas as nossas culpas no abismo da misericórdia divina e assim faze-las desaparecer. Mas com o sangue dos animais não se realiza este processo. Era necessário um contacto mais real entre a culpa humana e o amor divino. Este contacto aconteceu com a cruz de Cristo. Cristo, Filho de Deus, que se fez verdadeiro homem, assumiu em si mesmo toda nossa culpa. Ele mesmo é o lugar de contacto entre a miséria humana e a misericórdia divina; em seu coração se desfaz a massa triste do mal realizado pela humanidade, e se renova a vida.

Revelando esta mudança, São Paulo nos diz: com a cruz de Cristo – o acto supremo do amor divino, convertido em amor humano –, o antigo culto com os sacrifícios dos animais no templo de Jerusalém terminou. Este culto simbólico, culto de desejo, foi substituído agora pelo culto real: o amor de Deus encarnado em Cristo e levado à sua plenitude na morte de cruz.

Portanto, isso não é uma espiritualização do culto real, mas ao contrário, é o culto real, o verdadeiro amor divino-humano, que substitui o culto simbólico e provisional. A cruz de Cristo, seu amor com carne e sangue, é o culto real, correspondendo à realidade de Deus e do homem. Já antes da destruição externa do templo, para Paulo a era do templo e do seu culto havia terminado: Paulo se encontra aqui em perfeita consonância com as palavras de Jesus, que havia anunciado o fim do templo e anunciado outro templo «não feito por mãos humanas» – o templo de seu corpo ressuscitado (cf. Marcos 14, 58; João 2, 19 ss). Este é o primeiro texto.




Bento XVI
2. O segundo texto do qual quero falar hoje se encontra no primeiro versículo do capítulo 12 da Carta aos Romanos. Nós o escutamos e o repito mais uma vez: «Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual» . Nestas palavras se verifica um paradoxo aparente: enquanto o sacrifício exige por norma a morte da vítima, Paulo faz referência à vida do cristão. A expressão «oferecer vossos corpos», unida ao conceito sucessivo de sacrifício, assume o esboço cultural de «dar em oblação, oferecer». A exortação a «oferecer os corpos» se refere à pessoa inteira; de facto, em Romanos 6, 13, ele convida a «apresentar-vos a vós mesmos». Portanto, a referência explícita à dimensão física do cristão coincide com o convite a «glorificar a Deus com vosso corpo» (1 Coríntios 6, 20): trata-se de honrar Deus na existência quotidiana mais concreta, feita de visibilidade relacional e perceptível.

Um comportamento desse tipo é qualificado por Paulo como «sacrifício vivo, agradável a Deus». É aqui onde encontramos precisamente o vocábulo «sacrifício». No uso corrente, este termo faz parte de um contexto sacro e serve para designar a decapitação de um animal, do qual uma parte pode ser queimada em honra dos deuses e a outra consumida pelos fiéis em um banquete. Paulo o aplicava, no entanto, à vida do cristão. De fato, qualifica um sacrifício assim servindo-se de três adjectivos. O primeiro – «vivo» – expressa uma vitalidade. O segundo – «santo» – recorda a ideia paulina de uma santidade que não está ligada a lugares ou objectos, mas à própria pessoa do cristão. O terceiro – «agradável a Deus» – recorda talvez a frequente expressão bíblica do sacrifício «de suave odor» (Cf. Levítico 1, 13.17; 23,18;26,31; etc).



Bento XVI

Imediatamente depois, Paulo define assim esta nova forma de viver: este é «vosso culto espiritual». Os comentadores do texto sabem bem que a expressão grega (ten logiken latreian) não é fácil de traduzir. A Bíblia latina traduz: «rationabile obsequium». A mesma palavra «rationabile» aparece na primeira oração eucarística, no Cânon Romano: nela se reza para que Deus aceite esta oferenda como «rationabile». A tradicional tradução de «culto espiritual» não reflecte todos os detalhes do texto grego (e nem sequer do latino). Em todo caso, não se trata de um culto menos real, ou inclusive somente metafórico, mas de um culto mais concreto e realista, um culto no qual o próprio homem em sua totalidade de ser dotado de razão, converte-se em adoração, glorificação do Deus vivo.
Esta fórmula paulina, que aparece novamente na oração eucarística romana, é fruto de um

