sábado, 24 de janeiro de 2009

DECRETO DA CONGREGAÇÃO DOS BISPOS QUE RETIRA A EXCOMUNHÃO



Retirada da Excomunhão - Decreto da Congregação para os Bispos

Com carta de 15 de dezembro de 2008 endereçada a Sua Eminência o Senhor Cardeal Dario Castrillón Hoyos, Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, Dom Bernard Fellay, também em nome dos outros três Bispos consagrados no dia 30 de junho de 1988, solicitava novamente a remoção da excomunhão latae sententiae formalmente declarada com Decreto do Prefeito desta Congregação para os Bispos no dia 1º de julho de 1988.

Na mencionada carta, Dom Fellay afirma, entre outras coisas: “Estamos sempre firmemente determinados na vontade de permanecer católicos e de pôr todas as nossas forças a serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos os seus ensinamentos com ânimo filial. Nós cremos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isto, nos faz tanto sofrer a actual situação.”



Sua Santidade Bento XVI – paternalmente sensível à dificuldade espiritual manifestada pelos interessados por causa da sanção de excomunhão e confiante no empenho expresso pelos mesmos, na citada carta, de não desperdiçar nenhum esforço para aprofundar, nos necessários colóquios com a Autoridade da Santa Sé, as questões ainda abertas, e assim poder chegar a uma solução plena e satisfatória do problema posto na origem – decidiu reconsiderar a situação canÓnica dos Bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta surgida com a consagração episcopal dos mesmos.



Com este acto se deseja consolidar as relações recíprocas de confiança, intensificar e dar estabilidade às relações da Fraternidade São Pio X com esta Sé Apostólica.

Este dom de paz, ao término das celebrações natalícias, quer ser também um sinal para promover a unidade na caridade da Igreja universal e chegar a eliminar o escândalo da divisão.

Espera-se que este passo seja seguido da desejada realização da plena comunhão de toda a Fraternidade São Pio X com a Igreja, testemunhando assim verdadeira fidelidade e verdadeiro reconhecimento do Magistério e da autoridade do Papa com a prova da unidade visível.



Com base nas faculdades expressamente concedidas a mim pelo Santo Padre Bento XVI, em virtude do presente Decreto, retiro dos Bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta a censura de excomunhão declarada por esta Congregação em 1º de julho de 1988, enquanto declaro privado de efeitos jurídicos, a partir do dia de hoje, o Decreto emanado naquele tempo.

Roma, da Congregação para os Bispos, 21 de janeiro de 2009.

Card. Giovanni Battista Re
Prefeito da Congregação para os Bispos

PAPA BENTO XVI RETIRA EXCOMUNHÃO


DOM BERNARD FELLAY, SUPERIOR GERAL da Fraternidade Sacerdotal São Pio X

O Santo Padre, depois de um processo de diálogo entre a Sé Apostólica e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, representada pelo seu Superior Geral, S. Exa. Dom Bernard Fellay, acolheu o pedido formulado novamente pelo dito Prelado, com carta de 15 de dezembro de 2008, também em nome dos outros três Bispos da Fraternidade, S. Exa. Dom Bernard Tissier de Mallerais, S. Exa. Dom Richard Williamson e S. Exa. Dom Alfonso de Galarreta, de retirar a excomunhão em que tinham incorrido faz vinte anos.

Por causa, de fato, das consagrações episcopais realizadas, no dia 30 de junho de 1988, por S. Exa. Dom Marcel Lefebvre, sem mandato pontifício, os quatro prelados mencionados tinham incorrido na excomunhão latae sententiae, declarada formalmente pela Congregação para os Bispos, com data de 1ºde julho de 1988.


S. Exa. Dom Bernard Fellay, na citada missiva, manifestava claramente ao Santo Padre que: “estamos sempre firmemente determinados na vontade de permanecer católicos e de pôr todas as nossas forças ao serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos os seus ensinamentos com ânimo filial. Nós cremos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isto, a atual situação nos faz tanto sofrer”.



Sua Santidade Bento XVI, que acompanhou desde o início este processo, sempre procurou recompor a fratura com a Fraternidade, inclusive encontrando pessoalmente S. Exa. Dom Bernard Fellay, em 29 de agosto de 2005. Naquela ocasião, o Sumo Pontífice manifestou a vontade de proceder gradualmente e em tempo razoável em tal caminho e agora, benignamente, com solecitude pastoral e paterna misericórdia, mediante Decreto da Congregação para os Bispos de 21 de janeiro de 2009, retira a excomunhão que pesava sobre os mencionados Prelados. O Santo Padre foi inspirado nesta decisão pelo auspício que se chegue o mais rapidamente à completa reconciliação e à plena comunhão.

PAPA BENTO XVI ESTIMULA PRESENÇA DA SANTA SÉ NO YouTube



Apresentado nesta sexta-feira o canal oficial vaticano no site de vídeos

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Santa Sé lançou nesta sexta-feira um canal oficial no YouTube (www.youtube.com/vatican), o site de compartilhamento de vídeos mais popular do mundo, com o explícito apoio de Bento XVI.

O canal difunde vídeo-notícias – por enquanto em inglês, espanhol, alemão e italiano – sobre a atividade do Papa e os eventos vaticanos, com uma duração não superior a dois minutos e que se atualizará cotidianamente (uma ou duas notícias por dia).

Segundo explicou nesta sexta-feira em uma coletiva de imprensa o Pe. Federico Lombardi S.J., diretor do Centro Televisivo Vaticano (CTV) e da Rádio Vaticano, as duas instituições responsáveis pela iniciativa, «o Papa foi pessoalmente informado sobre o nosso projeto e o aprovou com sua costumeira gentileza e cordialidade. Para nós isso é um grandioso estímulo».

Segundo explicou o Pe. Lombardi, que também é diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, a aventura que acaba de começar teve um período de gestação de mais de um ano e meio, ou seja, desde que a Rádio Vaticano e a CTV começaram a publicar em seus sites a produção cotidiana de imagens e textos e começaram a colocá-la à disposição de televisões na web.

«Para esta difusão no mundo das comunicações sociais católicas foi importante a colaboração com h2Onews.org, que nasceu precisamente para trabalhar neste campo», explicou o Pe. Lombardi.

«Estamos convencidos de que em todos os lugares há pessoas atentas e sensíveis, interessadas nas mensagens, nas propostas sobre os grandes problemas do mundo de hoje, de uma autoridade moral de alto nível, como o Papa, e em geral a Igreja Católica», explicou o Pe. Lombadi.

«Por este motivo, escolheu-se o YouTube como site adequado para estar presentes na internet, um dos grandes areópagos da comunicação no mundo de hoje, e estar presentes com regularidade, para oferecer uma fonte de referência digna de confiança e contínua, muito além dos fragmentos de informação sobre o Papa e o Vaticano presentes na rede de maneira mais casual e dispersa.»

O canal oferece links das fontes de informação da Santa Sé para poder aprofundar ulteriormente na informação apresentadas nos vídeos, em particular as páginas do CTV, da Rádio Vaticano, o site oficial vaticano (www.vatican.va), e o novo site da Cidade do Vaticano (www.vaticanstate.va).

«Muito importante é o link ao canal de H2Onews, que oferece outros vídeo-notícias sobre a vida da Igreja e do mundo, como resultado da colaboração com numerosos canais de televisão católicos de vários países», e que neste dia também lançou seu próprio canal, www.youtube.com/h2onews.

O canal tem também a possibilidade de enviar mensagens por correio eletrônico à Santa Sé. A responsabilidade de sua leitura fica por conta do Pe. Lombardi e seus colaboradores.

«O lançamento de um canal como este é evidentemente o início de um caminho», afirmou. Com a colaboração do Google, empresa proprietária do YouTube, «podemos planejar desenvolvimentos e melhorias tanto nos conteúdos como tecnicamente», reconheceu o porta-voz vaticano.

«Estamos convencidos de estar fazendo uma oferta bela e construtiva para o povo da rede e empreendemos este caminho com confiança, com atitude de amizade e diálogo com todos, dispostos também nós a aprender muito», concluiu.

No encontro com os jornalistas interveio também Henrique de Castro, Managing Director Media Solutions do Google, que garantiu que «não ganharemos dinheiro com o canal do Vaticano, como não ganhamos dinheiro com outros canais institucionais. A estratégia consiste em fazer coisas que sejam relevantes para a população que acessa nossos sites. Esperamos, dessa forma, oferecer um serviço à comunidade da Igreja».

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A COMUNHÃO DE JOELHOS É A ADORAÇÃO A DEUS



A Comunhão de joelhos,
é a adoração a Deus.

