sábado, 17 de janeiro de 2009

OS SINAIS DA CRUZ FEITOS PELO SACERDOTE DURANTE O CÂNON DA MISSA


OS SINAIS DA CRUZ FEITOS PELO SACERDOTE
DURANTE O CÂNON DA MISSA
Santo Tomás de Aquino
(Suma Teológica, III. q.83, ad 3).

"O sacerdote na celebração da missa faz os sinais da cruz para evocar a paixão de Cristo, que se consumou na cruz. A paixão de Cristo realizou-se como em etapas.

1ª. A entrega de Cristo feita por Deus, por Judas e pelos judeus. Ela é simbolizada pelos três sinais da cruz, ao dizer o sacerdote as palavras: "Haec dona, haec munera, haec sancta sacrificia illibata" ("Estes dons, estas dádivas, este santo sacrifício imaculado").

2ª. A venda de Cristo. Com efeito, Cristo foi vendido aos sacerdotes, escribas e fariseus. Para simbolizá-la, o celebrante faz de novo três sinais da cruz, dizendo: "benedictam, adscriptam, ratam" ("abençoada, confirmada, ratificada"). Ou para expressar o preço da venda, a saber trinta denários. E se acrescentam dois sinais da cruz, ao se pronunciar as palavras: "ut nobis Corpus et Sanguis" ("a fim de se tornar para nós o Corpo e o Sangue"), para significar a pessoa de Judas que vendeu e a de Cristo que foi vendido.



3ª. A prefiguração da paixão de Cristo feita na ceia. Para designá-la, fazem-se uma terceira vez dois sinais da cruz, um na consagração do Corpo e o outro na do Sangue, quando em ambos os casos se diz a palavra "benedixit" ("abençoou").

4ª.A própria paixão de Cristo. Por isso, para simbolizar as cinco chagas, traçam-se uma quarta vez cinco cruzes, ao se proferirem as palavras: "hostiam puram, hostiam sanctam, hostiam immaculatam, panem sanctum vitae aeternae, et calicem salutis perpetuae" ("hóstia pura, hóstia santa, hóstia imaculada, o pão santo da vida eterna e o cálice da salvação perpétua").



5ª. Os suplícios do corpo e o derramamento do sangue, e o fruto da paixão são simbolizados por meio das três cruzes traçadas com as palavras: "corpus et sanguinem sumpserimus, omni benedictione" ("a fim de que recebendo o corpo e sangue sejamos repletos de toda bênção").

6ª. A tríplice oração que Cristo fez na cruz, uma pelos pecadores, quando disse: "Pai, perdoai-lhes", a segunda para livrar-se da morte, quando disse: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" e a terceira se refere à obtenção da glória, quando disse: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". Para significar isso, fazem-se três cruzes com as palavras: "sanctificas, vivificas, benedicis" ("pela qual santificais, vivificais, abençoais").



7ª. As três horas em que Cristo esteve pregado na cruz, isto é, da hora sexta à nona. Para simbolizar isto, traçam-se três cruzes com as palavras: "per ipsum, et cum ipso et in ipso" ("por ele, e com Ele e n’Ele").

8ª. A separação da alma e do corpo é representada por duas cruzes feitas em seguida fora do cálice.



9ª. A ressurreição realizada no terceiro dia. É simbolizada por três cruzes traçadas com as palavras: "Pax domini sit semper vobiscum" ("A paz do Senhor esteja sempre convosco").

Em poucas palavras, pode-se dizer que a consagração deste sacramento e a aceitação do sacrifício e de seus frutos procedem da força da cruz de Cristo. Por isso, todas as vezes que se faz menção de uma destas coisas, o sacerdote traça uma cruz"

Fonte:S.Pio V

MISSA TRIDENTINA EM FÁTIMA AOS DOMINGOS ÀS18H



Desde há algumas semanas que vem sendo celebrada a Santa Missa Tridentina em Fátima. Avisamos pois todos os nossos amigos que a Santa Missa Tridentina é celebrada na Capela do Solar da Marta, situada na Rua Francisco Marto, nº74 .

Naturalmente que ficam convidados a participar .A Santa Missa Tridentina celebra -se cada Domingo às 18h na referida Capela.

O PROGRESSISMO DO CARDEAL SIRI




2. O “sociologismo”

Todos os que amam ser chamados progressistas piscam os olhinhos para o sociologismo mesmo se não sabem que coisa seja.

Ele consiste em transferir o fim da vida, o Paraíso, ao qual tender, a mola directiva das acções, do Céu para a Terra. Portanto, não é o caso de ocupar-se da salvação eterna, mas sim do bem-estar terreno, concentrar tudo no dar tal bem-estar e gozo igualmente a todos neste mundo.

A manifestação externa deste sociologismo é agir como agitador, demagogo, reivindicador dos bens transitórios, permissivo em todas as manifestações que exprimam o entusiasmo desta tendência.


Esta constitui a mais comum e expressiva característica do progressismo. Fique bem claro que nós devemos defender a justiça e que a ordem da caridade nos impõe ter como prioridade no objecto do amor os necessitados.