Nesta experiência se encontram desenvolvimentos teológicos do Antigo Testamento e correntes do pensamento grego. Quero mostrar ao menos alguns elementos deste desenvolvimento. Os profetas e muitos Salmos criticam fortemente os sacrifícios cruentos do templo. O salmo 50 (49), no qual é Deus quem fala, diz, por exemplo: «Se tivesse fome, não precisava dizer-te, porque minha é a terra e tudo o que ela contém. Porventura preciso comer carne de touros, ou beber sangue de cabrito?... Oferece, antes, a Deus um sacrifício de louvor e cumpre teus votos para com o Altíssimo» (versículos 12-14).



Bento XVI

No mesmo sentido, o salmo seguinte, 51 (50), diz: «Vós não vos aplacais com sacrifícios rituais; e se eu vos ofertasse um sacrifício, não o aceitaríeis» (versículo 18ss). No Livro de Daniel, no tempo da nova destruição do templo por parte do regime helenístico (II século a.C.), encontramos um novo passo na mesma direcção. Em meio ao fogo – ou seja, na perseguição, no sofrimento – Azarias reza assim: «Hoje, já não há príncipe, nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação, nem incenso, nem mesmo um lugar para vos oferecer nossas primícias e encontrar misericórdia.

Entretanto, que a contrição de nosso coração e a humilhação de nosso espírito nos permita achar bom acolhimento junto a vós, Senhor, como (se nós nos apresentássemos) com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifício em vossa presença! Que possa (reconciliar-nos) convosco, porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em vós sua confiança» (Daniel 3, 38ss). Na destruição do santuário e do culto, nesta situação de privação de todo sinal da presença de Deus, o crente oferece como verdadeiro holocausto o coração contrito, seu desejo de Deus.




Bento XVI

Vemos um desenvolvimento importante, belo, mas com um perigo. Existe uma espiritualização, uma moralização do culto: o culto se converte em algo do coração, do espírito. Mas falta o corpo, falta a comunidade. Assim se entende, por exemplo, que o Salmo 51 e também o livro de Daniel, apesar de criticar o culto, desejem a volta ao tempo dos sacrifícios. Mas trata-se de um tempo renovado, em uma síntese que ainda não era previsível, que ainda não podia ser pensada.

Voltemos a São Paulo. Ele é herdeiro destes desenvolvimentos, do desejo do culto verdadeiro, no qual o próprio homem se converte em glória de Deus, adoração vivente com todo seu ser. Neste sentido, diz aos Romanos: « Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual» (Romanos 12, 1). Paulo repete assim o que já havia assinalado no capítulo 3: O tempo dos sacrifícios de animais, sacrifícios de substituição, terminou. Chegou o tempo do culto verdadeiro.




Bento XVI
Mas também aqui se dá o perigo de um mal-entendido: poder-se-ia interpretar facilmente este novo culto em um sentido moralista: oferecendo nossa vida, nós fazemos o culto verdadeiro. Desta forma, o culto com os animais seria substituído pelo moralismo: o homem faria tudo por si mesmo, com seu esforço moral. E esta certamente não era a intenção de São Paulo. Mas persiste a questão. Como devemos interpretar, portanto, este «culto espiritual agradável a Deus»? Paulo supõe sempre que chegamos a ser «um em Cristo Jesus» (Gálatas 3, 28), que morremos no baptismo (cf. Romanos 1) e vivemos agora com Cristo, por Cristo, em Cristo.

Nesta união – e só assim – podemos ser n’Ele e com Ele «sacrifício vivo», oferecer o «culto verdadeiro». Os animais sacrificados deveriam ter substituído o homem, o dom de si do homem, e não puderam. Jesus Cristo, em sua entrega ao Pai e a nós, não é uma substituição, mas comporta realmente em si o ser humano, nossas culpas e nosso desejo; representa-nos realmente, assume-nos em si mesmo. Na comunhão com Cristo, realizada na fé e nos sacramentos, nós nos convertemos, apesar de nossas deficiências, em sacrifício vivo: realiza-se o «culto verdadeiro».