D. Albert Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos


O Prefácio de D. Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos à obra “Dominus Est - Riflessioni di un Vescovo dell'Asia Centrale sulla sacra Comunione”, escrito por D. Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Karaganda (Cazaquistão)

No livro do Apocalipse, São João narra que tendo visto e ouvido o que lhe havia sido revelado, se prostrava em adoração aos pés do Anjo de Deus (cf. Ap. 22, 8). Prostrar-se ou ajoelhar-se ante a majestade da presença de Deus, em humilde adoração, era um hábito de reverência que Israel manifestava sempre ante a presença do Senhor.

Diz o primeiro livro dos Reis: “Quando Salomão acabou de dirigir a Javé toda essa oração e súplica, levantou-se diante do altar de Javé, no lugar em que estava ajoelhado e de mãos erguidas para o céu. Ficou em pé e abençoou toda a assembléia de Israel” (1 Reis 8, 54-55). A postura da súplica do Rei é clara: ele estava genuflectido perante o altar.

A mesma tradição se encontra também no Novo Testamento onde vemos Pedro ajoelhar-se diante de Jesus (cfr Lc 5, 8); Jairo para Lhe pedir que cure a sua filha (Lc 8, 41); o Samaritano quando volta para agradecer-Lhe e a Maria, irmã de Lázaro, para Lhe pedir a vida em favor de seu irmão (Jo 11, 32). A mesma atitude de se prostrar, devido ao assombro causado pela presença e revelação divinas, nota-se não raramente no livro do Apocalipse (Ap 5, 8, 14 e 19, 4).

Estava intimamente relacionada com esta tradição a convicção de que o Templo Santo de Jerusalém era a casa de Deus e portanto era necessário dispor-se nele em atitudes corporais que expressassem um profundo sentimento de humildade e de reverência na presença do Senhor.



Também na Igreja, a convicção profunda de que sob as espécies eucarísticas o Senhor está verdadeira e realmente presente, e o crescente costume de conservar a santa comunhão nos tabernáculos, contribuiu para a prática de ajoelhar-se em atitude de humilde adoração do Senhor na Eucaristia.

Com efeito, a respeito da presença real de Cristo sob as espécies Eucarísticas, o Concilio de Trento proclamou: “in almo sanctae Eucharistiae sacramento post panis et vini consecrationem Dominum nostrum Iesum Christum verum Deum atque hominem vere, realiter ac substantialiter sub specie illarum rerum sensibilium contineri” (DS 1651).

Além disso, São Tomás de Aquino já tinha definido a Eucaristia latens Deitas (S. Tomás de Aquino, Hinos). A fé na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas já pertencia então à essência da fé da Igreja Católica e era parte intrínseca da identidade católica. Era evidente que não se podia edificar a Igreja se esta fé fosse minimamente desprezada.

Portanto, a Eucaristia – Pão transubstanciado em Corpo de Cristo e vinho em Sangue de Cristo, Deus em meio a nós – devia ser acolhida com admiração, máxima reverência e atitude de humilde adoração.
O Papa Bento XVI recordando as palavras de Santo Agostinho “nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; peccemus non adorando” (Enarrationes in Psalmos 89, 9; CCLXXXIX, 1385) ressalta que “receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d’Aquele que comungamos (...) somente na adoração pode amadurecer um acolhimento profundo e verdadeiro” (Sacramentum Caritatis, 66).

Seguindo esta tradição, é claro que adotar gestos e atitudes do corpo e do espírito que facilitam o silêncio, o recolhimento, a humilde aceitação de nossa pobreza diante da infinita grandeza e santidade d’Aquele que nos vem ao encontro sob as espécies eucarísticas, torna-se coerente e indispensável. O melhor modo para exprimir o nosso sentimento de reverência para com o Senhor Eucarístico seria seguir o exemplo de Pedro que, como nos narra o Evangelho, se lançou de joelhos diante do Senhor e disse “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (Lc 5, 8).



Ora, nota-se que nalgumas igrejas, tal prática se torna cada vez mais rara e os responsáveis não só impõem aos fiéis receber a Sagrada Eucaristia de pé, mas inclusive tiraram os genuflexórios obrigando os fiéis a permanecerem sentados ou em pé, até durante a elevação das espécies eucarísticas apresentadas para a Adoração.

É estranho que tais procedimentos tenham sido adotados em dioceses, pelos responsáveis da liturgia, e nas igrejas pelos párocos, sem a mais mínima consulta aos fiéis, se bem que hoje se fale mais do que nunca, em certos ambientes, de democracia na Igreja.

Ao mesmo tempo, falando da Comunhão na mão é necessário reconhecer que se trata de uma prática introduzida abusivamente e à pressa nalguns ambientes da Igreja imediatamente depois do Concilio, alterando a secular prática anterior e transformando-se em seguida como prática regular para toda a Igreja. Justificava-se tal mudança dizendo que refletia melhor o Evangelho ou a prática antiga da Igreja.

É verdade que se se recebe na língua, se pode receber também na mão, sendo ambos órgãos do corpo de igual dignidade. Alguns, para justificar tal prática, referem-se às palavras de Jesus: “Tomai e comei” (Mc 14, 22; Mt 26, 26). Quaisquer que sejam as razões para sustentar esta prática, não podemos ignorar o que acontece a nível mundial em todas partes onde é adotada.



Este gesto contribui para um gradual e crescente enfraquecimento da atitude de reverência para com as sagradas espécies eucarísticas. O costume anterior, pelo contrário, preservava melhor este senso de reverência. Àquela prática seguiu-se uma alarmante falta de recolhimento e um espírito de distração geral.

Atualmente vêem-se pessoas que comungam e freqüentemente voltam aos seus lugares como se nada de extraordinário se tivesse dado. Vêem-se mais distraídas ainda as crianças e adolescentes. Em muitos casos, não se nota este sentido de seriedade e silêncio interior que devem indicar a presença de Deus na alma.

O Papa fala da necessidade de não só entender o verdadeiro e profundo significado da Eucaristia, como também de celebrá-la com dignidade e reverência. Diz que é necessário estar conscientes “dos gestos e posições, como, por exemplo, ajoelhar-se durante os momentos salientes da Oração Eucarística” (Sacramentum Caritatis, 65).

Além disso, tratando da recepção da Sagrada Comunhão, convida todos para “que façam o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponda ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus no Sacramento” (Sacramentum Caritatis, 50).

Nesta perspectiva é de apreciar o opúsculo escrito por S. Excia. D. Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Karaganda, no Cazaquistão, sob o muito significativo título “Dominus Est” (é o Senhor). Ele deseja dar uma contribuição à atual discussão sobre a Eucaristia, presença real e substancial de Cristo sob as espécies consagradas do Pão e do Vinho.



É significativo que D. Schneider inicie a sua apresentação com uma nota pessoal recordando a profunda fé eucarística da sua mãe e de outras duas senhoras; fé conservada no meio de tantos sofrimentos e sacrifícios que a pequena comunidade dos católicos daquele país padeceu nos anos da perseguição soviética.
Começando desta sua experiência, que nele suscitou uma grande fé, admiração e devoção pelo Senhor presente na Eucaristia, ele apresenta-nos um excursus histórico-teólogico que esclarece como a prática de receber a Sagrada Comunhão na boca e de joelhos foi recebida e exercitada pela Igreja durante um longo período de tempo.

Creio que chegou a hora de avaliar a prática acima mencionada, de reconsiderá-la e, se necessário, abandonar a atual, que de fato não foi indicada nem pela Sacrosanctum Concilium, nem pelos Padres Conciliares, mas foi aceite depois da sua introdução abusiva nalguns países.

Hoje mais do que nunca é necessário ajudar o fiel a renovar uma fé viva na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas para reforçar assim a vida da Igreja e defendê-la no meio das perigosas distorções da fé que tal situação continua a criar.

As razões de tal medida devem ser não tanto acadêmicas, quanto pastorais – espirituais como litúrgicas –, em suma, as que edificam melhor a fé. D. Schneider neste sentido mostra uma louvável coragem, pois soube entender o significado das palavras de São Paulo: “mas que tudo seja para edificação” (1 Cor 14, 26).

+ Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ORAÇÃO PARA PEDIR A DEUS A LIBERTAÇÃO DO INFLUXO DIABÓLICO


«Livrai-nos do Mal» (Mt 6,13)
O Senhor Jesus na última petição do Pai-
Nosso exorta todos os seus discípulos a pedir continuamente
ao Pai do Céu a libertação do Mal.
Explicando o sentido desta última petição
da oração do Senhor o Catecismo da Igreja Católica
afirma que «nesta petição, o Mal não é uma
abstracção, mas designa uma pessoa, Satanás, o
Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O
“Diabo” (“dia-bolos”) é aquele que “se atravessa”
no desígnio de Deus e na sua “obra de salvação”
realizada em Cristo» (n. 2851). «Ao pedirmos
para sermos libertados do Maligno, pedimos
igualmente para sermos livres de todos os males,
presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor
e instigador» (n. 2854).
Esta oração de libertação que se segue
pede ao nosso Pai do Céu a libertação do Maligno
e de todos os males dos quais ele é o autor e
instigador.
Pode ser rezada pedindo a Deus a libertação
do influxo diabólico para si próprio ou intercedendo
por uma outra pessoa.
Com aprovação eclesiástica

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
R. Amen.

