domingo, 17 de maio de 2015

Santa Maria de Jesus Crucificado, carmelita cognominada “a santa palestina”, recebe avisos concordantes com La Salette


Santa Maria de Jesus Crucificado, carmelita cognominada “a santa palestina”, recebe avisos concordantes com La Salette (1)


Beata Maria de Jesus Crucificado O.C.D., Mariam Baouardy no século (1846-1878). Na foto: noviça no Carmelo de Pau, França.
Santa Maria de Jesus Crucificado O.C.D.,
Mariam Baouardy no século (1846-1878).
Na foto: noviça no Carmelo de Pau, França.



O Segredo de Nossa Senhora de La Salette desvenda um panorama histórico-profético cada vez mais atual na crise que vivem a Igreja e o mundo.

É compreensível que a grandeza dos cenários e das comoções para onde se precipita a humanidade pecadora tenham também sido anunciados por outras vias sobrenaturais.

Pois a concordância entre os diversos anúncios de almas que em muitos casos não se conheceram confirma a veracidade fundamental da mensagem.

Nesse sentido, estamos difundindo em nosso blog outros avisos celestes recebidos por santos, beatos e almas eleitas cujos escritos passaram pelo crivo da crítica da hierarquia eclesiástica.

Um dos mais importantes conjuntos de revelações recebidas por almas santas no mesmo sentido de La Salette, é o da Santa Maria de Jesus Crucificado OCD (1846-1878), carmelita de Pau e Belém.

Talvez ela não seja conhecida no Brasil como mereceria, mas a leitura de sua vida é suficiente para conquistar a simpatia e a adesão dos fiéis.

“A santa palestina”

Mariam Baouardy (ou Bawardi) nasceu em 5 de janeiro de 1846 na aldeia de Abellin (ou Ibillin), situada na estrada de Nazaré a São João de Acre. Sua família era católica, de rito greco-católico (melquita), e oriunda de Damasco e do Monte Líbano.

Em 15 de junho de 1867 ela se apresentou no Carmelo de Pau, perto de Lourdes, França, onde fez profissão no dia 2 de julho com o nome de religião de Sóror Maria de Jesus Crucificado.


Faleceu em 26 de agosto de 1878, com apenas 32 anos, no Carmelo de Belém, cuja fundação ela inspirara junto com o de Nazaré, na Terra Santa.

Ela foi beatificada a 13 de Novembro de 1983. Sua festa é celebrada no dia 25 de agosto.

Desde criança a Santa Maria dera sinais de ser objeto de uma predileção sobrenatural extraordinária.

Padre Estrate, 'Mariam, sainte palestinienne - La vie de Marie de Jésus Crucifié'
Pe. Estrate, 'Mariam, sainte palestinienne
- La vie de Marie de Jésus Crucifié'
O seu melhor biógrafo é o Pe. Pierre Estrate (1840-1910), da Congregação do Sagrado Coração de Bétharram, que foi seu diretor espiritual e geral de sua Ordem.

Ele lhe dedicou o livroMariam, santa palestina - A vida de Maria de Jesus Crucificado (Téqui éditeur, Paris, 1999, 399 págs.), com cujos excertos aproveitamos para compor estes posts sobre a Santa.

O Pe. Estrate refere que certa feita, um ermitão desconhecido pediu hospedagem na casa dos pais. Antes de partir, a família trouxe seus filhos para receberem a bênção.

Vendo a pequena Maria, ele foi tomado por uma emoção inexplicável, ele pegou suas mãos e após um momento de silencio disse à família: “eu vos conjuro, tomai um cuidado todo especial com esta criança”. E sem dizer mais nada saiu (pág. 15)

O martírio, o milagre e a profecia de Nossa Senhora

Os pais da Santa morreram logo e ela ficou sob o encargo de tios que eram muçulmanos. Esses a convidavam insistentemente a apostatar.

Certa vez ela escreveu uma carta a um dos irmãos, e entregou-a a um turco que havia sido doméstico de um tio.

O turco incitou-a brutalmente a abandonar o cristianismo.

— “Jamais, protestou ela com energia sobre-humana; eu sou filha da Igreja Católica, Apostólica e Romana, e espero, com a graça de Deus, perseverar até a morte na minha religião, que é a única verdadeira”.