Mas se trata de outra coisa, porque o sociologismo não cuida da salvação eterna dos pobres e usa todos os métodos, até imorais, que considere mais ou menos favoráveis ao bem-estar terreno, mandando-os de fato ao inferno.

Longe de nós crer que tudo aquilo que se tinge de social ou de vermelho seja sociologismo e que os muitíssimos actores desta cena sejam sociologistas conscientes da apostasia inerente ao sociologismo. Dizemos apenas que na realidade aceitam as consequências de uma concepção materialista do mundo. Talvez não o saibam, talvez sejam simplesmente imitadores, talvez sigam o vento, crendo que ela expire naquelas pragas; talvez creiam agir como inocentes, talvez somente temam ser etiquetados como conservadores.

Vivemos em uma época em que se tem medo até das palavras! Talvez se trate de um modo de agradar algum poderoso, de fazer carreira e, o que é mais óbvio, de ganhar dinheiro: e assim pregam o dever para com os outros e, no entanto, se locupletam. Os exemplos são abundantes! A sociologia prática tornou-se uma indústria e, também aqui, os exemplos não faltam.

As máximas do sociologismo - tendo algum, somente algum, contacto com a doutrina cristã da justiça e da caridade, embora envolvendo outros ideais que negam duramente todas as verdades cristãs - são muito simples, ao alcance das mãos, aptas para o comício, para o consenso fácil, para o aplauso certo, quase visíveis, traduzíveis em termos de despesa quotidiana e, portanto, representam um caminho brevíssimo para estar em dia com os tempos!




Mas se sabe para onde vão os tempos?

Esta terrível pergunta, com o que coinvolve, não a respondem. Aonde chegaram as experiências, onde se detiveram? É mesmo necessário renegar o Céu, a caridade para com todos, para levar bem-estar a nossos semelhantes? É mesmo necessário ser revoltosos, ultrapassar diques, destruir tradições sagradas para se tornarem úteis aos nossos semelhantes?

Enfim, até no Santuário, ao qual estamos ligados por promessas sagradas, tudo isto é progresso ou, pelo contrário, não conspira para arrancar dos homens o último fiapo de dignidade humana e de esperança eterna?




3. A nova historiografia

Para os cultos, o progressismo tem um modo próprio de revelar-se a propósito de história; sou progressista se justifico Giordano Bruno, sou conservador se louvo o austero São Pedro Damião. Está tudo aqui!

Repitamos que se fala de historiografia na área da produção que gostaria de se chamar “católica”. Da outra aqui não nos interessamos.




A maior parte da produção – existem, é verdade, nobres e importantes exceções – parece obedecer, para estar em sintonia com o progresso, aos seguintes cânones:

- a sociedade eclesiástica é a causa primeira dos problemas que se abateram sobre os povos;

- a Igreja (para este propósito, alcunhada pós-constantiniana) teria feito, com contínuas reviravoltas, aliança com os poderosos deste mundo para manter uma posição de privilégio e de comodidade;




- as intenções impuras, as mais recônditas e malévolas, são atribuídas a personagens que até ontem eram considerados dignos de admiração. Por este sistema alguns Papas foram quase varridos da História, não se sabe com quais motivações;

- toda a história eclesiástica até 1972 foi panegírica, unilateral, construída com constante preconceito laudatório, enquanto nada mais é que um acumulo de pleonasmos que alteraram o vulto de Cristo. Esta conclusão (todos o vêem) constitui o fundamento para destruir tudo o que for possível na Igreja e reduzi-la a uma mesquinha cópia do Protestantismo. São Tomás More, mártir, foi posto no mesmo plano de Lutero;




- as vidas dos santos são reduzidas a dimensões humanas com defeitos, pecados, às vezes delitos, enquanto os aspectos sobrenaturais tendem a ser relegados ao campo dos mitos;

- o valor da Tradição e das tradições é totalmente desconsiderado, com evidente ultraje à objetividade histórica, porque as tradições que atravessam inalteráveis os séculos têm sempre uma causa que as geraram.


Poder-se-ia continuar.

Mas não se pode calar o reverso da moeda: os personagens são glorificados porque se revoltaram, porque desafiaram a legítima Autoridade, porque tiveram a coragem de destruir aquilo que os outros construíram, reivindicaram a “liberdade” do homem com a independência do seu pensamento, sem se importar com a verdade. Os hereges tornaram-se vítimas, cavalheiros...



Houve quem ousasse falar de uma canonização de Lutero. É condenável quem defendeu a liberdade da Igreja, a liberdade da escola católica, quem impôs aos renitentes a disciplina eclesiástica. Todos sabem a sorte reservada àqueles que ainda ousam salvaguardá-la!

Compreende-se muito bem a lógica interna desta reviravolta da historiografia: a santidade, a penitência, a verdadeira pobreza, a renúncia ao mundo sempre causaram incômodo e, dos seus túmulos, continuam a causá-lo , como se eles não pudessem jamais ser fechados.

É difícil ser acolhido no clube progressista quem fala bem do passado!