São Miguel arcanjo, defendei-nos neste combate,
sede o nosso auxílio contra as maldades e
as ciladas do demónio. Instante e humildemente
vos pedimos que Deus sobre ele impere, e
vós, príncipe da milícia celeste, com esse poder
divino precipitai no inferno a satanás e a
todos os espíritos malignos que vagueiam pelo
mundo para a perdição das almas. Amen.

Leitura do Livro do Deuteronómio (Dt 18,9-
12)
Quando entrares na terra que o Senhor teu
Deus te dará, não aprendas a imitar as abominações
daquelas nações. Que no teu meio não
se encontre alguém que queime seu filho ou
sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação
ao magia, ou que pratique encantamentos,
que interrogue espíritos ou adivinhos,
ou ainda que invoque os mortos; pois quem
pratica estas coisas é abominável ao Senhor, e
é por causa dessas abominações que o Senhor
teu Deus as desalojará em teu favor.

Palavra do Senhor.

R. Graças a Deus.

Salmo (Sal 105 (106), 34-40)

Refrão: Pela Vossa infinita misericórdia, salvai-
nos Senhor.

Não exterminaram os povos,
como o Senhor lhe tinha mandado,
mas misturaram-se com os pagãos
e imitaram os seus costumes.

Derramaram sangue inocente
o sangue de seus filhos e filhas,
que imolaram aos ídolos de Canãa,
e o país ficou manchado de sangue.

Contaminaram-se com as suas próprias obras,
prostituíram-se com seus crimes.
Por isso a ira do Senhor se inflamou
contra o seu povo.

Leitura do santo Evangelho segundo são Marcos
(Mc 16,15-20):

Naquele tempo, depois de ressuscitar, disse
Jesus aos Onze: «Ide por todo o mundo e anunciai
a boa nova a toda a criatura. Quem acreditar
e for baptizado será salvo, mas quem não
acreditar será condenado. E estes serão os sinais
que acompanharão aqueles que acreditarem:
em meu nome expulsarão demónios, falarão
novas línguas, tomarão na mão serpentes e,
se beberem qualquer veneno, não lhes fará
mal, imporão as mãos aos doentes e estes ficarão
curados». O Senhor Jesus, depois de ter falado
com eles, subiu ao céu e sentou-se à direita
de Deus. Então eles partiram e pregaram por
toda a parte, enquanto o Senhor operava juntamente
com eles e confirmava a sua palavra
com os prodígios que a acompanhavam.

Palavra da salvação.

R. Glória a Vós Senhor.

N.: Renuncias a satanás e a todos os seus anjos?

R. Sim, renuncio.
Renuncias a todas as suas incitações ao pecado
e à rebelião contra Deus?

R. Sim, renuncio.

Renuncias a todas as suas seduções: à magia, à
feitiçaria, à bruxaria, à astrologia, à adivinhação,
à invocação dos mortos, ao espiritismo, à
idolatria, aos cultos satânicos, à música satânica,
à superstição e a todas as formas de ocultismo?

R. Sim, renuncio.
Crês em Deus, Pai todo-poderoso, criador do
céu e da terra?

R. Sim, creio.

Crês em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso
Senhor, que nasceu da Virgem Maria, padeceu
e foi sepultado, ressuscitou dos mortos, está
sentado à direita do Pai e virá de novo para
julgar os vivos e o mortos?

R. Sim, creio.

Crês no Espírito Santo, na santa Igreja católica,
na comunhão dos santos, na remissão dos
pecados, na ressurreição da carne e na vida
eterna?

R. Sim, creio.

Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja, que nos
gloriamos de professar, em Jesus Cristo, Nosso
Senhor.

R. Amen.

Fiéis aos ensinamentos do Salvador ousamos
dizer:

Pai nosso que estais nos céus, santificado seja
o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja
feita a vossa Vontade assim na terra como no
céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-
nos as nossas ofensas, assim como nós
perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos
deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal.
Livrai-nos de todo mal e de toda a perturbação
diabólica, Vós que pela morte e ressurreição de
Jesus Cristo, vosso amado Filho, nos libertastes
do poder das trevas e da morte e nos transferistes
para o vosso Reino de luz e santidade,
libertai agora este nosso irmão N. de todo o
domínio e ligação com satanás e os seus anjos.
Libertai-o de todas as forças do mal, esmagai-as,
destrui-as, para que o N. possa ficar bom e
viver segundo a vossa santíssima Vontade. Libertai-
o de todos os malefícios, das bruxarias,
da magia negra, das missas negras, dos feitiços,
das maldições, do mau-olhado, dos ritos
satânicos, dos cultos satânicos, das consagrações
a satanás. Destrui qualquer ligação com
satanás e com todas as pessoas ligadas a satanás,
vivas ou defuntas. Libertai-o de toda a infestação
diabólica, de toda a possessão diabólica,
de toda a obsessão diabólica, e de tudo
aquilo que é pecado ou consequência do pecado.
Destrui todos estes males no inferno para
que nunca mais atormentem o N. nem nenhuma
outra criatura no mundo. Deus Pai todo-poderoso,
peço-Vos, em nome de Jesus Cristo
Salvador e pela intercessão da Virgem Imaculada
que ordeneis a todos os espíritos imundos,
a todas as presenças que atormentam o N., a
deixá-lo imediatamente, a deixá-lo definitivamente
e a ir para o inferno eterno, encadeados
por São Miguel Arcanjo, por São Gabriel, por
São Rafael, pelos nossos Anjos da Guarda, esmagados
debaixo do calcanhar da Santíssima
Virgem Maria nossa Mãe Imaculada. Vós que
criastes o homem à vossa imagem e semelhança
na santidade e na justiça, e depois do pecado
não o abandonastes, antes com sábia providência
cuidastes da sua salvação pelo mistério
da encarnação, paixão, morte e ressurreição do
vosso muito amado Filho, salvai este vosso
servo e libertai-o do mal e da escravidão do
inimigo; afastai dele o espírito de mentira, soberba,
luxúria, avareza, ira, inveja, gula, preguiça
e de toda a espécie de maldade. Recebei-o
no vosso Reino, abri o seu coração para entender
o vosso Evangelho, para que viva sempre
como filho da luz, dê testemunho da verdade
e pratique obras de caridade segundo os
vossos mandamentos. Com o sopro da Vossa
boca expulsai, Senhor, os espíritos malignos:
ordenai que se retirem porque chegou o vosso
Reino. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.

R. Amen.

O Senhor te livre de todo o mal, em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo.

R. Amen.

Bendigamos ao Senhor.

R. Graças a Deus.

Com aprovação eclesiástica

BENTO XVI VAI REVOGAR EXCOMUNHÃO AOS 4 BISPOS LEFEBVRIANOS


Artigo de Andrea Tornielli

Roma – Bento XVI decidiu revogar a excomunhão dos quatro bispos consagrados por Lefebvre em 1988. O decreto, que o Pontífice já assinou, será publicado até o fim de semana. O superior da Fraternidade São Pio X, Bernard Fellay, e os outros três bispos, Alfonso de Gallareta, Tissier de Mallerais e Richard Williamson não serão mais excomungados.

A decisão do Papa Ratzinger foi amadurecida nos últimos meses, em seguida à carta com a qual Mons. Fellay havia solicitado a revogação da punição cominada por João Paulo II em 1988, depois que o arcebispo Marcel Lefebvre, recusando in extremis um acordo inicial com o então cardeal Joseph Ratzinger, consagrou bispos quatro jovens sacerdotes do clero da Fraternidade. Um aCto cismático, porque aquelas consagrações não eram legitimadas pelo pontífice, mas justificadas por Lefebvre em razão da sobrevivência da sua comunidade tradicionalista.

Uma comunidade que não havia aceitado a reforma litúrgica pós-conciliar nem alguns decretos do Vaticano II, embora assinados pelo próprio Lefebvre, como no caso daquele sobre a liberdade religiosa. Excomungados há vinte anos foram o próprio Lefebvre, o ancião bispo brasileiro Antônio de Castro Mayer, que participou da consagração ocorrida na Suíça (ambos falecidos), e os quatro novos bispos.