Novas fotos nos chegam da solenidade da Epifania presidida pelo Papa Bento XVI

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009




Bento XVI

Comentando o episódio dos Magos referido no Evangelho de São Mateus, neste ano 2009 dedicado de modo especial à astronomia, o Papa deteve-se inicialmente sobre o símbolo da estrela. Os “Padres da Igreja”, autores cristãos dos primeiros séculos – observou – viram neste singular episódio evangélico “uma espécie de revolução cosmológica, causada pela entrada no mundo do Filho de Deus”: “ao passo que a teologia pagã divnizava os elementos e as forças do cosmos, a fé cristã, levando a cumprimento a revelação bíblica, contempla um único Deus, Criador e Senhor de todo o universo. É o amor divino, incarnado em Cristo, a lei fundamental e universal de toda a criação”.Como escreve Dante, na conclusão da sua “Divina Comédia”, é Deus “o amor que move o sol e as outras estrelas”.



Bento XVI

“Isto significa que as estrelas, os planeta, o universo no seu conjunto, não são governados por uma força cega, não obedecem às meras dinâmicas da matéria. Não há, portanto, que divinizar os elementos cósmicos. Pelo contrário, em tudo e acima de tudo existe uma vontade pessoal, o Espírito de Deus, que em Cristo se revelou como Amor”. Como escrevia São Paulo aos Colossenses, os homens não são escravos dos “elementos do cosmos”, mas são livres, isto é, capazes de se relacionarem com a liberdade criadora de Deus.




Bento XVI

“É Deus a origem de tudo. Ele tudo governa não como um anónimo e frio motor, mas sim como Pai, Esposo, Amigo, Irmão. Como Logos, Palavra-Razão que se uniu à nossa carne mortal para sempre, partilhando plenamente a nossa condição e manifestando a superabundante potência da sua graça. Existe portanto no cristianismo uma peculiar concepção cosmológica, que encontrou na filosofia e na teologia medievais elevadíssimas expressões”.



Bento XVI

Também no nosso tempo – sublinhou o Papa – se manifesta um novo florescimento dessas reflexões, “graças à paixão e à fé de muitos cientistas que – na esteira de Galileu – não renunciam nem à razão nem fé, mas as valorizam até ao fim, na sua recíproca fecundidade”. “O pensamento cristão - prosseguiu ainda Bento XVI - compara o cósmos a um livro... considerando-o como a obra de um Autor que se exprime mediante a sinfonia da criação.


Bento XVI

No interior desta sinfonia encontra-se, a um certo ponto, aquilo que em linguagem musical se diria um solo, um tema confiado a um só instrumento ou a uma única voz. E é tão importante que daí depende o significado de toda a obra”. “Este solo, este solista é Jesus, ao qual corresponde precisamente um sinal régio: o aparecer de uma nova estrela no firmamento. Os escritores cristãos antigos comparavam Jesus a um novo sol


Bento XVI

Segundo os actuais conhecimentos astrofísicos, deveríamos compará-lo a uma estrela ainda mais central, não só para o sistema solar, mas para todo o universo conhecido”.
Jesus, “o Filho do Homem” – concluiu o Papa – “resume em si a terra e o céu, a criação e o Criador, a carne e o Espírito. É Ele o centro do cosmos e da história, porque n’Ele se unem (sem se confundirem) o Autor e a sua obra”.



Bento XVI

Mas “se no Jesus terreno se encontra o cume da criação e da história” – observou seguidamente Bento XVI – “em Cristo ressuscitado vai-se ainda mais além: a passagem, através da morte, à vida eterna antecipa o ponto da recapitulação de tudo em Cristo”. É esta convicção, esta consciência, que mantém a Igreja, Corpo de Cristo, no seu caminhar ao longo da história: “Não há sombra alguma, por muito tenebrosa que seja, que possa obscurecer a luz de Cristo.