O progressismo - do Cardeal Giuseppe Siri (in «Rivista Diocesana Genovese»», janeiro de 1975, pp. 22-36)
Fonte:Oblatvs

A posição "Ad Orientem" ou "Versus Deum"


A posição "Ad Orientem" ou "Versus Deum" na nova forma do Rito Romano, também conhecido como "Liturgia de Paulo VI" ou "Pós conciliar" . Manteve a tradicional posição de celebrar o Santo Sacrificio do Altar. Muitos sacerdotes e bispos empolgados com a nova e oficial posição "Versus Popolum"(de frente para o povo) começavam a celebrar desta forma e assim se tornou costume em todo o mundo após o concilio Vaticano II. Deixando essa posição restrita à antiga Missa Tridentina.

Poderíamos colocar a culpa na orientação de se colocar um altar separado da parede, onde o sacerdote pudesse celebrar a Missa de frente para o povo. Assim a maioria entendeu que aquela antiga posição de celebrar estava abolida pelo novo Missal Romano. Vejamos:



"O altar maior deve ser construído separado da parede, de modo a que se possa facilmente andar ao seu redor e celebrar, nele, olhando na direcção do povo [versus populum]”. Missal 1970

Já na última Edição de 2002 essa parte foi reformada :
retomou esse texto à letra, mas, no final, acrescentou o seguinte: “Isso é desejável sempre que possível”.

Esse acréscimo foi lido por muitos como um enriquecimento do texto de 1969, no sentido de que agora haveria uma obrigação geral de construir - “sempre que possível” - os altares voltados para o povo. Essa interpretação, porém, já havia sido repelida pela Congregação para o Culto Divino, que tem competência sobre a questão, em 25 de setembro de 2000, quando explicou que a palavra “expedit” [é desejável] não exprime uma obrigação (...).” (Ratzinger, op. cit.)



No Missal Romano de Paulo VI encontramos as informações que confirmam tal ensino:
o sacerdote deve, segundo tais textos, durante a Liturgia Eucarística, “voltar-se para o povo” durante alguns actos; isto significa que, se deve voltar-se ao povo, é porque antes estava voltado ad Orientem. “Estes avisos que em certos momentos o sacerdote esteja ‘voltado para o povo’ seriam supérfluos, se o sacerdote durante toda a celebração ficasse atrás do altar e frente ao povo.” (RUDROFF, Pe. Francisco. Santa Missa, Mistério de nossa Fé. 1996).

Nunca a posição ad Orientem foi expressamente proibida por algum decreto, nem esse foi o desejo dos Padres do Concílio Vaticano II, autor da reforma litúrgica. Igualmente, essa é a forma histórica de oferecimento da Missa, observada inclusive pelos ritos orientais.

Algumas congregações Religiosas como os Legionários de Cristo, a Prelazia do Opus Dei, Cartuxos, Dominicanos etc. Celebram de modo privado e público em "Versus Deum" algumas vezes no mês ou até mesmo durante a semana.



Este assunto só veio à tona novamente após o Concílio Vaticano II, com a coragem do Papa Bento XVI, de celebrar "Versus Deum" na Capela Sistina no Vaticano. Onde foi motivo de especulação por vários sectores progressistas da Igreja Latina.
Depois da "confusão" ou "mal entendido" , em que se falava que o Papa estava errado ou misturando os ritos , veio a explicação de vários liturgistas e até mesmo de um livro que o Papa tinha escrito no seu tempo de Cardeal.

O Papa Bento XVI, veio mostrar aos bispos e sacerdotes que essa posição não deve ser suprimida ou negada. Ela pode ser feita na "Missa Nova", a instrução do missal indica isso essa posição tradicional.

Uma nota publicada, em 1993 , a Congregação para o Culto (liturgia) , em seu boletim Notitiae, reafirmou o valor de ambas as opções, celebração versus populum ou versus Deum, de modo que quaisquer dúvidas devem ser dissipadas.
“Quando o sacerdote celebra versus populum, sua orientação espiritual deveria ser sempre versus Deum per Iesum Christum [para Deus, por meio de Jesus Cristo].” (Cardeal Joseph Ratzinger, A introdução do decano do Sacro Colégio ao livro de Uwe Michael Lang, in 30 Dias )



INSTRUÇÕES PARA CELEBRAR A MISSA NOVA "VERSUS DEUM":
Momentos em que o sacerdote deve ficar de frente para os fiéis:

Terminado o canto da entrada, e estando todos de pé, o sacerdote e os fiéis fazem o sinal da cruz. O sacerdote diz: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. O povo responde: Amém.