O caminho da reaproximação, iniciado com o Papa Wojtyla depois que os lefebvristas realizaram uma peregrinação a Roma por ocasião do Jubileu do ano 2000, continuou entre altos e baixos. Mas teve uma rápida aceleração depois da eleição de Ratzinger. A Fraternidade pediu ao Pontífice para liberar a missa antiga para toda a Igreja.

E isto Bento XVI o fez, com o motu proprio «Summorum Pontificum», pensando não tanto e nem somente nos lefebvristas, mas sobretudo naqueles tradicionalistas que permaneceram na plena comunhão com Roma, embora frequentemente penalizados ou vistos com suspeição porque ainda ligados à liturgia pré-conciliar. Depois foi pedida a revogação da excomunhão – que, para ser preciso, diz respeito apenas aos bispos, não aos quinhentos padres da Fraternidade e, menos ainda, aos fiéis que seguem suas celebrações – e ao solicitá-la, Fellay quis manifestar a adesão ao Papa e o desejo da plena comunhão.

Os lefebvristas realizaram ainda uma recente peregrinação a Lourdes, onde os quatro bispos lançaram a iniciativa de fazer recitar um milhão e setecentos mil rosários para pedir a Nossa Senhora que a excomunhão fosse retirada. O decreto que será tornado conhecido nas próximas horas não significa por si a solução do problema lefebvriano, mas representa um passo importante.



O próximo passo será um acordo que dê à Fraternidade São Pio X um status jurídico na Igreja Católica. A decisão de revogar a excomunhão é um ato de grande magnanimidade de Bento XVI, que vai na linha de sanar fraturas e divisões no corpo eclesial e de receber na plena comunhão além dos bispos, também os sacerdotes e fiéis.

Em junho passado, o cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Pontifícia Comissão «Ecclesia Dei», havia colocado condições a Mons. Fellay para prosseguir no diálogo com a Fraternidade, pedindo aos lefebvristas “o empenho a uma resposta proporcional à generosidade do Papa”, a “evitar toda declaração pública que não respeite à pessoa do Santo Padre e que possa ser negativa para a caridade eclesial”, a “evitar a pretensão de um magistério superior” ao do Papa, e a “não colocar a Fraternidade em contraposição à Igreja. Enfim, o empenho em “demonstrar a vontade de agir honestamente na plena caridade eclesial e no respeito à autoridade do Vigário de Cristo”.

Fonte (in Italian): Il Giornale
Tradução:OBLATVS

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

CARTA DO SANTO PADRE AOS BISPOS SOBRE O MOTUM PROPRIO


CARTA DO SANTO PADRE
BENTO XVI
AOS BISPOS QUE ACOMPANHA O "MOTU PROPRIO"
SUMMORUM PONTIFICUM
SOBRE O USO DA LITURGIA ROMANA
ANTERIOR À REFORMA REALIZADA EM 1970

Amados Irmãos no Episcopado,

Com grande confiança e esperança, coloco nas vossas mãos de Pastores o texto duma nova Carta Apostólica «Motu Proprio data» sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma realizada em 1970. O documento é fruto de longas reflexões, múltiplas consultas e de oração.

Notícias e juízos elaborados sem suficiente informação criaram não pouca confusão. Há reacções muito divergentes entre si que vão de uma entusiasta aceitação até uma férrea oposição a respeito de um projecto cujo conteúdo na realidade não era conhecido.

Contrapunham-se de forma mais directa a este documento dois temores, dos quais me quero ocupar um pouco mais detalhadamente nesta carta.

Em primeiro lugar, há o temor de que seja aqui afectada a autoridade do Concílio Vaticano II e que uma das suas decisões essenciais – a reforma litúrgica – seja posta em dúvida. Tal receio não tem fundamento. A este respeito, é preciso antes de mais afirmar que o Missal publicado por Paulo VI, e reeditado em duas sucessivas edições por João Paulo II, obviamente é e permanece a Forma normal – a Forma ordinária – da Liturgia Eucarística.

A última versão do Missale Romanum, anterior ao Concílio, que foi publicada sob a autoridade do Papa João XXIII em 1962 e utilizada durante o Concílio, poderá, por sua vez, ser usada como Forma extraordinária da Celebração Litúrgica. Não é apropriado falar destas duas versões do Missal Romano como se fossem «dois ritos». Trata-se, antes, de um duplo uso do único e mesmo Rito.




Quanto ao uso do Missal de 1962, como Forma extraordinária da Liturgia da Missa, quero chamar a atenção para o facto de que este Missal nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequentemente, em princípio sempre continuou permitido. Na altura da introdução do novo Missal, não pareceu necessário emanar normas próprias para um possível uso do Missal anterior.

Supôs-se, provavelmente, que se trataria de poucos casos individuais que seriam resolvidos um a um na sua situação concreta. Bem depressa, porém, se constatou que não poucos continuavam fortemente ligados a este uso do Rito Romano que, desde a infância, se lhes tornara familiar. Isto aconteceu sobretudo em países onde o movimento litúrgico tinha dado a muitas pessoas uma formação litúrgica notável e uma profunda e íntima familiaridade com a Forma anterior da Celebração Litúrgica.

Todos sabemos que, no movimento guiado pelo Arcebispo Lefebvre, a fidelidade ao Missal antigo apareceu como um sinal distintivo externo; mas as razões da divisão, que então nascia, encontravam-se a maior profundidade. Muitas pessoas, que aceitavam claramente o carácter vinculante do Concílio Vaticano II e que eram fiéis ao Papa e aos Bispos, desejavam contudo reaver também a forma, que lhes era cara, da sagrada Liturgia; isto sucedeu antes de mais porque, em muitos lugares, se celebrava não se atendo de maneira fiel às prescrições do novo Missal, antes consideravam-se como que autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável.

Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja.
Postado por sebastiao às 13:45



Por isso, o Papa João Paulo II viu-se obrigado a estabelecer, através do Motu Proprio «Ecclesia Dei» de 2 de Julho de 1988, um quadro normativo para o uso do Missal de 1962, que no entanto não contém prescrições detalhadas, mas fazia apelo, de forma mais geral, à generosidade dos Bispos para com as «justas aspirações» dos fiéis que requeriam este uso do Rito Romano.

Naquela altura, o Papa queria assim ajudar sobretudo a Fraternidade São Pio X a encontrar de novo a plena unidade com o Sucessor de Pedro, procurando curar uma ferida que se ia fazendo sentir sempre mais dolorosamente. Até agora, infelizmente, esta reconciliação não se conseguiu; todavia várias comunidades utilizaram com gratidão as possibilidades deste Motu Proprio.

Continuava aberta, porém, a difícil questão do uso do Missal de 1962 fora destes grupos, para os quais faltavam precisas normas jurídicas, antes de mais porque, nestes casos, frequentemente os Bispos temiam que a autoridade do Concílio fosse posta em dúvida. Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia.

Surgiu assim a necessidade duma regulamentação jurídica mais clara, que, no tempo do Motu Proprio de 1988, não era previsível; estas Normas pretendem também libertar os Bispos do dever de avaliar sempre de novo como hão-de responder às diversas situações.



Em segundo lugar, nas discussões à volta do esperado Motu Proprio, manifestou-se o temor de que uma possibilidade mais ampla do uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até a divisões nas comunidades paroquiais. Também este receio não me parece realmente fundado. O uso do Missal antigo pressupõe um certo grau de formação litúrgica e o conhecimento da língua latina; e quer uma quer outro não é muito frequente encontrá-los.

Por estes pressupostos concretos, já se vê claramente que o novo Missal permanecerá, certamente, a Forma ordinária do Rito Romano, não só porque o diz a normativa jurídica, mas também por causa da situação real em que se encontram as comunidades de fiéis.

É verdade que não faltam exageros e algumas vezes aspectos sociais indevidamente vinculados com a atitude de fiéis ligados à antiga tradição litúrgica latina. A vossa caridade e prudência pastoral hão-de ser estímulo e guia para um aperfeiçoamento. Aliás, as duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente: no Missal antigo poderão e deverão ser inseridos novos santos e alguns dos novos prefácios.

A Comissão «Ecclesia Dei», em contacto com os diversos entes devotados ao usus antiquior, estudará as possibilidades práticas de o fazer. E, na celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI, poder-se-á manifestar, de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo.

A garantia mais segura que há de o Missal de Paulo VI poder unir as comunidades paroquiais e ser amado por elas é celebrar com grande reverência em conformidade com as rubricas; isto torna visível a riqueza espiritual e a profundidade teológica deste Missal.
Postado por sebastiao às 13:33



Cheguei assim à razão positiva que me motivou para actualizar através deste Motu Proprio o de 1988. Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja. Olhando para o passado, para as divisões que no decurso dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo, tem-se continuamente a impressão de que, em momentos críticos quando a divisão estava a nascer, não fora feito o suficiente por parte dos responsáveis da Igreja para manter ou reconquistar a reconciliação e a unidade; fica-se com a impressão de que as omissões na Igreja tenham a sua parte de culpa no facto de tais divisões se terem podido consolidar.