Bento XVI
É por isso que nos que crêem em Cristo nunca se extingue a esperança, nem mesmo hoje em dia, perante a grande crise social e económica que aflige a humanidade, perante o ódio e a violência destruidora que continuam a ensanguentar muitas regiões da terra, perante o egoísmo e a pretensão do homem de arvorar-se em deus de si mesmo, que conduz por vezes a perigosas alterações fundamentais do projecto divino sobre a vida e a dignidade do ser humano, sobre a família e a harmonia da criação”.



Bento XVI
Para o Papa, “mantêm o seu valor e o seu sentido” os esforços “para libertar a vida humana e o mundo daqueles envenenamentos e inquinamentos que poderiam destruir o presente e o futuro”. “Mesmo se aparentemente não somos bem sucedidos ou parecemos impotentes perante a preponderância das forças hostis”, “é a grande esperança que se apoia sobre as promessas de Deus que nos dá coragem e orienta o nosso agir”.



Bento XVI
Orientando-se já para a conclusão da homilia, nesta Missa da Epifania, Bento XVI observou que, se “a Epifania é a manifestação do Senhor”, é-o também, de modo indirecto, “manifestação da Igreja, pois o Corpo é inseparável da Cabeça”. A realidade da Igreja é um "mistério de luz reflectida”.
“A Igreja sabe que a própria humanidade, com seus limites e misérias, põe ainda mais em relevo a obra do Espírito Santo. Ela não se pode vangloriar de nada senão do seu Senhor. Não é dela que provém a luz, não é sua a glória. Mas é precisamente esta a sua alegria, que ninguém lhe poderá arrebatar: ser sinal e instrumento d’Aquele que é lumen gentium, luz dos povos”.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009



O Papa Bento XVI convida a “rezar pelo fim do conflito na Faixa de Gaza, implorando justiça e paz para a sua terra”. Foi a seguir à recitação do Angelus, no domingo 4 de janeiro, na Praça de São Pedro, que Bento XVI fez seu este apelo dos líderes cristãs da Terra Santa, recordando “as vítimas, os feridos, os que têm o coração despedaçado, os que vivem na angústia e no medo, para que Deus os conforte com a sua consolação, com a paciência e a paz que d’Ele vêm”.

“As dramáticas notícias que provêm de Gaza mostram como a recusa do diálogo leva a situações que pesam gravemente, de modo indizível, sobre as populações mais uma vez vítimas do ódio e da guerra. A guerra e o ódio não são a solução dos problemas. Confirma-o também a história mais recente.




Bento XVI
Rezemos, portanto, para que o Menino na manjedoura … inspire as autoridades e os responsáveis de ambas as frontes, israelita e palestiniano, a uma acção imediata para pôr termo à actual trágica situação”.
Também na saudação em língua inglesa, o Papa exortou a rezar para “que a paz proclamada pelos Anjos em Belém se radique cada vez mais nos corações humanos, pondo de lado a discórdia e a violência e inspirando a família humana a viver em harmonia e solidariedade”.




Bento XVI
Na costumada alocução antes das Ave Marias, o Papa comentou o Prólogo de São João que a Igreja propõe neste domingo como Evangelho do dia. “A Igreja de novo nos convida a contemplar o mistério do Natal de Cristo, para captar ainda mais o seu significado profundo e a sua importância para a nossa vida. Trata-se de um texto admirável, que oferece uma síntese vertiginosa de toda a fé cristã”. Partindo do alto –



Bento XVI

“No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” – o apóstolo apresenta “a verdade inaudita e humanamente inconcebível”: “O Verbo fez-se carne e veio habitar no meio de nós”.
“Não é uma figura retórica, mas sim uma experiência vivida! Quem a refere é João, testemunha ocular: Nós contemplámos a sua glória, glória como do Filho unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade!”




Bento XVI
“Não é a palavra douta de um rabino ou de um doutor da lei . É o testemunho apaixonado de um humilde pescador que, tendo sido atraído, jovem, por Jesus de Nazaré, nos três anos de vida comum com Ele e com os outros apóstolos, experimentou o seu amor (ao ponto de se definir como “o discípulo que Jesus amava”) e o viu morrer na cruz e aparecer ressuscitado e depois recebeu com os outros o seu Espírito.