• Voltado para o povo e abrindo os braços, o sacerdote saúda-o com uma das fórmulas propostas. Ele mesmo ou outro ministro pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fieis na Missa do dia. (IGMR, 124)

• Outra vez no centro do altar, o sacerdote, de pé e voltado para o povo, estendendo e unindo as mãos, convida o povo a rezar, dizendo: Orai irmãos e irmãs etc.
O povo põe-se de pé e responde, dizendo: Receba o Senhor. Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas, diz a Oração sobre as oferendas. No fim o povo aclama: Amém. (IGMR, 146)



Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas, diz em voz alta a oração: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos...;
• terminada esta, estendendo e unindo as mãos, voltado para o povo, anuncia a paz, dizendo: A paz do Senhor esteja sempre convosco. O povo responde: O amor de Cristo nos uniu. Depois, conforme o caso, o sacerdote ou o Diácono acrescenta: Meus irmãos e irmãs saúdem-vos em Cristo Jesus. (IGMR, 154)

Terminada a oração, o sacerdote faz genuflexão, toma a hóstia consagrada na mesma missa e segurando-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice,
• diz voltado para o povo: Felizes os convidados para a Ceia do Senhor..., e, juntamente com o povo, acrescenta uma só vez: Senhor, eu não sou digno... (IGMR, 157)



Oração pós comunhão:

A seguir, de pé, junto à cadeira ou ao altar,
• voltado para o povo, o sacerdote diz, de mãos unidas Oremos, e de mãos estendidas, recita a Oração depois da Comunhão, que pode ser precedida de um momento de silêncio, a não ser que já se tenha guardado silêncio após a Comunhão. No fim da oração o povo aclama: Amém.
(IGMR, 165)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A PRESENÇA REAL – TESTEMUNHO DE JESUS CRISTO São Pedro Julião Eymard

I

A manifestação interior realiza-se na alma do comungante. Jesus opera naquele que o recebe um tríplice milagre.

Milagre de reforma. Jesus torna-o senhor de suas paixões. O mesmo Jesus que disse: "Tende confiança, Eu venci o mundo"; à tempestade: "Cala-te"; diz ainda ao orgulhoso, ao avarento, ao homem atormentado pelas revoltas sensuais, ao escravo de suas inclinações perversas: "Quebrai-lhe as cadeias para que ande em liberdade ".

Quem comunga, sentindo-se mais forte ao afastar-se da Mesa Eucarística, pode exclamar com S. Paulo: 'Havemos de vencer todos os obstáculos por Aquele que nos amou ". É uma mudança súbita, um fogo que se acende repentinamente. Não estivesse Jesus Cristo na Hóstia Santa e prodígios tão grandes não se haviam de dar. Mais difícil é reformar o temperamento, que o formar. Mais custa ao homem corrigir-se, vencer-se a si mesmo, do que praticar um acto exterior qualquer de virtude, embora heróico. O hábito é uma segunda natureza.

A Eucaristia, e só a Eucaristia — pelo menos no curso ordinário das coisas e nas experiências feitas — dá-nos a força para corrigir os maus hábitos que nos dominam.



Milagre de transformação.

Existe apenas um meio de mudar a vida natural em sobrenatural, e é o triunfo da Eucaristia, onde Jesus Cristo faz Ele mesmo a educação do homem.

A Eucaristia, alargando nossa fé, ensinando-nos a amar, eleva, enobrece, purifica nosso amor, e o amor é o dom de si. Ora, na Eucaristia Jesus se dá todo inteiro, e ao conselho acrescenta o exemplo.

Transforma nosso próprio interior, comunica ao corpo certa graça, certa beleza — reflexo da beleza interior; transparece no semblante do comungante algo da Divindade, nas suas palavras a doçura, nos seus actos a suavidade, que manifestam a presença de Nosso Senhor. É o perfume de Jesus Cristo.





Milagre de força. A criatura esquece-se a si mesma, imola-se. É o homem confrontado com o infortúnio e tragando na Eucaristia uma força superior à desgraça. É o cristão encontrando, por entre as adversidades, as calúnias e as angústias, a calma e a paz na Eucaristia. É o soldado fiel de Jesus, vencendo as tentações, os assaltos humanos e infernais, pela Santa Comunhão.

Procurar-se-á em vão, fora do Sacramento, esta força sobre-humana. E se a Eucaristia no-la dá, é que Jesus, o Salvador, o Deus forte lá está verdadeiramente presente. Tal a manifestação interior da presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.




II

Agora, quanto à manifestação pública. Já se viu pecadores, profanadores do augusto Sacramento castigados abertamente pela sua audácia. É Jesus afirmando sua justiça.
Antes da comunhão de Judas, o demónio tentava-o apenas, mas, mal acaba ele de receber sacrilegamente o Corpo de seu Deus, apodera-se dele Satanás: "Et introivit in eum Satanás".




São Paulo descobriu nas Comunhões tíbias, ou más, dos coríntios a razão de sua apatia, de seu sono letárgico na prática do bem. A história narra-nos exemplos terríveis de comungantes indignos, feridos subitamente pela Justiça Divina, ultrajada na Eucaristia.

Jesus manifesta ainda sua Força contra o poder infernal. Nos exorcismos, quando, depois de recorrer inutilmente a todos os meios para vencer os demónios, o exorcista lhes apresenta a Hóstia Santa, eles, soltando gritos de raiva, recuam ante seu Deus presente. Em Milão, S. Bernardo, depois do Pater, coloca o Cálice e a Patena sobre a cabeça de um possesso e o demónio, uivando furiosamente, retira-se. Jesus Cristo, Deus, lá estava.