Esta sensação do passado impõe-nos hoje uma obrigação: realizar todos os esforços para que todos aqueles que nutrem verdadeiramente o desejo da unidade tenham possibilidades de permanecer nesta unidade ou de encontrá-la de novo. Vem-me à mente uma frase da segunda carta aos Coríntios, quando Paulo escreve: «Falámo-vos com toda a liberdade, ó Coríntios.

O nosso coração abriu-se plenamente. Há nele muito lugar para vós, enquanto no vosso não há lugar para nós (…): pagai-nos na mesma moeda, abri também vós largamente o vosso coração» (2 Cor 6, 11-13). É certo que Paulo fala noutro contexto, mas o seu convite pode e deve tocar-nos também a nós, precisamente neste tema. Abramos generosamente o nosso coração e deixemos entrar tudo aquilo a que a própria fé dá espaço.

Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar.

Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De facto, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do novo rito a exclusão total do mesmo.
Postado por sebastiao às 13:29



Em conclusão, amados Irmãos, tenho a peito sublinhar que as novas normas não diminuem de modo algum a vossa autoridade e responsabilidade sobre a liturgia nem sobre a pastoral dos vossos fiéis. Com efeito, cada Bispo é o moderador da liturgia na própria diocese (cf. Sacrosanctum Concilium, n.º 22: «Sacræ Liturgiæ moderatio ab Ecclesiæ auctoritate unice pendet quæ quidem est apud Apostolicam Sedem et, ad normam iuris, apud Episcopum»).

Por conseguinte, nada se tira à autoridade do Bispo, cuja tarefa, em todo o caso, continuará a ser a de vigiar para que tudo se desenrole em paz e serenidade. Se por hipótese surgisse qualquer problema que o pároco não pudesse resolver, sempre poderia o Ordinário local intervir, mas em plena harmonia com quanto estabelecido pelas novas normas do Motu Proprio.

Além disso, convido-vos, amados Irmãos, a elaborar para a Santa Sé um relatório sobre as vossas experiências, três anos depois da entrada em vigor deste Motu Proprio. Se verdadeiramente tiverem surgido sérias dificuldades, poder-se-á procurar meios para lhes dar remédio.

Amados Irmãos, com ânimo grato e confiante, entrego ao vosso coração de Pastores estas páginas e as normas do Motu Proprio. Tenhamos sempre presente as palavras dirigidas pelo Apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso: «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu vigilantes para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho» (Act 20, 28).

Confio à poderosa intercessão de Maria, Mãe da Igreja, estas novas normas e de coração concedo a minha Bênção Apostólica a vós, amados Irmãos, aos párocos das vossas dioceses, e a todos os sacerdotes, vossos colaboradores, como também a todos os vossos fiéis.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 7 de Julho de 2007.

BENEDICTUS PP. XVI

PRINCÍPIOS E NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA RELIGIÃO

BREVE HISTÓRIA DA RELIGIÃO


PRINCÍPIOS E NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Catecismo Maior de São Pio X

1. Deus, sapientíssimo Criador de todas as coisas, ordenou-as todas a Si, como fim último; isto é, para que Lhe dessem glória manifestando as perfeições divinas que Ele lhes comunicou. O homem, criatura principal deste mundo vísivel, devia também promover e realizar este fim, conforme sua natureza racional, com os atos livres de sua vontade, conhecendo, amando e servindo a Deus, para alcançar depois, deste modo, o prêmio que do mesmo Senhor havia de receber. Este vínculo moral ou lei universal, pelo qual o homem se acha naturalmente ligado a Deus, chama-se "Religião natural".

2. Mas, tendo a bondade divina preparado para o homem uma recompensa muito superior a quanto ele pudesse pensar ou desejar, isto é, querendo fazê-lo participante de sua própria bem-aventurança, como não bastasse já para fim tão elevado a "Religião natural", foi preciso que o próprio Deus o instruísse nos deveres religiosos. De onde se segue que a Religião, desde o princípio tivesse de ser "revelada", isto é, manifestada por Deus ao homem.

3. De fato foi assim que Deus revelou a Religião a Adão e aos primeiros Patriarcas, os quais, sucedendo-se uns aos outros e vivendo juntos muitíssimo tempo, a podiam transmitir facilmente uns aos outros, até que Deus Nosso Senhor formou para si um povo que a guardasse até a vinda de Jesus Cristo, nosso Salvador, Verbo de Deus Encarnado, que não a aboliu, senão que a cumpriu, aperfeiçoou e confiou à custódia da Igreja, por todos os séculos.

Tudo isto pode ser demonstrado pela História da Religião, a qual, podemos dizer, se confunde com a História da humanidade. Donde é coisa manifesta que todas as que se proclamam "religiões", fora da única verdadeira revelada por Deus, de que falamos, são invenções dos homens e desvios da verdade, da qual algumas conservam uma parte, misturada porém com muitas mentiras e absurdos.

4. Quanto às seitas ou divisões que se fizeram da Igreja Católica, Apostólica, Romana, foram elas suscitadas e promovidas por homens presunçosos, que abandonaram o sentir da Igreja universal, para irem voluntária e obstinadamente atrás de algum erro próprio ou alheio contra a Fé, e são os "hereges"; ou, então, homens orgulhosos e ávidos de mando, que, tendo-se por mais iluminados que a Santa Igreja, lhe arrancam uma parte de seus filhos, dilacerando, contra a palavra de Jesus Cristo, a unidade católica, separando-se do Papa e do Episcopado a ele unido, e estes são os "cismáticos".



Enquanto isso, o fiel católico – que inclina sua razão à palavra de Deus, pregada em nome da Santa Igreja pelos legítimos Pastores, e cumpre fielmente a santa lei divina – caminha com segurança pela estrada que o conduz a seu último fim e, quanto mais se instrui na Religião, mais é levado a ver quanto é racional a santa Fé.

5. O modo estabelecido cabalmente por Deus para a perpétua tradição da Religião foi, pois, o seguinte: a sucessiva e contínua comunicação dos homens entre si, de modo que a verdade ensinada pelos mais velhos se transmitisse do mesmo modo aos descendentes; o que durou mesmo depois que no decurso do tempo o Espírito Santo moveu diversos escritores a registrar em livros compostos sob Sua inspiração uma parte da lei divina.



Estes livros escritos com a inspiração de Deus chamam-se "Sagrada Escritura", "Livros Santos" ou "Bíblia Sagrada". Chamam-se livros do "Antigo Testamento" os que foram escritos antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo; os que foram escritos depois constituem o "Novo Testamento".

6. A palavra "Testamento" significa, aqui, "Aliança" ou "Pacto" feito por Deus com os homens, a saber: de salvá-los por meio de um Redentor prometido, com a condição de que prestassem fé à sua palavra e obediência a suas leis.

A "Antiga Aliança", Deus a fez primeiro com Adão e Noé, e depois mais especialmente com Abraão e sua descendência; esse pacto exigia a fé no futuro Redentor ou Messias e a guarda da Lei dada no princípio por Deus e promulgada mais tarde para seu povo por meio de Moisés.




A "Nova Aliança", depois da vinda de Jesus Cristo, nosso Redentor e Salvador, Deus a estabelece com todos os que recebem o sinal que Ele instituiu, o Baptismo, e guardam a Lei que o próprio Cristo veio aperfeiçoar e completar, pregando-a em pessoa e ensinando-a de viva voz aos Apóstolos.

Estes receberam de seu divino Mestre a ordem de pregar por todas as partes o Santa Evangelho, e o pregaram realmente de viva voz, antes que fosse escrito por inspiração divina, como depois o foi. Porém nem todos os Apóstolos escreveram, e é certo que nem uns nem outros escreveram tudo o que haviam visto e ouvido.

7. Pelo que acabamos de dizer, e pelo que indicamos atrás (nº5), compreende-se a suma importância da "Tradição" divina, que é a própria palavra de Deus, declarada por Ele mesmo de viva voz a seus primeiros ministros, e transmitida deles até nós por uma contínua sucessão. Donde nela também se estriba justamente nossa Fé, como em solidíssimo fundamento.




8. Esta Tradição divina, junto com a Sagrada Escritura, ou seja, toda a palavra de Deus, escrita e transmitida de viva voz, foi confiada por Nosso Senhor Jesus Cristo a um Depositário público, perpétuo, infalível, a saber, a "Santa Igreja Católica e Apostólica".