Bento XVI
De toda esta experiência, meditada no seu coração, João captou uma íntima certeza: Jesus é a Sapiência de Deus incarnada, é a sua Palavra eterna, que se fez homem mortal. Para um verdadeiro Israelita, que conhece as sagradas Escrituras, isto não é um contra-senso, mais ainda, é o cumprimento de todo a antiga Aliança: em Jesus Cristo tem lugar a plenitude do mistério de um Deus que fala aos homens como a amigos, que se revela a Moisés na Lei, aos sapientes e aos profetas”.



Bento XVI

“Conhecendo Jesus, estando com Ele, escutando a sua pregação e vendo os sinais que Ele realizava, os discípulos reconheceram que n’Ele se realizavam todas as Escrituras”. Como afirmará depois Hugo de São Vítor, um autor cristão: “Toda a Escritura divina constitui um só livro e este único livro é Cristo, fala de Cristo e encontra em Cristo o seu cumprimento”.
“A primeira a abrir o coração e a contemplar ‘o Verbo de Deus que se faz carne’ foi Maria, a Mãe de Jesus” – observou o Papa. “Uma humilde jovem da Galileia que se tornou assim a ‘sede da Sabedoria’!” “Como o apóstolo João, cada um de nós é convidado a “acolhê-la consigo”, para conhecer profundamente Jesus e experimentar o seu amor fiel e inexaurível” – concluiu Bento XVI.

Ratzinger fala sobre os critérios de sucesso da fé

Pergunta: De outra parte, muitos dos seus convites e apelos não parecem ter surtido resultados particulares. Em todo caso, o senhor não conseguiu provocar um amplo movimento contra as tendências do tempo e uma mudança de mentalidade de vastas proporções. Como consolação, o senhor disse que Deus conduz a Igreja por caminhos misteriosos. Mas não lhe parece deprimente o fato que o debate termine em si mesmo e que, ao contrário, o nível das discussões tenha já descido tão baixo? Neste ínterim parece ainda que os conteúdos da fé tenham ulteriormente se perdido, que em todas estas questões se tenha produzido uma indiferença ainda maior.


Cardeal Ratzinger: Jamais pretendi impor uma outra direção ao timão da história. E se o próprio Nosso Senhor termina na cruz, então se vê que os seus caminhos não levam tão rapidamente a resultados mensuráveis. Creio que isto seja realmente muito importante. Os discípulos lhe fizeram perguntas do gênero: mas o que está acontecendo? Por que não se vê nenhum resultado? E ele lhes respondeu com as parábolas do grão de mostarda, do fermento e muitas outras ainda, e explicou-lhes que a estatística não é um dos critérios de Deus.

Todavia com os grãos de mostarda e com o fermento acontece algo realmente substancial e decisivo, que vós agora não podeis ver.


Ratzinger
Por isso, parece-me, não ser necessário levar em consideração os critérios quantitativos de sucesso. Não somos uma empresa comercial, que pode ter como unidade de medida as cifras e dizer; a nossa política produziu bons resultados e as vendas cresceram. Nós realizamos um serviço, que em última instância não está nas nossas mãos, mas nas de Deus. Por outro lado, não é verdadeiro que tudo acabe em nada. Existem ainda, mesmo entre os jovens e em todo os continentes, sinais de renascimento da fé.

Talvez devêssemos abandonar as ideias de igreja nacional ou de massa. É provável que diante de nós esteja uma época diferente da história da Igreja, uma época nova em que o cristianismo se encontrará na situação de grão de mostarda, em grupos de pequenas dimensões, aparentemente sem influência, que todavia vivem intensamente contra o mal e portam no mundo o bem, que dêem espaço a Deus.

Ratzinger
Vejo que um grande movimento deste género já esteja em acto. Neste momento não quero citar exemplos. Seguramente não há conversões em massa ao cristianismo, mudanças paradigmáticas ou inversões de tendência. Mas há maneiras fortes de viver a fé, que reanimam as pessoas e lhes dão vitalidade e alegria, uma presença de fé, pois que significa algo para o mundo.

Fonte: Papa Ratzinger Blog

Tradução: OBLATVS