Quantos doentes curados pela Eucaristia. Não nos é dado conhecer todos os factos desta natureza, mas, afirma a história, Jesus continua a curar os enfermos pela virtude do Santíssimo Sacramento. S. Gregório Nazianzeno conta-nos um episódio comovente. Sua irmã, doente há longo tempo, levanta-se de noite, prosterna-se em frente ao Tabernáculo Santo e, no fervor de sua fé, exclama: "Senhor, não me retirarei daqui sem estar curada por Vós". E levanta-se sarada.

Finalmente, quantas aparições de Nosso Senhor sob formas diversas! Agrada-lhe renovar, de vez em quando, o milagre do Tabor. Tais manifestações não são necessárias, pois temos a mesma palavra da Verdade, mas servem para atestar a eficácia da Palavra de Jesus Cristo.

Sim, Senhor Jesus Cristo, cremos que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar, presente verdadeira e substancialmente. Aumentai, intensificai nossa fé.

Fonte:São Pio V

TEMPUS PER ANNUM ANTE SEPTUAGESIMAM "POST EPIPHANIAM"


Entramos já no Tempus per annum ante Septuagesimam (Tempo “pelo ano” antes da Septuagésima), ou, como também pode-se dizer, Tempus post Epiphaniam, dos Dominicæ post Epiphaniam. Este período começa no dia 14 de Janeiro, após a comemoração do Batismo do Senhor, no dia 13, e vai até o Domingo da Septuagésima.


Alguns dos Dominicæ post Epiphaniam, dependendo da data da Páscoa, são omitidos e/ou transferidos para depois do XXIII Domingo depois de Pentecostes, como Dominicæ quæ superfuerunt post Epiphaniam (Domingos Remanescentes depois da Epifania, ou, então, Domingos móveis depois de Pentecostes). Neste ano de 2009, o Domingo da Páscoa de Nosso Senhor será 12 de abril, e o Domingo da Septuagésima, dia 08 de fevereiro. Omite-se, pois, o V Domingo depois da Epifania, e o VI Domingo é transferido para depois do XXIII Domingo depois de Pentecostes, como Domingo móvel.



Em resumo, este ano:

REZA-SE: 1º, 2º, 3º e 4º Domingo depois da Epifania;
OMITE-SE: 5º Domingo depois da Epifania; e
TRANSFERE-SE: 6º Domingo depois da Epifania.


DOMINGO DA SEPTUAGÉSIMA: 08 de fevereiro;
DOMINGO DA PÁSCOA: 12 de abril.



EXPOSIÇÃO DOGMÁTICA

Entre o ciclo do Natal, que terminou em 13 de Janeiro e o ciclo da Páscoa, que começará no Domingo da Septuagésima, estende-se um período de algumas semanas.
Não tomando em conta a duração – que neste período é muito breve – a liturgia dos Domingos que se seguem á Epifania, assemelha-se muito à dos numerosos Domingos do Tempo depois de Pentecostes.

Numa e noutra, a oração e os ensinamentos da Igreja apresentam-se de per si, independentemente de qualquer festa ou circunstância particular, em vez de serem organizados em função do progressivo desenvolvimento do mistério de Cristo.

Nas Missas de Domingo exprimem-se as relações permanentes do povo cristão com o seu Deus, e a Igreja, unindo-nos á sua prece e recordando-nos a sua doutrina, vai-nos inculcando o seu genuíno espírito



APONTAMENTOS DE LITURGIA

O Tempo depois da Epifania começa a 14 de Janeiro e termina na Septuagésima. A data da Septuagésima varia com a da Páscoa: oscila entre 18 e Janeiro e 22 de Fevereiro, e pode situar-se entre o segundo e o sétimo Domingo depois da Epifania.
Tal como no Tempo depois de Pentecostes, usam-se paramentos verdes nas Missas do Domingo, mesmo se forem retomadas durante a semana. O prefácio é o da Santíssima Trindade, ao domingo; à semana, o comum.

Constitui uma particularidade a festa da Purificação de Nossa Senhora, no dia 02 de Fevereiro, isto é, quarenta e dois dias depois do nascimento de Jesus. Pelo seu significado, como pela sua feição litúrgica, esta festa pertence ao ciclo do Natal, do qual é como que um prolongamento, que se projeta até o meio do Tempo depois da Epifania, e por vezes, ate às portas da Quaresma.



Eis, agora, algumas rubricas deste tempo, retiradas do Missal Romano (1962):

RUBRICAS


As Missas do 3º, 4º, 5º e 6º Domingos depois da Epifania têm as mesmas partes cantadas;
Chamam-se “Domingos depois da Epifania trasnferidos” os que se intercalam entre o 23º e 24º depois de Pentecostes;
Os Domingos depois da Epifania são de 2º classe: só admitem comemoração de uma festa de 2º classe; Missa com Glória, Credo e prefácio da Santíssima Trindade;
Da segunda-feira à sexta-feira, quando não ocorrer uma festa de 3º classe ou vigília, diz-se a Missa da féria (4º classe), que é a do Domingo precedente, sem Glória nem Credo, e Prefácio Comum;
Pode dizer-se também a Missa de uma comemoração ou de um santo mencionado neste dia no martirológio, ambas com glória.
Nas Missas votivas rezadas de 4º classe, procede-se de igual modo

Fonte:São Pio V

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A REFORMA LITÚRGICA DO VATICANO II AINDA NÃO ESTÁ CONCLUÍDA



ZENIT falou com Dom Mauro Gagliardi, professor de Teologia no Ateneu Pontifício «Regina Apostolorum» de Roma e Conselheiro das celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice.