Essa Igreja – fundada precisamente naquela Tradição, apoiada na autoridade que Deus lhe deu, e reforçada com a promessa da assistência e direção do Espírito Santo – define quais são os livros que contêm a Revelação divina, interpreta as Escrituras, fixa o sentido nas dúvidas que surgem a respeito delas, decide sobre as coisas que se referem à Fé e aos costumes, e julga com sentenças inapeláveis sobre todas as questões que nestes pontos de suprema importância possam de algum modo extraviar a inteligência e o coração dos fiéis.

9. Mas advirta-se que este julgamento compete àquela parte escolhida da Igreja que se chama "docente" ou "ensinante", formada primeiramente pelos Apóstolos, e depois pelos seus sucessores, os Bispos, com o Papa, que é o Romano Pontífice, sucessor de São Pedro, à sua cabeça.



O Sumo Pontífice – dotado por Nosso Senhor Jesus Cristo da mesma infalibilidade de que está adornada a Igreja, e que é necessária para conservar a unidade e a pureza da doutrina, pode, quando fala "ex cathedra", isto é, como Pastor e Doutor de todos os cristãos, promulgar os mesmos decretos e pronunciar os mesmos julgamentos que a Igreja, no que toca à Fé e aos costumes.

E ninguém pode recusar essas sentenças sem prejuízo de sua fé. Além disso, o Papa pode exercer sempre o supremo poder em todo o concernente à disciplina e bom governo da Igreja, e todos os fiéis devem obedecer-lhe com sincero obséquio da mente e do coração.

Na obediência a esta suprema autoridade da Igreja e do Sumo Pontífice – por cuja autoridade nos são propostas as verdades da Fé, nos são impostas as leis da Igreja e nos é mandado tudo o que quanto ao bom governo dela é necessário – consiste a regra de nossa Fé.
Fonte:S.Pio V

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CARDEAL CASTRILLÓN :CATÓLICOS "TÊM DIREITO JURÍDICO" AO RITO GREGORIANO, PADRES E BISPOS "DEVEM ACEITAR" SEUS PEDIDOS



Párocos e bispos "devem aceitar" os pedidos dos Católicos que pedirem a antiga forma da Missa (em latim ). Este é o "expresso desejo do Papa, "legalmente estabelecido", o qual "deve ser respeitado tanto pelos superiores eclesiásticos como pelos ordinários locais", insistiu. O Cardeal Castrillón continuou, afirmando que "todos os seminários" devem prover treinamento na outra forma da Missa "como um hábito".

Cardeal Dário Castrillon Hoyos – Cardeal encarregado pela implementação da liberalização da Missa Latina e dos outros ritos como eram celebrados antes do Concílio Vaticano II, feita pelo Papa Bento XVI – fez estas observações no prefácio da próxima edição do livro "As Cerimónias do Rito Romano Descritas", o manual inglês padrão a respeito de como celebrar os ritos antigos, lançado ontem.

O Cardeal Castrillón comentou o livro, – 50ª edição, desde que foi publicado pelo Padre inglês Dr. Adrian Fortescue, em 1917 – editado pelo distinto estudioso liturgista Dr. Alcuin Reid, como "uma fonte confiável para a preparação e celebração dos ritos litúrgicos", que o Papa Bento "autoritativamente decretou que podem ser livremente usados". Espera-se que a obra seja publicada pela Continuum/Burns & Oates pelo fim de 2008.



Alcuin Reide, falando de Londres, disse: "A honra do Cardeal ter concordado com este livro demonstra e dá ênfase à importância da antiga forma da Missa e dos sacramentos na renovação geral do Papa Bento na vida litúrgica da Igreja Católica". Ele continua: "Nós estamos em um momento crítico na história da liturgia, e a retirada das restrições da celebração dos antigos ritos, possibilita que estes contribuam com a devoção Católica através do mundo, e reforçam a sua qualidade.

O Director de Publicações de Londres da Continuum, Robin Baird-Smith, acrescentou: "Nós estamos encantados com o fato deste título ter retornado à impressão da 'Burns & Oates', e de uma obra tão importante para estes tempos estar sendo publicada".
Adrian Fortescue, J.B. & Alcuin Reid, "As Cerimónias do Rito Romano Descritas" será publicado em Outubro de 2008 no Reino Unido e em Dezembro de 2008 nos EUA.



Da nova edição do "Cerimónias", eis o prefácio do Cardeal Castrillon Hoyos:

É um prazer para mim apresentar esta 50ª edição de "As Cerimônias do Rito Romano Descritas", a primeira edição desde que o Motu Proprio de nosso Santo Padre, o Papa Bento XVI, Summorum Pontificum, datado de 07 de Julho de 2007, esclareceu definitivamente que os ritos de acordo com os livros litúrgicos em uso em 1962 nunca foram ab-rogados, e que constituem verdadeiramente um tesouro que pertence à toda a Igreja Católica e devem estar disponíveis largamente a todos os fiéis Cristãos.



Está claro, agora, que os Católicos têm um direito jurídico aos antigos ritos litúrgicos, e que os párocos e bispos devem aceitar tais petições e pedidos dos fiéis que pedem por estes ritos. Este é o desejo expresso do Romano Pontífice, legalmente estabelecido no Summorum Pontificum, de forma que deve ser respeitado tanto pelos superiores eclesiásticos como pelos ordinários locais.

O Santo Padre está satisfeito com a generosa resposta à sua iniciativa, pelos vários padres que se dispuseram a aprender novamente os ritos e cerimônias do Santo Sacrifício da Missa e dos outros sacramentos, conforme o Usus Antiquor, de forma que possam servir às pessoas que o desejam. Eu encorajo os padres a fazerem isso, em espírito de generosidade pastoral e amor pelo patrimônio litúrgico do Rito Romano.



Os seminaristas, como parte de sua formação em liturgia da Santa Igreja, devem também se familiarizar como tal uso do Rito Romano, não somente para servir às pessoas de Deus que requisitarem esta forma da devoção Católica, mas também para ter uma profunda apreciação da formação dos livros litúrgicos em vigor hoje em dia. A partir disso, todos os seminários devem prover tal tipo de treinamento como um hábito.

O presente livro, um guia clássico para a celebração do antigo Rito Gregoriano da Igreja no mundo anglofono, servirá aos sacerdotes e seminaristas do século XXI – da mesma forma que serviu vários sacerdotes do século XX – em sua missão pastoral, a qual agora necessariamente inclui a familiaridade com a abertura ao uso da antiga forma da Sagrada Liturgia.

Eu felizmente exalto esta obra ao clero, seminaristas e leigos, como uma ferramenta confiável para a preparação e celebração dos ritos litúrgicos autoritativamente garantidos pelos Santo Padre no Summorum Pontificum.



Eu felecito o distinto estudioso liturgista,Dr. Alcuin Reid, pelo seu cuidado e precisão em assegurar que sua edição revisada, estivesse de acordo com as últimas decisões autoritativas referentes a estes ritos litúrgicos. Como o Papa Bento XVI escreveu em sua carta que acompanhou o Summorum Pontificum: "Na história da liturgia há um crescimento e progresso, mas não ruptura". O Rito Gregoriano é hoje um rito litúrgico vivo, o qual continuará seu progresso sem perder nenhuma de suas riquezas, amparado na tradição.

Em que o Santo Padre continuou: "Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo considerado prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar". Que este livro ajude a Igreja de hoje e de amanhã a realizar a visão do Papa Bento XVI.

Darío Cardeal Castrillón Hoyos
Presidente da Pontifícia Comissão "Ecclesia Dei"
25 de setembro de 2008
Fonte:S.Pio V

O PROGRESSISMO DO CARDEAL SIRI III PARTE


4. A Bíblia é interpretada só e livremente pelos biblistas.

Este é um princípio basilar do progressismo. Chegamos a uma questão, ou melhor, a uma afirmação verdadeiramente nodal em toda a história do progressismo eclesiástico moderno.

É necessário referir-se aos factos, os quais não começaram precisamente naquela segunda assembleia do Vaticano II, na primeira sessão, na qual alguns se alegraram, crendo que duas intervenções, nada felizes, tivessem posto enfim o machado na raiz da divina tradição e tivessem removido os obstáculos para a conversão em direcção ao Protestantismo.

Aquelas duas intervenções, conscientes ou não de portar a inspiração de pessoas mal intencionadas, tinham dois precedentes. Estávamos presentes em meio a todos os acontecimentos e estamos bem seguros daquilo que dizemos.