Ferido em seu fanatismo, o turco pegou sua cimitarra e desferiu-lhe um formidável golpe no pescoço. Envolveu depois o corpo da menina em um pano, e jogou-o num local afastado no meio da noite. Isso aconteceu em 7 de setembro de 1858.

A menina perdeu o conhecimento. E enquanto o turco completava seu crime, sua alma teve um rapto:


“Parecia-me, contava ela, estar no Céu. Eu via a Santíssima Virgem, os anjos e os santos que me acolhiam com grande bondade ... não havia sol nem lâmpadas, mas tudo brilhava com luminosidade.

“Eu me regozijava com tudo quanto via, até que, de modo surpreendente, alguém veio e me disse: ‘tu és virgem, é verdade, mas teu livro ainda não está completado’. Apenas concluiu essas palavras e a visão desapareceu.

“Eu acordei e encontrei-me, sem saber como nem por obra de quem, transportada a uma pequena gruta solitária. Eu estava deitada num pobre leito e percebia a meu lado uma religiosa que teve a caridade de costurar meu pescoço.

“Nunca a vi comer nem dormir. Ela estava sempre de pé junto à minha cabeceira. Ela me cuidava com o maior afeto e em silêncio. Estava vestida com um belo vestido da cor azul do céu, transparente como moiré; e seu véu tinha a mesma cor.

“Creio que fiquei lá por volta de um mês. Eu não comi nada nesse tempo, a religiosa se contentava em umedecer continuadamente meus lábios com uma esponja branca como a neve. Ela me fazia dormir quase o tempo todo.

“No último dia, essa religiosa me serviu uma sopa tão boa como eu nunca comi igual. Eu pedi mais, e então a religiosa, rompendo o silêncio, me disse:

Nossa Senhora do Carmo, Puerto de la Cruz, Tenerife, Espanha
Nossa Senhora do Carmo, Puerto de la Cruz, Tenerife, Espanha
— Mariam, fica sempre contente não obstante tudo o que puderes vir a sofrer, pois Deus, que é tão bom, te enviará o necessário. Jamais ouças o demônio, desconfia dele, pois ele é muito astuto. Nunca mais voltarás a ver tua família, irás à França, onde te tornarás religiosa. Tu serás filha de São José antes de ser filha de Santa Teresa. Tomarás o hábito do Carmelo numa casa, farás a profissão numa segunda e morrerás numa terceira. Sofrerás muito em tua vida, serás um sinal de contradição” (págs. 20 a 25).

Mais tarde, a Santa contou a suas irmãs de religião que a “religiosa” que tinha cuidado dela era a Santíssima Virgem, que lhe predisse tudo o que aconteceria em sua vida.

Quando faleceu, o médico constatou que a cicatriz na parte dianteira do pescoço media por volta de dez centímetros e tinha um centímetro de largura. O médico testemunhou que era impossível alguém sobreviver a tamanha ferida.

A “religiosa” conduziu Mariam a uma igreja de Alexandria para se confessar. Mas como disse à criança que ficaria de fora durante a confissão, esta lhe implorou que não a abandonasse. A “religiosa” sorriu sem responder. E quando a inocente penitente saiu, Ela já não estava mais. Mariam começou então a chorar (págs. 20 a 25).

Mariam se ofereceu como doméstica e passou por várias casas, onde se destacou pela sua dedicação, virtude e por fenômenos sobrenaturais. Ela passava mais tempo nas casas onde era pior tratada e fugia daquelas onde se reconheciam suas virtudes.

Afinal ela recebeu um convite para ir a trabalhar em Marselha, França. Ele aceitou lembrada da profecia da "senhora" da gruta. Em Marselha, ela acabou entrando nas religiosas de São José da Aparição, como Nossa Senhora lhe dissera na gruta.

Mas Mariam acabou não sendo aceita nesse Instituto, devido aos dons místicos de que dava impressionantes mostras e que não condiziam com a vida ativa da Congregação.

Foi assim que a mestra de noviças de São José a encaminhou ao Carmelo de Pau, numa outra extremidade da França, não distante de Lourdes. Cumpriu-se mais um anúncio da “religiosa” da gruta.

Os fenômenos místicos extraordinários da Santa Maria, já noviça do Carmo, multiplicavam-se em profusão. As religiosas anotavam quanto viam e ouviam.
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