-O último volume de Don Nicola Bux sobre a reforma litúrgica do Papa Bento XVI está conhecendo um bom sucesso com os leitores, mas também está causando debate entre alguns especialistas. Prof Gagliardi, poderia nos dar alguma interpretação geral desse volume?

Gagliardi: Na minha breve apresentação do livro de Nicola Bux, A reforma de Bento XVI. A liturgia entre inovação e tradição, Piemme, Casale Monferrato 2008 (cf. Sacrum Ministerium 14 [2008 / 2], pp. 144-145), escrevi no exórdio, "O Concílio Vaticano II deu impulso a uma reforma da liturgia que experimentou diferentes fases e que ainda está em curso. Vai interpretado neste contexto, o belo título do livro de Don Nicola Bux.



Com estas palavras afirmava implicitamente a sintonia por mim sentida entre o espírito expresso por don Nicola Bux e quanto defendi um ano antes, em meu livro intitulado Introdução ao mistério eucarístico. Doutrina - liturgia - devoção, San Clemente, Roma 2007, no qual afirmei que a reforma litúrgica, iniciada com o Concílio Vaticano II (mas, na verdade, mesmo antes), não está de facto concluída, mas ainda " in fieri", ou seja a fazer-se.

Por isso, em diferentes formas e medidas, todos os papas depois do Concílio acrescentaram o seu próprio contributo desde Paulo VI a Bento XVI.



Evidentemente, essa reforma é um longo e laborioso trabalho - não se esqueça de que ela começou há quarenta anos ! - Implica um enorme esforço e, acima de tudo uma enorme paciência, bem como a sensibilização para a necessidade de sempre estar vigilante quanto à sua correcta aplicação, mas também a humildade para ser capaz de rever aspectos - mesmo se universalmente aprovados, ou até mesmo promovidos pela actual legislação -- se estes aspectos forem problemáticos, ou até mesmo melhorá-los.

Por outro lado, quem agora acredita que o rito de Paulo VI, melhorou o de São Pio V não afirma também, mais ou menos directamente, que as normas precedentemente em vigor e vigentes deviam ser melhoradas?




Por que, então, a legislação relativa ao Novus Ordo deve ser considerada como perfeita e intocável? Numa reforma litúrgica o que interessa não é afirmar as próprias suas ideias a todo o custo, mesmo contra a evidência, mas ajudar a Igreja a adorar sempre melhor a Santíssima Trindade.

Todos, na verdade, ou quase, concordam em reconhecer que a adoração de Deus através de Jesus Cristo, no Espírito Santo é a essência e, ao mesmo tempo o fim da sagrada liturgia ou culto divino. Sendo este ponto comum a quase todos os estudiosos sérios, vê-se que precisamos de construir a partir daqui.



-Acredita, portanto, que o recente livro de seu colega Don Nicola Bux ajude a compreender a natureza teológica da liturgia?

Gagliardi: Nicola Bux dedica a este ponto fundamental, ou seja a compreensão teológica da sagrada liturgia, os dois primeiros capítulos de seu livro. Os outros capítulos são destinados, em vez disso, a analisar o estado actual da reforma litúrgica ainda em curso: a situação, mas também a história recente que levaram a ela.

Ele reconhece que "há uma batalha sobre a liturgia" (p. 45, cf. p. 50). A liturgia está sendo disputada entre tradicionalistas e inovadores - o subtítulo do livro faz referência a isso - e toda a gente está tentando puxar a água ao seu moinho, apontando os aspectos teológicos e jurídicos que interessam ao próprio caso e "reinterpretando" os dados desfavoráveis à sua tese preconcebidas. Essa atitude está localizada quer na chamada "direita" quer na chamada "esquerda". Em vez disso, Don Bux adverte: "Não faz sentido ser excessivamente ou inovadores tradicionalistas" (p. 46) e acho que todo o seu livro deve ser entendido nesta óptica.



Antes de mais, deve ser lembrado que este é um livro deliberadamente sintético, que lança sobre a mesa os temas para discutir , mais do que fornecer longos aprofundamentos sobre cada uma das questões. É um convite à reflexão, ao diálogo, ao estudo, também – se se quer - ao confronto sério entre as diferentes posições, mas tomando cuidado para que o confronto seja fundado em argumentos e não em preconceitos partidários.

É um livro que pretende ser equilibrado e convidar ao equilíbrio. "Este é um aviso para uns e para outros - escreve o Autor, a propósito de um tema particular, referindo-se aos tradicionalistas e aos inovadores - para que reencontrem o equilíbrio" (p. 63). Esta é a tentativa e a sugestão que Don Bux quer fazer com o seu volume.