Faz tempo, e muitos actos de Pio XII lhe dão fé, o germe do querer interpretar a Sagrada Escritura de modo “privado”, dito científico, havia entrado, embora não ousando entrar nas editoras de divulgação pela estreita vigilância do Imprimatur. A história é, portanto, assaz velha, mas só nos últimos tempos tornou-se disponível a todos. Eis os argumentos:

- a filologia, a arqueologia, as pesquisas linguísticas, os procedimentos comparados (ad usum delphini), mas sobretudo as variadas opiniões de todos os escritores, especialmente transalpinos, aos quais geralmente se dá crédito somente citando seus nomes e títulos (jamais ou quase nunca exigindo as razões e avaliando-as), constituem o verdadeiro, único modo de fato de interpretar a Bíblia.



Não importa se pronunciam uma palavra; a pronunciamos Nós: isto é livre exame, porque o placitum privado substitui o primeiro e verdadeiro meio estabelecido por Deus para a interpretação da sua natureza: o Magistério. A palavra “livre exame” é cuidadosamente silenciada e continuamente aplicada.

- o complexo supracitado, além de que é a repetição de teorias difundidas no século passado e das quais as escolas católicas riram por mais de meio século, está sujeito a um fluxo e refluxo, a um suceder-se de afirmações e de desmentidos, a uma produção de fantasia, que por si não pode ser, em matéria tão grave, verdadeira garantia.

- a hermenêutica católica sempre ensinou que a primeira interpretação das Escrituras, comparada com as Escrituras e com a divina tradição, recebe a autêntica garantia de certeza do Magistério.



Se a libertação de interpretações da Bíblia de todo vínculo pré-estabelecido pelo próprio Deus se chama “progresso”, isto significa que tal progresso carrega consigo a heresia e a apostasia.

Como é bem frequente acontecer aos olhos de todos. Todo elemento é útil a mais adequada interpretação da Bíblia, certo! Mas o primeiro e que condiciona todos os outros, é aquele que Deus determinou. Nada de mais lógico e de mais óbvio.

Não é função de esta carta tirar as consequências práticas de tudo isto. A matéria bíblica não é, em fim de contas, uma matéria exotérica, na qual só os iniciados podem entrar com perfeita reverência e grande circunspecção.



Qualquer homem, hábil de pensamento e de lógica, colocado diante de uma prótase (por suposição, uma locução siríaca) e uma apódose (p. ex. a interpretação de uma passagem de Mateus), quando a primeira lhe é explicada (o que não é muito necessário; frequentemente basta um dicionário), tem condições de ver se é válida a relação de causa, de efeito afirmado entre os dois termos.

Não é o caso de assumir a presunção que o bom Dom Ferrante assumia quando dissertava sobre as estranhas palavras “substância” e “acidente”, delas extraindo a inexistência da peste. O que não era verdadeiro!

Insistimos sobre o argumento porque exactamente aqui está um foco de todo o fenómeno que leva o nome de “progressismo”.



5. As alegres “teologias”.

Parece que um bom progressista se deva pôr aqui na fila.

Eis o fato: se está construindo uma teologia para cada coisa, com propósito e sem propósito; do trabalho, do homem (antropologia), da técnica, das comunicações sociais, da comunidade, da morte de Deus (?), da esperança, da libertação e da revolução... Quase todas estas vozes são decoradas por notáveis volumes. Não há qualquer dúvida que tal proliferação é uma das maiores características do progressismo. Vamos ver se entendemos.



Antes de tudo, estas são verdadeiras “teologias”?

É “teologia” aquela em que as afirmações são demonstradas pelas fontes teológicas.

Quando as afirmações se baseiam sobre critérios de qualquer manifestação de prosa, não temos Teologia. Teremos tudo o que se quer, verdadeiro ou falso, mas certamente não teremos Teologia. Estas teologias, salvo em algum lugar e uma ou outra apenas, não são de facto “Teologia”. Nós devemos protestar contra o abuso de um termo que o trabalho dos séculos tornou venerando e absolutamente próprio.

Em segundo lugar deveremos nos colocar a pergunta se estas teologias contêm a verdade. Não está na intenção e no assunto desta nota, ocupar-nos do mérito, ou seja, dos “conteúdos” destas teologias ou auto-intituladas teologias. Limitamo-nos somente a fixar-lhes algumas características comuns.



- O esquema destas teologias segue os estados de ânimo que se vivem em nosso atormentado século e, portanto, têm mais um carácter de revelação da nossa situação concreta que um verdadeiro conteúdo objectivo e permanente.

- De facto dependem de axiomas caros a qualquer pensador do século XVIII ou XIX. Vão segundo o vento que sopra. O “sociologismo”, do qual já falámos e que domina a cena, derivando de um princípio posto pelo cristianíssimo e devoto Mounier, na verdade se inspira no marxismo, do qual a pobre gente já exauriu a experiência que, ao invés, não iluminou ainda os seus mais ou menos frágeis defensores.


Seria, talvez, esta a “Nova Theologia”? Podemos ouvir ainda hoje com perfeita clareza uma voz poderosa, modulada magnificamente pela oratória, que no Vaticano II se elevou para pedir – com outras coisas – uma “Nova Theologia”.



Não podíamos ver do nosso lugar o Padre a quem pertencia aquela magnífica voz. Passaram-se quase dez anos e não fui capaz de entender o que o Orador pretendia dizer propriamente com “Nova Theologia”.

Se as várias teologias das quais falámos, denominando-as “alegres”, são uma resposta à pergunta, é necessário declarar-se totalmente insatisfeitos.

Mas sobre o facto, apresentado como um fenómeno “que caracteriza o progressismo”, é outra resposta e bem mais importante.

Há uma valorização negativa de toda a teologia até 1962. E isto é grave. Com certeza.
A Teologia conduziu por tantos séculos este grande trabalho.





Tomou de todas as Fontes autênticas o pensamento da revelação divina e, e sem coação ou deformação (falamos do veio principal, não dos cantores extra corum), as conjugaram pacientemente, reduzindo-as a fórmulas acessíveis à investigação de nosso pensamento. Trabalho paciente de pesquisa, de combinação, de síntese. A tudo deu uma ordem que fosse mais acessível à lógica do aprendizado humano. Nada foi acolhido que não estivesse segundo a mente das Fontes.

Este trabalho imenso e precioso se chama “institucionalização”. Tudo aquilo que, documentadamente recolhido, procurou penetrar, servindo-se dos princípios do bom-senso humano, na medida em que eram conformes às fontes ou mesmo derivado delas, tudo isto constitui a parte “especulativa” da Teologia, sem a qual a parte acima descrita (positiva) não abriria suficientemente o seu significado à inteligência humana.

Entendamos bem: não acolheu as filosofias passageiras, mas o bom-senso humano, aquele assumido pelo próprio Deus no ato de estabelecer a Sua Revelação nas formas conceituais comuns a nós.



E eis o final interessante: tudo isto, pela seriedade do procedimento, ou seja, do método, não permite fazer aquilo que se quer, aquilo que convém, aquilo que segue as modas passageiras. Por isto a teologia especulativa tornou-se entediante; melhor é comprazer-se nas “variações” estranhas ao método.
Tudo isto repugna à Teologia. Não, pois, “Nova Theologia”, mas “anematizada Teologia”.

A Teologia, ocupando-se do pensamento de Deus comunicado aos homens, deve caminhar até o fim dos tempos e somente assim cumprirá a sua missão. Há nela ainda veios ainda inexplorados, que podem dar ocupação ao génio de muitos santos Tomás de Aquino. Mas convenhamos, será uma coisa séria!

A questão será esclarecida pelo que estamos para dizer no número seguinte.
Continua...

O progressismo - do Cardeal Giuseppe Siri [in «Rivista Diocesana Genovese», janeiro de 1975, pp. 22-36]
fONTE:OBLATVS

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

HISTÓRIA DA MISSA TRIDENTINA


A MISSA TRIDENTINA

Michel Boniface, Pbro.

O culto devido a Deus

O primeiro dever do homem é adorar a Deus, prestar-lhe o culto de adoração, de louvor, de acção de graças que Lhe é devido. Dar culto de adoração a Deus significa reconhecer a Deus como nosso Criador e senhor. Ele nos criou, d´Ele dependemos. Damos-Lhe também graças por todos os benefícios que recebemos d´Ele. Pedimos-Lhe perdão por nossas faltas e pecados e, finalmente, pedimos-Lhe também o que necessitamos para a nossa vida e salvação eterna. Em concreto, estes são os quatro fins da Santa Missa.

Este culto não é somente pessoal, individual, mas é sobretudo um culto público, ordenado e prescrito pela Igreja, sob a moção do Espírito Santo.



Deste culto oficial se ocupa a Liturgia. A palavra Liturgia vem do grego leiton ergon que significa obra ou ministério público. “A Liturgia é, portanto, o culto público e oficial que a Igreja presta a Deus e ao mesmo tempo santifica os fiéis” [1].