BENTO XVI "quem está com Cristo, quem permanece unido a Ele, não deve temer nada nem ninguém»


Papa Bento XVI - O cristão «não tem medo de nada nem de ninguém», pois Cristo, cabeça da Igreja, é o Senhor do cosmos,

Continuando com o ciclo sobre São Paulo, no bimilênio de seu nascimento, o Papa explicou um aspecto da doutrina paulina contido nas cartas aos Colossenses e aos Efésios – duas cartas «quase gémeas», explicou – que é a consideração de Cristo como «cabeça» da Igreja e de todo o cosmos, e as implicações que isso tem para a vida dos cristãos.



Este «senhorio de Cristo» sobre «as potências celestes e o cosmos inteiro» constitui «uma mensagem altamente positiva e fecunda» para o homem pagão de ontem e de hoje, explicou aos mais de quatro mil peregrinos que participaram do encontro.

«Para o mundo pagão, que acreditava em um mundo cheio de espíritos, em grande parte perigosos e contra os quais era preciso defender-se, aparecia como uma verdadeira libertação o anúncio de que Cristo era o único vencedor e de que quem estava com Cristo não tinha que temer ninguém.»



O Papa acrescentou que «o mesmo vale para o paganismo de hoje, porque também os actuais seguidores destas ideologias vêem o mundo cheio de poderes perigosos. A estes é necessário anunciar que Cristo é vencedor, de modo que quem está com Cristo, quem permanece unido a Ele, não deve temer nada nem ninguém».

Cristo, explicou o Papa, «não tem que temer nenhum eventual competidor, porque é superior a qualquer forma de poder que tentar humilhar o homem. Só Ele ‘nos amou e entregou a si mesmo por nós’ (Ef 5, 2). Por isso, se estamos unidos a Cristo, não devemos temer nenhum inimigo e nenhuma adversidade; mas isso significa também que devemos permanecer bem unidos a Ele, sem soltar!».



Isso tem outra implicação, assinalou, e é que o cosmos «tem sentido»: «não existe, por uma parte, o grande mundo material e por outra esta pequena realidade da história da nossa terra, o mundo das pessoas: tudo é um em Cristo».

Esta visão não só é «racional», mas é inclusive «a mais universalista»: «a Igreja reconhece que Cristo é maior que ela, dado que seu senhorio se estende também além de suas fronteiras».




«Tudo isso significa que devemos positivamente considerar as realidades terrenas, porque Cristo as recapitula em si, e ao mesmo tempo, devemos viver em plenitude nossa identidade específica eclesial, que é a mais homogénea à identidade do próprio Cristo», acrescentou o Papa.

Desta consciência vem aos cristãos «a força de actuar de forma recta», tanto diante dos demais como com a criação, explicou.



«Estas duas cartas são uma grande catequese, da qual podemos aprender não só como ser bons cristãos, mas também como chegar a ser realmente homens. Se começamos a entender que o cosmos é a marca de Cristo, aprendemos nossa relação recta com o cosmos, com todos os problemas de sua conservação.»

Assim também «aprendemos a vê-los com a razão, mas com uma razão movida pelo amor, e com a humildade e o respeito que permitem actuar de forma correcta», acrescentou.



Por outro lado, «se pensamos que a Igreja é o Corpo de Cristo, que Cristo se deu a si mesmo por ela, aprendemos como viver com Cristo o amor recíproco, o amor que nos une a Deus e que nos faz ver ao outro como imagem de Cristo, como Cristo mesmo».
Diante deste «mistério de Cristo», afirmou o Papa, «as meras categorias intelectuais são insuficientes».

«Reconhecendo que muitas coisas estão além de nossas capacidades racionais, devemos confiar na contemplação humilde e gozosa não só da mente, mas também do coração. Os pais da Igreja, por outro lado, nos dizem que o amor compreende muito mais que a razão apenas», concluiu.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O PROGRESSISMO DO CARDEAL SIRI


Progressismo - Cardeal Siri - Parte I

Vivemos na época das “palavras”. Para vencer batalhas civis (e não somente estas) cunham-se palavras e ditos icásticos, resumidos (slogans). Para vencer homens se emprega qualquer termo ou classificação que as circunstâncias sugerem ser aptos ao escopo de destruir.

Para anestesiar cidadãos e fiéis cunham-se palavras. Aquilo que surpreende é o fato de os homens, em vez de se deixarem abater por autênticas espadas, se deixam abater tão somente por palavras.



1. Ser independentes da lógica teológica

Muitas vezes o “progressismo” significa isto, ou ainda mais, quando se atribui a si uma tal independência, há quem se glorie de ser “progressista”. Vejamos pois o que quer significar. Conclusões para depois. O que é este “desinteresse total pela lógica teológica”?

Lógica teológica é o conjunto das normas pelas quais, sendo aplicadas, se pode chegar a afirmar como revelada, ou também como simplesmente certa, uma proposição.

Estas normas, que constituem a lógica teológica, na realidade se reduzem (falamos, note-se bem, da “lógica”, não da Revelação) a um princípio: o magistério infalível da Igreja. De fato é ao magistério infalível da Igreja, seja solene, seja ordinário, que é confiada a interpretação certa e autêntica tanto da Escritura quanto da divina tradição. E é lógico.




De facto, se Deus tivesse entregado aos homens uma quantidade de rolos escritos ou de fitas magnéticas para fazer ouvir a palavra viva e se tivesse parado aí, a um certo ponto nada teria funcionado, se encontraria um modo de fazer com que a Palavra divina diga tudo o que se quer, o contrário daquilo que se quer, o contraditório daquilo que se quer e não se quer, infinitamente.

A verdade salvífica não teria podido funcionar entre os homens. As provas? Nós as temos diante dos olhos e apelamos somente para duas.



A primeira é que com uma natureza imensamente nítida, a história humana teve continuamente filosofias turvas, o contrário, o contraditório desse. A demonstração do que o homem sabe fazer com o seu pensamento, entregue a si mesmo e aos estímulos do próprio eu ou das próprias trevas, nos dá a história da filosofia e, ainda melhor, a filosofia da história da filosofia.

A segunda está na auto-intitulada grande produção teológica hodierna, em que exactamente pelo esquecimento da lógica se afirma o contrário de tudo, não excluída a morte de Deus.

O desígnio divino na instituição do Magistério, ao qual está conectado tudo quanto se acha na obra da história da salvação, se prova claro e necessário pelo redemoinho das desenfreadas coisas humanas.
O que hoje acontece é a demonstração ab absurdo da verdade e da necessidade do magistério eclesiástico!




O magistério eclesiástico canoniza outros instrumentos que se tornam assim “meios” para atingir com certeza a verdade teológica. Eles são: os Padres, os Doutores, os Teólogos, a Liturgia... na medida em que tenham sido consentidos e tenham tido a aprovação explícita ou implícita da Igreja. Tal aprovação torna patrimônio do próprio Magistério a verdade expressa pelas outras fontes.

Nenhum Teólogo, nenhum grupo de Teólogos ou Doutores, sem esta aprovação segura do Magistério, conta alguma coisa na afirmação teológica. Tudo mais, se corresponder às regras ordinárias de um método científico, poderá levar a formular uma hipótese de trabalho. Como o campo permanece amplo. Aqueles que havíamos chamado “meios” de reflexão do magistério eclesiástico constituem, juntamente com o próprio, a “lógica” da teologia.



Esta lógica é abandonada por muitos. E é por isto que se lêem revistas e livros que contradizem tranquilamente o que o Concílio de Trento definiu, aceitam modos de pensar que são expressamente condenados na encíclica Pascendi de São Pio X, assim como no seu Decreto Lamentabili; promovem a reabilitação de Loisy;

Põem em dúvida o valor histórico dos Livros históricos da Sagrada Escritura, elevam a critério as teorias destrutivas do protestante Bultman, ouvem com indiferença as proposições de qualquer escritor transalpino, mesmo se tocam o centro da revelação divina, ou seja, a divindade de Cristo.



Naturalmente, tratados sem freio os princípios, tem-se aquilo que se quer da moral e da disciplina eclesiástica.
Sob este fundamental ângulo de visão, o progressismo consiste em tratar como relativa a verdade revelada, em mudá-la o mais rapidamente possível, em dar aos homens uma liberdade, com a qual em breve não saberão o que fazer, em face do Absoluto.


Reduzido a esta fronteira, o “progressismo” coincide com o “relativismo”, e ao homem, “adorado”, não se deixa mais nada, nem mesmo suas esperanças!

Naturalmente nem todas as pessoas etiquetadas como progressistas conhecem estas coisas. Mas eles aceitam as consequências e as deduções lógicas daquilo que ignoram. Se têm alguma culpa – que os julgue Deus! – esta consiste em não perguntar o porquê daquilo por que são fanáticos.




De toda forma, o esquecimento da lógica teológica funciona, também se não conhecida, como permissão para as outras manifestações sobre as quais devemos discorrer.
Tudo aquilo que lançámos através de catecismos de várias línguas, que inundou o ar, e que poderia vir a aparecer em catecismos futuros, significaria a lenta destruição da Fé e a fraude mais culpável perpetrada em prejuízo dos pequenos que crescem.



Nem se pode calar a consequência última do abandono da lógica teológica: a ausência da certeza nos fiéis. Na palavra de Deus se pode e se deve crer; ninguém pode ser condicionado, se não há confirmações justas e apropriadas, pelas opiniões dos teólogos. Recordo o meu grande mestre de Teologia, o alemão padre Lennerz S.J., que repetia sempre e com razão: “Credo Deo Revelanti et non theologo opinanti!” (creio em Deus que revela e não no teólogo que opina)

O progressimo - do Cardeal Giuseppe Siri (in «Rivista Diocesana Genovese», janeiro de 1975, pp. 22-36)
continua...

Fonte: Pontifex
Tradução:OBLATVS