O padre Gregório Martínez de Antoñana escreve: “A Liturgia, em sentido geral e objectivo, é o mesmo que o culto público da Igreja, e pode definir-se: o conjunto de acções, de fórmulas e de coisas com que, segundo as disposições da Igreja Católica, se dá culto público a Deus” [2]

Como a Igreja é o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que por meio dela continua a sua função sacerdotal através dos séculos, num sentido mais teológico e completo pode definir-se a Liturgia com o Papa Pio XII: “é todo o culto público do Corpo Místico de Jesus Cristo, ou seja, da Cabeça e dos seus membros”.



E mais brevemente: “A Liturgia é o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo pela Igreja” [3]. A Liturgia é a teologia feita oração.

Pertencem à Liturgia: o Santo Sacrifício da Missa, que é a sua alma e o seu centro; o ofício divino, que gira e se desenrola em torno da Missa. O ofício divino chama-se também Breviário, livro que contém as orações oficiais da Igreja que cada sub-diácono, diácono, sacerdote, bispo e Papa fazem oito vezes por dia para a Igreja e todos os seus Filhos.

Pertencem também à Liturgia os Sacramentos, Sacramentais (bênçãos); e todos os ritos e cerimónias, símbolos e vestidura, vasos e lugares sagrados bem como os cantos e melodias que a Igreja usa para concretizar este culto público e solene.



A Liturgia constitui a vida mesma da Igreja, do Corpo Místico de Cristo. Por isso, tem um poder para a santificação das almas verdadeiramente admirável. Por meio da Liturgia católica, ascendem ao céu a adoração, a acção de graças, os pedidos de perdão e de ajuda dos fiéis e, por meio desta mesma Liturgia, descem sobre os homens a misericórdia, ajuda, protecção de Deus sobre os fiéis católicos e sua Santa Madre, a Igreja.

A liturgia constitui o meio mais poderoso que tem a Igreja para converter as almas, santificá-las e protegê-las. A Liturgia é o meio mais poderoso para comunicar a fé católica no Sacrifício de Cristo renovado sobre o altar com a mesma eficácia. Por esta razão, desde os primeiros séculos se diz: Lex orandi, Lex credendi. A lei da oração, a maneira de rezar, nos diz a lei da crença, quer dizer, a maneira de rezar, de prestar culto a Deus, demonstra o que cremos.



Durante séculos, a fé católica foi comunicada por meio da Liturgia, na qual estão concentradas todas as verdades do Credo católico. Na história da Igreja existem os construtores e os destruidores da Liturgia. Alterar, modificar a Liturgia da Missa, por exemplo, pode ter consequências incalculáveis sobre a fé do povo e dos sacerdotes: essa alteração pode destruir sua fé, corromper sua moral e precipitá-los na decadência e apostasia. Os povos protestantes nos dão o exemplo.

Tendo mudado a sua Liturgia, mudaram a sua fé e fizeram-se hereges e actualmente ateus em muitos lugares. No século XVI, na Inglaterra, o sacerdote herege Thomas Cranmer mudou a Liturgia da Missa do latim para o inglês; uns anos depois, a Inglaterra perdeu a fé católica e impediu a cristianização do mundo opondo-se às nações católicas missionárias como Espanha e Portugal.

Origem, desenvolvimento e definição da Missa Católica Tradicional

A Missa Católica chamada Missa Tradicional, Missa Tridentina ou Missa de São Pio V está composta por duas partes, a saber, a parte essencial, que são os elementos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo e as palavras e cerimónias que estão à sua volta.



Os elementos essenciais da Santa Missa, que foram instituídos por Cristo mesmo na Última Ceia, são:

1)A matéria: pão e vinho;

2)A forma, ou seja, as palavras: “Este é o Meu Corpo” e “Este é o Cálice do Meu Sangue...”;

Um sacerdote validamente ordenado que tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz na confecção deste Sacramento.

As palavras e cerimónias que envolvem estes elementos essenciais foram-se desenvolvendo e adquirindo forma através dos anos até alcançar a forma que chegou aos nossos dias. A seguir, faremos uma muito breve resenha do desenrolar destas palavras e cerimónias.

Durante os séculos I e II, essas palavras de Cristo estiveram rodeadas por uma liturgia inicial que, pouco a pouco, foi desenrolando-se e germinando no Oriente e Ocidente do império romano. Todas as partes da Missa apareceram já no século III e foi no século IV que o rito romano ficou plenamente conformado e, mais concretamente, durante o pontificado do Papa São Dâmaso (366-384).



Diremos que até São Gregório Magno (590-604) não existia um Missal Oficial com o Próprio das missas do ano. O líber Sacramentorum foi redigido, por encargo de São Gregório no princípio de seu pontificado, para serviço e uso das Stationes que tinham lugar em Roma, quer dizer, para a liturgia pontifical. Pode-se dizer que este Missal contém agora quase a mesma Missa Tradicional tal como chegou a nossos dias, posto que as modificações ou adições que São Pio V (1566-1572) efectuou ao codificar o seu Missal Romano foram muito pequenas.

Portanto, podemos assegurar que a Missa que actualmente se diz de São Pio V, ou Missa Tridentina, não é outra senão o rito romano tal qual o encontramos, em suas partes mais importantes, no século IV, tendo sido posteriormente imprimido, pela primeira vez, num Missal por São Gregório Magno.

O Cânon da Missa, aparte alguns retoques efectuados por São Gregório Magno, alcança com São Gelásio I (492-496), a forma que tem conservado até hoje. Os Romanos Pontífices não deixaram de insistir desde o século V sobre a importância de adoptar o Cânon Missae Romanae, dado que este remonta a nada menos do que ao mesmo Apóstolo Pedro.



Mas no que respeita às outras partes do Ordo, como pelo Próprio das missas, respeitaram o uso das igrejas locais. Assim, São Pio V codifica a Missa Romana na sua forma mais pura segundo a indicação do Concílio de Trento (1545-1563).

“O sacrifício cumpra-se segundo o mesmo rito para todos e por todos, de forma que a Igreja de Deus não tenha mais do que uma mesma língua... que os missais sejam restaurados segundo o uso e costumes antigos da missa romana”. O Missal assim restaurado foi promulgado no dia 19 de Julho de 1570 pela Bula Quo Primum Tempore, dando a conhecer duma forma particularmente solene. A bula precisa duma forma muito clara que não se trata de um novo rito, mas de um missal revisto e corrigido”.

No catecismo Maior de São Pio X, encontramos a seguinte definição do que é a Santa Missa: “A Santa Missa é o Sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, que se oferece sobre os nossos altares sob as espécies do pão e do vinho em memória do sacrifício da Cruz” (no. 655), “é substancialmente o mesmo que o da Cruz...” (no. 656), “na Cruz, Jesus Cristo se ofereceu derramando o seu sangue e merecendo por nós, enquanto que nos nossos altares Ele mesmo se sacrifica sem derramar sangue e nos aplica os frutos da sua paixão e morte (no. 657).



O Concílio de Trento declara que a missa é um sacrifício verdadeiramente oferecido pelo sacerdote oficiante, pela virtude do seu sacerdócio, in persona Christi, quer dizer, no lugar de Cristo, que é simultaneamente o Sacerdote e a Vítima, sendo a Missa o mesmo Sacrifício da Cruz.

Na Cruz, o Sacerdote que oferece o Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; a Vítima oferecida é também Nosso Senhor e o Padre Eterno é a quem este Sacrifício é oferecido. No santo Sacrifício da Missa, o sacerdote que oferece o Sacrifício é Nosso Senhor mesmo, agora que o celebrante actua in persona Christi. A Vítima do Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, real e substancialmente presente em Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, sob as aparências do pão e do vinho. E, finalmente, O que recebe o Sacrifício é Deus Pai.

Desta maneira, vemos que os elementos essenciais do sacrifício (Sacerdote, Vítima e Recipiente), são exactamente os mesmos na Cruz e na Missa.



A Missa, de facto, é o mesmo Sacrifício da Cruz, com a diferença de que não é cruento. Tal sacrifício tem quatro finalidades: 1) Sacrifício de adoração; 2) Sacrifício eucarístico (quer dizer, de acção de graças); 3) Sacrifício propiciatório (para dar-Lhe alguma satisfação por nossos pecados e oferecer-Lhe sufrágios para as almas do purgatório); 4) Sacrifício de petição destinado a apresentar uma súplica.

Concluímos que ao assistir à Santa Missa Tradicional com as disposições necessárias, nos fazemos participantes dos méritos que Nosso Senhor obteve para nós no Santo Sacrifício da Cruz